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Apostila Proc Civil_prof Liane

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PROGRAMA DE DIREITO PROCESSUAL CIVIL V
 Profª. Liane Linhares
 ANOTAÇÕES SOBRE JUIZADO ESPECIAL CÍVEL FEDERAL
L.10.259/01
Princípios
Os princípios que orientam os juizados especiais cíveis estaduais (art. 2.º da Lei 9.099/95 - falemos em JEC Estadual) são aplicáveis subsidiariamente ao JEC federal.
Partes no Juizado Especial Cível Federal
As partes são os sujeitos parciais da relação processual, e comumente, também, da relação material, figurando o juiz no processo na condição de sujeito imparcial, quer dizer, não-parte, responsável em nome do Estado pela resolução do conflito.
Podem ser partes nos Juizados nos termos do art. 6º da lei do JEC Federal, definindo quem poderão ser autores (art. 6º, I) e réus (art. 6º, II). Não podem ser partes o preso, incapaz, massa falida e o insolvente civil, incidindo neste procedimento o art. 8º, caput, da Lei 9099/95.
Capacidade postulatória plena. ( art. 10 do JEC Fed.
Representantes para a Causa ( art. 9º, §4º Jec. Fed. (pessoa física e pessoa jurídica). Tem natureza jurídica de preposto e tem a função primordial de presentar a sociedade em juízo, bem como a pessoa física. Assim, poderão prestar depoimento pessoal, realizar conciliação, resistir ao pedido, contestando-o em nome da sociedade
Competência
A Lei 10.259/01 trata de conflitos entre particulares e a administração pública federal.
Os critérios de determinação de competência agasalhados pela Lei 9.099/95, e, reflexamente pela lei 10.259/01, são aqueles mesmos preconizados por Chiovenda e que foram adotados pelo Código de Processo Civil.
Segundo Chiovenda�, a competência se estabelece consoante três critérios: a) objetivo: a.1) em razão do valor e a.2) em razão da matéria; b) territorial e c) funcional
As competências do JEC Federais estão dispostas nos arts. 2º e 3º da Lei 10.259/01.
O critério objetivo em razão do valor adotado pelo JEC Federal foi de 60 SM, bem como é o cálculo utilizado para as parcelas vincendas, cuja soma multiplicado por 12 meses são ultrapasse esse valor.
Se no curso da demanda, em razão dos juros, por exemplo, o valor for superior a 60 SM, continua sendo competente o JEC Federal em razão do princípio da perpetuatio jurisdictionis�
O critério objetivo em razão da matéria ou conteúdo da pretensão de direito material que define a competência do JEC Federal está enumerado no art. 3º, §1.º.
Incompetência absoluta e relativa
Sob o aspecto do critério territorial, inobservado poderá acarretar uma incompetência absoluta ou relativa. Na primeira hipótese, a competência do JEC Federal é inderrogável quando estiver localizado em sede de Vara Federal, assim, não tem o autor a opção de demandar no rito comum ou no JEC conforme ocorre no JEC Estadual. Trata-se de uma competência territorial-funcional, também chamada por Carreira Alvim de competência absoluta do tipo “localizada”.�
Para este autor trata-se de competência de juízo se no foro onde estiver instalada Vara do Juizado Especial Federal, e assim, absoluta. 
Na segunda hipótese, (incompetência relativa) se não tiver juizado localizado em local sede de vara federal, a competência será do juízo mais próximo do domicílio do réu, do lugar onde a obrigação deve ser satisfeita, do domicílio do autor ou do local do ato ou fato, consoante dispõe o art. 4.º da Lei 9.099/95, sendo esta relativa�, pois o autor poderá demandar perante a vara federal do foro, onde não houver, e não tiver juizado especial federal, consoante dispõe o art. 3.º§3º c/c art. 20 da Lei 10.259/01.
No que tange ao art. 4º da Lei 9099/95 não há uma ordem rígida a ser seguida pelo autor, podendo optar por qualquer uma delas, inclusive fazer a opção pelo foro que não seja onde o réu exerça sua atividade principal, mas que, dentro de sua convivência, se enquadre numa dessas situações previstas em lei.�
Procedimento
Sessão de Conciliação.
O procedimento, como dito anteriormente, aplica-se subsidiariamente a Lei 9099/95. Assim, tecnicamente, se designa sessão de conciliação, e não audiência de conciliação, que será realizada pela Secretaria do Juizado, independentemente de distribuição e autuação, que realizar-se-á no prazo mínimo de 15 dias, conforme art. 16 da Lei 9099/95. 
Extrai-se esse entendimento por uma interpretação sistemática entre ambos os juizados. Se a lei 10.259/01 em seu art. 18, 2ª parte regulamenta a figura do conciliador, é porque a sessão de conciliação também é aplicável ao rito do JEC Federal. 
A função conciliatória, contudo, não se esgota no conciliador, pois, mesmo superada essa fase do procedimento, por não terem as partes sido induzidas a um acordo, será novamente tentada pelo juiz togado, assim que o processo passar a sua direção, como reza o art. 22 da Lei 9099/95, aplicável aos juizados especiais federais, e, obtida a conciliação, será reduzida a escrito e homologada pelo juiz togado, nos termos do parágrafo único deste mesmo dispositivo.
Cumpre ressaltar por oportuno, que se aplicam aos conciliadores os mesmos impedimentos previstos no Código de Processo Civil para os serventuários da justiça e juízes togados à luz do art. 138 do CPC.
Comunicação dos atos processuais ( art. 7º, caput, Lei 10.259/01. No processo de conhecimento não há citação por edital, consoante ao disposto no art. 18, §1º da Lei 9099/95.
Intimação de sentença ( art. 8º Lei 10.259/01.
Intimação pessoal das partes e seu representante legal ( art. 8º, caput, Lei 10.259/01.
Intimação por interposta pessoa das partes e seu representante legal ( art. 8º, §1º, Lei 10.259/01.
Intimação por meio eletrônico ( art. 8º, §2º, Lei 10.259/01.
*Obs: supressão de prazos diferenciados, conforme dispõe o art. 188 do CPC e eliminação do reexame necessário, consoante dispõem os artigos 9.º e 13 da Lei 10.259/01, criando exceção ao art. 475 do CPC. 
Perícia e microperícia ( art. 12, caput, e §2.º do JEC Fed.
Recursos Cabíveis
Da acordo com a Lei 10.259/01 são cabíveis os seguintes recursos no procedimento adotado no JEC Federal:
Recurso Ordinário� ou Recurso Inominado (na esfera cível) (Art. 5º da LJEC Fed.)
Embargos de Declaração (art. 1º. da Lei 10.259/01 c/c arts. 48 a 50 da Lei 9099/95)
Agravo (art. 4.º c/c art. 5º da Lei 10.259/01
* Obs.: Inovação da Lei 10.259/01, em relação à Lei 9.099/95, o agravo será cabível de decisões interlocutórias estritamente de natureza antecipatória ou cautelar. É o que se extrai do art. 5.º, ao dispor que “exceto nos casos do art. 4º”, somente será admitido recurso de sentença definitiva.
Pedido de Uniformização de interpretação de lei federal. 
Quanto aos órgãos divergentes: (Art. 14, caput, da LJEC Fed.)
a.1) Turmas de mesma Região Judiciária (Art. 14, §1º da LJEC Fed.)
a.2) Turmas de Região Judiciária Distintas (Art. 14, §2º, da LJEC Fed.)
Quanto a forma: 
b.1) instrumental (Art. 14, §9º, da LJEC Fed.)
b.2) retido (Art. 14, §6º, da LJEC Fed.)
a.1) Tem cabimento quando houver divergência entre decisões sobre questões de direito material proferidas por Turmas Recursais na interpretação da lei, cujo julgamento caberá às Turmas Conjuntas ou Reunidas.Estas turmas serão compostas de integrantes de turmas da mesma região judiciária entre as quais ocorreu a divergência, e sob a presidência do Juiz Coordenador dos Juizados, indicado pelo respectivo Tribunal Regional Federal, com mandato de 2(dois) anos. A competência destas turmas será o território correspondente a respectiva região. Consoante dispõem os arts. 14, caput, e seu §1.º e o 22 da Lei 10.259/01.
a.2) Divergência entre turmas de diferentes regiões judiciárias, como por exemplo, decisão proferida pela turma recursal da 2ª Região Judiciária (Rio de Janeiro e Espírito Santo) divergente da decisão proferida nas turmas recursais da 3.ª Região Judiciária (São Paulo e Mato Grosso Sul), ou contrária a súmula ou jurisprudência dominante do STJ. Assim, estas turmas têm competência sobre todo o território nacional.
b.1) Essa Turma de Uniformizaçãoexercerá o papel de órgão uniformizador em nível nacional, no caso de pedidos de uniformização idênticos (art. 14, §6º, Lei 10.259/01), evitando que a lei federal seja objeto de interpretações divergentes nas cinco regiões sujeitas à jurisdição dos diversos Tribunais Regionais Federais. 
b.2) No caso de pedidos idênticos, eles ficaram retidos até a manifestação primeira do STJ.
As Turmas de Uniformização são integrados por juízes de todas as Turmas Recursais, sob a presidência do Coordenador da Justiça Federal, conforme art. 14, §2.º da Lei 10.259/01.
Grande destaque é o efeito vinculante das decisões proferidas por este órgão, pois conforme dispõe o art. 14, §9º da Lei 10.259/01, constituem precedentes obrigatórios, ao menos do caso concreto, na qual originou o decisum, que analisado em confronto analítico com a decisão de outra turma, divergiam de entendimento, nascendo para o prejudicado, o interesse em se socorrer com este recurso às Turmas de Uniformização. Assim, conforme o dispositivo a turma poderá exercer o juízo de retratação e modificar sua decisão em conformidade com a decisão proferida pela Turma de Uniformização ou considerar-se-á prejudicado.
