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DIREITO PROCESSUAL PENAL 
 
 
1. CONCEITO E CARACTERÍSTICAS DO DIREITO PROCESSUAL PENAL 
 
O Direito Processual Penal estuda o conjunto das normas ditadas pela lei, 
para aplicação do direito penal na esfera judiciária, tendo por fim não só a 
apuração do delito e a atuação do direito estatal de punir em relação ao réu, 
mas também a aplicação das medidas de segurança adequadas às pessoas 
socialmente perigosas e a decisão sobre as ações conexas à penal. 
Praticado um fato definido como crime, surge para o Estado o direito de 
punir, que se exercita através do processo penal. Este é o conjunto de atos 
cronologicamente concatenados (procedimentos), submetido a princípios e 
regras jurídicas destinadas a compor as lides de caráter penal. Sua finalidade 
é, assim, a aplicação do direito penal objetivo. 
Para que o Estado possa propor a ação penal, deduzindo a pretensão 
punitiva no processo, são indispensáveis atividades investigatórias 
consistentes em atos administrativos da Polícia Judiciária, o que é feito no 
inquérito policial (persecução). Além disso, as pessoas que praticam os atos de 
investigação e os atos do processo, devem estar devidamente legitimadas para 
realizar as atividades que se concretizem no procedimento, e devem ter 
reguladas as relações que entre si mantêm, com a determinação dos direitos, 
deveres, ônus e obrigações que daí derivam. 
São, portanto, necessárias as normas que disciplinem a criação, estrutura, 
sistematização, localização, nomenclatura e atribuição desses diversos órgãos 
diretos e auxiliares do aparelho judiciário destinado à administração da justiça 
penal, constituindo-se o que se denomina Organização Judiciária. Dessa 
forma, pode-se conceituar o Direito Processual Penal, no seu aspecto de 
ordenamento jurídico, como o conjunto de princípios e normas que regulam a 
aplicação jurisdicional do Direito Penal, bem como as atividades persecutórias 
da Polícia Judiciária, e a estruturação dos órgãos da função jurisdicional e 
respectivos auxiliares. 
Já se tem utilizado a expressão "Direito Judiciário Penal" em lugar de 
"Direito Processual Penal". Aquela designação, porém, está sendo 
abandonada, sendo esta a utilizada correntemente. A expressão "Direito 
Judiciário Penal" é equívoca porque pode ser entendida como o ramo do direito 
que se ocupa apenas da Organização Judiciária ou, ao contrário, como o 
ordenamento referente a tudo que se refere ao Poder Judiciário. Sendo o 
"processo penal" o objeto precípuo desse ramo do Direito, mais adequada é a 
denominação Direito Processual Penal. 
Como todo e qualquer Direito, o Direito Processual Penal também pode ser 
encarado como Ciência Jurídica, que tem por objeto a exegese das normas 
processuais penais, a sua construção dogmática, isto é, a formação dos 
institutos jurídicos dessa disciplina, e a crítica do direito vigente. 
O Direito Processual Penal constitui uma ciência autônoma no campo da 
dogmática jurídica, uma vez que tem objeto e princípios que lhe são próprios. 
Sua finalidade é conseguir a realização da pretensão punitiva derivada da 
prática de um ilícito penal, ou seja, é a de aplicar o Direito Penal. Tem, 
portanto, um caráter instrumental; constitui o meio para fazer atuar o direito 
material penal, tornando efetiva a função deste de prevenção e repressão das 
infrações penais. 
É o Processo Penal uma disciplina normativa, de caráter dogmático. 
Partindo da norma jurídica, investiga os princípios, organiza os institutos e 
constrói o sistema. Seu método é o técnico jurídico, que permite ao jurista 
extrair de todo o conjunto de regras os preceitos aplicáveis a uma situação 
concreta, não só lhes descobrindo o sentido latente e oculto, como também 
lhes desenvolvendo os corolários e conseqüências. 
 
 
2. PRINCÍPIOS DO DIREITO PROCESSUAL PENAL. 
 
1. Princípio da Imparcialidade do Juiz: O Juiz situa-se entre as partes e 
acima delas (caráter substitutivo). Para assegurar sua imparcialidade, a 
Constituição Federal (CF) estipula garantias (art. 95) e vedações (art. 95, 
parágrafo único) e proíbe tribunais de exceção (art. 5.º, XXXVII). 
 
Art. 95. Os juízes gozam das seguintes garantias: 
I - vitaliciedade, que, no primeiro grau, só será adquirida 
após dois anos de exercício, dependendo a perda do 
cargo, nesse período, de deliberação do tribunal a que o 
juiz estiver vinculado, e, nos demais casos, de sentença 
judicial transitada em julgado; 
II - inamovibilidade, salvo por motivo de interesse público, 
na forma do art. 93, VIII; 
III - irredutibilidade de subsídio, ressalvado o disposto nos 
arts. 37, X e XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I. 
 
Parágrafo único. Aos juízes é vedado: 
I - exercer, ainda que em disponibilidade, outro cargo ou 
função, salvo uma de magistério; 
II - receber, a qualquer título ou pretexto, custas ou 
participação em processo; 
III - dedicar-se à atividade político-partidária. 
IV - receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou 
contribuições de pessoas físicas, entidades públicas ou 
privadas, ressalvadas as exceções previstas em lei; 
V - exercer a advocacia no juízo ou tribunal do qual se 
afastou, antes de decorridos três anos do afastamento do 
cargo por aposentadoria ou exoneração. 
 
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de 
qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos 
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito 
à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à 
propriedade, nos termos seguintes: 
XXXVII - não haverá juízo ou tribunal de exceção; 
 
2. Princípio da Igualdade Processual: As partes devem ter, em juízo, as 
mesmas oportunidades de fazer valer suas razões. No processo penal, esse 
princípio sofre alguma atenuação, devido ao princípio constitucional do “favor 
rei”, segundo o qual o acusado goza de alguma prevalência e contraste com a 
pretensão punitiva. 
 
3. Princípio do Contraditório: É identificado na doutrina pelo binômio 
“ciência e participação”. O Juiz coloca-se eqüidistante das partes, só podendo 
dizer que o direito preexistente foi devidamente aplicado ao caso concreto se, 
ouvida uma parte, for dado à outra o direito de manifestar-se em seguida. 
 
4. Princípio da Ampla Defesa: Implica o dever do Estado de proporcionar a 
todo acusado a mais completa defesa, seja pessoal, seja técnica (art. 5.º, LV, 
da CF/88), seja o de prestar assistência jurídica integral e gratuita aos 
necessitados (art. 5.º, LXXIV, CF). Decorre a obrigatoriedade de se observar a 
ordem natural do processo, de modo que a defesa se manifeste sempre em 
último lugar. 
 
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de 
qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos 
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito 
à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à 
propriedade, nos termos seguintes: 
LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, 
e aos acusados em geral são assegurados o contraditório 
e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes; 
 LXXIV - o Estado prestará assistência jurídica integral e 
gratuita aos que comprovarem insuficiência de recursos; 
 
 
5. Princípio da Disponibilidade e da Indisponibilidade: Disponibilidade é 
a liberdade que as pessoas têm de exercer ou não seus direitos. No processo 
penal, prevalece o princípio da indisponibilidade, pelo fato do crime ser 
considerado uma lesão irreparável ao interesse coletivo. 
 
6. Princípio da Verdade Material ou da Manifestação das Provas: É 
característico do processo penal. Consiste no dever de o Magistrado esgotar 
todas as possibilidades para se alcançar a verdade real dos fatos, para servir 
de fundamento na sentença. Regra: O que não está nos autos, não está no 
mundo. 
 
7. Princípio da Publicidade: É uma garantia de independência, 
imparcialidade, autoridade e responsabilidade do Juiz. Exceção: Casos em que 
o decoro ou o interesse social aconselham que eles não sejam divulgados. 
 
8. Princípio do Duplo Grau de Jurisdição: Consistena possibilidade de 
revisão, por via de recurso, das causas já julgadas pelo Juiz de primeiro grau. 
Não é tratado de forma expressa em nenhum texto legal, nem na Constituição. 
Decorre da própria estrutura atribuída ao Poder Judiciário pela Constituição 
Federal de 1988 (CF/88). 
 
9. Princípio do Juiz Natural: Previsto no art. 5.º, LIII, da CF/88, que dispõe 
que “ninguém será sentenciado senão pelo Juiz competente”. Juiz natural é, 
portanto, aquele previamente conhecido, segundo regras objetivas de 
competência estabelecidas anteriormente à infração penal, investido de 
garantias que lhe assegurem absoluta independência e imparcialidade. Decorre 
também a proibição de criação de tribunais de exceção, art. 5.º, XXXVII, CF. 
 
10. Princípio do Estado de Inocência: Ninguém será considerado culpado 
até o trânsito em julgado da sentença penal condenatória (art. 5.º, LVII, da 
CF/88). 
 
11. Princípio do “favor rei”: A dúvida sempre beneficia o acusado. Alguns 
recursos são exclusivos da defesa (protesto por novo júri e embargos 
infringentes). 
 
EXERCÍCIOS 
 
01. (Magistratura – TJ – SP – VUNESP – 2009) Assinale a alternativa que 
completa corretamente a lacuna da frase: 
 O princípio da oportunidade ___________________. 
a) somente tem aplicação às ações penais públicas incondicionadas 
b) somente tem aplicação às ações penais de iniciativa privada ou públicas 
condicionadas à representação 
c) somente tem aplicação às ações penais públicas condicionadas à 
representação 
d) não se aplica ao processo penal 
 
02. (Analista Processual – MPU – FCC – 2007) Dispõe o art. 5º, inciso 
XXXVII da Constituição da República Federativa do Brasil que "Não haverá 
juízo ou Tribunal de exceção; inciso LIII - Ninguém será processado nem 
sentenciado senão pela autoridade competente". Tais disposições consagram o 
princípio 
a) da presunção de inocência. 
b) da ampla defesa. 
c) do devido processo legal. 
d) da dignidade 
e) do juiz natural 
03. (Técnico do Ministério Público – MPE – SE – FCC – 2009) A 
condenação de um réu sem defensor viola o princípio 
a) da oficialidade 
b) da publicidade 
c) do juiz natural 
d) da verdade real 
e) do contraditório 
 
GABARITO: 
 
01 B 
02 E 
03 E 
 
 
 
3. FONTES DO DIREITO PROCESSUAL PENAL 
 
 
Fonte, em sentido geral, é aquilo de onde provém algo. No direito, significa 
tudo aquilo de onde provém um preceito jurídico. Como em todos os ramos do 
direito as fontes do Direito Processual Penal podem ser classificadas em: de 
produção (materiais), que constituem, criam o direito; e formais (de cognição), 
que revelam o direito, que são os seus modos de expressão. 
Fonte de produção do processo penal é o Estado. As fontes formais são a lei 
(a única fonte primária, imediata), o costume, os princípios gerais do direito e a 
analogia (fontes secundárias, mediatas). Não são fontes, mas meras formas de 
interpretação, a doutrina e a jurisprudência. 
 
