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01-Aspectos Introdutórios do Direito Penal - Prof

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Direito Penal I 
Profº. Paulo Eduardo Sabio 
Ensino Jurídico à Distância 
Direito Penal – Aula 01 
 
Alguns Aspectos Introdutórios do Direito Penal 
 
 
 Relação do Direito Penal com outras disciplinas 
 
 Fontes do Direito Penal 
 
 Interpretação da Lei Penal 
 
 Direito Penal e Analogia 
 
 Características e Classificações da Lei Penal 
 
 
1 – Considerações Iniciais 
 
 Nessa nossa primeira aula, veremos qual a razão de ser deste tal de 
Direito Penal, sua definição, as fontes que o originam, sua relação com outros 
ramos do direito, e suas formas de interpretação. Essa primeira etapa é 
importante para que possamos responder algumas questões básicas, tais 
como: O que é o Direito Penal ? Para que serve o Direito Penal ? Ele se 
relaciona com outros ramos do Direito ? De onde vem o Direito Penal ? 
 
Saiba que: O Direito, como um todo, é condição de sobrevivência de qualquer 
sociedade humana, haja vista ser ele o instrumento de limitação das liberdades 
individuais em prol do bem comum. E o fato social é sempre o ponto de partida 
na formação da noção de Direito. 
 
Sendo assim: o fato social que for de encontro aos limites estabelecidos pelo 
ordenamento jurídico dará origem ao “ilícito jurídico”, cuja modalidade mais 
grave é o ilícito penal. E isso se diz pois o ilícito penal atenta contra os bens 
mais importantes da vida social, tais como: a vida, a integridade física, a 
incolumidade pública, etc... 
 
A propósito: Acerca da conceituação de Direito Penal, é importante que se 
tenha em mente, de início, que este pode ser compreendido, sucintamente, 
Direito Penal I 
Profº. Paulo Eduardo Sabio 
Ensino Jurídico à Distância 
como sendo o conjunto de normas jurídicas estabelecidas pelo Estado com o 
intuito de combater as lesões aos bens jurídicos mais importantes da 
sociedade. 
 
Preste atenção: esta conceituação nos serve para estabelecermos uma idéia 
inicial, e generalizada, do Direito Penal, contudo, temos que admitir que não 
esgota todo o Universo do Direito Penal. E por isso, achamos por bem 
completar nossa conceituação de Direito Penal através do Ilustre penalista 
José Frederico Marques, que assim leciona: 
 
“Direito Penal é o conjunto de normas que 
ligam, ao crime como fato, a pena como 
conseqüência, e disciplinam também as 
relações jurídicas daí derivadas, para 
estabelecer a aplicabilidade das medidas 
de segurança e a tutela do direito de 
liberdade em face do poder de punir do 
Estado.” 
( Grifo Nosso) 
 
2 – Relação do Direito Penal com outras disciplinas 
 
 É importante que se tenha em mente que o Direito Penal não atua 
isolado. Como qualquer disciplina jurídica, ele interage com outros ramos de 
maneira mais íntima do que se possa imaginar. Em outras palavras: a 
aplicação do Direito Penal está diretamente relacionada com conceitos e regras 
inseridos em outras disciplinas. 
 
Vejamos agora como o Direito Penal se relaciona com as demais 
disciplinas: 
 
Direito Constitucional: o Direito Constitucional é o ramo do direito que define 
o Estado e seus fins, bem como estabelece os direitos individuais, políticos e 
sociais. Inquestionável, portanto, é a relação do Direito Penal com este ramo 
do direito. 
Direito Penal I 
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Ensino Jurídico à Distância 
 
Isto porque: em face do princípio da supremacia da constituição, o Direito 
Penal deve nela se espelhar. Deve-se também levar em consideração que, 
segundo o Profº Mirabete, como o crime é um conflito entre os direitos do 
indivíduo e da sociedade, é na Constituição que se encontram as normas 
específicas para resolvê-lo. 
 
Sendo assim: é inegável que a Constituição exerce grande influência nas 
normas punitivas, sendo que, temos por bem que se atente, agora, à alguns 
dos incisos do artigo 5º que se relacionam mais intimamente com o Direito 
Penal. Vamos aos dispositivos: 
 
XXXIX: Não há crime sem lei anterior que o 
defina, nem pena sem prévia cominação 
legal. 
 
XL: A Lei penal não retroagirá, salvo para 
beneficiar o réu. 
 
XLV: Nenhuma pena passará da pessoa do 
condenado, podendo a obrigação de reparar 
o dano e a decretação do perdimento de 
bens ser, nos termos da lei, estendidas 
aos sucessores e contra eles executadas, 
até o limite do valor do patrimônio 
transferido. 
 
Direito Administrativo: se levarmos em consideração que a função de punir 
não é apenas jurisdicional, mas também “administrativa”1, evidente ficará a 
relação do Direito Penal com este ramo do ordenamento jurídico. Não 
podemos, também, nos esquecer que a lei penal é aplicada através de 
agentes administrativos ( juizes, delegados, promotores). 
 
E tem mais: nos artigos 312 à 359, o diploma repressivo trata de tipificar 
condutas que atentem contra a regularidade da administração pública. Assim, 
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não há que se questionar da relação do Direito Penal com o Direito 
Administrativo. 
 
Direito Processual Penal: é através deste ramo do direito, também conhecido 
como Direito Penal Adjetivo, que irá se efetivar a aplicação da lei penal. O 
processo penal é o instrumento hábil para que se realizem, na prática, os 
preceitos contidos no estatuto repressivo. 
 
Ou seja: o Direito Penal não se realiza sem Direito Processual Penal. 
 
Direito Civil: também não há que se duvidar da relação do Direito Penal com 
este ramo do Direito. Em princípio porque um mesmo fato pode constituir um 
ilícito penal, e obrigar, ao mesmo tempo, à uma reparação civil, que será 
arbitrada de acordo com critérios inseridos no Lei Civil. 
 