Em caso de juízes que compõem essas turmas estejam domiciliados em cidades diversas a reunião será feita por videoconferência, conforme dispõe o art. 14, 3.º do JEC Federal, através de software como NetMeeting. 
Sistematizando os recursos, caberá pedido de uniformização de lei federal quando houver divergências nas decisões proferidas entre as turmas recursais. 
Sendo o pedido fundado em divergência entre Turmas Recursais de mesma região judiciária, o órgão julgador será a Turma Conjunta ou Reunida. 
Se o pedido estiver fundamentado em divergência entre Turmas Recursais de região judiciária distintas, o órgão julgador será a Turma de Uniformização.
Embargos de Divergência Especiais ou Pedidos de Manifestação em Dissídio. (Art. 14, §4.º, da LJEC Fed.)
Quando a decisão proferida pelas Turmas de Uniformização, em questões de direito material, contrariar súmula ou jurisprudência do STJ, caberá, conforme dispõe o art. 14, §4.º da Lei 10.259/01, “pedido de manifestação do Superior Tribunal de Justiça”, na qual denominamos de Embargos de Divergência Especial em Pedido de Uniformização, tendo em vista que após o pedido de uniformização de divergência entre turmas recursais de regiões judiciárias divergentes, a Turma de Uniformização acolhendo tese que contrarie entendimento jurisprudencial dominante e súmula do STJ, caberá a parte prejudicada, bem como o terceiro prejudicado, suscitar manifestação do STJ a respeito da divergência.
Analisando a natureza deste instrumento, tem-se que “Manifestação” é a conseqüência da provocação em sede recursal do legitimado, entretanto a Lei 10.259/01 não denominou um nomen iuris para o recurso, que caberá a doutrina fazer as vezes do legislador neste sentido.
VI. Recurso Extraordinário. (Art. 15, da LJEC Fed.)
Execução por Título Executivo Judicial e Extrajudicial.
Extrajudicial
Insta salientar, que fixação de competência pelo critério funcional é adotado no art. 3º da Lei 10.259/01, quando dispõe que o JEC Federal “irá executar suas sentenças”. Ademais, não resta dúvidas de que é também competente para processar e julgar a execução de títulos extrajudiciais contra a Fazenda Pública Federal e Empresas Públicas Federais, consoante dispõe o art. 3º, §º, I da Lei 10.259/01 c/c art. 109, I da CF/88.
Judicial
O art. 17 da Lei 10.259/01 preconiza uma tendência que o legislador vem adotando para moralizar o processo de execução que é a sentença executiva lato sensu. Assim o título executivo judicial que tiver conteúdo obrigacional de pagar quantia certa à autoridade citada para a causa por meio de requisição, terá prazo de 60 dias para depositar o dinheiro na caixa econômica ou banco do Brasil independentemente de precatório, conforme o art. 100, §3.º da CFRB.
O não cumprimento acarretará o seqüestro do numerário suficiente para o cumprimento da obrigação. Na verdade se trata de arresto e não seqüestro. 
ANOTAÇÕES SOBRE JUIZADO ESPECIAL CÍVEL ESTADUAL
 Lei 9.099/95
 
 1.Aplicabilidade:
 Há aplicação subsidiária do CPC á lei nº 9.099/95, em tudo que for compatível com as normas especificadas ou os princípios norteadores do microssistema dos Juizados Especiais Cíveis.
2. Competência:
 A competência em sede de Juizados Especiais Cíveis é opção do autor.
2.1. Todas as ações ajuizadas em sede de JEC, que envolvam relação de consumo poderão ser propostas no domicílio do autor, ao seu critério, interpretando-se extensivamente o disposto no art. 101, inc. I, do Código de Defesa do Consumidor.
2.2. No tocante à competência territorial deverá ser observada estritamente a opção do autor, relativa a propositura da ação na forma do inc. I do art. 4º da L. 9.099/95.
2.3. Não há competência territorial pelo endereço profissional do autor, exceto se este for funcionário público civil ou militar (art. 4º, inc. III da L.9.099/95).
2.4. Valor da Causa:
Todas as causas da competência dos JEC estão limitadas a 40 salários mínimos.
2.5. Locação:
2.5.1. Despejo para uso próprio – Admissibilidade.
2.5.2. Revisão de aluguel - Impossibilidade.
2.6. Ação Coletiva-Inadmissibilidade.
2.7. Ação Monitória-Inadmissibilidade
2.8 Direito de Vizinhança- Valor da Causa- Competência.
A competência dos JECs para julgar os conflitos de vizinhança, decorre unicamente do critério do valor.
2.9. Acidente de Trânsito-Indenização.
Aplica-se o inc. III art. 4º, da Lei nº 9.099/95, a todas as ações de cobrança de indenização de danos decorrentes de acidente de trânsito.
2.10. Ação Cautelar Preparatória-Juízo Competente
O ajuizamento de ação cautelar preparatória nos JECs, pressupõe que o mesmo seja também competente para a ação principal.
3.	Petição Inicial:
A petição inicial deve atender, somente aos requisitos do art. 14 da L 9.099/95, ressalvando-se em atenção aos princípios do art. 2º do mesmo diploma, a possibilidade de emenda por termo na própria audiência, devendo o juiz interpretar o pedido da forma mais ampla, respeitado o contraditório.
4.	Legitimidade:
4.1.	Proposição-Capacidade.
Somente as pessoas físicas capazes podem propor ação perante os JECs, não podendo faze-lo as pessoas jurídicas e formais.(art. 3º da L9.099/95, é taxativo).
4.2. Microempresa:
As microempresas poderão propor ação nos JECs, bastando, para a comprovação de sua condição, a apresentação do original ou cópia autenticada da declaração de enquadramento feita junto ao órgão de registro.
5. Pedido Contraposto:
5.1. Pessoa jurídica: não caba pedido contraposto no caso de ser o réu . 
6.Resposta do Réu- Valor da Causa. 
Na hipótese de pedido de valor até 20 salários mínimos, é admitido pedido contraposto, de valor superior ao da inicial até o limite de 40 salários mínimos, sendo obrigatória a assistência de advogado do réu.
7.Citação/Intimação:
7.1.Citação Postal-Validade.
A citação postal de pessoa jurídica considera-se perfeita com a entrega do A.R.ou notícia de recusa do seu recebimento pelo encarregado da recepção ou qualquer empregado da empresa.
7.2. A citação postal de pessoa física considera-se perfeita com a entrega do A.R. às pessoas que residam em companhia do réu ou seus empregados domésticos.
7.3. É cabível citação postal de réus que tenham domicílio em outras comarcas ou Estados.
7.4. Citação por Hora Certa-Inadmissibilidade
7.5. Citação do réu- Ocultação
O juiz poderá considerar o réu regularmente citado, se verificar, ante a minuciosa certidão negativa do Oficial de Justiça, que o mesmo se ocultou para evitar o recebimento da citação.
8.Advogado:
8.1 Assistência obrigatória prevista no art. 9º da Lei 9.099/95 tem lugar da fase instrutória, não se aplicando para a formulação do pedido e a sessão de conciliação.
8.2. Advogado-Intimação:
A intimação do advogado, pessoalmente ou pela imprensa, para a práticade atos processuais, dispensa a da parte.
9. Audiência de Conciliação/ Audiência de instrução e Julgamento.
9.1. Representação- Preposto- Cumulação:
A presença das parte, pessoas físicas e/ou jurídicas, representadas por preposto com vínculo empregatício, é obrigatória nas audiências de conciliação e/ou julgamento.
9.2. Advogado-Preposto-Cumulação:
É vedada a acumulação das condições de preposto e advogado, na mesma pessoa( arts. 35, I e 36,II da L. 8.906/94 c/c art. 23 do Código de Ética e Disciplina da OAB).
9.3. Possibilidade de Realização: Audiência (AIJ)
É possível a realização de Audiência de Instrução e Julgamento no mesmo dia da conciliação, desde que o réu seja citado e o autor intimado acerca de tal possibilidade, ou no caso de concordância das partes.
9.4 Direção da AIJ-Conciliador:
É vedada a delegação da presidência da Audiência de Instrução e Julgamento ao Conciliador.
9.5. Ausência do advogado na AIJ-Julgamento da Lide:
A ausência de advogado na Audiência de Instrução e Julgamento, em feito de valor superior a 20 salários mínimos permite que o juiz dispense a instrução e julgue a lide “ no estado”.
9.6. Validade de Acordo no Procedimento do Juizado Especial Cível:
No procedimento dos juizados especiais cíveis é válido o acordo celebrado pelas partes, independente da assistência de advogado, mesmo nas causas de valor superior a 20 salários mínimos.
10. Prova Pericial:
Não é cabível perícia judicial tradicional em sede de juizado especial.A avaliação técnica a que se refere o art. 35, da L. 9.099/95, é feita por profissional da livre escolha do juiz, facultado às partes inquiri-lo em audiência ou no caso de concordância das partes.
11. Sentença:
11.1. Vinculação do juiz da AIJ ao julgamento da lide:
O juiz do Juizado Especial que concluir a AIJ, mesmo que não haja colheita de prova oral, ficará vinculado ao julgamento da lide, observando-se apenas as exceções previstas no art. 132, do CPC.
11.2. Intimação da Sentença:
O juiz que realizar a AIJ e não proferir sentença de imediato, deverá fixar na assentada a data da leitura de sentença.
Na intimação da parte por via postal deverá constar da correspondência o texto da decisão ou do dispositivo da sentença, de modo a evitar seu desnecessário comparecimento a cartório.
12. Auto-Exequibilidade de Sentença:
A sentença em sede de Juizados Especiais Cíveis não é auto-exequível.