LEI: A lei é a única fonte formal imediata, ou direta, do Direito Processual 
Penal, pois é por meio dessa regra jurídica que o Estado impõe a sua vontade. 
É fonte imediata porque contém em si mesma a norma jurídica processual. 
Utiliza-se a palavra lei em seu sentido amplo, isto é, como toda disposição 
emanada de qualquer órgão estatal (Executivo, Legislativo e Judiciário), na 
esfera de sua própria competência. 
Em relação ao processo penal brasileiro, além dos dispositivos referentes à 
matéria na Constituição Federal, são fontes primárias todas as normas jurídicas 
que se referem ao processo penal, divididas entre preceitos que regulamentam 
o Direito Processual Penal da jurisdição comum e as que se referem ao Direito 
Processual Penal das jurisdições especiais. 
 
COSTUME: O costume, regra de conduta praticada de modo geral, 
constante e uniforme (elemento interno), com a consciência de sua 
obrigatoriedade (elemento externo), é fonte formal mediata, secundária, 
indireta, do processo penal. Embora não mencionado no artigo 3° do Código de 
Processo Penal (CPP), que admite a aplicação da analogia e dos princípios 
gerais do direito, o costume é referido pelo artigo 4° da Lei de Introdução às 
Normas do Direito Brasileiro como uma das formas integradoras do Direito, em 
especial na lacuna da lei, podendo ser considerado como forma de revelação 
do Direito Processual Penal. 
 
Art. 4° - Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de 
acordo com a analogia, os costumes e os princípios 
gerais de direito. 
 
 
PRINCÍPIOS GERAIS DO DIREITO: Os princípios gerais do direito são 
premissas éticas extraídas da legislação e do ordenamento jurídico em geral. 
São eles estabelecidos com a consciência ética do povo em determinada 
civilização, e podem suprir lacunas e omissões da lei, adaptados às 
circunstâncias do caso concreto. O Direito Processual Penal está sujeito às 
influências desses princípios, como os referentes à liberdade, à igualdade, ao 
direito natural etc. É o que estabelece expressamente, aliás, o artigo 3° do 
Código de Processo Penal, ao considerá-lo como fonte suplementar da lei 
processual. 
 
Art. 3o A lei processual penal admitirá interpretação 
extensiva e aplicação analógica, bem como o suplemento 
dos princípios gerais de direito. 
 
TRATADOS, CONVENÇÕES E REGRAS DE DIREITO INTERNACIONAL: 
Menciona o Código de Processo Penal, em seu artigo 1°, I, os tratados, 
convenções e regras de direito internacional. Os tratados são acordos 
assinados entre países em assuntos de natureza política, incluindo-se os da 
repressão aos ilícitos penais. As convenções, de uma maneira geral, têm 
natureza privada. Por fim, as regras de direito internacional são os princípios 
induzidos das leis internas dos Estados civilizados ou inferidos de convenções 
internacionais ou afirmados na doutrina ou proclamados em congressos. 
 
Art. 1o O processo penal reger-se-á, em todo o 
território brasileiro, por este Código, ressalvados: 
I - os tratados, as convenções e regras de direito 
internacional; 
II - as prerrogativas constitucionais do Presidente da 
República, dos ministros de Estado, nos crimes conexos 
com os do Presidente da República, e dos ministros do 
Supremo Tribunal Federal, nos crimes de 
responsabilidade (Constituição, arts. 86, 89, § 2o, e 100); 
III - os processos da competência da Justiça Militar; 
IV - os processos da competência do tribunal especial 
(Constituição, art. 122, no 17); 
V - os processos por crimes de imprensa. 
 
 
ANALOGIA: A analogia é uma forma de auto-integração da lei. Na lacuna 
involuntária desta, aplica-se ao fato não regulado expressamente um 
dispositivo que disciplina hipótese semelhante. Fala-se em analogia legis e 
analogia iuris. A primeira verifica-se quando a própria norma legal tanto pode 
regular o fato por ela previsto quanto outro. A segunda quando o que se 
poderia aplicar extensivamente seriam os princípios jurídicos induzidos das 
normas particulares. 
A analogia somente pode ser aplicada na lacuna involuntária da lei, não 
sendo cabível nas hipóteses em que a lei processual tem caráter inflexível, 
taxativo. É necessário ainda que haja real semelhança entre o caso previsto e 
não previsto, além de igualdade de valor jurídico e igualdade de razão entre 
ambos. 
 
 
4. SISTEMAS PROCESSUAIS PENAIS 
 
A atividade jurisdicional consiste em aplicar o Direito ao caso concreto. No 
caso do Direito Penal, essa atividade se torna essencial, pois, sendo ele de 
coação indireta, sua concretização só pode se dar com o intermédio do Direito 
Processual Penal. Tal aplicação se deu, historicamente, de várias formas, 
denominadas sistemas processuais penais: acusatório (público e privado), 
inquisitivo, antropológico e misto. 
Nas sociedades primitivas, em que a organização estatal era ainda 
incipiente, a resposta se deu por meio da autodefesa, ou seja, "o próprio sujeito 
do interesse legalmente protegido consegue, por sua atuação pessoal, que a 
lei seja respeitada". O crime era, assim, vingado pela vítima, por seus 
familiares ou,mesmo, por sua tribo. 
Porém, a autodefesa tinha sérios problemas. Se o ofendido fosse menos 
forte que o ofensor, não poderia fazer nada. Por outro lado, se fosse mais forte, 
a punição tenderia a ser desproporcional, isto é, mais lesiva que a própria 
ofensa. De qualquer maneira, se o prejudicado não reagisse, nada poderia ser 
feito. Portanto, se a punição fosse dada, não seria uma decisão imparcial; caso 
contrário, se não houvesse punição, a conseqüência seria a impunidade. 
Como aperfeiçoamento do exercício da pretensão punitiva, surgiu a 
autocomposição, que consiste em um acordo entre ofendido e ofensor, de 
modo a decidir pacificamente o conflito de interesses. Sem dúvida alguma, foi 
uma evolução se compararmos com a autodefesa, pois passa do uso da força 
para a busca do consenso. Aliás, considerando também a economia de gastos, 
seria uma alternativa excelente, porém, a tendência é de que o oponente 
menos forte cedesse mais; assim, a autocomposição se torna, de fato, uma 
rendição. 
A autodefesa e a autocomposição não poderiam prevalecer, a primeira por 
ser luta privada e a segunda por implicar na renúncia a direitos indisponíveis (o 
direito de punir do Estado e o direito de liberdade do cidadão). Assim, com o 
desenvolvimento das sociedades, o Estado tomou para si a aplicação do direito 
ao caso concreto. Para evitar arbitrariedades, o Estado passou a "dizer o 
direito", ou seja, aplicar a jurisdição. 
 
SISTEMA (OU PROCESSO) ACUSATÓRIO PRIVADO: 
 
O sistema acusatório predominou na Antiguidade (principalmente na Índia, 
em Atenas e na Roma republicana) e deve seu nome ao fato de que alguém 
somente poderia ser levado a juízo mediante uma acusação. Sua nota 
essencial é a distribuição das funções de acusar, defender e julgar pessoas 
distintas (constituição de uma relação processual penal). São características do 
sistema acusatório em sua primeira fase: 
 
Com relação ao procedimento adotado: A acusação é facultada à vítima nos 
crimes menos graves (ação privada) ou a qualquer um do povo nos crimes 
mais graves (ação popular). Em Roma, já havia entidades públicas que 
realizavam a acusação (como os Judices Questionis nos casos de homicídio. 
Aliás, a acusação iniciava o processo e, somente depois é feito o inquérito 
pelo próprio acusador. As partes têm disponibilidade sobre o processo, tendo 
liberdade para iniciá-lo ou terminá-lo da maneira e no tempo em que acharem 
conveniente. O processo é "coisa das partes" (princípio dispositivo) 
 
Com relação à produção de provas: A autoridade judicial não atua como 
sujeito ativo da produção de prova (a verdade alcançada no processo é ficta, 
pois depende das partes, que têm ampla liberdade probatória). Fatos 
incontroversos não precisam ser provados. Assim, a confissão do réu implica 
em sua condenação e põe fim ao processo. O juiz decide de acordo com a livre 
apreciação das provas, mas deve fundamentar suas decisões (princípio da 
persuasão racional). 
 
Com relação às garantias processuais: Assegura a igualdade entre as partes 
(princípio do equilíbrio de situações ou da paridade de armas). Existe o 
contraditório ("verdadeira luta entre o acusador e o acusado"). O processo é 
público e há predominância da forma oral para os atos processuais (mas, 
eventualmente, pode ser sigiloso e escrito). O juiz era imparcial. A ampla 
defesa é assegurada (feita a princípio pelo acusado e posteriormente, em 
Roma, pelos patronos). Devido à presunção de inocência, o réu respondia ao 
processo sempre em liberdade. Aí está a mais importante vantagem do sistema 
acusatório: a garantia de direitos ao acusado. 
 