Por exemplo: O atropelamento culposo constitui uma infração à lei civil, no 
tocante aos danos pessoais sofridos pela vítima, e poderá acarretar, assim 
uma obrigação de indenizar, por parte do agente. Mas ao mesmo tempo será 
um ilícito penal, que por sua vez poderá originar uma sanção mais grave. Isso 
sem contar que muitos conceitos inseridos em tipos penais são fornecidos pelo 
Direito Civil, como por exemplo: 
 
- casamento 
- ascendente 
- descendente 
- cônjuge 
 
Direito Comercial: por mais incrível que possa parecer, o Direito Penal 
também se relaciona com este ramo, uma vez que o Código Penal tutela 
institutos como o cheque e a duplicata, os quais, como bem se sabe, são 
institutos regulados pelo Direito Comercial. Para elucidar nossa explanação, 
cumpre expor que, ainda, que o artigo 178 do Código Penal, por exemplo, 
 
1 - Isto porque, após a prolação da sentença condenatória, quando é chegada a fase da “execução da pena”, os 
órgãos encarregados de fiscalizar o seu fiel cumprimento são eminentemente administrativos 
Direito Penal I 
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incrimina a conduta de emitir conhecimento de depósito ou warrant, em 
desacordo com disposição legal. Pois bem, essa “disposição legal” da qual fala 
o artigo em questão, é oriunda do Direito Comercial. Vamos dar uma olhada no 
citado dispositivo ? 
Art. 178. Emitir conhecimento de depósito 
ou warrant, em desacordo com disposição 
legal. 
 
Pena – reclusão de 1 (um) a 4 (quatro) 
anos e multa. 
 
Direito do Trabalho: o Direito Penal com este se relaciona em dois aspectos: 
em primeiro lugar porque tipifica os crimes contra a organização do trabalho ( 
arts. 197 à 207), e segundo, porque a sentença penal pode conter alguns 
efeitos de ordem trabalhista, que estão incluídos no rol dos denominados 
“efeitos secundários da sentença penal condenatória”. Vamos dar uma olhada 
em um dos dispositivos legais supracitados, apenas para que se possa ter uma 
idéia mais concreta do que estamos dizendo: 
 
Art. 197. Constranger alguém, mediante 
violência ou grave ameaça: 
 
I – A exercer ou não exercerarte, ofício, 
profissão ou indústria, ou a trabalhar 
durante certo período em ou em 
determinados dias: 
 
Pena – detenção de 1 (um) mês a 1 (um) ano 
e multa, além da pena correspondente à 
violência. 
 
II – abrir ou fechar seu estabelecimento 
de trabalho, ou a participar de parede ou 
paralisação de atividade econômica: 
 
Pena – detenção de 3 (três) meses a 1 (um) 
ano e multa, além da pena correspondente à 
violência. 
Direito Penal I 
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3 – Fontes do Direito Penal 
 
De extrema importância é sabermos de onde vem o Direito Penal, de 
onde se originam as normas legais que serão objeto de nossos estudos ao 
longo do semestre. De acordo com a melhor doutrina, as fontes do Direito 
Penal se dividem em fontes materiais e fontes formais ( Imediatas e Mediatas) 
 
Fontes Materiais ( ou de Produção): estas dizem respeito ao órgão 
encarregado da elaboração do Direito Penal. Para sabermos quem é o órgão 
competente para a elaboração das leis penais, devemos fazer uma leitura do 
artigo 22, inciso I da Constituição Federal, que assim preceitua: 
 
Art. 22. Compete privativamente à União legislar 
sobre: 
 
I – direito civil, comercial, penal, processual, 
eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico, espacial 
e do trabalho. 
 
Preste muita atenção: a União não é o único órgão autorizado a legislar sobre 
matéria penal. E isso se afirma pois o parágrafo único do artigo 22 preceitua 
que lei complementar federal “poderá” autorizar os estados-membros a 
legislarem sobre questões específicas que tenham interesse meramente local. 
 
Note que: esta competência legislativa dos Estados-Membros é suplementar, e 
poderá ou não ser delegada. E mesmo com esta delegação de competência, 
aos Estados-Membros não será permitido legislar sobre matéria fundamental 
de Direito Penal, alterando dispositivos da parte geral ou criando novos delitos. 
 
Ou seja: os Estados-Membros só terão competência para legislar, em matéria 
penal, nas lacunas da lei federal, e em questões de interesse específico e local, 
como por exemplo, a proteção da vitória-régia na Amazônia. 
 
Fontes Formais ( ou de conhecimento): estas dizem respeito à forma de 
exteriorização das normas penais. As fontes formais se dividem em: 
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 Fontes Formais Imediatas ( Lei ) 
 Fontes Formais Mediatas ( Costumes e Princípios Gerais de Direito) 
 
 
2.1 – Fonte Formal Imediata – Da Lei Penal ou Norma Penal 
 
 
Preste atenção: é importante que se tenha em mente que a lei é a única fonte 
imediata de conhecimento. Como bem salientava Mezger, “só a lei abre as 
portas da prisão”. 
 
A propósito: falando em “Lei”, convém explanarmos acerca da técnica 
legislativa do Direito Penal, em face de suas relevantes particularidades. 
 
Saiba que: o Direito Penal, ao contrário do que comumente se imagina não 
proíbe condutas, e sim, as descreve. Peguemos como exemplo o artigo 121, 
“caput”2 do Código Penal, que assim preceitua: 
 
Art. 121. Matar Alguém 
Pena - Reclusão de 06 ( seis) a 20 ( 
vinte anos) 
 
 O mandamento proibitivo ou regra imperativa está implícito. No caso do 
artigo 121, “caput”3 por exemplo, matar alguém é o comportamento ilícito 
descrito pelo tipo penal. E de forma implícita existe o mandamento proibitivo 
“não matarás”. Para que se fixe melhor, peguemos outro artigo do Código 
Penal como exemplo: 
 
Furto 
Art. 155. Subtrair, para si ou para 
outrém, coisa alheia móvel 
Pena – reclusão de 1 ( um ) a 4 ( quatro ) 
anos, e multa. 
 
