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se apropriam do produto do trabalho alheio, alienando o próprio. Por- tanto, um possuidor de mercadorias apenas pode defrontar-se com o outro, como possuidor de dinheiro porque seu produto possui, por na- tureza, a forma monetária, portanto é monetário, ouro etc., ou porque a sua própria mercadoria já mudou de pele e desfez-se de sua forma de uso original. Para funcionar como dinheiro, o ouro evidentemente tem de entrar no mercado por algum ponto. Esse ponto se situa em sua fonte de produção, onde se troca como produto direto de trabalho por outro produto de trabalho do mesmo valor. Mas, a partir desse momento, representa constantemente preços realizados de mercado- rias.165 Exceto no momento da troca de ouro por mercadoria, em sua fonte de produção, o ouro é na mão de cada possuidor de mercadorias a figura alienada de sua mercadoria alienada, produto da venda ou da primeira metamorfose da mercadoria, M — D.166 O ouro se tornou dinheiro ideal ou medida de valor porque todas as mercadorias medem nele seus valores e, assim, o faziam a contrapartida imaginária de sua figura de uso, a sua figura de valor. Torna-se dinheiro real porque as mercadorias, pela sua alienação universal, fazem dele sua figura de uso realmente alienada ou transformada e, por isso, sua figura real de valor. Em sua figura de valor, a mercadoria desfaz-se de qualquer vestígio de seu valor de uso natural e do trabalho útil particular ao qual deve sua origem, para se metamorfosear na materialização social uniforme de trabalho humano indistinto. Não se reconhece, portanto, no dinheiro, a espécie de mercadoria nele transformada. Em sua forma monetária, uma parece exatamente igual à outra. Dinheiro, por isso, pode ser lixo, embora lixo não seja dinheiro. Suporemos que as duas moedas de ouro pelas quais o nosso tecelão de linho aliena sua mer- cadoria sejam a figura transformada de 1 quarter de trigo. A venda do linho, M — D, é, ao mesmo tempo, sua compra, D — M. Mas, como venda do linho, inicia esse processo um movimento que termina com sua contrapartida, com a compra da Bíblia; como compra do linho ele termina um movimento que começou com seu contrário, com a venda do trigo. M — D (linho — dinheiro), essa primeira fase de M — D — M (linho — dinheiro — Bíblia), é, ao mesmo tempo, D — M (dinheiro — linho), a última fase de outro movimento M — D — M (trigo — dinheiro — linho). A primeira metamorfose de uma mercadoria, sua transformação da forma mercadoria em dinheiro, é sempre, simulta- neamente, a segunda metamorfose inversa de outra mercadoria, sua retransformação da forma dinheiro em mercadoria.167 OS ECONOMISTAS 232 165 "O preço de uma mercadoria pode apenas ser pago com o preço de outra mercadoria." (RIVIÈRE, Mercier de la. “L’Ordre Naturel et Essentiel des Sociétés Politiques.” In: Phy- siocrates. Ed. Daire, Parte Segunda. p. 554.) 166 "Para ter esse dinheiro, é preciso ter vendido." (Op. cit., p. 543.) 167 Constitui exceção, como já foi observado anteriormente, o produtor de ouro (ou prata), que intercambia seu produto sem o ter vendido antes.
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