O sistema acusatório, por garantir os direitos do acusado, é típico de 
sociedades mais democráticas, tendo tomado seus contornos na Roma 
republicana. Porém, tal tipo de processo penal, em sua fase inicial, 
apresentava graves problemas: Freqüentemente, criminosos ficavam impunes, 
pois a acusação era facultativamente exercida por particulares. Assim, poderia 
simplesmente não haver quem se interessasse em acusar. Quando o suspeito 
fizesse parte da elite local, ainda havia o risco de suborno e retaliação por parte 
deste a quem fizesse a acusação. Além disso, mesmo depois de iniciado o 
processo, o caráter público dos atos processuais sempre expunha o acusador 
à sanha dos poderosos que se sentissem ameaçados. Por fim, como o 
acusado sempre respondia livre ao processo, restava sempre a ele fugir, 
ameaçar testemunhas, destruir provas etc, podendo tornar inexeqüível eventual 
sentença condenatória. 
A verdadeira função do processo penal (a descoberta da verdade dos fatos), 
freqüentemente não era alcançada, pois o juiz não tinha poderes probatórios e 
se contentava com aquilo que as partes traziam ao processo. Além disso, a 
acusação acontecia antes do inquérito, dando margem a processos que se 
tornavam inviáveis por falta de um suporte probatório mínimo (hoje chamado 
de justa causa). Tais acusações freqüentemente eram denunciações 
caluniosas que tinham motivos espúrios como vingança ou desejo de extorsão. 
Todos esses problemas decorrentes do sistema acusatório privado 
(basicamente a impunidade e o prejuízo à busca da verdade dos fatos) fizeram 
com que, em Roma, ele fosse paulatinamente substituído pelo sistema 
inquisitivo. 
 
SISTEMA INQUISITIVO; 
 
O sistema inquisitivo surgiu como uma superação do sistema acusatório e 
teve como nota essencial a reunião na mesma pessoa as funções de acusar, 
defender e julgar. São características desse sistema: 
 
Com relação ao procedimento adotado: A acusação torna-se desnecessária, 
pois o juiz pode agir de ofício. A investigação era dividida em duas fases: a 
primeira pesquisava a materialidade do fato e a segunda a autoria. Os juízes 
eram permanentes e irrecusáveis. Admitia-se apelação contra a sentença. O 
procedimento é escrito e formal, sendo que o juiz só pode basear sua sentença 
naquilo que consta dos autos "o que não está nos autos não está no mundo". O 
procedimento é sigiloso não apenas para o público, mas também para o próprio 
réu, sendo o sigilo justificado pela "necessidade de proteger os pobres contra a 
sanha dos fortes". Possibilidade de denúncias anônimas e secretas (na 
Espanha medieval, determinadas igrejas contavam com as "bocas da verdade", 
aberturas nas quais eram depositadas essas acusações). 
 
Com relação à produção de provas: A colheita de provas cabe ao juiz, que 
tem total liberdade para isso. O objetivo era descobrir-se exatamente o que 
aconteceu (princípio da verdade real, material ou absoluta). As provas eram 
tarifadas, isto é, tinham valores determinados, sendo a confissão a "rainha das 
provas" e o testemunho a "prostituta das provas". A tortura era usada como 
instrumento para obter a confissão e, durante a Idade Média, para expiar os 
pecados dos hereges. 
 
Com relação às garantias processuais: O réu é simples objeto da 
persecução, não contando com garantias no decorrer do procedimento. O 
embate entre acusação e defesa se dá em desigualdade de poderes ("O direito 
de defesa é limitado – como regra – e inexistente, em algumas oportunidades"). 
A prisão preventiva do acusado durante o processo ocorre na maioria dos 
casos, pois se presumia a culpa do réu. Excepcionalmente se concedia a 
liberdade provisória mediante caução juratória ou fiança penal. 
 
Ao contrário do sistema acusatório, o inquisitivo é típico de sociedades de 
perfil autoritário, tendo surgido na Roma imperial e se desenvolvido na Idade 
Média por influência do Direito Canônico. Passou a dominar toda ou quase 
toda Europa a partir do Concílio Lateranense, de 1215. Entrou em decadência 
na Europa a partir do século XVIII por influência do Iluminismo e, com a 
democratização da América Latina a partir da década de 1980, também vem 
sendo gradualmente substituído em nosso subcontinente. 
Porém, elementos do sistema inquisitivo podem se fortalecer mesmo em 
sociedades de perfil mais democrático quando ocorrem situações de grande 
turbulência social ou de aumentoda criminalidade (como é o caso do Brasil de 
hoje em dia, em que o aumento vertiginoso da violência tem levado a 
manifestações favoráveis à supressão de garantias e ao endurecimento do 
sistema). Tal situação nos alerta para o fato de que não basta que nossa 
Constituição seja democrática, é preciso que o mesmo se dê com a sociedade 
brasileira. 
O sistema inquisitivo também padeceu de sérios problemas que causaram a 
sua gradual substituição: A falta de denúncia impossibilitava que o réu se 
defendesse devidamente. A mistura de funções na pessoa do juiz (julgar, 
acusar e defender) impedia que fosse feito um julgamento imparcial. O uso da 
tortura, procedimento comum e aceito na Idade Média, passou a ser 
considerado, com o Iluminismo, um atentado aos direitos humanos. As "provas 
tarifadas" se mostraram um critério meramente matemático e inadequado para 
a realidade de cada caso. A prisão preventiva obrigatória fazia com que vários 
réus (posteriormente considerados inocentes) padecessem injustamente e 
desnecessariamente (não havia, como hoje, o requisito da estrita necessidade 
para a prisão preventiva). 
 
MISTO, REFORMADO, NAPOLEÔNICO OU ACUSATÓRIO FORMAL: 
 
O sistema misto situa-se entre o sistema acusatório e o inquisitivo e se 
caracteriza por contar com o processo dividido em três fases: 
a) investigação preliminar; 
b) instrução preparatória e inicial (inquisitiva, portanto, secreta e escrita), na 
qual se procede a uma investigação preliminar e uma instrução preparatória a 
cargo do juiz; e 
c) final – procede-se ao julgamento com todas as garantias do sistema 
acusatório. 
No Brasil, o sistema misto foi instituído pelo Código do Processo Criminal do 
Império (Lei 127/1832). Atualmente, porém, o fato de aqui existir um 
procedimento administrativo com caracteres inquisitivos (por isso mesmo 
denominado inquérito policial), não nos inclui nessa categoria, pois a 
investigação conduzida pela polícia é apartada do processo penal. 
O sistema misto contou com o grave defeito de, em suas duas primeiras 
fases, manter características do inquisitivo (sigilo, ausência de garantias para o 
acusado e parcialidade do juiz, que procedia como acusador). A ideologia 
liberal da época fez severas críticas a essas características inquisitivas, 
"exigindo que fossem aumentadas as garantias". Assim, ao final do século XIX, 
são adicionadas garantias ao sistema misto (principalmente a ampla defesa), 
marcando a transição para um sistema puramente acusatório. 
 
 SISTEMA ANTROPOLÓGICO: 
 
O positivismo foi uma corrente filosófica cujo mentor e iniciador principal foi 
Augusto Comte, no século XIX. Apareceu como reação ao idealismo, opondo 
ao primado da razão, o primado da experiência sensível (e dos dados 
positivos). Propõe a idéia de uma ciência sem teologia ou metafísica, baseada 
apenas no mundo físico/material. Na Itália, foi formada uma escola positivista 
criminológica que contou com grandes nomes, como Lombroso, Ferri e 
Garofalo. A idéia central do movimento é a explicação científica do crime como 
fenômeno biológico, psicológico, antropológico e sociológico. 
Nesse sentido, os positivistas italianos propuseram um "sistema 
antropológico", profundamente diverso dos sistemas anteriores, e, talvez, por 
isso, nunca foi aplicado. As principais características desse sistema seriam: 
a) ausência de magistrados juristas no processo, os juízes deveriam ter 
diploma de sociologia, psicologia e antropologia criminal, para poder fixar a 
natureza do delito e do criminoso; 
b) não há ação penal exclusivamente privada, pois a pena é uma 
necessidade social; 
c) só há contraditório com relação ao valor das provas do fato, aos 
antecedentes pessoais e hereditários e aos "sinais antropológicos" do acusado; 
d) a principal fase do processo é o exame antropológico, que determinará se 
o condenado é criminoso nato ou um doente mental. No primeiro caso será 
apenado com a morte e, no segundo, internado em manicômio. 
 
SISTEMA (OU PROCESSO) ACUSATÓRIO PÚBLICO: 
 
Tem características bastante semelhantes ao sistema acusatório da primeira 
fase, mas conta com um diferencial importantíssimo: a criação de um órgão 
que tem a função exclusiva de realizar a acusação – o Ministério Público, que, 
no Brasil, tem a obrigação de agir quando se deparar com indícios de crime de 
ação penal pública e não pode desistir da ação interposta. É o princípio da 
legalidade ou da obrigatoriedade, originado da Alemanha. 
A investigação do crime passou a ocorrer em uma fase anterior ao processo 
penal, o inquérito policial; a prisão provisória continua sendo admitida, mas 
apenas excepcionalmente; o processo é, em regra, público sendo o sigilo 
admitido em situações excepcionais; a acusação deve provar todos os fatos, 
mesmo aqueles que forem incontroversos (a confissão é apenas mais um 
elemento de prova). 
O sistema acusatório não é previsto explicitamente na Constituição Federal, 
mas encontra-se implicitamente reconhecido em vários de seus dispositivos: A 
acusação é facultada à vítima ou a seus familiares (ação penal privada), mas 
se torna obrigatória ao Ministério Público quando houver indícios do 
cometimento de crime: 
 
 (CF) Art. 129. São funções institucionais do Ministério 
Público: I - promover, privativamente, a ação penal 
pública, na forma da lei; (...) 
 
(CF) Art. 5º LIX – será admitida ação privada nos crimes 
de ação pública, se esta não for intentada no prazo legal. 
 
Assegura a igualdade entre as partes (princípio de equilíbrio de situações ou 
da paridade de armas): 
 
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de 
qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos 
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito 
à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à 
propriedade, nos termos seguintes: 
 
Existe o contraditório e a ampla defesa: 
 
(CF) art. 5º LV – aos litigantes, em processo judicial ou 
administrativo, e aos acusado em geral são assegurados 
o contraditório e a ampla defesa, com os meios e recursos 
a ela inerentes. 
 
A defesa é assegurada inclusive àqueles que não puderem pagar: 
 
(CF) Art. 5º, LXXIV - o Estado prestará assistência jurídica 
integral e gratuita aos que comprovarem insuficiência de 
recursos. 
 