13. Recursos:
13.1. Turmas Recursais-Competência
A competência das Turmas Recursais decorre da causa ter sido processada originariamente no Juizado Especial, inadmitida a declinação de competência para o Tribunal de Justiça, por força da regra da perpetuação da jurisdição do art. 87 do CPC.
O regime jurídico da competência na L. 9.099/95 e o entendimento doutrinário/ jurisprudencial acerca da opcionalidade do acesso ao Juizado Especial Cível implicam na inadmissibilidade de declinação de competência entre Juízos Cíveis e Juizados Especiais.
13.2. Admissibilidade do Recurso:
Deverão ser decididos pelo Colegiado das Turmas Recursais todas as questões atinentes á admissibilidade e o mérito do recurso
13.3. CPC., Art. 511 § 2º- Inaplicabilidade.
O não recolhimento integral do preparo do recurso inominado, previsto no ART. 42 §1º, da L.9.099/95, importa em deserção, inadmitida a complementação a destempo.
13.4. Recurso Adesivo-Inadmissibilidade:
Não cabe recurso adesivo em sede de Juizados Especiais, por falta de expressa previsão legal.
13.5. Agravo de Instrumento-Inadmissibilidade:
No sistema dos Juizados Especiais Cíveis, é inadmissível a interposição de agravo contra decisão interlocutória, anterior, ou posterior a sentença.
13.6. Prazos-Contagem:
Contra o revel, correm em cartório todos os prazos, inclusive o de intimação da sentença, independentemente de intimação.
Conta-se o prazo recursal a partir da data designada para a leitura da sentença, se esta vier tempestivamente aos autos.
Nos JECs, os prazos são contados da data da intimação, e não da juntada do respectivo expediente aos autos.
14. Extinção do Processo- Ausência do Autor:
A extinção do processo sem julgamento do mérito, por ausência do autor, importa nos termos do §2º, do art.51, da L. 9.099/95, na condenação ao pagamento das custas.
 *********************************************************
Ação Civil Pública
Conceito
Segundo Vigliar ação civil pública: "nada mais é que o instrumento processual criado pela Lei n.º 7.347/85 para se postular a tutela jurisdicional dos interesses transindividuais." 
A ação civil pública é um instrumento judicial destinado a reparar ou impedir atos ou condutas que importem em dano ou lesão contra interesses difusos ou direitos coletivos.
Origem
A partir da Constituição Federal de 05 de outubro de 1988 amentou-se o alcance dos institutos protegidos como a proteção do patrimônio público, prevendo no texto constitucional os interesses difusos ou coletivos. Fortalecendo a Ação Civil Pública como instrumento de defesa metaindividual ampliando a possibilidade de proteção aos interesses indisponíveis do indivíduo e da sociedade.
A Ação Civil Pública ingressou no sistema jurídico brasileiro através da Lei Orgânica do Ministério Público, que dentre as atribuições de seus representantes inseriu a atribuição de promover a ação civil pública.Todavia, a lei que se referia a atribuição do representante do ministério público somente foi publicada em 1985, a lei nº 7.347/85. 
Cumpre destacar a previsão de outras leis especiais que citam outros interesses tutelados por este remédio jurídico tais como: de crianças e adolescentes (Lei n.º8.069/90); de pessoas portadoras de deficiência (Lei n.º 7.853/89),em razão da prática de improbidade administrativa (Lei n.º 8.429/92; com real destaque ao código do consumidor (Lei n.º 8.078/90) que acrescentou a defesa do interesses coletivos homogêneos.
Finalidade 
O interesse defendido na ação civil publica é o da proteção jurisdicional ao meio ambiente; consumidor; bens e direitos de valor histórico, artístico, estético, turístico e paisagístico; qualquer outro interesse ou direito difuso coletivo ou individuais homogêneos; bem como a defesa da ordem econômica.
Entende-se por interesses difusos a espécie do gênero interesses metaindividuais - interesses coletivos latu sensu – que se caracterizam pela indivisibilidade e indeterminação de um indivíduo ou grupo , sendo a mais ampla tutela dos interesses de uma coletividade . O conceito normativo dos interesses difusos foi introduzido no direito positivo brasileiro através da Lei 8.078/90, artigo 81, parágrafo único , inciso I, que os definiu como os interesses ou direitos "transindividuais, de natureza indivisível, de que sejam titulares pessoas indeterminadas e ligadas por circunstâncias de fato".
Quanto aos interesses coletivos (stricto sensu) entende-se por espécie de interesse metaindividual referente a um grupo ou coletividade como veículo para sua exteriorização e todo grupo pressupõe um mínimo de organização, sendo que o caráter organizativo é traço básico distintivo desta espécie de interesse, como se verifica da leitura do art. 81, inc. II da Lei 8.078/90, que os define como "os transindividuais de natureza indivisível de que seja titular grupo, categoria ou classe de pessoas ligadas entre si ou com a parte contrária por uma relação jurídica básica".
Por fim os interesses Individuais Homogêneos são aqueles que são espécie de interesse metaindividual semelhante aos interesses coletivos, a que se refere o artigo 81, inciso II do CDC, uma vez que a doutrina, em geral, considera esta espécie de interesse metaindividual apenas como um interesse individual exercido de forma coletiva.
Objeto
Visa defender um dos direitos tutelados pela Carta Magna e leis especiais, podendo ter por fundamento a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo bem como o ato ilegal lesivo à coletividade sendo responsabilizado o infrator que lesa: meio ambiente, consumidor, bens e direitos de valor artístico, interesses coletivos e difusos.Especifiquemos um pouco mais as definições de interesses coletivos e difusos. Por interesses coletivos, entendemos aqueles que são comuns à coletividade, desde que presente o vínculo jurídico entre os interessados, como o condomínio, a família, o sindicato, entre outros. Por outro lado, os interesses são chamados de difusos quando, muito embora se refiram igualmente à coletividade, não obrigam juridicamente as partes envolvidas, por exemplo, a habitação, o consumo, entre outros.
Partes
A ação civil pública ganha sua característica especial quanto a legitimação, que É EXTRAORDINÁRIA POR PLEITEAR EM JUÍZO EM NOME PRÓPRIO DIREITO ALHEIO sendo legitimados: o ministério público; as pessoas jurídicas de direito público interno (União, Estados, Distrito Federal e Municípios), bem como suas entidades paraestatais com personalidade jurídica (autarquias, empresas públicas, sociedades de economia mista) e as associações civis, constituidas a mais de um ano, que tenham por finalidade a proteção de interesses difusos e coletivos.
A legitimação passiva estende-se a todos os responsáveis pelas situações ou fatos ensejadores da ação, sejam pessoas físicas ou jurídicas, inclusive as estatais, autarquias ou paraestatais, porque tanto estas como aquelas podem infringir normas de direito material de proteção aos bens tutelados nesta ação, expondo-se ao controle judicial de suas condutas.
O papel do Ministério Público além de fiscal da lei, pode atuar, na fase probatória, podendo requerer novas provas na busca da verdade real, proferindo parecer pela procedência ou improcedência da ação conforme seu entendimento. Nosso ordenamento jurídico ainda prevê que quando o autor abandonar ou der causa a extinção do processo sem julgamento do mérito, o Ministério Público deverá (princípio da indisponibilidade) prosseguir a ação se manifestamente infundados, ou poderá nos outros casos, assim como na execução quando não promovida pelo autor, por qualquer outro legitimado no prazo de sessenta dias, o “parquet” terá o prazo de trinta dias para promover a execução da sentença obrigatoriamente(legitimação extraordinária superveniente).
Competência
A ação civil publica sempre será interposta na justiça comum de primeiro grau na comarca em que ocorrer o dano ou o perigo de dano, havendo vara federal e interesse manisfesto da União a ação tramitará na justiça federal. Nos demais casos caberá ao juiz de primeiro grau conforme o regimento interno do tribunal a que pertença o Estado onde se originou o ato a ser impugnado, mesmo que o recurso seja para o Tribunal Regional Federal que abrange àquela comarca. Ressaltamos as exceções nas leis especiais tais como a Lei n.º 8.069/90, que determina o foro competente ser o local da ação ou omissão, e a Lei n.º 8.078/90, que discrimina como competente a justiça federal quando os danos forem de âmbito nacional ou regional.
Procedimento
A ação civil pública pode ser proposta subsidiariamente sob o rito ordinário ou sumário do processo civil pátrio, cabe o provimento liminar quando pressentes os pressupostos da aparência do bom direito e do perigo da demora (não sendo possível ex-officio) ou ainda de tutela antecipada (quando não vedada por lei).
Devemos destacar, ainda, que foi acrescido um parágrafo único, no artigo 1º da Lei 7.347/85, alteração realizada pela MP 1.984-24, de 24 de novembro de 2000, determinando que, in verbis :” Não será cabível ação civil pública para veicular pretensões que envolvam tributos, contribuições previdenciárias, o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço - FGTS ou outros fundos de natureza institucional cujos beneficiários podem ser individualmente determinados." Portanto vedando a apreciação do poder judiciário de ação civil pública para estas finalidades quando em proteção à coletividade.
Outro ponto interessante é que neste tipo de ação nosso ordenamento jurídico pátrio não aceita a denunciação à lide ou o litisconsórcio quando o magistrado detectar que tal inclusão não irá influenciar na decisão, tornando a conclusão do processo mais demorada ou que tal participação não seja oportuna na reparação do dano, indeferirá tal figuração. Pois os efeitos da sentença procedente da ação ora intentada atingirão àqueles que não integraram o pólo passivo através de ação regressiva.
Vemos ainda a possibilidade do Ministério Público atuando apenas como fiscal da lei agravar da decisão interlocutória favorável ao autor.