2 - Do latim. Significa “cabeça”. A expressão “Caput” do artigo se refere à descrição básica da conduta. Seria a 
“cabeça” do artigo 
3 - A expressão “caput”, vem do latim, e significa cabeça. Caput do artigo, portanto, significa “a cabeça do artigo”. 
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Comportamento Ilícito “descrito”: Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia 
móvel. 
 
Mandamento Proibitivo Implícito: Não Furtarás 
 
Note que: esta técnica legislativa é oriunda do princípio da reserva legal, que 
determina não haver crime sem lei que o defina. 
 
Sendo assim: uma vez compreendidos os pontos principais da técnica 
legislativa do Direito Penal, não nos parecerá absurda a idéia de que o 
criminoso age “de acordo com a lei”. Ou seja: o criminoso age de acordo com 
a lei, e contra o mandamento proibitivo implícito no tipo penal. 
 
Saiba, no entanto, que: esta técnica legislativa é empregada apenas com 
respeito às normas penais incriminadoras, que são aquelas que definem crimes 
e cominam sanções. Em relação as demais normas penais, também 
denominadas de não-incriminadoras, a técnica legislativa é diferente. Isso 
porque o preceito imperativo, a regra primária, aparece de forma expressa, e 
não implícita. Para ilustrar nossa afirmação, façamos a leitura do artigo 15 do 
Código Penal, por exemplo, que assim preceitua: 
 
Desistência voluntária e arrependimento 
eficaz 
 
Art. 15. O agente que, voluntariamente, 
desiste de prosseguir na execução ou 
impede que o resultado se produza, só 
responde pelos atos á praticados. 
 
Veja: Com se pode depreender, da leitura do dispositivo supracitado, não 
existe nenhum mandamento proibitivo implícito, ao contrário do que ocorre com 
as normas penais incriminadoras, que são incumbidas de descrever condutas 
criminosas. 
 
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 Tenha em mente, portanto, que: no que se refere à técnica legislativa 
empregada no Direito Penal, se destacam duas idéias principais, a saber: 
 
1 – Em relação às normas penais incriminadoras usa-se a técnica descritiva, e 
o preceito proibitivo é implícito. Relembrando: o criminoso, na verdade, não 
afronta a “lei”, e sim age de acordo com ela. O que ele afronta é o preceito 
proibitivo implícito. 
 
2 – No que toca às normas penais não-incriminadoras, que têm como 
incumbência disciplinar a aplicação da lei penal a técnica legislativa é diferente, 
pois o preceito imperativo vem determinado de forma expressa. 
 
Preste muita atenção: no tocante à técnica legislativa do Direito Penal, 
convém que exponha, ainda, que os tipos penais, com exceção dos delitos 
culposos4, são tipos fechados. 
 
Ou seja: a ilicitude da conduta é auferida de maneira objetiva. Não há que se 
falar em crime por extensão. Ou uma conduta está tipificada ou não está. 
Acerca deste aspecto, cumpre atentarmos para as elucidativas lições do Profº. 
Damásio Evangelista de Jesus, que podem assim serem transcritas 
 
 “Não existem delitos senão aqueles 
definidos: os delitos são cunhados em 
tipos e não há atitude humana que não 
seja, ou ato ilícito ou delito.” 
 (Grifo Nosso) 
 
Saiba que: o mesmo não acontece com o Direito Civil, por exemplo. E para 
que se constate a diferença basta fazer uma leitura do artigo 186 do novo 
Código Civil, que assim preceitua: 
 
Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão 
voluntária, negligência ou imprudência, 
 
4 - Um vez que estes dependem de uma valoração subjetiva por parte do juiz, para que se constate a adequação típica 
da conduta. Em outras palavras: os tipos culposos são tipos abertos. 
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violar direito e causar dano a outrem, ou 
causar prejuízo a outrem, ainda que 
exclusivamente moral, comete ato ilícito. 
 
Sendo assim: é de se observar que no dispositivo legal supracitado, o 
comportamento ilícito é descrito de forma ampla, ao contrário do que ocorre no 
Direito Penal. Ou seja: assim como os delitos culposos no Direito Penal, o 
artigo 186 do novo Código Civil requer uma valoração subjetiva por parte do 
magistrado. 
 
 
2.2 – FontesFormais Mediatas 
 
 Além da fonte formal mediata, que como se viu, é a lei, existem as 
denominadas fontes formais mediatas, que compreendem: 
 
 O costume 
 Os Princípios Gerais de Direito 
 
2.2.1 – O Costume 
 
 Este, enquanto fonte indireta ou subsidiária do Direito Penal, deve ser 
entendido com uma regra de conduta praticada de modo geral, constante e 
uniforme, com a consciência de sua obrigatoriedade. Tem, a doutrina, 
sustentado que o costume possui os seguintes elementos ou requisitos: 
 
a – Elemento Objetivo: este se traduz em sendo a constância e uniformidade 
da prática de determinados atos. 
 
b – Elemento Subjetivo: este, por sua vez, se exterioriza através do 
convencimento da necessidade jurídica da conduta repetida. 
 
Saiba ainda que: o costume pode ser classificado de três maneiras, a saber: 
 
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1 – Costume Contra Legem: está ligado ao aspecto do desuso, e tende a tornar 
inaplicáveis normas vigentes ou criar preceitos que ampliem o rol das 
justificativas e descriminantes 
 
2 – Costume Secundum Legem: este se traduz em regras sobre a uniformidade 
de interpretação e aplicação da lei. Traça regras sobre a aplicação da lei penal. 
 
3 – Costume Praeter Legem: este preenche lacunas e especifica o conteúdo de 
determinadas normas. Ou seja: funciona como elemento heterointegrador de 
normas penais não incriminadoras. 
 
A propósito: convém fazer algumas observações de extrema importância: 
 
1 – Em primeiro lugar, deve-se anotar que o desuso de uma lei nunca poderá 
ser admitido como forma revogadora da mesma. Isso porque uma lei só pode 
ser revogada por outra lei, tal como preceitua o artigo 2º da LICC ( Lei de 
Introdução ao Código Civil), que determina que a lei terá vigor até que outra a 
modifique ou a revogue. 
 