O processo é público: 
 
(CF) Art. 93. Lei complementar, de iniciativa do Supremo 
Tribunal Federal, disporá sobre o Estatuto da 
Magistratura, observados os seguintes princípios: (...) IX – 
todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário 
serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob 
pena de nulidade, podendo a lei limitar a presença, em 
determinados atos, às próprias partes e a seus 
advogados, ou somente a estes, em casos nos quais a 
preservação do direito à intimidade do interessado no 
sigilo não prejudique o interesse público à informação; 
 
Existe a presunção de inocência: 
 
(CF) Art. 5º LVII - ninguém será considerado culpado até 
o trânsito em julgado de sentença penal condenatória. 
 
O inquérito é uma fase anterior ao processo e feito por um órgão específico, 
a polícia: 
 
(CF) Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, 
direito e responsabilidade de todos, é exercida para a 
preservação da ordem pública e da incolumidade das 
pessoas e do patrimônio, através dos seguintes órgãos: 
(...) § 1º A polícia federal, instituída por lei como órgão 
permanente, organizado e mantido pela União e 
estruturado em carreira, destina-se a: I - apurar infrações 
penais contra a ordem política e social ou em detrimento 
de bens, serviços e interesses da União ou de suas 
entidades autárquicas e empresas públicas, assim como 
outras infrações cuja prática tenha repercussão 
interestadual ou internacional e exija repressão uniforme, 
segundo se dispuser em lei; 
(...) § 4º - às polícias civis, dirigidas por delegados de 
polícia de carreira, incumbem, ressalvada a competência 
da União, as funções de polícia judiciária e a apuração de 
infrações penais, exceto as militares. 
 
A ConstituiçãoFederal, como visto, exige o sistema acusatório público. 
Porém, boa parte da legislação brasileira adota, de forma claramente 
inconstitucional, elementos do sistema inquisitivo. Tais elementos têm sido 
eliminados gradativamente, mostrando uma transição entre um sistema misto 
(acusatório e inquisitório) e um sistema acusatório puro. 
Tais normas podem ser divididas em duas categorias: as anteriores e as 
posteriores à Constituição de 1988. No primeiro caso, acontece a não-recepção 
(espécie de revogação) dessas normas pela nova ordem constitucional. Para 
sua extinção deve-se usar a ação de descumprimento de preceito fundamental 
(ADPF) perante o Supremo Tribunal Federal (STF). Com relação às normas 
posteriores à Constituição ocorre a inconstitucionalidade (espécie de invalidade 
ou nulidade). Para que sejam extintas devem ser interpostas: a ação direta de 
inconstitucionalidade (Adin) e mesmo a ADPF, quando for o caso de normas 
municipais. 
 
 
5. INTERPRETAÇÃO E APLICAÇÃO DA LEI PROCESSUAL PENAL 
 
 
INTERPRETAÇÃO DA LEI PROCESSUAL PENAL 
 
Interpretar é revelar o verdadeiro sentido do texto, buscar a exata vontade 
da lei, que não é necessariamente a do legislador, ou seja, é atividade que 
consiste em extrair da norma seu exato alcance e real significado. 
Note-se que a LICC, atualmente denominada de Lei de Introdução às 
normas do Direito Brasileiro estabelece a conhecida “regra de ouro” da 
interpretação da norma jurídica, qual seja, a de que “na interpretação deve-se 
atender aos fins sociais a que ela se dirige e às exigências do bem comum” 
(art. 5º). 
 
ESPÉCIES DE INTERPRETAÇÃO: 
 
1) Quanto ao sujeito que a realiza: 
a) Autêntica ou legislativa: realizada pelo próprio legislador. Pode ser 
contextual (feita pelo próprio texto interpretado, exemplos: art. 302, 303 do 
CPP) ou posterior (quando feita após a entrada em vigor da lei). 
b) Doutrinária ou científica: Realizada pelos estudiosos e cultores do Direito. 
Atenção: as exposições de motivos constituem forma de interpretação 
doutrinária, e não autêntica, uma vez que não são leis. 
c) Jurisprudencial ou judicial: interpretação segundo a orientação que os 
juízes e tribunais dão à norma. 
 
2) Quanto aos meios empregados: 
a) Gramatical, literal ou sintática: procura-se fixar o sentido das palavras ou 
expressões empregadas pelo legislador. Analisa-se a “letra da lei”, o seu 
sentido literal. 
b) Lógica: quando o intérprete se serve das regras gerais do raciocínio para 
compreender o espírito da lei, a intenção do legislador (Fernando da Costa 
Tourinho Filho). 
c) Teleológica: busca-se a finalidade da norma. 
 
3) Quantos aos resultados obtidos: 
a) Declarativa: Quando o texto examinado não é ampliado nem restringido, 
havendo uma perfeita correspondência entre a palavra da lei e a sua vontade. 
b) Restritiva: quando se reduz o alcance da lei para que se possa encontrar 
a sua exata vontade. Exemplo: Quando o art. 271 do CPP diz que “ao 
assistente é permitido propor meios de prova”, deve-se entender que está 
excluída a prova testemunhal, senão estaria elidida a regra de que a acusação 
deverá oferecer rol de testemunhas quando da propositura da ação. 
c) Extensiva: Ocorre quando é necessário ampliar o sentido ou alcance da 
lei. Exemplo; o art. 34 do CPP ao dispor que o menor de 21 e maior de 18 anos 
pode exercer o direito de queixa. Se assim o é, poderá também exercer o 
direito de representação, vez que quem pode o mais, pode o menos. 
Observação: O CPP admite expressamente a aplicação analógica da norma 
processual, assim como a interpretação extensiva (art. 3º CPP), ao contrário da 
norma penal. 
 
Art. 3o A lei processual penal admitirá interpretação 
extensiva e aplicação analógica, bem como o suplemento 
dos princípios gerais de direito. 
 
 
APLICAÇÃO DA LEI PROCESSUAL PENAL NO TEMPO 
 
A lei processual penal tem aplicação imediata, vez que o artigo 2º, do CPP 
estabelece que “a lei processual penal aplica-se desde logo, sem prejuízo da 
validade dos atos realizados sob a urgência da lei anterior”. Note-se, então, 
que o legislador pátrio adotou o princípio do “tempus reget actum” (aplicação 
imediata das normas processuais penais), não havendo efeito retroativo, visto 
que, se tivesse, a retroatividade anularia os atos anteriores, o que não ocorre, 
pois os atos processuais realizados sob a égide da lei anterior se consideram 
válidos. 
Convém assinalar, com o intuito de melhor explicar, que, em decorrência do 
aludido princípio, duas são as conseqüências, então: 
a) Os atos processuais realizados sob a égide da lei anterior são 
considerados válidos; 
b) As normas processuais têm imediata aplicação, regulando o desenrolar 
restante do processo, respeitados o ato jurídico perfeito, o direito adquirido e a 
coisa julgada. 
Todavia, há que se atentar para um aspecto: não é raro que as normas 
jurídicas possuam natureza mista, ou seja, sejam dotadas de natureza 
processual e material, concomitantemente. Assim, se a norma processual 
penal possuir também caráter material penal, aplicar-se-ão, quanto à sua 
disciplina intertemporal, as regras do art. 2º e parágrafo único do Código Penal, 
recepcionadas pelo artigo 5º, inciso XL, da Constituição Federal; em outras 
palavras, atribuir-se-á efeito retroativo ao dispositivo que for mais favorável ao 
réu (ultratividade e retroatividade benéfica). 
 
(CF) XL - a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar 
o réu; 
 
 (CP) Art. 2º - Ninguém pode ser punido por fato que lei 
posterior deixa de considerar crime, cessando em virtude 
dela a execução e os efeitos penais da sentença 
condenatória. 
Parágrafo único - A lei posterior, que de qualquer modo 
favorecer o agente, aplica-se aos fatos anteriores, ainda 
que decididos por sentença condenatória transitada em 
julgado. 
 
A norma terá caráter penal material quando versar sobre o direito de punir 
do Estado (tanto em sua forma abstrata quanto em seu aspecto concreto, isto 
é, como pretensão punitiva), criando-o, extinguindo-o ou modificando-o. Assim, 
normas relativas ao direito de representação, à prescrição, à decadência e a 
perempção serão, concomitantemente, penais e processuais penais (CP, art. 
107, IV). 
 
Art. 107 - Extingue-se a punibilidade: 
IV - pela prescrição, decadência ou perempção; 
 
Vê-se isso nas discussões em torno da Lei nº 9.099/95, que transformou as 
infrações de lesões corporais leves e de lesões culposas em crimes de ação 
penal pública condicionada à representação (art. 88). Do mesmo modo, normas 
que dizem respeito à progressão de regime, por ampliarem ou restringirem a 
satisfação do direito de punir do Estado, implicando maior ou menor rigor no 
cumprimento da pena, têm natureza preponderantemente penal, devendo 
submeter-se ao princípio constitucional da retroatividade in mellius (nesse 
sentido: STJ, 6ª T., REsp. 61.897-0/SP, rel. Min. Adlemar Maciel, v. u., DJU, 20 
de maio de 1996; 6ª T., Resp. 78.791-0/SP, rel. Min. Adhemar Maciel, m. v., 
DJU, 9 de setembro 1996; 5ª T., Resp 70.882-0/PR, rel. Min. Cid Flaquer 
Scartezzini, v. u., DJ,5 de agosto de 1996). 
 
Por fim, vale lembrar, ainda, alguns institutos importantes: 
a) Vacatio legis: Período decorrente entre a publicação e a data em que 
começa a sua vigência (45 dias se a lei não dispuser ao contrário e 3 meses 
para sua aplicação nos Estados Estrangeiros, quando é admitida). 
b) Revogação: encerra-se a vigência da lei com a sua revogação, que pode 
ser expressa (uma lei posterior determina expressamente a cessação da 
eficácia da anterior) ou tácita (a lei posterior é incompatível com a lei anterior, 
ou regule inteiramente a matéria anteriormente tratada). A revogação parcial 
chama-se derrogação sendo a total chamada de ab-rogação. A auto-revogação 
ocorre quando cessa a situação de emergência ou anormalidade, no caso da 
lei excepcional ou se esgota o prazo, tratando-se de lei temporária. 
c) Repristinação: a lei revogada volta a viger quando a lei revogadora perde 
a vigência.A regra é a não ocorrência da repristinação, salvo se houver 
disposição legal expressa. 
 