2.8 Sentença
Sendo julgada procedente a ação o ente da administração pública será compelido a corrigir o ato anulado voltando para o estado anterior, ou quando não for possível responderá patrimonialmente pelos danos causados, havendo a possibilidade de ação regressiva para com seus terceiros responsáveis solidários do ato ora impugnado. Por ter como finalidade a defesa dos interesses meta individuais, e que o ente público na maioria das vezes iria pagar às expensas da fazenda pública que receberia tal indenização o legislador previu a possibilidade de tal indenização reverter para um fundo próprio criado por lei para subvencionar não somente a lesão ora causada mas a maioria dos interesses difusos de nossa sociedade. Citamos, ainda, a finalidade supletiva deste remédio constitucional que é a de compelir o ente público omisso a atuar. Tendo a sentença eficácia somente no território da competência do juízo proferidor.
Quando a ação receber sentença final desfavorável à pretensão dela havendo o trânsito em julgado e não comprovada a má-fé a associação que figurou como autor ficará isento de custas, emolumentos e honorários. Tal provimento judicial surtirá efeito para todos, não podendo ser intentada nova ação pelos mesmos motivos a não ser no caso do seu indeferimento ter ocorrido por falta de provas (não fazendo coisa julgada).
2.9 Recursos
Vale ressaltar que todos os tipos de recursos e ações incidentais quer para o juízo “a quo” ou para o “ad quem” admitidas no processo civil pátrio quando apropriadas são utilizáveis. Recebendo o recurso da sentença procedente caberá o efeito suspensivo caso o magistrado atribua na intenção de evitar efeitos irreparáveis à parte, tendo ainda o efeito devolutivo. A sentença improcedente só tem eficácia após confirmação do recurso ordinário, portanto as partes não recorrendo cabe o recurso de ofício. Indicamos como exceção a possibilidade do Ministério Público recorrer ou não da sentença.
Execução
A execução pode ser promovida pelo autor, por qualquer outro legitimado tendo o prazo de sessenta dias após a publicação da sentença ou acórdão favorável. Discorrendo o prazo sem que os co-legitimados citados promovam a execução “parquet” terá o prazo de trinta dias para promover a execução da sentença obrigatoriamente, sob pena de falta grave. A execução é promovida contra as pessoas que compuseram o pólo passivo da ação, excluindo-se a entidades lesadas
QUESTIONÁRIO - AÇÃO CIVIL PÚBLICA:
1- Dependendo da urgência da prestação jurisdicional, tendo em vista a possibilidade de grave lesão ao direito defendido, pode o juiz conceder a liminar, em se tratando de uma Ação Civil Pública?
Admite-se a concessão de medida liminar, que irá obedecer os requisitos constantes no artigo 12 da lei 7347/85.
lei 7347/85
Art. 12. Poderá o juiz conceder mandado liminar, com ou sem justificação prévia, em decisão sujeita a agravo.
§ 1º A requerimento de pessoa jurídica de direito público interessada, e para evitar grave lesão à ordem, à saúde, à segurança e à economia pública, poderá o Presidente do Tribunal a que competir o conhecimento do respectivo recurso suspender a execução da liminar, em decisão fundamentada, da qual caberá agravo para uma das turmas julgadoras, no prazo de 5 (cinco) dias a partir da publicação do ato.
§ 2º A multa cominada liminarmente só será exigível do réu após o trânsito em julgado da decisão favorável ao autor, mas será devida desde o dia em que se houver configurado o descumprimento.
2- Em se tratando de competência para julgamento, como funciona a distribuição da competência em uma Ação CivilPública?
 
Conforme dispõe o artigo 2º da Lei nº 7.347/85 o foro de competência para o ajuizamento da ação civil pública é o local onde ocorreu o dano.
Desta forma, será competente para o julgamento o juiz de direito da comarca em que ocorreu o dano, ressalvado é claro, os casos de competência privativa.
Todavia, mesmo em se tratando de casos de competência privativa, tem se admitido o deslocamento da competência para a justiça comum, em se tratando de casos em que não há a justiça especializada no local do dano, prevalecendo assim, o critério de competência estabelecido pelo artigo 2º da Lei nº 7.347/85, ou seja, o local onde ocorreu o dano.
Como exemplo, pode-se citar um caso que envolva uma empresa no qual, em regra, a competência para julgamento seria da justiça Federal, todavia, em se tratando de localidade onde não exista justiça federal, têm se admitido o deslocamento da competência para a justiça comum.
3- Em se tratando de uma Ação Civil Pública, como funciona a sistemática recursal?
 
Em se tratando de ação civil pública, a sistemática recursal é a mesma prevista pela legislação processual civil comum, obedecendo aos mesmos prazos e requisitos.
4- Em se tratando de uma Ação Civil Pública, qual é a função do Ministério Público?
Em se tratando de uma ação civil pública, o representante do Ministério Público assume um papel de destaque vez que além de ser legitimado ativo para a propositura da ação, ainda detém a função de atuar, obrigatoriamente, na condição de fiscal da lei, no caso de ser o autor da ação.
Também se deve ressaltar que o representante do Ministério Público tem a função de assumir a titularidade ativa de uma ação civil pública em se tratando de desistência ou abandono da ação pelo autor, na hipótese de outro legitimado não o fizer.
É também obrigação do representante do Ministério Público, promover a execução do julgado, se o autor da ação não o fizer, no prazo de 60 dias.
Para os casos em que o representante do Ministério Público é autor da ação, deve-se ressaltar a sua atuação no inquérito civil público.
Geralmente o inquérito civil público é aberto mediante uma denúncia, mas não há qualquer impedimento que obstaculize que sua abertura seja diretamente solicitada pelo membro do Ministério Público.
O inquérito civil é o momento pré-judicial, no qual e realizada a coleta de provas e informações necessárias ao ajuizamento da ação.
É importante ressaltar que mesmo após a abertura do inquérito civil público, o representante do Ministério Público não tem a obrigação de ajuizar a ação, vez que se este entender que a ação não contém elementos justificadores para sua interposição, o mesmo poderá recomendar seu arquivamento.
Esta decisão será objeto de análise do Conselho Superior do Ministério Público que irá homologar ou não, o arquivamento do Inquérito.
5- O que se deve entender por Ação Civil Pública?
Trata-se de um instrumento judicial destinado a reparar ou impedir atos ou condutas que importem em dano ou lesão contra interesses difusos ou direitos coletivos.
6- Quais os principais efeitos da procedência de uma Ação Civil Pública?
Julgada procedente a ação popular deverá o juiz prolator da decisão, poderá impor uma obrigação de fazer ou não fazer a parte sucumbente, além de condenar os responsáveis na indenização cabível e no pagamento das custas e sucumbência.
 É importante ressaltar que as importâncias recebidas em dinheiro em virtude de condenação irão destinar a um fundo de proteção aos bens lesados gerido pelo Conselho Federal ou Estadual, com participação obrigatória do Ministério Público.
Nos termos do artigo 16 da Lei 7347/85, a decisão proferida produz efeitos erga omnes, nos limites da competência territorial do órgão prolator, exceto no caso de improcedência da ação por falta de provas.
7- Quais são os efeitos da desistência ou abandono de uma Ação Civil Pública?
A desistência infundada ou o abandono da ação produz efeitos diferentes de uma ação normal.
É que se o autor da ação decide dela desistir ou abandonar a causa, a lei estabelece que outro legitimando deve assumir a ação, se ninguém o fizer, o representante do Ministério público deverá assumir este ônus.
8- Quais são os principais efeitos da improcedência de uma Ação Civil Pública?
Julgada improcedente a ação, o autor não será condenado em custas nem na sucumbência, salvo comprovada má-fé.
Nos termos do artigo 16 da Lei 7347/85, a decisão proferida produz efeitos erga omnes, nos limites da competência territorial do órgão prolator, exceto no caso de improcedência da ação por falta de provas
9- Quais são os requisitos para se ajuizar uma Ação Civil Pública?
Inicialmente, deve-se ressaltar que uma ação civil pública não se furta a obediência dos requisitos processuais comuns, constantes da legislação processual civil, pelo que o código de processo civil será boa fonte de consulta.
Todavia, em se tratando de um instrumento processual especial, a ação civil pública deve preencher certos requisitos especiais, como condição indispensável para sua validade.
Dessa forma, nos termos da legislação específica, somente serão válidas ações civis públicas que se destinem a reparar o impedir atos ou condutas que importem em dano ou lesão contra o meio ambiente, ao consumidor, à ordem econômica, a livre concorrência, ao patrimônio histórico, ao patrimônio turístico, ao patrimônio artístico, ao patrimônio paisagístico, ao patrimônio estético, bem como a qualquer outro interesse difuso ou direito coletivo.
10- Qual a origem da Ação Civil Pública no direito pátrio?
A Ação Civil Pública ingressou no sistema jurídico brasileiro através da Lei Orgânica do Ministério Público, que dentre as atribuições de seus representantes inseriu a atribuição de promover a ação civil pública.
Todavia, a lei que se referia a atribuição do representante do ministério público somente foi publicada em 1985, a lei nº 7.347/85. 
Em 1990, o Código de Defesa do Consumidor (Lei 8078/90) modificou vários artigos da Lei nº 7.347/85, além de ampliar consideravelmente a abrangência de atuação.
A constituição Federal, por sua vez, também prestigiou a Ação Civil Pública, referindo-se a ela, em seu artigo 129, na seção que trata do Ministério Público.
11- Qual é o rito processual de uma Ação Civil Pública?
Em regra, uma ação civil pública tramita sob o rito ordinário, todavia, dependendo do valor dado a causa, poderá se deslocada para o rito sumário.
12- Qual é objeto de uma Ação Civil Pública?
Uma ação civil pública tem por objetivo principal a cessação da conduta que importou em dano ou lesão a interesse difuso ou coletivo.