Ou seja: Por mais que uma norma penal não mais encontre aplicabilidade, por 
estar em desacordo com preceitos éticos e culturais de um dado momento 
histórico, o seu preceito imperativo permanecerá válido, e a eficácia da norma 
poderá ser argüida a qualquer momento. É o caso, por exemplo, do artigo 240 
do Código Penal, que assim preceitua: 
 
Art. 240. Cometer adultério. 
 
Pena – detenção, de 15 ( quinze) dias à 06 
( seis) meses. 
 
Perceba que: não devemos negar que quase não se tem feito uso do 
dispositivo supracitado, porém, ele não está revogado, e pode, 
indiscutivelmente, servir de embasamento à uma ação penal, caso esta seja a 
vontade do cônjuge traído. 
 
Direito Penal I 
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2 – Outro aspecto de indubitável importância diz respeito à impossibilidade de o 
costume criar delitos ou determinar penas. Tal limitação é decorrência direta do 
princípio da legalidade, que diz não haver crime sem lei que o defina5. Tal 
como nos ensina o Profº. Damásio Evangelista de Jesus, por mais nocivo que 
seja um fato ao senso moral da coletividade, será atípico6 se não estiver 
definido em lei como crime. 
 
Você poderia então se perguntar: Então quer dizer que o costume não tem a 
mínima importância para o Direito Penal ? 
 
Em verdade, não é bem assim. como elemento de interpretação ele tem o 
seu valor. 
 
Vamos explicar: alguns tipos penais contém determinadas expressões cuja 
interpretação adequada deve se basear nos costumes vigentes à uma 
determina época ou em determinada região. 
 
Isso porque: certos conceitos mudam com o tempo, ou porque o significado 
de um conceito pode variar de região para região. Pare e pense: atribuir um 
determinado adjetivo a uma pessoa pode, numa dada região do país, constituir 
grave ofensa, enquanto que este mesmo adjetivo pode ser usado, em outra 
região, para ressaltar uma qualidade pessoal qualquer. 
 
A propósito: vejamos agora alguns conceitos inseridos em tipos penais, que 
vêm tendo seu significado alterado pelo costume, com o passar do tempo: 
 
Art. 139. Difamar alguém, imputando-lhe 
fato ofensivo à sua reputação. 
Pena – detenção, de 3 ( três) meses à 1 
( um ) ano e multa. 
 
 
5 - Lembrando que o “Princípio da Legalidade” será melhor estudado na próxima aula 
6 - Ou seja, em verdade, não será “formalmente” considerado crime. Sobre o termo “tipicidade” mais se 
estudará em uma posterior. 
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Note que: Um fato que ofendia gravemente a reputação de alguém trinta anos 
atrás pode não significar quase nada nos dias de hoje. Por exemplo: dizer, em 
1950, que fulana era mãe solteira, ofendia gravemente sua reputação. Hoje em 
dia este tipo de afirmação não gera nenhum efeito, não gera o preconceito em 
outras pessoas. 
 
Art. 140. Injuriar alguém, ofendendo-lhe a 
dignidade ou o decoro. 
 
Pena – detenção, de 1 ( um ) a 6 ( seis ) 
meses, ou multa. 
 
Com relação ao artigo 140, note que: o conceito de dignidade e decoro, nos 
dias de hoje, com certeza não é igual ao de 40, 50 anos atrás. Dizer, nas 
décadas de 60, 50, que alguém não trabalhava, que era um vagabundo, 
poderia ofender gravemente sua dignidade, porém, nos dias de hoje, com a 
atual situação de desemprego, uma pessoa que não trabalhe é apenas mais 
uma entre tantas outras. 
 
 
 
Art. 217. Seduzir mulher virgem, menor de 
18 ( dezoito ) e maior de 14 
( catorze) anos, e ter com ela conjunção 
carnal, aproveitando-se de sua 
inexperiência ou justificável confiança. 
 
Pena – reclusão, de 02 ( dois) a 04 ( 
quatro) anos. 
 
Com relação ao artigo 217, convém ter em mente que: Hoje em dia não se 
pode mais falar, com tranqüilidade, que meninas com idade entre 14 e 18 anos 
são inexperientes. Nos dias de hoje não temos meninas de 14 anos, e sim 
“mulheres” de 14 anos. 
 
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A propósito: com relação ao costume, outra pergunta poderia surgir: e em 
relação às normas penais não-incriminadoras ? O Costume tem o mesmo 
valor ? 
 
Pois bem: com relação as normas permissivas, que tratam da exclusão de 
antijuridicidade ou culpabilidade, o costume tem um valor mais significativo, 
pois segundo a maior parte da doutrina, ele pode ampliar a extensão das 
excludentes de antijuridicidade ou culpabilidade. 
 
Note que: tal como dissemos anteriormente, princípio da reserva legal 
determina que não há crime sem lei que o defina, e não que não possa haver 
causa de exclusão de crime sem previsão legal. Assim, por exemplo, além das 
excludentes de antijuridicidade legalmente previstas, não há que se olvidar da 
existência de outras, criadas pelo costume. São as denominadas causas 
supralegais de exclusão de antijuridicidade, das quais mais se falará no 
momento oportuno. 
 
Não se esqueça que: não obstante a influência do costume na interpretação e 
elaboração da lei penal, bem como sua força mais significativa no tocante às 
normas permissivas, não podemos nos esquecer que ele ( costume) nunca 
poderá criar ou revogar tipos penais, pois tal função apenas é atribuída à lei. 
 
Veja que interessante: segundo o Profº. Fernando Capez, no caso da 
contravenção de jogo do bicho, há uma corrente jurisprudencial que entende 
que o costume revogou a lei, embora o artigo 2º da LICC preceitue que apenas 
uma lei possa revogar outra lei. Argumenta esta corrente jurisprudencial que a 
violação constante da proibição levou uma conduta anormal a ser considerada 
normal. Esta corrente, no entanto, segundo o penalista em questão, é 
minoritária e pouco aceita, vez que a regra geral continua sendo a de que o 
costume contra legem não revoga lei. 
 