APLICAÇÃO DA LEI PROCESSUAL PENAL NO ESPAÇO 
 
A lei processual penal aplica-se a todas as infrações penais cometidas em 
território brasileiro, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito 
internacional. Vigora o princípio da absoluta territorialidade, que impõe a 
aplicação da lex fori ou locus regit actum, segundo a qual, aos processos e 
julgamentos realizados no território brasileiro, aplica-se a lei processual penal 
nacional. A exegese justifica-se por ser a função jurisdicional a manifestação 
de uma parcela da soberania nacional, podendo ser exercida apenas nos 
limites do respectivo território. 
O Código de Processo Penal trata da territorialidade da lei processual penal 
no seu artigo 1º, incisos I a V e parágrafo único. 
 
Art. 1o O processo penal reger-se-á, em todo o território 
brasileiro, por este Código, ressalvados: 
I - os tratados, as convenções e regras de direito 
internacional; 
II - as prerrogativas constitucionais do Presidente da 
República, dos ministros de Estado, nos crimes conexos 
com os do Presidente da República, e dos ministros do 
Supremo Tribunal Federal, nos crimes de 
responsabilidade (Constituição, arts. 86, 89, § 2o, e 100); 
III - os processos da competência da Justiça Militar; 
IV - os processos da competência do tribunal especial 
(Constituição, art. 122, no 17); 
V - os processos por crimes de imprensa. 
Parágrafo único. Aplicar-se-á, entretanto, este Código 
aos processos referidos nos nos. IV e V, quando as leis 
especiais que os regulam não dispuserem de modo 
diverso. 
 
As ressalvas mencionadas no citado artigo não são, como podem parecer, 
exceções à territorialidade da lei processual penal brasileira, mas apenas à 
territorialidade do Código de Processo Penal. Impõem a aplicação de outras 
normas processuais positivadas na Constituição Federal e em leis 
extravagantes (lei que regula o tráfico ilícito de entorpecentes; lei que trata dos 
crimes de imprensa; lei que trata do crime organizado; lei que dispõe os crimes 
eleitorais etc.). 
O inciso I do mesmo artigo (tratados, convenções e regras de direito 
internacional) contempla verdadeiras hipóteses excludentes da jurisdição 
criminal brasileira, isto é, os crimes serão apreciados por tribunais estrangeiros 
segundo suas próprias regras processuais. 
Considera-se praticado em território brasileiro o crime cuja ação ou omissão, 
ou cujo resultado, no todo ou em parte, ocorreu em território nacional. Foi 
adotada, nesse caso, a teoria da ubiqüidade ou mista. Considera-se como 
extensão do território nacional, para efeitos penais, as embarcações e 
aeronaves públicas ou a serviço do governo brasileiro, onde quer que se 
encontrem, e as embarcações e aeronaves particulares que se acharem em 
espaço aéreo ou marítimo brasileiro, ou em alto-mar ou espaço aéreo 
correspondente. 
A lei penal aplica-se aos crimes cometidos fora do território nacional que 
estejam sujeitos à lei penal brasileira. É a chamada extraterritorialidade da lei 
penal. Contudo, é preciso que se frise: a lei processual brasileira só vale dentro 
dos limites territoriais nacionais (lex fori). Se o processo tiver tramitação no 
estrangeiro, aplicar-se-á a lei do país em que os atos processuais forem 
praticados. 
A legislação processual brasileira também se aplica aos atos referentes às 
relações jurisdicionais com autoridades estrangeiras que devem ser praticados 
em nosso país, tais como o de cumprimento de rogatória, homologação de 
sentença estrangeira e procedimento de extradição. 
 
 
6. INQUÉRITO POLICIAL. 
 
Inquérito policial é o conjunto de diligências investigatórias realizadas pela 
polícia judiciária visando a apuração do crime e sua respectiva autoria. 
O inquérito policial é procedimento persecutório de caráter administrativo e 
natureza inquisitiva instaurado pela autoridade policial. 
É um procedimento, pois é uma seqüência de atos voltados a uma 
finalidade. 
É persecutório porque persegue a satisfação do jus puniendi. Persecução é 
a atividade estatal por meio da qual se busca a punição e começa oficialmente 
com a instauração do inquérito policial. Também conhecido como informatio 
delicti. 
Segundo leitura dos arts. 4.º e 12 do CPP, conclui-se que o inquérito visa a 
apuração da existência de infração penal e a respectiva autoria para fornecer 
ao titular da ação penal elementos mínimos para que este possa ingressar em 
juízo. 
 
TÍTULO II 
DO INQUÉRITO POLICIAL 
 
Art. 4º A polícia judiciária será exercida pelas autoridades 
policiais no território de suas respectivas circunscrições e 
terá por fim a apuração das infrações penais e da sua 
autoria. 
Parágrafo único. A competência definida neste artigo não 
excluirá a de autoridades administrativas, a quem por lei 
seja cometida a mesma função. 
 
Art. 5o Nos crimes de ação pública o inquérito policial 
será iniciado: 
I - de ofício; 
II - mediante requisição da autoridade judiciária ou do 
Ministério Público, ou a requerimento do ofendido ou de 
quem tiver qualidade para representá-lo. 
§ 1o O requerimento a que se refere o no II conterá 
sempre que possível: 
a) a narração do fato, com todas as circunstâncias; 
b) a individualização do indiciado ou seus sinais 
característicos e as razões de convicção ou de presunção 
de ser ele o autor da infração, ou os motivos de 
impossibilidade de o fazer; 
c) a nomeação das testemunhas, com indicação de sua 
profissão e residência. 
§ 2o Do despacho que indeferir o requerimento de 
abertura de inquérito caberá recurso para o chefe de 
Polícia. 
§ 3o Qualquer pessoa do povo que tiver conhecimento da 
existência de infração penal em que caiba ação pública 
poderá, verbalmente ou por escrito, comunicá-la à 
autoridade policial, e esta, verificada a procedência das 
informações, mandará instaurar inquérito. 
§ 4o O inquérito, nos crimes em que a ação pública 
depender de representação, não poderá sem ela ser 
iniciado. 
§ 5o Nos crimes de ação privada, a autoridade policial 
somente poderá proceder a inquérito a requerimento de 
quem tenha qualidade para intentá-la. 
 
Art. 6o Logo que tiver conhecimento da prática da 
infração penal, a autoridade policial deverá: 
I - dirigir-se ao local, providenciando para que não se 
alterem o estado e conservação das coisas, até a 
chegada dos peritos criminais; 
II - apreender os objetos que tiverem relação com o fato, 
após liberados pelos peritos criminais; 
III - colher todas as provas que servirem para o 
esclarecimento do fato e suas circunstâncias; 
IV - ouvir o ofendido; 
V - ouvir o indiciado, com observância, no que for 
aplicável, do disposto no Capítulo III do Título Vll, deste 
Livro, devendo o respectivo termo ser assinado por duas 
testemunhas que Ihe tenham ouvido a leitura; 
VI - proceder a reconhecimento de pessoas e coisas e a 
acareações; 
VII - determinar, se for caso, que se proceda a exame de 
corpo de delito e a quaisquer outras perícias; 
VIII - ordenar a identificação do indiciado pelo processo 
datiloscópico, se possível, e fazer juntar aos autos sua 
folha de antecedentes; 
IX - averiguar a vida pregressa do indiciado, sob o ponto 
de vista individual, familiar e social, sua condição 
econômica, sua atitude e estado de ânimo antes e depois 
do crime e durante ele, e quaisquer outros elementos que 
contribuírem para a apreciação do seu temperamento e 
caráter. 
 
Art. 7o Para verificar a possibilidade de haver a infração 
sido praticada de determinado modo, a autoridade policial 
poderá proceder à reprodução simulada dos fatos, desde 
que esta não contrarie a moralidade ou a ordem pública. 
 
Art. 8o Havendo prisão em flagrante, será observado o 
disposto no Capítulo II do Título IX deste Livro. 
 
Art. 9o Todas as peças do inquérito policial serão, num só 
processado, reduzidas a escrito ou datilografadas e, neste 
caso, rubricadas pela autoridade. 
 
Art. 10.O inquérito deverá terminar no prazo de 10 dias, 
se o indiciado tiver sido preso em flagrante, ou estiver 
preso preventivamente, contado o prazo, nesta hipótese, 
a partir do dia em que se executar a ordem de prisão, ou 
no prazo de 30 dias, quando estiver solto, mediante fiança 
ou sem ela. 
§ 1o A autoridade fará minucioso relatório do que tiver 
sido apurado e enviará autos ao juiz competente. 
§ 2o No relatório poderá a autoridade indicar testemunhas 
que não tiverem sido inquiridas, mencionando o lugar 
onde possam ser encontradas. 
§ 3o Quando o fato for de difícil elucidação, e o indiciado 
estiver solto, a autoridade poderá requerer ao juiz a 
devolução dos autos, para ulteriores diligências, que 
serão realizadas no prazo marcado pelo juiz. 
 
Art. 11. Os instrumentos do crime, bem como os objetos 
que interessarem à prova, acompanharão os autos do 
inquérito. 
 
Art. 12. O inquérito policial acompanhará a denúncia ou 
queixa, sempre que servir de base a uma ou outra. 
 
A apuração da infração penal consiste em colher informações a respeito do 
fato criminoso. Apurar a autoria consiste em desenvolver a necessária 
atividade visando descobrir, conhecer o verdadeiro autor da infração penal. 
 
Autoridade Competente para Lavratura do Auto de Prisão em Flagrante: 
O flagrante deve ser lavrado no local em que se efetivou a prisão. Não havendo 
Delegado de Polícia, na circunscrição mais próxima (artigos 290 e 308, ambos 
do CPP). Concluído, o flagrante será enviado ao juízo competente, ou seja, 
devem os atos subseqüentes ao da prisão ser praticados pela autoridade do 
local em que o crime se consumou. 
 