É importante destacar que a cessação da conduta pode representar em uma obrigação de fazer ou não fazer, dependendo da situação concreta.
Também objetiva a ação civil pública uma condenação em dinheiro referente a uma indenização no valor proporcional as lesões causadas.
13- Quem é parte legítima que pode ajuizar uma Ação Civil Pública?
Nos termos do artigo 5º da Lei nº 7.347/85 são legitimados ativos para impetrar uma ação civil pública: o Ministério Público, a União Federal, os Estados-membros, os municípios, as autarquias, as empresas públicas, as fundações, as sociedades de economia mista e, ainda, as associações que tenham sido constituídas há pelo menos um ano e que tenham entre seus objetivos institucionais a proteção ao meio ambiente, ao consumidor, à ordem econômica, a livre concorrência, ao patrimônio histórico, ao patrimônio turístico, ao patrimônio artístico, ao patrimônio paisagístico e ao patrimônio estético. 
É importante ressaltar que as associações somente necessitam conter dentre seus objetivos institucionais o requisito que será utilizado na ação civil pública.
Dessa forma, se uma associação deseja discutir uma questão relativa à livre concorrência é forçoso que entre seus objetivos institucionais a defesa da livre concorrência esteja inserida.
A recíproca também é verdadeira: não há possibilidade de uma associação que tenha entre seus objetivos institucionaisa defesa do patrimônio histórico discutir por meio de uma ação civil pública questões que envolvam a proteção ao consumidor.
Quanto ao requisito da constituição pelo prazo de pelo menos um ano, a própria Lei 7.347/85 prevê a sua possibilidade de dispensa pelo juiz em casos de manifesto interesse social, reconhecido através da dimensão ou característica do dano ou da relevância do bem jurídico a ser protegido.
14- Quem pode ser demandado em uma Ação Civil Pública?
Em se tratando da legitimidade passiva, a questão é mais fácil de ser solucionada, vez que será legitimado passivo, ou seja, será réu em uma ação civil pública, qualquer pessoa, seja física ou jurídica, responsável pelo dano ou ameaça de ano a interesses difusos ou coletivos.
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 AÇÃO DE CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO
Código de Processo Civil - Artigos 890 e seguintes.
1. Finalidade da ação.
			O devedor tem o dever de pagar. Mas pagar é também um direito do devedor, porque pagando ele se libera das conseqüências da mora. Por isso a lei confere ao devedor que não consegue efetuar o pagamento de outra forma, ação destinada a obter a compulsória extin-ção da obrigação. E ‘ a ação de consignação em pagamento.
2. Natureza jurídica da ação.
			Como a ação de consignação em pagamento produz efeitos no plano do direito material, extinguindo a obrigação e igualando-se, em conseqüências, ao próprio pagamento, pensa-se, às vezes, que se trata de ação constitutiva, pois produziria determinada modificação no mundo jurídico.
Ocorre, no entanto, que a eficácia constitutiva é do próprio depósito. Realizado este, com os requisitos legais ( Código Civil, artigo 974) aquele efeito desde logo se produz. “Considera-se pagamento e extingue a obrigação o depósito judicial”.... diz, expressivamente, o artigo 972 do Código Civil.
Não é, pois, a sentença que contém a “força de pagamento”a que se refere a lei civil ( artigo 974). A sentença nem mesmo atribui ao depósito essa eficácia. Essa eficácia tem-na o depósito, por si mesmo, se efetivado regularmente. O que a sentença de procedência faz é declarar que o depósito preenche os requisitos legais para substituir o pagamento, como forma de liberação do devedor. O ato judicial consta-ta e afirma que a consignação produziu esse efeito.
O que o autor pede é que se declare ter o depósito efetuado o mesmo efeito liberatório que teria o pagamento.
Trata-se, portanto, da ação declaratória.
3. Extensão da ação consignatória 
	Afirma-se amiúde que a ação consignatória põe limites mais estreitos do que os ordinários à cognição e a extensão da coisa julgada. Restringe-se o objeto do processo, como que no temor de permitir-se a invasão, no seu âmbito, por questões relacionadas com a origem, montante e natureza do débito.
Diz-se mesmo que, na consignatória, é necessária “liquidez e certeza da dívida”, nela não se admitindo discussão sobre a existência da dívida de sobre quem seja o credor.
A ação de consignação em pagamento seria uma “ação de execução às avessas”.
Não é nada disso.
Na verdade, o objeto da ação de consignação em pagamento não sofre restrições outras que não as resultantes de sua própria finalidade, vale dizer, dos próprios limites em que necessariamente se tem de conter o pedido. Toda e qualquer matéria estranha ao objetivo da liberação do devedor é por hipótese impertinente. Mas isso não significa afastar toda discussão em torno da origem e natureza do débito, ou do seu valor; ao contrário, tal debate pode ser e freqüentemente é indispensável ao convencimento do juiz relativamente à presença ou ausência, no caso concreto, do fundamento legal invocado pelo autor.
Não se exige, pois, na consignatória que a dívida seja líquida e certa e menos ainda se pode conceituá-la como uma ação de execução às avessas.
O que é preciso é a afirmação da existência e do montante do débito, pelo autor, na inicial. A prova da afirmação poderá ser ministrada no curso do processo.
Assim, se a dívida existe, ou não, e se é daquele valor, ou de outro, só ao final, no julgamento do mérito, é que se saberá.
A não ser assim, a lei não admitiria, como admite, a atual e as anteriores, alegação de insuficiência do depósito, como matéria de contestação, e não cogitaria, como cogita da complementação posterior do depósito.
Portanto, o requisito da liquidez e certeza só é aceitável como ônus de alegar imposto ao autor. O autor não pode propor uma ação de consignação em pagamento afirmando que talvez seja devedor, de uma importância que ascende mais ou menos a tanto.
A oferta há de ser de pagamento de dívida líquida e certa.
Mas a dívida, em si mesma, não precisa ser líquida e certa.
4. Limites da cognição e da coisa julgada
 A preocupação de subtrair ao conhecimento do juiz, na ação de consignação em pagamento, a chamada “matéria de alta indagação” relaciona-se com o temor de que o julgamento a ser proferido, extravasando os lindes estreitos da declaração de liberação, solucione questões outras, tratáveis sob maiores garantias no procedimento ordinário, como as pertinentes à origem da dívida, à natureza e às particularidades da relação jurídica existente entre as partes.
A distinção entre cognitio e judicium repõe as coisas nos seus devidos lugares.
Para motivar a sua decisão , o juiz precisa saber se o autor deve, quanto deve, por que deve e a quem deve. Mas ao solucionar questões dessa natureza ele está conhecendo da matéria, mas não a está julgando. E os motivos da decisão não se incluem nos limites objetivos da coisa julgada ( artigo 469, I )
Julgamento só existe do pedido formulado pelo autor na inicial e esse pedido é sempre o de declaração positiva de extinção da obrigação pelo depósito em consignação.
Logo, na ação de consignação em pagamento, o julga-mento, em sentido próprio e técnico, vinculativo para as partes e gera-dor da coisa julgada material, fica confinado exclusivamente à declaração positiva ou negativa de eficácia liberatória do depósito.
Tudo o mais é cognição, situada fora dos limites objetivos da coisa julgada.			
5. As inovações da recente reforma do Código de Processo Civil.
 Lei n° 8.951, de 13.12.94	
 A reforma do Código de Processo Civil nos trouxe três importantes novidades relativas à ação de consignação em pagamento:
1. Faculdade que se conferiu ao devedor de efetuar um depósito bancário em nome do credor, com o mesmo objetivo liberatório que o depósito feito em juízo, contornando, com isso, a necessidade de ingresso nas vias judiciárias. (artigo 890, parágrafos 1° ao 4°)
2. Possibilidade de levantamento, desde logo, da soma depositada, sobre a qual inexista controvérsia. (artigo 899, parágrafo 1°)
3. Outorga de eficácia executiva à sentença que concluir pela improcedência do pedido inicial, por insuficiência do depósito (artigo 899, parágrafo 2°)
6. O depósito em banco
 Artigo 890, parágrafos 1° a 4°.
 Por razões óbvias, somente é admissível nos casos de “obrigação em dinheiro” ( parágrafo 1°)
O depósito de que se trata é uma faculdade do afirmado devedor, que pode optar, se assim o entender, em não utilizá-la, entrando, logo, em juízo, com a ação consignatória, nos moldes tradicionais. 
A lei não diz em nome de quem será realizado o depósito, o que, não obstante, não tem muita importância, porque ela diz quem poderá levantá-lo e em que circunstâncias poderá fazê-lo.
O depósito deve ser efetuado em banco, em conta com correção monetária. Se, no local houver banco oficial, nele e não em outro qualquer o depósito será realizado. Se no local não houver banco oficial, o depósito será realizado em qualquer banco. No texto legal, a colocação da virgula depois de “oficial”, mas não depois de “bancário”, na expressão “estabelecimento bancário oficial, onde houver” (parágrafo 1°) dá a impressão que o depósito será sempre efetuado em estabelecimentobancário oficial, com a conseqüência de não ser possível a realização do depósito onde estabelecimento bancário oficial não houver. ( Assim: Sérgio Bermudes)
			
			Como tal conclusão afigura-se desarrazoada, parece-nos melhor o alvitre sugerido, para o que, no entanto , será necessário acrescentar, pela via interpretativa, uma outra vírgula, depois de bancário, lendo-se “estabelecimento bancário, oficial, onde houver”, onde está escrito “estabelecimento bancário oficial, onde houver”.
O credor será cientificado do depósito, por carta, que lhe assinará o prazo de 10 dias para a manifestação da recusa.
A recusa deve ser manifestada por escrito, ao estabelecimento bancário.