A propósito: esta tal de “contravenção de jogo do bicho” está tipificada, está 
descrita no artigo 58, do Decreto-Lei 3.688/41, também conhecido como Lei 
das Contravenções Penais. O dispositivo em questão assim preceitua: 
Direito PenalI 
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Art. 58. Explorar ou realizar a loteria 
denominada jogo do bicho, ou praticar 
qualquer ato relativo à sua realização ou 
exploração. 
 
Pena – prisão simples, de 04 ( quatro) 
meses a 01 ( um ) ano e multa. 
 
2.2.2 – Princípios Gerais de Direito 
 
 O artigo 4º da LICC determina que quando a lei for omissa o juiz decidirá 
o caso de acordo com a analogia, os costumes, e os princípios gerais de 
direito. 
 
Mas: o que são esses tais de “princípios gerais de direito” ? Esses nada mais 
são do que as premissas éticas que são extraídas, mediante indução, do 
material legislativo. 
 
A propósito: tal como o costume, os princípios gerais de direito não podem 
criar delitos ou cominar penas. Eles apenas podem suprir as lacunas das 
normas penais não-incriminadoras ( que como se verá, são aquelas que têm 
função distinta da descrição de ilícitos penais). E isso se afirma pois, por vezes, 
uma conduta pode estar penalmente tipificada e não se chocar como a 
consciência ética do povo. Assim, uma conduta criminosa pode ser justificada 
pelos princípios gerais de direito ou pelos costumes. 
 
Exemplificando: quem iria condenar pela prática de lesões corporais leves a 
mãe que fura a orelha da criança para por brincos ? Cremos que ninguém. 
 
Saiba que: a não-incriminação de tal conduta está relacionada ao chamado 
Princípio da Insignificância, o qual, segundo o Profº. Damásio Evangelista de 
Jesus, recomenda que o Direito Penal que o Direito Penal somente intervenha 
nos casos de lesão jurídica de certa gravidade. 
 
Direito Penal I 
Profº. Paulo Eduardo Sabio 
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Perceba que: objetivamente falando, tal conduta está definida como crime, é 
típica, e isso não se pode negar. 
 
4 – Interpretação da Lei Penal 
 
 
 É importante que interpretemos de forma correta a lei penal, para que 
assim possamos delimitar seu alcance exato e compreender seu real 
significado. Vamos ver quais são as espécies de interpretação: 
 
 Interpretação quanto ao Sujeito que faz: 
 
A – autêntica: é a interpretação que vem do mesmo órgão que fez a lei. Esta 
modalidade, por sua vez, se subdivide em: 
 
- Contextual: é a interpretação que o legislador faz na própria lei. E podemos 
pegar como exemplo de interpretação autêntica contextual o artigo 327, 
“caput” do Código Penal, que estabelece o conceito de “funcionário público”. 
Vamos dar uma olhada no referido dispositivo: 
 
“Art. 327. Considera-se funcionário 
público, para efeitos penais, quem, embora 
transitoriamente, ou sem remuneração, 
exerce cargo, emprego ou função pública.” 
 
- Posterior: esta ocorrerá quando a lei interpretadora entrar em vigor depois 
da interpretada, com o objetivo de por fim à incertezas ou obscuridades. 
 
 B – Doutrinária ou Científica: É a interpretação feita pelos estudiosos do 
direito, em seus comentários à lei. Segundo o Profº Fernando Capez, a 
“Exposição de Motivos”7 de uma lei é interpretação doutrinária e não autêntica, 
uma vez que não é lei. 
 
 
7 - Se você não sabe direito o que é esta tal de “Exposição de Motivos”, é só olhar no início do seu Código, 
antes do texto legal em si. 
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C – Interpretação Judicial: é a que se origina dos órgãos judiciários ( juizes e 
tribunais). Segundo o Profº Damásio, este tipo de interpretação tem força 
obrigatória apenas para o caso em particular análise. 
 
Preste atenção: não se pode duvidar que, mais do que apenas repetir as 
palavras da lei, os juizes devem ir modelando a lei, através da constante 
apreciação dos casos concretos. Desta forma, a lei, que é estática, ganhará um 
pouco mais de dinamismo para acompanhar as mudanças sociais. 
 
No entanto: em virtude das particularidades de cada caso concreto, não se 
pode atribuir força obrigatória à um caso precedente, já interpretado 
judicialmente. Em cada caso o magistrado dever fazer uma nova apreciação. 
De encontro à esta regra vai a tal de “súmula vinculante”, que, se efetivamente 
implantada, obrigará os juizes a decidirem um caso concreto de acordo com a 
interpretação dada a um caso semelhante, quando tal interpretação já tiver sido 
convertida em súmula. 
 
A propósito: o termo “Súmula”, tal como nos informam os dicionários 
jurídicos, pode ser entendido como sendo uma condensação de série de 
acórdãos, no mínimo de três, do mesmo Tribunal, adotando igual interpretação 
de preceito jurídico em tese, sem efeito obrigatório, mas apenas persuasivo, 
publicado com numeração em repertórios oficiais do órgão. os dicionários 
jurídicos. Ou seja: se traduz em sendo a exteriorização do posicionamento dos 
tribunais superiores sobre um determinado assunto. 
 
 Interpretação quanto aos meios empregados 
 
A – Gramatical, Literal ou Sintática: é a interpretação que leva em conta o 
sentido literal das palavras usadas pelo legislador. A análise gramatical, por si 
só, não é suficiente, pois para compreender o real significado da uma norma, é 
necessário que se busque sua finalidade. 
 
B – Lógica ou Teleológica: esta é a interpretação que prioriza a finalidade da 
lei. 
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Saiba que: dever haver uma utilização harmoniosa entre estes dois tipos de 
interpretação ( Gramatical e Lógica), mas se houver contradição entre elas 
deverá prevalecer a interpretação lógica ( ou teleológica), para que se atenda 
as exigências do bem comum e os fins sociais aos quais a lei se destina. 
 
 Interpretação quanto ao resultado 
 
A – Declarativa: quando houver perfeita correspondência entre a palavra da lei 
e sua vontade efetiva. Não é necessário buscar algo a mais do que diz a lei, ou 
muito menos restringir o alcance do texto legal 
 
B – Restritiva: por vezes, a lei acaba por dizer mais do que queria. E nestes 
casos, será então necessária uma interpretação restritiva do texto legal, para 
que não ocorra uma incoerência entre o texto e sua real finalidade. 
 