Art. 290. Se o réu, sendo perseguido, passar ao território 
de outro município ou comarca, o executor poderá 
efetuar-lhe a prisão no lugar onde o alcançar, 
apresentando-o imediatamente à autoridade local, que, 
depois de lavrado, se for o caso, o auto de flagrante, 
providenciará para a remoção do preso. 
§ 1o - Entender-se-á que o executor vai em perseguição 
do réu, quando: 
a) tendo-o avistado, for perseguindo-o sem interrupção, 
embora depois o tenha perdido de vista; 
b) sabendo, por indícios ou informações fidedignas, que o 
réu tenha passado, há pouco tempo, em tal ou qual 
direção, pelo lugar em que o procure, for no seu encalço. 
§ 2o Quando as autoridades locais tiverem fundadas 
razões para duvidar da legitimidade da pessoa do 
executor ou da legalidade do mandado que apresentar, 
poderão pôr em custódia o réu, até que fique esclarecida 
a dúvida. 
 
Art. 308. Não havendo autoridade no lugar em que se 
tiver efetuado a prisão, o preso será logo apresentado à 
do lugar mais próximo. 
 
Valor Probatório do Inquérito Policial: O inquérito policial tem conteúdo 
informativo, visa apenas fornecer elementos necessários para a propositura da 
ação penal. Tem valor probatório relativo, pois os elementos de informação não 
são colhidos sob a égide do contraditório e da ampla defesa, tampouco na 
presença do Juiz de Direito. 
 
Dispensabilidade do Inquérito Policial: O inquérito policial é uma peça útil, 
porém não imprescindível. Não é fase obrigatória da persecução penal. Poderá 
ser dispensado sempre que o Ministério Público (MP) ou ofendido tiver 
elementos suficientes para promover a ação penal. Segundo o art. 39, § 5.º, do 
CPP, o órgão do MP dispensará o inquérito se forem apresentados elementos 
suficientes para a propositura da ação. O art. 46, § 1.º, do CPP nos alerta para 
o prazo em caso de dispensabilidade do inquérito policial. 
 
Art. 46. O prazo para oferecimento da denúncia, estando 
o réu preso, será de 5 dias, contado da data em que o 
órgão do Ministério Público receber os autos do inquérito 
policial, e de 15 dias, se o réu estiver solto ou afiançado. 
No último caso, se houver devolução do inquérito à 
autoridade policial (art. 16), contar-se-á o prazo da data 
em que o órgão do Ministério Público receber novamente 
os autos. 
§ 1o Quando o Ministério Público dispensar o inquérito 
policial, o prazo para o oferecimento da denúncia contar-
se-á da data em que tiver recebido as peças de 
informações ou a representação 
 
 
Características do Inquérito Policial: 
a) Procedimento escrito: Conforme demonstra o art. 9.º do CPP; 
b) Procedimento sigiloso (art. 20 do CPP): É uma garantia para o 
indiciado, resguardando-se, assim, seu estado de inocência (art. 5.º, LVII, da 
CF/88). O sigilo não alcança o advogado; 
c) Procedimento inquisitivo: Não há acusação, não há contraditório; não 
pode ser argüida suspeição da autoridade policial (art. 107 do CPP). O art. 14 
do CPP diz que a autoridade policial poderá indeferir qualquer pedido de 
diligência. O art. 184 do CPP trata de uma diligência que não pode ser 
indeferida, o exame de corpo de delito; 
 
Art. 107. Não se poderá opor suspeição às autoridades 
policiais nos atos do inquérito, mas deverão elas declarar-
se suspeitas, quando ocorrer motivo legal. 
 
Art. 14. O ofendido, ou seu representante legal, e o 
indiciado poderão requerer qualquer diligência, que será 
realizada, ou não, a juízo da autoridade. 
 
Art. 184. Salvo o caso de exame de corpo de delito, o juiz 
ou a autoridade policial negará a perícia requerida pelas 
partes, quando não for necessária ao esclarecimento da 
verdade. 
 
d) Oficiosidade: Esse princípio se funda no princípio da obrigatoriedade ou 
legalidade. Sendo um crime de ação penal pública incondicionada, a 
autoridade tem o dever de promover o inquérito policial ex officio, independente 
de qualquer espécie de provocação; 
e) Oficialidade: O inquérito policial é dirigido por órgãos públicos oficiais, 
no caso, a autoridade policial. É uma atividade investigatória feita por órgãos 
oficiais; 
f) Indisponibilidade: Uma vez instaurado, não pode ser arquivado pela 
autoridade policial (art. 17 do CPP), é indisponível; 
g) Autoritariedade: É presidido por uma autoridade pública. Trata-se de 
exigência constitucional (art. 144, § 4.º, da CF/88). 
 
Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e 
responsabilidade de todos, é exercida para a preservação 
da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do 
patrimônio, através dos seguintes órgãos: 
§ 4º - às polícias civis, dirigidas por delegados de polícia 
de carreira, incumbem, ressalvada a competência da 
União, as funções de polícia judiciária e a apuração de 
infrações penais, exceto as militares. 
 
 
PROVIDÊNCIAS DA AUTORIDADE POLICIAL 
 
O inquérito policial não tem um procedimento rígido, ou seja, uma seqüência 
imutável de atos. O art. 6.º do CPP traz a seqüência (roteiro) pela qual 
normalmente se procede. 
 
1. Primeira Providência: Dirigir-se ao local do crime e preservar o estado 
de coisas até a chegada da perícia. Qualquer alteração no estado de coisas 
pode comprometer as provas a serem produzidas. 
O art. 169 do CPP cuida da chamada perícia de local (esta é a regra). 
 
Art. 169. Para o efeito de exame do local onde houver 
sido praticada a infração, a autoridade providenciará 
imediatamente para que não se altere o estado das coisas 
até a chegada dos peritos, que poderão instruir seus 
laudos com fotografias, desenhos ou esquemas 
elucidativos. 
Parágrafo único. Os peritos registrarão, no laudo, as 
alterações do estado das coisas e discutirão, no relatório, 
as conseqüências dessas alterações na dinâmica dos 
fatos. 
 
Exceção: acidente automobilístico em que os veículos devem ser 
deslocados com a finalidade de desobstruir a via pública. 
 
2. Segunda Providência: Apreender os objetos e instrumentos do crime 
após liberação pela perícia (art. 11 do CPP – instrumentos e objetos do crime 
apreendidos serão anexados ao inquérito policial). Para essa apreensão, é 
necessária uma diligência denominada busca e apreensão, que pode consistir 
em busca e apreensão domiciliar. Pode ser realizada em qualquer dia, porém 
devem ser respeitadas as garantias de inviolabilidade domiciliar (art. 5.º, XI, da 
CF/88). 
À noite, só se pode entrar no domicílioalheio em quatro situações: 
a) A convite do morador; 
b) Flagrante delito; 
c) Para prestar socorro; 
d) Em caso de desastre. 
 
E durante o dia: 
a) As quatro situações acima citadas; 
b) Mediante prévia autorização judicial, corporificada em instrumento 
denominado mandado de busca e apreensão. 
 
Antes, a autoridade policial não precisava de autorização judicial, porém, 
mesmo com esta, não podia entrar à noite. Aplicava-se o art. 172 do CPC por 
analogia, contudo, em dezembro de 1994, esse artigo teve sua redação 
alterada. Não é mais possível sua aplicação. 
Critério físico: Dia é o período que medeia entre o romper da aurora e o 
crepúsculo solar; entre o nascer e o pôr-do-sol; das 6 às 18h. 
Domicílio (art. 150, § 4.º, do CP): É qualquer compartimento habitado, 
aposento ocupado por habitação coletiva; compartimento não aberto ao 
público, onde alguém exerce profissão ou atividade. Exemplo: Quarto de hotel, 
motel. 
 
3. Terceira Providência: Ouvir o ofendido e as testemunhas. Podem ser 
conduzidos coercitivamente se o ofendido ou a testemunha desatenderem ao 
mandado (princípio da autoritariedade – art. 201, §1º do CPP). 
 
Art. 201. Sempre que possível, o ofendido será 
qualificado e perguntado sobre as circunstâncias da 
infração, quem seja ou presuma ser o seu autor, as 
provas que possa indicar, tomando-se por termo as suas 
declarações. 
 § 1o Se, intimado para esse fim, deixar de comparecer 
sem motivo justo, o ofendido poderá ser conduzido à 
presença da autoridade. 
 
O ofendido e testemunha podem cometer crime de desobediência (art. 219 
do CPP e art. 330 do CP). 
 
Art. 219. O juiz poderá aplicar à testemunha faltosa a 
multa prevista no art. 453, sem prejuízo do processo 
penal por crime de desobediência, e condená-la ao 
pagamento das custas da diligência. 
Desobediência 
Art. 330 - Desobedecer a ordem legal de funcionário 
público: 
Pena - detenção, de quinze dias a seis meses, e multa. 
 
4. Quarta Providência: Indiciamento consiste na suspeita oficial acerca de 
alguém, ou seja, na imputação a alguém, em inquérito, da prática de ilícito 
penal, sempre que houver razoáveis indícios de sua autoria. “É o rascunho da 
denúncia”. É um ato abstrato, um juízo de valor da autoridade policial que vai 
reconhecer alguém como principal suspeito. O ato seguinte é a identificação 
criminal. 
Entendimento do STF: “Após a edição do texto constitucional promulgado 
em 5.10.1988, o identificado civilmente não será submetido à identificação 
criminal, salvo exceções que a lei ainda não fixou”. 
 
5. Quinta Providência: Reprodução simulada dos fatos (reconstituição). Há 
duas limitações: 
• Não pode atentar contra a moral e os bons costumes; 
• Não pode atentar contra o direito de defesa. 
Se o indiciado, portanto, nega a autoria de um crime, ele não será obrigado 
a realizar a reconstituição ou realizá-la de forma diferente do que afirmou. 
 
6. Sexta Providência: Encerramento do inquérito policial com o relatório, 
que é a narração objetiva das diligências feitas pela autoridade. A autoridade 
somente pode fornecer a classificação jurídica do fato e essa classificação não 
vincula o MP. 
 