Se a recusa não for manifestada, dentro do prazo, o depósito terá eficácia liberatória da obrigação, ficando à disposição do credor a soma depositada. Equiparáveis, nos efeitos, o fato de o credor não ter manifestado a recusa e ter levantado a soma depositada e o de somente não ter manifestado a recusa.
Na hipótese inversa, o devedor ou terceiro poderá propor, dentro de 30 dias, ação de consignação em pagamento, instruindo a inicial com prova do depósito e da recusa.
Esse prazo de 30 dias, posto a lei também não o diga expressamente, há de ser contado a partir da ciência, pelo devedor, da recusa manifestada pelo credor.
Se a ação não for proposta, dentro do prazo de 30 dias, o depósito ficará sem efeito, podendo levantá-lo o devedor. 
			Como a lei não pode ter tido a inconstitucional intenção de fechar o caminho do processo ao devedor que não propôs a sua ação, no prazo de 30 dias, o fato de ele não tê-la proposto, no trintídio, não o impede de propô-la ulteriormente, instruindo a sua petição inicial com prova do depósito, se não o houver levantado, ou realizando ouro, no prazo de 5 dias, referido no artigo 893, I, na hipótese inversa.
 Esse prazo de 5 dias, para realização do depósito, será contado do dia da intimação do devedor, para ciência do deferimento do pedido de depósito. A lei fala em “prazo de cinco dias contado do deferimento” , mas como os prazos processuais correm sempre da intimação (artigo 240), deve-se ler intimação do deferimento onde está escrito só deferimento.
		 Essa intimação pode ser feita pela imprensa, não sendo necessária a intimação pessoal do devedor, por mandado, por carta, ou por qualquer outra via.
Tira-se, pois, do exposto, que a referência ao prazo de 30 dias, para a propositura da ação, é de manifesta inutilidade.
Pela mesma razão, não corresponde à realidade a lo-cução “ficará sem efeito o depósito” constante do mesmo dispositivo ( parágrafo terceiro do artigo 890).
7. Prosseguimento do feito : citação, resposta, levantamento do depósito
 Proposta a ação ( com aproveitamento do depósito bancário ou realizado o que não foi feito por aquela forma), o réu será citado para “levantar o depósito ou oferecer resposta” ( artigo 893, II)
Diante do silêncio da lei, o prazo para apresentação de resposta será o do procedimento ordinário: 15 dias (argumento ex arti-go 297 c/c 272, parágrafo único)
Os fundamentos da contestação continuam inalterados (artigo 896, I a IV), mas acrescentou-se um parágrafo ao mesmo artigo , exigindo-se, agora, que a alegação de insuficiência do depósito, sob pena de não ser admitida, venha acompanhada de indicação do montante que o réu entende ser devido.
			A exigência, de evidente utilidade prática, concorre para tornar efetiva a faculdade de complementação do depósito, pelo devedor, na forma do disposto no artigo 899.
Se o réu não indicar o valor que entende devido, o juiz, ao contrário do que já se tem afirmado, não mandará desentranhar a contestação oferecida com aquela insuficiência.
A conseqüência da omissão é simplesmente a desconsideração da alegação de insuficiência do depósito. E’ como se o réu não tivesse alegado ser insuficiente o depósito. Alegar insuficiência e não indicar o valor que entende devido é o mesmo que não alegar a insuficiência; é deixar de cumprir adequadamente o ônus da impugnação especificada dos fatos narrados na inicial, com a conseqüência prevista em lei : a presunção da veracidade do fato narrado pelo autor (artigo 302). Portanto, descumprido, pelo réu, na contestação, o ônus de indicar o valor que entende devido, o juiz considerará como valor devido o indicado pelo autor, na inicial.
Descumprido o ônus, se a contestação contiver outros fundamentos, além do da insuficiência do depósito, prosseguir-se-á, no feito, com discussão e prova desses outros fundamentos.
Se o único fundamento da contestação tiver sido o da insuficiência do depósito, desconsiderada pelo descumprimento do ônus da impugnação especificada do fato, o juiz julgará antecipadamente a lide, quase sempre no sentido da procedência do pedido inicial (artigo 330,I, 334,III, 896, parágrafo e 897).
Antes, dizia-se que a falta de contestação, ou seja a revelia, importaria em fatal procedência da demanda, com todos os seus corolários.
Agora, tentou-se mitigar a regra contida no artigo 897 para dizer que só se darão aqueles drásticos resultados (imediata procedência da demanda) se o réu se tornar revel e se “ocorrentes os efeitos da revelia”.
A ressalva, que já estava implícita na redação anterior do dispositivo, parece que nada trouxe de novo.
Agora, como antes, se a revelia é inoperante ( artigo 320: direito indisponível, litisconsórcio unitário, etc. etc. ) o juiz não está obrigado a julgar procedente o pedido inicial.
Embora encontre alguma dificuldade, diante dos ter-mos da lei (artigo 897), a doutrina tem se inclinado para o entendimento de que, mesmo na ação de consignação em pagamento, a revelia (operante) só produz o efeito de deixar fora da discussão a matéria fática, aceitando o juiz a versão do fato trazida pelo autor, o que não exclui a possibilidade de, mesmo nesse caso, o pedido liberatório ser julgado improcedente, por razões de direito e até mesmo por razões de fato, se, dos fatos narrados na inicial e presumidamente verdadeiros, não decorrerem as conseqüências jurídicas que deles o autor pretende extrair.
8. Insuficiência do depósito.
 Complementação.
 Levantamento da soma incontroversa.
 Formação de título executivo.
				 
			No prazo de 10 dias contados da intimação para ciên-cia da contestação em que se veiculou alegação de insuficiência de oferta, o autor poderá completar o depósito.
Se a finalidade da complementação é a neutralização da discussão em torno da soma devida, pensamos que o devedor somente poderá realizá-la pela diferença existente entre o valor indicado, pelo réu, na contestação, e o que, ele autor, indicou na inicial, não podendo fazê-lo por importância inferior, a pretexto de que deve mais do que ofe-recido, mas não tanto quanto o pretendido, pois, nesse caso, a discussão continuaria, frustrando-se os objetivos da lei. 
Diz o Código que a complementação do depósito não será admitida “se corresponder a prestação cujo inadimplemento acarrete a rescisão do contrato”.
Algumas vezes, a obrigação é de natureza tal que a falta de adimplemento oportuno acarreta, por si mesma, a resolução do contrato que, assim, não precisa ser buscada através de ação própria.
Genericamente, isso ocorre nos casos em que, no contrato, se tenha estipulado cláusula resolutória expressa pelo simples fato do descumprimento da obrigação.
Especificamente, o mesmo ocorre em certas obrigações, que estão sujeitas a prazo fatal, pela própria natureza das coisas: fornecimento de mercadorias de moda ou de estação; entrega de coisa a ser utilizada em certo evento, com data certa, etc. etc.
Diz a lei que “alegada a insuficiência do depósito, poderá o réu levantar, desde logo, a quantia ou a coisa depositada, com a conseqüente liberação parcial do autor, prosseguindo-se o processo quanto à parcela controvertida” (artigo 899, parágrafo primeiro).
Mas se não alegar insuficiência do depósito, por entendêlo integrale completo, não poderá o réu fazer o mesmo, ou seja levantar a soma depositada, com a conseqüente liberação total do autor, prosseguindo-se o processo para discussão de outras matérias alegadas na contestação (inexistência de recusa em receber, etc. etc.) 
Diz o parágrafo segundo do mesmo artigo 899 que “a sentença que concluir pela insuficiência do depósito determinará, sempre que possível, o montante devido e, neste caso, valerá como título executivo, facultado ao credor promover-lhe a execução, nos mesmos autos”.
Na ação de consignação em pagamento clássica só se permitia o levantamento do depósito, pelo credor, quando perdedor. Se vencedor, quem levantava o depósito era o devedor, cabendo ao credor voltar a juízo, agora com ação de cobrança da dívida.
O dispositivo visa dar maior efetividade ao processo: o que se pretende é tutelar, de modo eficaz, tanto o direito do devedor consignante de exonerar-se da obrigação, como o do credor consignado de receber o que lhe é devido.
A idéia é boa, mas a redação do dispositivo deixa a desejar.
Primeiro, não se compreende porque só a sentença que “concluir pela insuficiência do depósito” “valerá como título executivo”.
Não seria melhor dizer que “valerá como título executivo” a sentença de improcedência do pedido inicial, tout court, derive a declaração de improcedência do pedido de insuficiência da oferta ou de outra causa qualquer (v.g. inexistência de prova da recusa, etc. ) ? 
Depois, faltou explicar, melhor, o sentido da expressão “valerá como título executivo, facultado ao credor promover-lhe a execução nos mesmos autos”.
 Como não pode haver execução sem título (artigo 586), no caso uma sentença condenatória, e como não pode haver condenação sem pedido (artigos 128 e 460), parece óbvio que para que se faculte ao credor promover a execução nos mesmos autos, com base no referido dispositivo legal, é preciso que ele tenha formulado pedido em tal sentido, na contestação, e é preciso que o juiz tenha julgado procedente esse pedido, condenando o autor a pagar a dívida.
Em suma, tudo indica que a nova ação de consignação em pagamento é uma ação dúplice, em que o réu pode pedir, na própria contestação, tutela para direito de que se diz titular ( o de receber a so-ma devida) e obter do juiz, no caso de improcedência da ação consigna-tória, provimento de condenação do autor no pagamento da soma devida, obtendo, assim, título executivo manejável nos próprios autos da ação originária.
O “montante devido” a que se refere o dispositivo legal em exame será o valor indicado pelo réu, na contestação, ou valor menor. Não poderá ser o valor indicado pelo autor, na inicial, pois, neste caso, a sentença não poderá concluir “pela insuficiência do depósito” (primeira parte do mesmo dispositivo).
