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Propedêutica Torácica Anatomia e Fisiologia Como descrever a localização de achados no tórax? Para localizar os achados no tórax, é preciso saber contar as costelas e os espaços intercostais. Coloca-se o dedo na incisura jugular e desliza-o para baixo aproximadamente 5 cm da crista óssea horizontal que une o manúbrio ao corpo do esterno, chamado de ângulo do esterno ou ângulo de Louis. Adjacente ao ângulo de Louis está a segunda costela e sua cartilagem costal. Daí, é possível descer pelos espaços intercostais segundo uma linha oblíqua 2° espaço intercostal para inserção de agulha no caso de pneumotórax intensivo 4° espaço intercostal para inserção de dreno torácico TIV(4° vértebra torácica) para a margem inferior do tubo endotraqueal na radiografia de tórax Espaço entre as costelas VII e VIII como um marco para toracocentese com a inserção de agulha logo acima da costela VIII Limites do Tórax Face Posterior: formado pelas 12 vértebras torácicas e partes posteriores das costelas. Face Anterior: Formada pelo esterno e cartilagens costais. Faces Laterais: Formadas pelas costelas separadas pelos espaços intercostais, ocupados por músculos e membranas. Abertura Superior: Formada pela primeira vértebra torácica, atrás, pelo bordo superior do esterno, adiante, e pela primeira costela de ambos os lados. Abertura Inferior: Formada pela 12˚ vértebra torácica, atrás, pela 11˚ e 12˚ costelas, lateralmente e a frente pelas cartilagens da decima, nona, oitava e sétima costelas. Circunferência do Tórax Pulmões, fissuras e Lobos Na região anterior, o ápice de cada pulmão eleva-se cerca de 2 a 4 cm acima do terço interno da clavícula A borda inferior do pulmão cruza a costela VI na linha hemiclavicular (medioclavicular) e a costela VIII na linha axilar média. Na região posterior, a borda inferior do pulmão situa-se, aproximadamente, no nível do processo espinhoso de T X Cada pulmão é dividido na metade pela fissura oblíqua. O pulmão direito é dividido pela fissura horizontal(menor) → O pulmão direito divide-se em lobos superior, médio e inferior. O pulmão esquerdo tem apenas 2 lobos→ superior e inferior Cada pulmão recebe sangue não oxigenado de sua artéria pulmonar e o sangue oxigenado volta de cada pulmão para o átrio esquerdo pelas veias pulmonares Traquéia e Brônquios Principais Os sons respiratórios auscultados sobre a traqueia e os brônquios são mais rudes do que aqueles auscultados sobre o parênquima pulmonar mais denso. O brônquio principal direito é mais largo, mais curto e mais vertical do que o brônquio principal esquerdo e penetra diretamente no hilo do pulmão. O brônquio principal esquerdo estende-se inferolateralmente desde sob o arco aórtico e anterior ao esôfago e parte torácica da aorta e, em seguida, penetra no hilo pulmonar. brônquio principal→ brônquios lobares→ brônquios segmentares→ bronquíolos→ alvéolos pulmonares A pneumonia por aspiração ocorre principalmente nos lobos médio e inferior, pois o brônquio principal direito é mais verticalizado Pleuras Duas superfícies pleurais separam os pulmões da parede torácica. A pleura visceral cobre a superfície externa dos pulmões e a pleura parietal reveste a cavidade pleural ao longo da parte interna da caixa torácica e da superfície superior do diafragma. Entre as pleuras visceral e parietal existe um espaço pleural, que contém líquido pleural seroso. Os acúmulos de líquido pleural, ou derrames pleurais, podem ser transudatos, encontrados na insuficiência cardíaca, cirrose e síndrome nefrótica, ou exsudatos, observados em numerosas condições, inclusive pneumonia, neoplasia maligna, embolia pulmonar, tuberculose e pancreatite. A irritação da pleura parietal provoca dor pleurítica à inspiração profunda na pleurite viral, na pneumonia, na embolia pulmonar, na pericardite e nas colagenoses. Anamnese Sintomas comuns/preocupantes: dor torácica, dispnéia, sibilos, tosse, expectoração com raias de sangue(hemoptise) e sonolência diurna - Dor Torácica Sete atributos da dor: Localização: Onde se localiza? Há irradiação? Características: Descreva o sintoma. Intensidade: Quão intenso é? (Peça que gradue em uma escala de 1 a 10.) Cronologia: Quando começou? Quanto tempo dura? Quão frequentemente ocorre? Surgimento:Inclui fatores ambientais, atividades pessoais, reações emocionais, etc. Fatores aliviadores ou exacerbadores: Algo faz o sintoma piorar ou melhorar? Manifestações associadas: Você percebeu se algo ocorre ao mesmo tempo do sintoma? Origem da dor torácica e causas relacionadas ▪ Miocárdio - Angina de peito, Infarto do miocárdio, Miocardite ▪ Pericárdio - Pericardite ▪ Aorta - Aneurisma dissecante da aorta ▪ Bronquite - Traqueia e brônquios principais ▪ Pleura parietal - Pericardite, pneumonia, pneumotórax, derrame pleural, embolia pulmonar ▪ Parede torácica - Costocondrite, herpes-zóster ▪ Esôfago - Esofagite de refluxo, espasmo esofágico, laceração esofágica ▪ Estruturas extratorácicas - Artrite cervical, cólica biliar, gastrite - Dispnéia A dispneia é a conscientização, não dolorosa, da respiração que é inadequada em relação ao nível de esforço. É comum ser secundário a doenças cardíacas ou pulmonares. Verifique se o sintoma ocorre em repouso ou ao esforço físico, e qual é o nível de esforço necessário para seu aparecimento. Dadas as variações na idade, no peso corporal e na aptidão física, não há uma escala absoluta para a quantificação da dispneia. Portanto, é preciso determinar sua intensidade com base nas atividades diárias do paciente. - Sibilos Os sibilos são sons respiratórios musicais que são audíveis tanto pelo paciente como por outras pessoas. - Tosse A tosse é manifestação comum de importância variável, pode ser trivial ou muito grave É uma resposta reflexa a estímulos que irritam receptores localizados na laringe, na traqueia ou brônquios calibrosos. (Muco, pus, sangue, alergênios, corpos estranhos, medicamentos e até mesmo ar) Pergunte se a tosse é seca ou produtiva (com expectoração). Solicite ao paciente que descreva o volume expectorado, bem como sua coloração, seu odor e sua consistência. - Hemoptise Hemoptise consiste em sangue expelido pela tosse das vias respiratórias inferiores. Importante avaliar o volume de sangue eliminando, as circunstâncias do episódio, a atividade e quaisquer sinais/sintomas associados. É rara em recém-nascidos, crianças e adolescentes. A hemoptise maciça (> 200 mℓ) é potencialmente fatal. Antes de usar o termo “hemoptise”, tente confirmar a causa do sangramento. - Sonolência diurna ou ronco Os pacientes podem relatar sonolência excessiva durante o dia e fadiga. Pergunte sobre problemas com ronco, apneias presenciadas (definidas como cessação da respiração por ≥ 10 segundos), despertar com sensação de asfixia ou cefaleia matinal. Esses sintomas, principalmente sonolência diurna e ronco, são característicos de apnéia do sono obstrutiva. Exame Físico Inspeção estática e dinâmica Palpação Percussão Ausculta Inspeção estática • Descrição da pele, TCS e dos músculos. • Presença de circulação colateral. • Retrações e abaulamentos. • Tipo morfológico: – Normolíneo: ângulo de Charpy é de 90°. – Longilíneo: ângulo de Charpy < 90°. – Brevilíneo: ângulo de Charpy > 90°. • Anormalidades ósseas: – Esterno: pectus carinatum, pectus excavatum – Vértebras: tórax escoliótico, tórax cifótico ou tórax lordótico. – Arcos costais: tórax em tonel ou enfisematoso, tórax em sino ou piriforme. • Baqueteamento digital Inspeção dinâmica • Frequência respiratória: – Normal(eupnéia): 16 a 20ipm. – Bradipneia. – Taquipneia. • Dificuldade respiratória: – Dispneia e Apneia. • Componente da respiração: torácica ou abdominal. • Uso de musculatura acessória: músculos intercostais, esternocleidomastóideo e escalenos. • Batimento de asa de nariz, retração das supraclaviculares durante a inspiração Palpação - Identificar regiões de hipersensibilidade - Elasticidade Manobra de Lasegue Sempre comparar um lado com o outro Diminuição da elasticidadepode estar presente no enfisema, ossificação das cartilagens costais, derrames, tumores - Anormalidades cutâneas(massas tumorais ou fístulas) - Avaliar expansibilidade torácica Manobra de Rualt Permite avaliar o volume do ar mobilizado durante a respiração em cada segmento Avaliar assimetrias Reduzida: enfisema pulmonar, atelectasia, derrame pleural e tumores - Palpar frêmito tóracovocal - O FTV é melhor transmitido em meio sólido Meio mais heterogêneo: Reduz o Frêmito Toracovocal (ex. derrame pleural, pneumotórax e enfisema) Meio mais homogêneo: Aumenta o Frêmito Toracovocal (ex. condensações e cavidades) Percussão - Som claro Pulmonar - Som timpânico: aumento de ar(ex: enfisema, crise de asma, pneumotórax) - Som submaciço: quantidade de ar reduzida(ex: pneumonia) - Som maciço: derrame pleural O que é Sinal de Signoreli? Macicez na metade inferior do hemitórax esquerdo inclusive sobre a coluna vertebral (sinal de Signorelli )--> suspeita de derrame pleural Ausculta Quais são os sons respiratórios normais? Murmúrio vesicular(som suave e grave)-é auscultado durante a inspiração e desaparece em torno do terço inicial da expiração, respiração broncovesicular, respiração brônquica e ruídos muito fortes e ásperos são auscultados sobre a traquéia Avaliação Radiológica As estruturas mais densas são mais claras e as estruturas menos densas são mais escuras Análise: Air ways, Bones(costelas, clavícula e coluna), Circulation(coração e vasos), diafragma, exterior(tubos, cateteres) Base Pulmonar direita desapareceu CASO 1 Ar extra pleural→ pneumotórax • Paciente 45 anos • Stress familiar recente • Choroso, taquidispneia O que é pneumotórax? Acúmulo de ar no espaço pleural A pressão intrapleural normalmente é negativa por causa do recuo da parede pulmonar para dentro e da parede torácica para fora, no pneumotórax, a pressão se torna positiva e comprime o pulmão Quais as possíveis etiologias? Normalmente está associado a um trauma contuso ou perfurante Também pode ser espontâneo primário(pacientes sem pneumopatia subjacente) ou secundário(pacientes com pneumopatia subjacente) Quais as manifestações clínicas? Dispnéia e dor torácica Como se caracteriza o exame físico? O exame físico é caracterizado por taquicardia, murmúrios vesiculares reduzidos, frêmito toracovocal reduzido, atrito pleural, enfisema subcutâneo, hipertimpanismo à percussão e um desvio da traqueia na direção do hemitórax não envolvido. O que é pneumotórax hipertensivo? O pneumotórax hipertensivo causa aumento progressivo na pressão intrapleural a níveis que se tornam positivos por todo o ciclo respiratório e colapsa o pulmão, desloca o mediastino e prejudica o retorno venoso para o coração. O ar continua entrando no espaço pleural, mas não é capaz de sair. CASO 2 Tosse produtiva há 3 meses Emagrecimento de 8kg Aparenta ser algo infeccioso Derrame Pleural O que é derrame pleural? Acúmulo de líquido dentro do espaço pleural Normalmente são classificados entre transudatos e exsudatos Epidemiologia e fisiopatologia A frequência geral do derrame pleural na radiografia torácica varia de 0,3 a 1%, mas pode variar amplamente de acordo com a doença subjacente. O derrame pleural ocorre com mais frequência nos pacientes com pneumonia ou insuficiência cardíaca. Em circunstâncias anormais, o líquido pode se acumular dentro do espaço pleural. O aumento na pressão hidrostática, a redução na pressão oncótica, a pressão reduzida no espaço pleural, a permeabilidade elevada da membrana pleural ou a obstrução dos vasos linfáticos pleurais promovem o acúmulo de líquidos pleurais. Os derrames transudativos são provocados por alguma combinação de aumento da pressão hidrostática e diminuição da pressão oncótica na circulação pulmonar ou sistêmica. A insuficiência cardíaca é a causa mais comum Os derrames exsudativos são provocados por processos locais, causando aumento da permeabilidade capilar e resultando em exsudação de líquido, proteína, células e outros constituintes séricos. → O derrame quiloso (quilotórax) é o derrame branco e leitoso, rico em triglicerídeos, causado por lesão traumática ou neoplásica (linfomatosa, com maior frequência) ao ducto torácico → Derrames quiliformes se assemelham aos derrames quilosos mas tem baixo teor de triglicerídeos https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/doen%C3%A7as-cardiovasculares/insufici%C3%AAncia-card%C3%ADaca/insufici%C3%AAncia-card%C3%ADaca-ic https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/doen%C3%A7as-cardiovasculares/insufici%C3%AAncia-card%C3%ADaca/insufici%C3%AAncia-card%C3%ADaca-ic e alto teor de colesterol → Hemotórax: acúmulo de líquido sanguinolento → Empiema: pus → Derrame Pleural por tuberculose: aumento da permeabilidade microvascular Quais são os achados clínicos? Os pacientes com derrame pleural podem ser assintomáticos ou apresentar dispneia. Quando a pleura parietal está ativamente inflamada, a dor pode estar presente. Os achados físicos incluem macicez à percussão na área do derrame, junto com murmúrios vesiculares reduzidos e frêmito toracovocal ausente. Tórax instável Definição O tórax instável ocorre depois de um trauma em que houve fraturas duplas de três ou mais costelas contíguas ou fraturas combinadas do esterno e de costelas Diagnóstico A inspeção no leito e a palpação delicada da caixa torácica e abdome revela o característico movimento paradoxal do segmento instável durante a respiração espontânea. As radiografias de tórax confirmam a presença de diversas fraturas de costelas, mas uma reconstrução tridimensional da TC torácica pode fornecer uma visualização melhor das lesões torácicas, incluindo a contusão pulmonar. Prognóstico A mortalidade geral decorrente do trauma na parede torácica é alta, variando de 7 a 14%. Se a contusão pulmonar concomitante estiver presente, o índice de mortalidade aumenta ainda mais e pode chegar a 70%. Síndrome da Veia Cava Superior Etiologia e Fisiopatologia A veia cava superior recebe a drenagem venosa da cabeça, pescoço, membros superiores e caixa torácica. Tem cerca de 7 cm de extensão e desemboca no átrio direito. Na transição de seu terço médio para caudal recebe a veia ázigos. A situação anatômica da veia cava superior, associada à baixa pressão do vaso, a torna facilmente compressível por processos expansivos em estruturas adjacentes. A obstrução da veia cava superior leva a alterações importantes nos trajetos naturais de drenagem venosa. Quando a obstrução é acima da entrada da veia ázigos, o fluxo oriundo do segmento cefálico e membros superiores drenam, através de colaterais, para a veia ázigos, alcançando, por fim, o átrio direito. Quando a obstrução inclui a veia ázigos, o fluxo dos sistemas cefálico, membros superiores e torácicos drena para a veia cava inferior através de colaterais, especialmente veias torácicas laterais, veias torácicas internas e sistema ázigos. Vale lembrar que o desenvolvimento das vias colaterais é um processo lento e gradual. Quando as colaterais ainda não se formaram, por obstrução aguda, ou não dão vazão ao fluxo sanguíneo, ocorre hipertensão do sistema venoso braquiocefálico. Nesta condição, ocorre edema neste território e o paciente fica sintomático, podendo inclusive evoluir com edema cerebral, provocando sintomas neurológicos, e de pregas vocais, provocando estridor e insuficiência respiratória. Quais são os sintomas mais comuns? As queixas mais frequentes em pacientes com síndrome de veia cava superior são dispnéia, tosse, edema facial e de membros superiores e tontura, sendo outros sintomas menos comuns cefaléia, dor torácica, disfagia, alteração de nível de consciência e síncope. Achados no exame físico Os achados ao exame físico mais frequentes e evidentes são: edema facial (Figura 1) e de membros superiores, que é mais significativo ao acordar, e circulação colateral na parede torácica (Figura 2). Outros achados de exame físico são cianose, pletora facial, síndrome de Horner e paralisia de corda vocal. Ao examinar a circulação colateralno tórax, observa-se que seu fluxo tem direção caudal, diferentemente do fluxo normal, cuja direção é cranial.
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