INVESTIGAÇÃO CRIMINAL 
 
No que tange a investigação criminal, vamos fazer uma análise acerca das 
discussões existentes em torno da investigação criminal direta realizada pelo 
Ministério Público. Existem duas correntes, ambas munidas de um conjunto 
amplo de argumentos jurídicos. 
A primeira dispõe que a Constituição Federal reservou a investigação 
criminal à Polícia Judiciária, portanto, sendo inconstitucional o desempenho de 
tal atividade pelos membros do Ministério Público, que assim agindo estariam 
usurpando uma atribuição que não lhes foi concedida. Já a segunda, trilha no 
sentido de que em situações necessárias, o Ministério Público tem a função de 
conduzir à investigação criminal, mediante procedimento administrativo próprio, 
sem estar obrigado a requisitar à autoridade policial as diligências 
investigatórias ou a instauração de inquérito, em decorrência de seu papel 
institucional reservado pela Constituição Federal. 
Os argumentos utilizados por aqueles que se opõem à investigação pelo 
Ministério Público se vinculam a interpretação de normas constitucionais e 
infraconstitucionais. 
Argumentam que a Constituição Federal, no artigo 144, §1º, inciso I e IV, 
atribui de forma expressa às Polícias Federal e Civil, como autoridade 
competente para proceder a investigações e apuração de infrações penais, 
conforme exige a garantia constitucional do devido processo legal, tendo 
atribuído ao Ministério Público a função de exercer o controle externo da 
atividade policial, conforme artigo 129, inciso VII, atribuindo-lhe, em 
contrapartida no inciso VI, poderes para expedir notificações nos 
procedimentos administrativos de sua competência, requisitando informações e 
documentos para instruí-los, bem como limitando a atuação do Parquet em 
inquérito policiais à requisição de instauração do próprio inquérito e de 
diligências investigatórias, conforme inciso VIII, de maneira a vedar a figura do 
promotor investigador. Resta, por óbvio, que a competência para promover a 
ação penal não englobaria a investigação criminal, tratando-se, na verdade, de 
uma competência diversa que foi atribuída pelo legislador constituinte a outro 
órgão, não se aplicando, portanto, a lógica dos poderes implícitos, pela qual o 
órgão a quem compete o mais, compete igualmente o menos. 
 
Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e 
responsabilidade de todos, é exercida para a preservação 
da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do 
patrimônio, através dos seguintes órgãos: 
§ 1º A polícia federal, instituída por lei como órgão 
permanente, organizado e mantido pela União e 
estruturado em carreira, destina-se a: 
I - apurar infrações penais contra a ordem política e social 
ou em detrimento de bens, serviços e interesses da União 
ou de suas entidades autárquicas e empresas públicas, 
assim como outras infrações cuja prática tenha 
repercussão interestadual ou internacional e exija 
repressão uniforme, segundo se dispuser em lei; 
IV - exercer, com exclusividade, as funções de polícia 
judiciária da União. 
 
Art. 129. São funções institucionais do Ministério Público: 
VI - expedir notificações nos procedimentos 
administrativos de sua competência, requisitando 
informações e documentos para instruí-los, na forma da 
lei complementar respectiva; 
VII - exercer o controle externo da atividade policial, na 
forma da lei complementar mencionada no artigo anterior; 
VIII - requisitar diligências investigatórias e a instauração 
de inquérito policial, indicados os fundamentos jurídicos 
de suas manifestações processuais; 
 
 
Além disso, dotar o Ministério Público de atribuições investigatórias, além da 
competência para promover a ação penal, é conferir poder excessivo a uma 
única instituição, o que, em tese, favorece condutas abusivas, mormente 
devido à ausência de controle por parte de qualquer outra instância, tornando o 
indiciado refém do ímpeto da atuação investigativa, e órfão da proteção de 
qualquer órgão externo. 
Já se manifestaram contrariamente à investigação criminal ministerial, dentre 
os quais os professores Luís Guilherme Vieira, José Afonso da Silva, Miguel 
Reale Júnior, Eduardo Reale e José Carlos Fragoso. Acrescente-se ainda ou 
juristas Nélio Roberto Seidi Machado, Antônio Evaristo de Moraes Filho, Juarez 
Tavares e Luis Vicente Cernicchiaro. 
Por outro lado, já se manifestaram favoravelmente à coleta de provas pelo 
Ministério Público os estudiosos Paulo Rangel, Sérgio Demoro Hamilton, José 
Frederico Marques, Hugo Nigro Mazzilli, Alexandre de Moraes, Afrânio da Silva 
Jardim, Julio Fabbrini Mirabete, Aloísio Firmo G. da Silva, Maria Emília M. de 
Araújo, Paulo Fernando Corrêa e Bruno Ferolla. 
Em contrapartida, os defensores da posição favorável a que o Ministério 
Público proceda a investigações criminais asseveram que a CartaMagna, em 
seu artigo 144, não conferiu exclusividade à Polícia no que diz respeito à 
investigação de infrações penais, estabelecendo ao Parquet, o controle externo 
da atividade policial, cabendo-lhe, inclusive, requisitar a instauração de 
inquérito policial e diligências investigatórias, além da possibilidade de expedir 
notificações nos procedimentos administrativos de sua competência, 
requisitando informações e documentos para instruí-los, na forma da lei 
complementar respectiva, competências estas que abrangem tanto a esfera 
cível como a criminal. 
No mesmo norte, na condição de titular da ação penal pública, conforme 
assevera o artigo 129, inciso I, da CF, o Ministério Público se impõe como 
agente atuante na investigação. 
 
Art. 129. São funções institucionais do Ministério Público: 
I - promover, privativamente, a ação penal pública, na 
forma da lei; 
 
Em razão disso, não só pode requisitar diligências, como também pode 
realizá-las diretamente, nos casos em que se mostrem necessárias, mesmo 
porque, tanto a doutrina quanto a jurisprudência entendem que o inquérito 
policial é um instrumento facultativo e dispensável para o exercício do direito de 
ação. Sob a ótica do sistema acusatório, é plenamente possível à investigação 
criminal, notadamente porque no modelo brasileiro toda atividade investigatória 
(pré-processual) é dirigida à formação do convencimento do Parquet, 
destinatário da investigação penal realizada pela polícia, que busca garantir a 
legalidade e eficiência da investigação criminal. 
Deve-se ressaltar a existência de outras normas constitucionais que 
fundamentam a atribuição dessa competência ao Ministério Público, conforme 
artigo 127, caput, que impõem ao Parquet a defesa da ordem jurídica e dos 
interesses individuais indisponíveis, artigo 129, inciso II, que conferem o dever 
de zelar pelo efetivo respeito dos Poderes Públicos, promovendo as medidas 
necessárias a sua garantia; artigo 129, inciso IX, que admite que o Ministério 
Público exerça outras funções compatíveis com sua finalidade e que indica que 
a segurança pública como dever do Estado e direito e responsabilidade de 
todos, nos termos do artigo 144, caput. 
 
Art. 127. O Ministério Público é instituição permanente, 
essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe 
a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos 
interesses sociais e individuais indisponíveis. 
 
Art. 129. São funções institucionais do Ministério Público: 
II - zelar pelo efetivo respeito dos Poderes Públicos e dos 
serviços de relevância pública aos direitos assegurados 
nesta Constituição, promovendo as medidas necessárias 
a sua garantia; 
IX - exercer outras funções que lhe forem conferidas, 
desde que compatíveis com sua finalidade, sendo-lhe 
vedada a representação judicial e a consultoria jurídica de 
entidades públicas. 
 
Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e 
responsabilidade de todos, é exercida para a preservação 
da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do 
patrimônio, através dos seguintes órgãos: 
 
Já no que tange a ordem infraconstitucional, a expedição de notificações 
para colher depoimento ou esclarecimentos, bem como a requisição de 
informações, exames periciais e documentos de autoridades e órgãos públicos 
também são previstas na Lei Orgânica Nacional do Ministério Público. Desta 
forma, podemos notar que o controle externo da atividade policial visa à 
consecução de outras garantias constitucionais, como o sistema de freios e 
contra pesos, a garantia do sistema acusatório, a figura do Parquet como 
destinatário do inquérito, e a proteção dos direitos fundamentais. 
Analisados os argumentos combatidos em ambos sentidos, podemos 
proceder à conclusão. Com efeito, devemos ter em mente que a Constituição 
Federal de 1988 alterou profundamente as diretrizes do processo penal, 
mediante a introdução de princípios e garantias de ordem democrática e 
garantista, além de consagrar expressamente o Estado Democrático de Direito, 
inserindo a dignidade da pessoa humana como fundamento da República, 
adotando o sistema penal acusatório para cumprir tais objetivos, o qual se 
caracteriza primordialmente pela distribuição das funções de acusar, defender 
e julgar entre órgãos distintos, além de ser público, possuir contraditório, 
oportunizar a ampla defesa. 
Nesse ínterim, o processo penal brasileiro passa a ter uma dupla função: 
tornar viável a aplicação da pena e, servir como efetivo instrumento de garantia 
dos direitos e liberdades individuais, protegendo o cidadão contra atos 
abusivos do Estado. Desse modo, se faz necessário à ponderação das 
vantagens e desvantagens de eventual legitimidade da instituição ministerial 
para, na medida do possível, se chegar a um consenso que objetive a 
conformação ao Estado Democrático de Direito. 
A função do processo penal não é punir, mais antes, servir de instrumento 
para concretização das garantias constitucionais. O processo é caminho 
legitimante do poder. Logo o processo também é instrumento de garantia e 
segurança para todas as partes. 
Não obstante, podemos concluir que a Constituição não atribuiu diretamente 
ao MP a legitimidade investigatória, contudo, não instituiu o monopólio da 
investigação criminal exclusivamente a Polícia Judiciária. Por oportuno, 
importante destacar que a interpretação constitucional deve ser sistemática, de 
forma que não há óbice à atuação do MP na investigação, desde que seja 
suplementar, em caráter subsidiário, de forma a não subtrair a competência da 
Polícia. 
Sendo o Ministério Público guardião da ordem democrática, num Estado 
Democrático de Direito, nada mais justo que ele possa desempenhar de forma 
mais ampla possível o seu mister constitucional. Seu objetivo deve ser a 
apuração dos fatos, da melhor maneira possível, para angariar dados 
substanciais ao seu convencimento, observados o devido processo legal e os 
direitos fundamentais do cidadão. A finalidade é garantista. 
Dessa forma é preciso analisar com cautela o atual sistema constitucional e 
os limites impostos, com intuito de se chegar ao meio termo, afinal, a virtude 
está no meio. É preciso estipular requisitos legais para a atividade 
investigatória implementada diretamente pelo Ministério Público, de modo que 
esta fique restrita a hipóteses necessárias, excepcionais e extraordinárias, 
sendo conveniente disciplinar, por meio de ato legislativo próprio, as hipóteses 
e a forma em que será legítima essa atuação eventual e excepcional do 
Ministério Público, que permita um tratamento jurídico intermediário entre os 
dois extremos. 
 