C – Extensiva: neste caso ocorrerá justamente o contrário da hipótese acima 
mencionada, uma vez que, por vezes, a lei diz menos do que pretendia dizer. 
Será então feita uma interpretação extensiva, sempre que o caso exigir que 
seja ampliado o alcance das palavras da lei para que se harmonizem o texto 
legal, e sua real intenção. 
 
5 – Direito Penal e Analogia 
 
 A analogia consiste em aplicar a uma hipótese não regulada por lei, 
disposição relativa à caso semelhante. A analogia se fundamenta na seguinte 
premissa: onde há a mesma razão, deve ser aplicado o mesmo direito. 
 
A propósito: sobre a analogia, o Profº Damásio assim leciona; 
 
O legislador, através da lei A, regulou o 
fato B. O julgador precisa decidir o fato 
C. Procura e não encontra do direito 
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positivo uma lei adequada a este fato. 
Percebe, porém, que há pontos de 
semelhança entre o fato B( regulado) e o 
fato C(não regulado).Então, através da 
analogia, aplica ao fato C a lei A. 
 
 
Para e pense: por óbvio que, em virtude do princípio da legalidade, o qual, tal 
como dissemos anteriormente, preceitua que não deve haver crime sem que o 
defina, não se pode fazer uso da analogia para criar delitos ou cominar penas. 
 
Entretanto: não se veda o uso da analogia para excluir um crime ou atenuar a 
pena. Ou seja: não se veda a chamada analogia in bonam partem, que seria 
aquela destinada à favorecer o réu. 
 
Vamos ver um exemplo de analogia que seria admissível ? 
 
 Um dos exemplos de analogia mais elucidativos seria a não-
incriminação de um aborto em caso de gravidez resultante de atentado violento 
ao pudor, baseando-se na não-incriminação de um aborto quando a gravidez 
for resultante de um estupro.Perceba que: neste caso, o artigo legal usado de para a exclusão do crime 
seria o artigo 128, inciso II do Código Penal, em uma situação que não se 
amolda exatamente à ele, posto que se fala em estupro ( artigo 213) e não em 
atentado violento ao pudor ( artigo 214). Neste caso, se excluiria o crime com 
base na analogia. 
 
Vamos dar uma olhada nos dispositivos legal em questão ? 
 
 
“Art. 128. Não se pune o aborto praticado 
por médico: 
 
I – ( ...) 
 
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II – se a gravidez resulta de estupro e o 
aborto é precedido de consentimento da 
gestante ou, quando incapaz, de seu 
representante legal.” 
 
Art. 213 - Constranger mulher à conjunção 
carnal, mediante violência ou grave 
ameaça: 
Pena - reclusão, de 6 (seis) a 10 (dez) 
anos. 
Art. 214 - Constranger alguém, mediante 
violência ou grave ameaça, a praticar ou 
permitir que com ele se pratique ato 
libidinoso diverso da conjunção carnal: 
Pena - reclusão, de 6 (seis) a 10 (dez) 
anos. 
 
Espécies de Analogia 
 
1 – Legal ou Legis – o caso é regido por norma reguladora de hipótese 
semelhante. 
 
2 – Jurídica ou Juris – o caso é regido por um princípio extraído do 
ordenamento jurídico em seu conjunto 
 
3 – In Bonam Partem – quando a analogia é empregada em benefício do 
agente. 
 
4 – In Malam Partem – quando a analogia é empregada em prejuízo do agente. 
 
A propósito: não se deve esquecer que é vedado o uso da analogia para 
normas penais incriminadoras, uma vez que não se pode violar o princípio da 
reserva legal ( ou da legalidade). Além do que,: é vedada a chamada analogia 
in malam partem ( que é empregada para prejudicar o réu), sendo que o 
mesmo já não ocorre no tocante à analogia in bonam partem ( que é usada 
para beneficiar o acusado), tal como já dissemos anteriormente. 
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6 – Características e Classificação das Normas Penais 
 
 
 Para encerrar este nossa primeira aula, entendemos por bem abordar 
mais dois tópicos, a saber: as características das normas penais, e a 
classificação dos diversos dispositivos que fazem parte de nosso Código Penal. 
Comecemos então pelas características da norma penal. 
 
 Em primeiro lugar, cumpre lembrar o caráter de “exclusividade” do 
Direito Penal. Sendo que, esta exclusividade deve ser considerada em relação 
à definição de crimes e cominação de penas. 
 
Em outras palavras: a função de definir crimes e cominar sanções é exclusiva 
do Direito Penal. 
 
 É também, a lei Penal “imperativa” ( obrigatória), autoritária, no sentido 
de fazer alguém incorrer em uma determinada sanção, se descumprir algum 
dos seus mandamentos. Como bem assevera o Profº Damásio Evangelista de 
Jesus, é a lei penal quem separa a zona do lícito e do ilícito penal. 
 
 Pode-se afirmar, ainda, que a lei penal é “genérica”, uma vez que atua 
para todas as pessoas, ou seja, tem eficácia “erga omnes”. Nessa linha de 
raciocínio, cumpre salientar também que a lei penal é impessoal, uma vez que 
não direciona seu mandamento proibitivo à uma pessoa em específico, e é 
abstrata, pois visa regular fatos futuros, que ainda vão acontecer, se 
acontecerem. 
 
 Outra característica do direito penal que, segundo alguns doutrinadores, 
é a principal, está ligada à sua finalidade preventiva. E isso se afirma, pois o 
legislador, ao tipificar uma conduta considerada danosa, tem como principal 
finalidade desmotivar o indivíduo a praticá-la, através da cominação de uma 
determinada sanção. Sobre o caráter preventivo da pena, estudaremos mais no 
momento oportuno. 
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A propósito: as normas penais podem ser “classificadas” da seguinte 
maneira: 
 
 Normas Penais Gerais: têm vigência em todo território nacional. 
 