E’ evidente que do “montante devido” ter-se-á de deduzir, para fins de execução, o valor do depósito realizado pelo devedor e já levantado, ou não, pelo credor.
Pelo texto legal, tomado na sua literalidade, a sentença de improcedência do pedido consignatório, resultante de insuficiência do depósito, só “valerá como título executivo” se for possível determinar o montante devido e a sentença o houver determinado.
Dá a entender que se não for possível determinar o montante devido e se isso não for feito na sentença, esta “não valerá como título executivo”.
Com um pouco de boa vontade, pode-se, no entanto, construir de forma diferente e muito mais prática: a) se for possível determinar, desde logo, o montante devido, o juiz condenará o autor no pagamento da dívida, proferindo sentença líquida, exeqüível desde logo; b) se não for possível determinar, desde logo, o montante devido, o juiz condenará o autor no pagamento da dívida, proferindo sentença ilíquida, que, oportunamente será objeto de liquidação ( por artigos ou por arbitramento, conforme o caso) e depois de execução.
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A AÇÃO DE DEPÓSITO
Artigos 901 a 906
Depósito. 
Conceito. Objeto. Espécies.
Generalidades
	 Há depósito quando alguém recebe de outrem alguma coisa para guardar com a obrigação de a restituir.	
 Objeto do depósito é a coisa corpórea. A incorpórea, não, diante da impossibilidade de se conceber a custódia e restituição.
 A coisa corpórea pode ser móvel ou imóvel.
 E´ bem verdade que, a teor do que dispõe o artigo 627 do Código Civil, o contrato de depósito só pode ter por objeto coisa móvel : “ Pelo contrato de depósito recebe o depositário um objeto móvel, para guardar, até que o depositante o reclame”, diz o referido dispositivo legal.	
 Ocorre que esse dispositivo legal só se refere a uma espécie de depósito - o depósito voluntário - não havendo tal limitação no depósito necessário - artigos 647 e seguintes.
 Além disso, no Direito Processual nós encontramos inúmeros casos de depósito que não têm por objeto, necessariamente, coisas móveis. Assim o depósito dos bens penhorados – artigo 664 ; o depósito da coisa na ação de execução em que se pede a sua entrega – artigo 737, II ; o depósito da coisa litigiosa, na ação possessória, se ocorrente a situação prevista no artigo 925 e assim por diante.
 O que vem de ser dito já revela que, ao lado dos depósitos regulados na lei civil – artigos 627 e seguintes - outros existem regulados pela lei processual. Aqueles são os depósitos consensuais; estes os depósitos judiciais, que se perfazem através de atos processuais.
 Denominamos depósito regular o de coisas fungíveis (100 sacas de café do tipo 4) e irregular o de coisas infungíveis (o imóvel X da rua Y).			
 A distinção é importante porque o depositário de coisa in-fungível tem de restituir a própria coisa – eadem res - ; já o de coisa fungível restituirá o tantundem, ou seja, coisa do mesmo gênero, em igual quantidade, mas não, necessariamente, a mesma coisa.
 A distinção é importante, também, porque a lei civil manda aplicar ao depósito irregular, vale dizer ao de coisas fungíveis, o que ela determina a respeito do mútuo (artigo 645).
 Da premissa estabelecida extrai-se a conclusão de que se de depósito irregular se tratar, admissível não será a ação especial de depósito que pressupõe, necessariamente, cominação de prisão para o caso de infidelidade, pois no contrato de mútuo, cujas regras a lei manda aplicar ao depósito de coisas fungíveis, o mutuário que não restitui a coisa emprestada não está sujeito à prisão. 
 Assim, somente nos casos de depósito regular (de coisas fungíveis) cabível será a ação especial de depósito dos artigos 901 e seguintes do Código de Processo Civil.
 Nós denominados depósito necessário aquele que indepen-de de um encontro das vontades do depositante e do depositário. 
 Além dos já mencionados casos de depósitos judiciais, que são depósitos necessários, outros existem, regulados no Código Civil como o das bagagens dos viajantes ou hóspedes nas hospedarias onde estiverem ( artigo 649) e os efetuados “por ocasião de alguma calamidade, como o incêndio, a inundação, o naufrágio ou o saque” (artigo 647, II). Este último é conhecido como depósito miserável.
Natureza jurídica da ação de depósito.
			A ação de depósito é uma das chamadas ações executivas lato sensu, que são aquelas ações de conhecimento que dispensam um outro processo posterior - de execução - para tornar efetivo, no mundo dos fatos, o comando contido na sentença. A efetivação se faz através de meios de sub-rogação – v.g. a apreensão, remoção e entrega do bem ao autor (artigo 905) – ou de meios de coerção – a privação do depositário do seu direito de liberdade (artigo 904). 
Legitimação ativae passiva
 Dispõe de legitimação para a propositura da Ação de Depósito o depositante, que nem sempre será o dono da coisa, pois para depositar não há necessidade de ser dono, podendo o depósito ser realizado por quem não ostenta aquela qualidade, como é o caso do administrador, do mandatário, do gestor de negócios do credor pignoratício, etc.
 Réu na Ação de Depósito é o depositário infiel, ou seja a pessoa que recebeu a coisa em depósito e não a restituiu quando devia fazê-lo.
 Discute-se se a ação pode ser proposta em face de outrem, que não o depositário, como, v.g. os seus herdeiros e sucessores.
 O melhor entendimento é no sentido de que se a alienação, perda ou deterioração da coisa é imputável ao sucessor ou representante do depositário, estando caracterizada a sua má-fé responde ele como depositário que passou a ser. E´ a lição de Pontes de Miranda e de Adroaldo Furtado Fabrício. Em sentido contrário, dentre outros : Machado Guimarães e Sérgio Sahione Fadel.
 Não exclui a ação o fato de o depositário ser pessoa jurídica. Nenhum problema quanto à prisão, que não é da essência da ação, como também não o é o correspondente requerimento do autor, apenas facultativo no regime do Código de Processo Civil em vigor.
 Em lição que relutamos em seguir, Adroaldo Furtado Fabrício admite, nesse caso, a prisão do representante legal da pessoa jurídica, o que não nos parece acertado porque a figura do sócio não se confunde com a da sociedade - Societas distat a singulis – e se depositária é a sociedade, incabível a prisão do seu representa legal, que depositário não é. 			 
 No caso de falência do depositário a Ação de Depósito não tem cabimento, porque, com a quebra, os bens do falido são arrecadados, o que impossibilita a restituição deles. 
Objeto material :
			Como já se salientou, a “coisa depositada” a que se refere o artigo 901 e a cuja restituição se volta a Ação de Depósito é coisa necessariamente corpórea (porque as incorpóreas não se podem guardar, depositar e restituir) e infungível (pois, se fungível, o depósito é irregular, submete-se às regras do mútuo, no elenco das quais não se insere o dever do mutuário de devolver ao mutuante a própria coisa emprestada senão que “o que dele recebeu em coisa do mesmo gênero, qualidade e quantidade” (Código Civil, artigo 586) 
 De resto, se, no mútuo, ocorre transferência do domínio da coisa emprestada, do mutuante para o mutuário (Código Civil, artigo 587) como é que, no caso de depósito irregular, ou seja de coisas fungíveis, regulado pelas regras do mútuo, o depositário, sob pena de prisão, poderia ser compelido a restituir a coisa que, já no momento do depósito, passou a ser sua ? 
 Extremamente controvertida é a questão do cabimento da Ação de Depósito e, pois, da prisão do depositário, no caso de alienação fiduciária em garantia. 
 Em 1.995, o Pleno do Superior Tribunal de Justiça, com quatro votos vencidos (Ministros Marco Aurélio, Francisco Rezek, Carlos Veloso e Sepúlveda Pertence) decidiu que é constitucional a prisão do devedor alienante se não entregar o bem alienado fiduciariamente.
 Com suporte no Pacto do qual o Brasil é signatário – o de São José da Costa Rica - , que não admite a prisão por dívida oriunda de contrato, a Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça chegou à conclusão exatamente inversa, ou seja à de que “não cabe a prisão civil do devedor que descumpre contrato garantido por alienação fiduciária (Resp 489.278- DF., Relator Ministro Hamilton Carvalhido).
 E´ admissível a prisão do depositário das coisas judicial-mente apreendidas a qualquer título (v.g. penhora, arresto, seqüestro, etc. ), sendo irrelevante a circunstância de o depositário ser um servidor público, que exerce em caráter permanente e profissional a função ou de ser um particular especialmente nomeado para exercer a função em um determinado processo (como o devedor investido no munus de depositário dos bens penhorados) 
 Nesses casos, para a decretação da prisão do depositário infiel faz-se mister a propositura da ação de depósito ?
 Adroaldo Furtado Fabrício diz que sim, ao argumento de que “o decreto de prisão, in concreto ... só se pode expedir quando, contestado ou não o pedido, haja sentença de procedência da ação de depósito (artigo 904). Se não for proposta a ação, não terá sido observado o “devido processo legal” , a que está subordinado o decreto de prisão, na forma autorizada pela Constituição Federal. A dificuldade de se legitimar como autor e, pois, depositante, quem nada depositou, pode ser resolvida com a consideração que se o depositário se torna remisso ele ofende direito subjetivo de ambas as partes, a autorizar uma e outra à propositura da ação de depósito.
 No sentido contrário há a Súmula 619 do Supremo Tribunal Federal de acordo com a qual “a prisão do depositário judicial pode ser decretada no próprio processo em que se constituiu o encargo, independentemente de propositura de ação de depósito”.