 
TÍTULO II 
DO INQUÉRITO POLICIAL 
 
 Art. 13. Incumbirá ainda à autoridade policial: 
I - fornecer às autoridades judiciárias as informações 
necessárias à instrução e julgamento dos processos; 
II - realizar as diligências requisitadas pelo juiz ou pelo 
Ministério Público; 
III - cumprir os mandados de prisão expedidos pelas 
autoridades judiciárias; 
IV - representar acerca da prisão preventiva. 
 
Art. 14. O ofendido, ou seu representante legal, e o 
indiciado poderão requerer qualquer diligência, que será 
realizada, ou não, a juízo da autoridade. 
 
Art. 15. Se o indiciado for menor, ser-lhe-á nomeado 
curador pela autoridade policial. 
 
Art. 16. O Ministério Público não poderá requerer a 
devolução do inquérito à autoridade policial, senão para 
novas diligências, imprescindíveis ao oferecimento da 
denúncia. 
 
Art. 17. A autoridade policial não poderá mandar arquivar 
autos de inquérito. 
 
Art. 18. Depois de ordenado o arquivamento do inquérito 
pela autoridade judiciária, por falta de base para a 
denúncia, a autoridade policial poderá proceder a novas 
pesquisas, se de outras provas tiver notícia. 
 
Art. 19. Nos crimes em que não couber ação pública, os 
autos do inquérito serão remetidos ao juízo competente, 
onde aguardarão a iniciativa do ofendido ou de seu 
representante legal, ou serãoentregues ao requerente, se 
o pedir, mediante traslado. 
 
Art. 20. A autoridade assegurará no inquérito o sigilo 
necessário à elucidação do fato ou exigido pelo interesse 
da sociedade. 
Parágrafo único. Nos atestados de antecedentes que Ihe 
forem solicitados, a autoridade policial não poderá 
mencionar quaisquer anotações referentes a instauração 
de inquérito contra os requerentes, salvo no caso de 
existir condenação anterior. 
 
Art. 21. A incomunicabilidade do indiciado dependerá 
sempre de despacho nos autos e somente será permitida 
quando o interesse da sociedade ou a conveniência da 
investigação o exigir. 
 
Parágrafo único. A incomunicabilidade, que não excederá 
de três dias, será decretada por despacho fundamentado 
do Juiz, a requerimento da autoridade policial, ou do 
órgão do Ministério Público, respeitado, em qualquer 
hipótese, o disposto no artigo 89, inciso III, do Estatuto da 
Ordem dos Advogados do Brasil (Lei n. 4.215, de 27 de 
abril de 1963) 
 
Art. 22. No Distrito Federal e nas comarcas em que 
houver mais de uma circunscrição policial, a autoridade 
com exercício em uma delas poderá, nos inquéritos a que 
esteja procedendo, ordenar diligências em circunscrição 
de outra, independentemente de precatórias ou 
requisições, e bem assim providenciará, até que 
compareça a autoridade competente, sobre qualquer fato 
que ocorra em sua presença, noutra circunscrição. 
 
Art. 23. Ao fazer a remessa dos autos do inquérito ao juiz 
competente, a autoridade policial oficiará ao Instituto de 
Identificação e Estatística, ou repartição congênere, 
mencionando o juízo a que tiverem sido distribuídos, e os 
dados relativos à infração penal e à pessoa do indiciado. 
 
EXERCÍCIOS 
 
 
01. (Assessor Jurídico – TJ – PI – FCC – 2010) Segundo o estabelecido no 
Código de Processo Penal, no curso do inquérito policial, 
a) por se tratar de peça informativa, não é permitido ao indiciado requerer 
diligência. 
b) o ofendido não poderá requerer diligência, muito embora possa solicitar a 
instauração de inquérito policial. 
c) o ofendido e o indiciado poderão requerer diligência 
d) o indiciado não poderá requerer diligência, medida reservada apenas para 
o ofendido. 
e) somente o ofendido habilitado como assistente do Ministério Público 
poderá requerer diligência 
 
02. (Analista do Ministério Público – MPE – SE – FCC – 2009) O inquérito 
policial 
a) pode ser iniciado de ofício, ainda que se trata de crime de ação penal 
pública condicionada. 
b) deverá terminar no prazo de dez dias, se o indiciado tiver sido preso em 
flagrante. 
c) obedece ao contraditório 
d) tem rito próprio. 
e) pode ser arquivado por ordem da autoridade policial. 
 
03. (Técnico Judiciário – TRF – 4ª Região – FCC – 2010) Se o acusado 
estiver preso preventivamente o inquérito policial deverá terminar dentro do 
prazo de 
a) 30 dias, contado o prazo a partir da data da instauração do inquérito pela 
Autoridade Policial. 
b) 10 dias, contado o prazo a partir do dia em que se executar a ordem de 
prisão. 
c) 10 dias, contado o prazo a partir da data da instauração do inquérito 
policial pela Autoridade Policial. 
d) 30 dias, contado o prazo a partir do dia em que se executar a ordem de 
prisão. 
e) 15 dias, contado o prazo a partir do dia em que se executar a ordem de 
prisão. 
 
04. (Analista Judiciário – TRF 1ª Região – FCC – 2001) O prazo para o 
encerramento do inquérito policial é de 
a) 10 dias, se o indiciado estiver preso preventivamente, contado o prazo, a 
partir da data em que se executar a ordem de prisão. 
b) 20 dias, se o indiciado estiver preso cautelarmente. 
c) 30 dias, se o indiciado estiver preso em flagrante, contado o prazo, a partir 
da data em que se executar a ordem de prisão. 
d) 45 dias, se o indiciado estiver solto mediante fiança, contado o prazo a 
partir da data da sua soltura. 
e) 60 dias, se o indiciado estiver solto, sem fiança, contado o prazo a partir 
da data da prática do crime. 
 
05. (Magistratura – TJ – MT – VUNESP – 2009) Considerando-se o art. 28 
do Código de Processo Penal, se o órgão do Ministério Público, ao invés de 
apresentar a denúncia, requerer o arquivamento do inquérito policial ou de 
quaisquer peças de informação, o juiz, no caso de considerar improcedentes as 
razões invocadas, fará remessa do inquérito ou das peças de informação ao 
procurador-geral, e este 
a) oferecerá a requisição para o oferecimento da denúncia, designando outro 
órgão do Ministério Público para oferecê-la, ou insistirá no pedido de 
arquivamento, ao qual só então estará o juiz obrigado a atender. 
b) determinará ao órgão do Ministério Público o oferecimento da denúncia e, 
se este se recusar, designará outro órgão do Ministério Público para declará-la, 
ou insistirá no pedido de desistência, ao qual só então estará o Ministério 
Público obrigado a atender. 
c) solicitará revisão da posição ao órgão do Ministério Público e, se este se 
recusar, designará outro órgão do Ministério Público para declará-la, podendo 
este insistir no pedido de arquivamento, ao qual só então estará o juiz obrigado 
a atender. 
d) determinará ao órgão do Ministério Público a revisão da denúncia e, se 
este se recusar, designará outro órgão do Ministério Público para declará-la, ou 
insistirá no pedido de desistência, ao qual só então estará o Ministério Público 
obrigado a atender. 
e) oferecerá a denúncia, designará outro órgão do Ministério Público para 
oferecê-la, ou insistirá no pedido de arquivamento, ao qual só então estará o 
juiz obrigado a atender. 
 
06. (Analista Judiciário – TJ – PA – FCC – 2009) A impossibilidade da 
identificação do indiciado, preso, com seu verdadeiro nome ou outros 
qualificativos implicará 
a) na devolução do inquérito policial à polícia para diligências no sentido de 
esclarecer a verdadeira identificação do indiciado. 
b) no não retardamento da propositura da ação penal. 
c) no arquivamento do inquérito policial, até que se descubra a verdadeira 
identificação do indiciado. 
d) na rejeição da denúncia que vier a ser ofertada pelo Ministério Público. 
e) na remessa dos autos, pelo Juiz, à consideração do Procurador-Geral de 
Justiça. 
 
07. (FCC - TRF 4ª REGIÃO - 2010) Se o acusado estiver preso 
preventivamente o inquérito policial deverá terminar dentro do prazo de 
(A) 10 dias, contado o prazo a partir da data da instauração do inquérito 
policial pela Autoridade Policial. 
(B) 30 dias, contado o prazo a partir do dia em que se executar a ordem de 
prisão. 
(C) 15 dias, contado o prazo a partir do dia em que se executar a ordem de 
prisão. 
(D) 30 dias, contado o prazo a partir da data da instauração do inquérito pela 
Autoridade Policial. 
(E) 10 dias, contado o prazo a partir do dia em que se executar a ordem de 
prisão. 
 
08. (FCC – TER Piauí - 2009) Nos crimes de ação pública, a instauração do 
inquérito policial 
(A) só poderá ocorrer após a representação da vítima ou de seu 
representante legal. 
(B) dependerá de requisição da autoridade judiciária. 
(C) dependerá de requisição do Ministério Público. 
(D) poderá ser feita de ofício. 
(E) dependerá de requerimento escrito, narrando o fato delituoso com todas 
as suas circunstâncias. 
 
09. (FCC – TRE ACRE - 2010) O documento entregue ao conduzido após a 
lavratura do auto de prisão em flagrante, assinado pela autoridade policial e 
contendo o motivo da prisão, o nome do condutor e das testemunhas, 
denomina-se 
(A) termo circunstanciado. 
(B) auto de prisão em flagrante. 
(C) nota de culpa. 
(D) carta de guia. 
(E) boletim de ocorrência. 
 
GABARITO: 
 
01 C 
02 B 
03 B 
04 A 
05 E 
06 B 
07 E 
08 D 
09 C 
 
 
7. FATOS E ATOS PROCESSUAIS. 
 
 
Os fatos são essenciais ao direito, tanto no plano normativo como no plano 
concreto, relacionado à aplicação das normas positivadas pelo legislador. Essa 
imprescindibilidade ficou patente em estudos clássicos relativos à própria 
compreensão dogmática da existência e modo

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