 Normas Penais Locais ou Especiais: vigem apenas em uma parte 
determinada do território nacional. Tal como leciona o Profº. Júlio Fabbrini 
Mirabete, a lei local ou especial, seria, por exemplo, aquela que cominasse 
sanção ao agente que desperdiçasse água, na região nordeste do país. 
 
 Normas Penais Incriminadoras: são aquelas que, efetivamente, descrevem 
crimes e cominam as respectivas sanções. Vamos ver um exemplo deste 
tipo de norma: 
 
Art. 176. Tomar refeição em restaurante, 
alojar-se em hotel ou utilizar de meio de 
transporte sem dispor de recursos para 
efetuar o pagamento: 
 
Pena – detenção de 15 ( quinze) dias a 2 ( 
dois) meses, ou multa. 
 
Atenção: portanto, quando chegar o famoso 
“dia do pendura” ( 11 de Agosto), evite ir 
ao restaurante sem o dinheiro para pagar a 
conta, pois se você der o azar do gerente 
ser um “mala sem alça”, a situação se 
tornará constrangedora. 
 
 Normas Penais Permissivas: são as normas que excluem a ilicitude de 
certas condutas, tipificadas na legislação penal. Podemos pegar como 
exemplo deste tipo de norma o artigo 22 do Código Penal, que assim 
preceitua: 
 
 
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Art. 22. Se o fato é cometido sob coação 
irresistível ou em estrita obediência à 
ordem, não manifestamente ilegal, de 
superior hierárquico, só é punível o autor 
da coação ou ordem.” 
( Grifo Nosso) 
 
 
 Normas Penais Finais, Complementares ou Explicativas: são as que 
esclarecem o conteúdo de outras normas, ou delimitam o âmbito de sua 
aplicação. Podemos pegar como exemplo, o artigo 327 do Código Penal, 
que traz a definição de “funcionário público”, para efeitos penais. É o 
dispositivo: 
 
Art. 327. Considera-se funcionário 
público, para os efeitos penais, quem, 
embora transitoriamente ou sem 
remuneração, exerce cargo, emprego ou 
função pública. 
 
 
 Normas Penais Completas: são as que definem o crime com todos os seus 
elementos. Peguemos como exemplo o artigo 148 do Código Penal: 
 
Art. 148. Privar alguém de sua liberdade, 
mediante seqüestro ou cárcere privado. 
 
Pena – reclusão de 1 ( um ) a 3 ( três) 
anos. 
 
 Normas Penais Incompletas ( Lei Penal em Branco ). São aquelas normas 
penais cuja definição legal é hipossuficiente, ou seja, não basta por si só, 
tendo que buscar elementos, para efetivação da punição, em outras 
normas. Vamos usar como exemplo o artigo 237 do Código Penal: 
 
Art. 237. Contrair casamento , conhecendo 
a existência de impedimento que lhe cause 
a nulidade absoluta. 
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Pena – detenção, de 3 ( três) meses a 1 
( um ) ano. 
 
Saiba que: os “impedimentos” de que trata o dispositivo supracitado, não estão 
previstos na norma incriminadora, mas sim na legislação “civil”. 
 
A propósito: esta tal de “lei penal em branco” será melhor estudada na 
próxima aula, onde será abordado também o “Princípio da Legalidade” e outros 
princípios que se prestam a limitar a função punitiva exercida pelo Estado. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Questão-Problema 
 
 
 Um determinado indivíduo está sendo processado pela contravenção 
prevista no artigo 58 da Lei de Contravenções Penais, qual seja, a prática da 
loteria denominada “jogo do Bicho”. O advogado de defesa, alegou que a 
norma penal incriminadora em questão foi revogada pelo “costume”, que não 
mais considera anormal a conduta de fazer “jogo do bicho”. O juiz, antes de 
julgar, pede a sua opinião. O que você diria ao ilustre magistrado ? 
 
( mínimo de 10 linhas, e com redação própria) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Quadro Sinóptico 
 
 
1. O Direito, como um todo, é o instrumento de limitação da liberdade 
individual em prol do bem comum. 
 
2. O fato social é sempre o ponto departida na formação da noção de 
“Direito. 
 
3. O fato social que for de encontro aos limites estabelecidos pelo 
ordenamento jurídico dará origem ao ilícito jurídico, cuja modalidade 
mais grave é o ilícito penal uma vez que este ( ilícito penal) atenta 
contra os bens mais importantes da sociedade. 
 
4. Conceito de Direito Penal: conjunto de normas jurídicas 
estabelecidas pelo Estado com o intuito de combater as lesões aos bens 
jurídicos mais importantes da sociedade. 
 
5. O Direito Penal, enquanto parte integrante do ordenamento jurídico, 
tem inquestionável ligação com os outros ramos do Direito 
 
6. Fontes do Direito Penal: estas se dividem em: 
 
a. Materiais ( ou de Produção): dizem respeito ao órgão encarregado de 
elaborar a lei penal. – Vide artigo 22, inciso I da Constituição 
Federal 
 
A propósito: não se esqueça que, tal como dispõe parágrafo único do 
artigo 22 da Constituição Federal, a União é o único órgão competente 
para legislar em matéria penal. 
 
b. Formais ( ou de conhecimento): dizem respeito à forma de 
exteriorização da lei penal. E, por sua vez, se dividem em: 
 
 Fontes Formais Imediatas ( Lei) 
 Fontes Formais Mediatas ( Costumes e Princípios Gerais de Direito) 
 
Lembre-se que: A Lei é a única fonte formal imediata 
 
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7. Com relação à técnica legislativa do Direito Penal, convém não se 
esquecer que a lei penal, ao contrário do que se imagina, não proíbe 
condutas, e sim, as descreve. O mandamento proibitivo está implícito 
nos tipos penais incriminadores. 
 
8. Está técnica legislativa é oriunda do princípio da legalidade, que 
será estudado na próxima aula, e determina que não há crime sem lei 
que o defina. 
 
9. Convém não se esquecer também que os tipos penais incriminadores 
são fechados, o que vale dizer que a ilicitude de uma conduta é 
auferida de maneira objetiva. Ou uma conduta está descrita como crime 
ou não está. Não existem crimes por extensão. 
 