A petição inicial
Artigo 902
			A petição inicial da Ação de Depósito será elaborada de acordo com as diretrizes dos artigos 282, 283 e 39; virá acompanhada da “prova literal do depósito e a estimativa do valor da coisa, se não constar do contrato” (artigo 902) A exigência de exibição, logo com a inicial, de “prova literal do depósito”, articula-se com o artigo 646 do Código Civil, de acordo com o qual “o depósito voluntário provar-se-á por escrito”.
 Observe-se, no entanto, que a exigência a lei só a faz para o caso de depósito voluntário, sendo inegível nos demais, sobretudo nos de depósito miserável.
Citação
		 De acordo com o que dispõe o artigo 902, o réu será citado (pelas formas comuns de citação) para, no prazo de 5 (cinco) dias (contado do dia da juntada do mandado devidamente cumprido, ou do AR, se for o caso): I: entregar a coisa, depositá-la em juízo ou consignar-lhe o equivalente em dinheiro; II: contestar a ação (sic).
 Essa citação contém sempre uma interpelação (para restituir a coisa ou dar o seu equivalente), mas não uma cominação de prisão, para o caso de não adotar uma das providências, no prazo de 5 (cinco) dias, eis que, no sistema do Código vigente, o réu só poderá ser preso se, depois de ter sido julgado procedente o pedido inicial, houver desatendimento do mandado de entrega ou de depósito (artigo 904), Portanto, a ameaça de prisão virá no mandado de efetivação do comando emergente da sentença, não no mandado de citação inicial. Em outras palavras : na inicial não há cominação, só há um pedido de cominação, e a cominação virá, no mandado de efetivação, se o juiz julgar procedente o pedido inicial.
			
Primeira atitude do réu : a entrega da coisa
 Se no qüinqüídio, o réu entregar a coisa e o autor a aceitar, terá havido reconhecimento da procedência do pedido, verdadeira rendição processual, a acarretar a extinção do processo, com solução do mérito, na forma do disposto no artigo 269, II, e a condenação do réu no pagamento dos encargos da sucumbência, tal como dispõe o artigo 26.		
Segunda atitude do réu : ele deposita a coisa :
 Pode acontecer que o depositário, uma vez citado, se disponha a entregar a coisa, mas o depositante se recuse a recebê-la, alegando, por exemplo, defeito, deterioração, insuficiência, não identidade, etc. 
 Em casos que tais, razão não há para forçar o réu, na pendência do processo, a manter a guarda da coisa com os inerentes encargos e riscos, depois de haver manifestado a vontade de entregá-la.Também pode acontecer que tenha o réu a alegar que sempre esteve e ainda está disposto a restituir a coisa, mas o autor nunca a quis receber, havendo, portanto, carência da ação, por falta de interesse processual na obtenção da prestação jurisdicional.
 Nesse caso, se o réu se limitar a entregar a coisa, haverá reconhecimento da procedência do pedido; extinção do processo com solução do mérito; ele será condenado no pagamento dos encargos da sucumbência, não poderá apresentar a sua contestação e obter declaração de carência da ação, com a condenação do autor no pagamento das custas do processo e no de honorários de advogado. 
 Nesse caso, e até mesmo para dar cunho de seriedade à sua alegação, o réu poderá depositar a coisa, livrar-se dos riscos e encargos inerentes à guarda, mostrar que sempre esteve disposto a entregá-la, tendo havido recusa injusta em recebê-la, apresentar contestação com preliminar de carência da ação por falta de interesse processual e obter sentença em tal sentido, com a condenação do autor no pagamento dos encargos da sucumbência.
Terceira atitude do réu : a consignação do equivalente:
			O artigo 902, I, de acordo com o qual o réu será citado para “entregar a coisa, depositá-la em juízo ou consignar-lhe o equivalente em dinheiro” não deve ser interpretado no sentido de ter criado para o depositário condutas alternativas, à sua livre e exclusiva escolha.
 A obrigação do depositário é a de restituir e nesse sentido é que se orienta a lei. Se ele pode restituir, não se libera consignando o equivalente em dinheiro : o depositante não é obrigado a aceitar essa solução quando for possível a restituição da própria coisa. A não ser assim a lei processual teria criado para o depositário o direito de adquirir a coisa, independentemente da vontade do depositante.
 Desse modo, a possibilidade de o réu consignar o equivalente em dinheiro fica confinada, única e exclusivamente, ao caso de impossibilidade da restituição in natura (como no da perda ou destruição da coisa).
 Não, porém, no caso em que a impossibilidade resulte de caso fortuito ou de força maior, em que a consignação do valor carece de sentido, pois, nesses casos, o devedor não responde pelos prejuízos causados ao credor (Código Civil, artigo 393).
 
Entrega ou consignação rejeitada pelo autor
			O réu pode recusar a entrega da coisa, v.g. alegando que não é a mesma que fora depositada, ou 	que está desfalcada, incompleta ou deteriorada, por culpa do depositário. Havendo recusa, a coisa será recolhida a depósito judicial.
 No caso de consignação do equivalente, se o autor concorda em receber o dinheiro, tollitur quaestio: tudo se passará como se tivesse havido restituição da própria coisa.
 Mas pode acontecer que ele se oponha à essa solução, alegando, v.g., insistindo em receber a própria coisa, à consideração de que, diferentemente do que alegou o réu, a restituição idem corpus é perfeitamente possível. Essa controvérsia passará a ser o objeto central do processo e sobre ela versarão a prova e o julgamento. 
Resposta do réu 
Generalidades 
 No artigo 902, II, o Código oferece ao réu, ainda, a oportunidade, para, no qüinqüídio, “contestar a ação”.
 Em primeiro lugar, a contestação não é da ação, é da pretensão, como um todo. Depois o direito do réu é direito à resposta, da qual a contestação é só uma das suas espécies. Perfeitamente possível, portanto, na Ação de Depósito, a utilização, pelo réu, das outras espécies de resposta: a exceção (de incompetência, suspeição e impedimento) e a reconvenção (v.g. voltada para a anulação do contrato de depósito) Reunidos os requisitos le-gais, cabível será, também, a Ação Declaratória Incidental.
Conteúdo da contestação mesma :
			O artigo 902, § 2º, estabelece que “o réu poderá alegar (na contestação ) além da nulidade ou falsidade do título e da extinção das obrigações, as defesas previstas na lei civil”.
 O dispositivo peca, inicialmente, porque proclama o óbvio (é claro que se não existisse tudo o que nele está previsto poderia assim mesmo ser alegado na contestação) e depois peca, também, porque, induz o intérpre-te apressado a concluir que somente as defesas ali especificadas são admissíveis na Ação de Depósito. (Alguém negará ao réu, v.g., o direito de alegar, na contestação à Ação de Depósito as preliminares do artigo 301 ? ) 
 A nulidade a que o dispositivo se refere é nulidade mesma; alcança, por identidade de razões, a inexistência, mas não abrange a anulabilidade, que não pode ser alegada em defesa, senão que em ataque, ou melhor, em contra-ataque, para o qual pode ser utilizada a via reconvencional. 
 A falsidade de que cogita o dispositivo em foco tanto pode ser a material como a ideológica.
 Muitas vezes, instituições financeiras emprestam dinheiro a particulares, mediante contrato de alienação fiduciária em garantia de bem inexistente, ou duplamente onerado, com o mesmo gravame e que, portanto, jamais foi recebido pelo devedor, em depósito, assim agindo com a finalidade de garantir o pagamento da dívida com a ameaça de prisão do mutuário, travestido de depositário. Os contratos assim celebrados são ideologicamente falsos e essa falsidade pode ser alegada na contestação.
 A compensação não pode ser alegada em contestação à Ação de Depósito, diante do que dispõe o artigo 373, II, do Código Civil, que a proíbe nos casos de comodato, depósito ou alimentos.
 Na contestação, o réu poderá alegar a impossibilidade física da restituição da coisa: ela já não existe, está desaparecida, em lugar inaccessível. Aqui não importa se a coisa pereceu ou desapareceu com ou sem culpa (inclusive dolo) do depositário. Mesmo assim a alegação é admissível. Com justa perplexidade pergunta Adroaldo Furtado Fabrício : pode o depositário restituir o animal depositado que ele matou ? 
 Havendo impossibilidade física de restituir, cumpre distinguir: se derivada de caso fortuito ou de força maior, exonerar-se-á completa e definitivamente o depositário (Código Civil, artigo 642) ; nos outros casos para modificar a obrigação, que passa a ser a de pagar o equivalente e não mais de restituir a própria coisa.
 O caráter culposo ou doloso, possivelmente até criminoso, do ato causador da perda ou destruição não apaga o resultante fato da impossibilidade. E esse fato transfere as questões resultantes para o plano das perdas e danos, e eventualmente para a área penal. O que não se pode aceitar é a aplicação de um meio pessoal de coerção para compelir alguém a realizar o impossível, perdendo-se de vista o dado fundamental: a prisão não é punição, não é pena, mas simplesmente instrumento de pressão para obter-se de quem a sofre uma determinada conduta.
 Pode o réu alegar, também, a impossibilidade jurídica de restituir (a coisa depositada foi alvo de constrição judicial: penhora, arresto, seqüestro, embargo, desapropriação.) As conseqüências do acolhimento da alegação de impossibilidade jurídica de restituir são as mesmas do acolhimento da alegação da impossibilidade física de efetuar a restituição.
 Pode o réu alegar, também, via exceção material, o direito de retenção, como, no caso de lhe ser devida e não ter sido paga indenização de despesas ou prejuízos oriundos da guarda da coisa (Código Civil, artigo 644)
 Nesse caso, acolhida a exceção de retenção, a sentença dará pela improcedência do pedido inicial, reconhecendo que a resistência do depositário à pretensão de restituição era legítima: o depositário, dirá a sentença, não estava obrigado a restituir a coisa enquanto não

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