10. Conceito de “Costume”: regra de conduta praticada de modo geral, 
constante e uniforme, com a consciência de sua obrigatoriedade. 
 
11. Segundo a doutrina, o costume possui os seguintes elementos: 
 
a. Elemento Objetivo: constância e uniformidade da prática de 
determinados atos. 
 
b – Elemento Subjetivo: convencimento da necessidade jurídica da 
conduta repetida. 
 
Lembre-se ainda que: o costume pode ser classificado de três maneiras, 
a saber: 
 
Costume Contra Legem: está ligado ao aspecto do desuso, e tende a 
tornar inaplicáveis normas vigentes ou criar preceitos que ampliem o 
rol das justificativas e descriminantes 
 
Costume Secundum Legem:. Traça regras sobre a aplicação da lei penal. 
 
Costume Praeter Legem: este preenche lacunas e especifica o conteúdo 
de determinadas normas. Ou seja: funciona como elemento 
heterointegrador de normas penais não incriminadoras. 
 
12. Princípios gerais de Direito: de acordo com o que preceitua o 
artigo 4º da Lei de Introdução ao Código Civil, quando a lei for 
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omissa o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e 
os Princípios Gerais de Direito. 
 
13. Estes tais de Princípios Gerais de Direito nada mais são do que as 
premissas éticas que são extraídas, mediante indução, do material 
legislativo. 
 
14. Não se esqueça que, assim como o costume, os princípios gerais de 
direito não podem criar delitos ou cominar penas. 
 
15. Interpretação da Lei Penal: é importante interpretar a lei penal 
de forma correta para que assim possamos delimitar seu alcance exato e 
compreender seu real significado. 
 
16. Lembre-se que existem as seguintes espécies de interpretação: 
 
a. Quanto ao sujeito que faz: 
 
 Autêntica: que vem do mesmo órgão que fez a lei, e se subdivide em: 
 
Contextual: é a interpretação que o legislador faz na própria lei, 
sendo que, como exemplo desta modalidade de interpretação, podemos 
pegar o artigo 327 do Código Penal, que nos dá o conceito de 
funcionário público para o Direito Penal. 
 
Posterior: esta ocorrerá quando a lei interpretadora entra em vigor 
depois da interpretada, com o objetivo de por fim à incertezas ou 
obscuridades. 
 
 Doutrinária ou científica: é a interpretação feita pelos 
estudiosos do Direito. 
 
 Judicial: esta é a interpretação feita pelos órgãos jurisdicionais. 
 
b. Quanto aos meios empregados 
 
 Gramatical, Literal ou Sintática: é a interpretação que leva em 
conta o sentido literal das palavras usadas pelo legislador. Não se 
esqueça que a análise gramatical, por si só, não é suficiente, pois 
para compreender o real significado de uma norma, é necessário que 
se busque sua finalidade. 
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 Lógica ou Teleológica: esta é a interpretação que prioriza a 
“finalidade” da lei. 
 
A propósito: dever haver uma utilização harmoniosa entre estes dois 
tipos de interpretação ( Gramatical e Lógica), mas se houver 
contradição entre elas deverá prevalecer a interpretação lógica ( ou 
teleológica), para que se atenda as exigências do bem comum e os fins 
sociais aos quais a lei se destina. 
 
b. Quanto ao resultado 
 
 Declarativa: quando houver perfeita correspondência entre palavra 
da lei e sua vontade efetiva. Não é necessário, nesses casos, 
buscar algo a mais do que diz a lei, ou restringir o alcance do 
texto legal. 
 
 Restritiva: por vezes, a lei acaba por dizer mais do que queria, e 
nesses casos, será necessária uma “interpretação restritiva” do 
texto legal, para que assim não ocorra uma incoerência entre o 
texto e sua real finalidade. 
 
 Extensiva: neste caso ocorre justamente o contrário da 
interpretação restritiva, uma vez que, por vezes, a lei diz menos 
do pretendia, e será necessário, nestes casos, uma interpretação 
extensiva da lei, sempre que o caso exigir que seja ampliado o 
alcance das palavras da lei para que se harmonizem o texto legal e 
as reais intenções do legislador. 
 
17. Direito Penal e analogia: através da analogia se aplica à uma 
hipótese não regulada por lei disposição relativa à caso semelhante. 
 
18. Premissa básica da analogia: onde existe a mesma razão deve ser 
aplicado o mesmo direito. 
 
Não se esqueça que: a analogia não pode ser usada para criar delitos 
ou cominar penas, mas nada impede que ela seja usada para excluir o 
crime ou atenuar a pena do réu. 
 
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Em outros termos: é vedado o uso da analogia in malam partem ( que 
prejudica o réu), mas nada impede o uso da analogia in bonam partem ( 
que favorece o réu). 
 
 
19. Lembre-se que existem as seguintes espécies de analogia: 
 
 Legal – o caso é regido por norma reguladora de hipótese 
semelhante. 
 
 Jurídica– o caso é regido por um princípio extraído do ordenamento 
jurídico em seu conjunto 
 
 In Bonam Partem – quando a analogia é empregada em benefício do 
agente. 
 
 In Malam Partem – quando a analogia é empregada em prejuízo do 
agente. 
 
20. Vamos recordar algumas classificações da lei penal: 
 
 Normas Penais Gerais: têm vigência em todo território nacional. 
 
 Normas Penais Locais ou Especiais: vigem apenas em uma parte 
determinada do território nacional. 
 
 Normas Penais Incriminadoras: são aquelas que, efetivamente, 
descrevem crimes e cominam as respectivas sanções. 
 
 Normas Penais Permissivas: são as normas que excluem a ilicitude de 
certas condutas, tipificadas na legislação penal. 
 
 Normas Penais Finais, Complementares ou Explicativas: são as que 
esclarecem o conteúdo de outras normas, ou delimitam o âmbito de 
sua aplicação. 
 
 Normas Penais Incompletas ( Lei Penal em Branco ): São aquelas 
normas penais cuja definição legal é hipossuficiente, ou seja, não 
basta por si só, tendo que buscar elementos, para efetivação da 
punição, em outras normas.

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