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da sociedade burguesa, grande parte das demais mercadorias continua durante longo tempo a ser avaliada pelo valor ultrapassado e agora ilusório da medida de valor. Entretanto, uma mercadoria contagia a outra por meio de sua relação de valor à mesma, os preços em ouro ou em prata das mercadorias se ajustam, progressivamente, às pro- porções determinadas pelos seus valores mesmos, até que por fim todos os valores das mercadorias são fixados de acordo com o novo valor do metal monetário. Esse processo de ajustamento é acompanhado pelo aumento contínuo dos metais preciosos, os quais afluem em substituição às mercadorias diretamente intercambiadas por eles. Na mesma me- dida, portanto, em que a fixação ajustada dos preços das mercadorias se generaliza, ou em que seus valores são fixados segundo o novo valor reduzido e até certo ponto continuando a se reduzir, do metal, já está disponível uma massa adicional necessária à sua realização. Uma ob- servação unilateral dos fatos conseqüentes à descoberta das novas fon- tes de ouro e de prata induziu, no século XVII e notadamente, no século XVIII, à conclusão errônea de que os preços das mercadorias ter-se-iam elevado porque mais ouro e prata funcionaram como meio circulante. No que segue, o valor do ouro é pressuposto como dado, como ele, de fato, no momento da fixação dos preços, é dado. Sob esse pressuposto, portanto, o volume do meio circulante é determinado pela soma dos preços das mercadorias a ser realizada. Consideremos, além disso, o preço de cada espécie de mercadoria como dado; então a soma dos preços das mercadorias depende evidentemente da massa de mercadorias em circulação. Não se necessita quebrar a cabeça para entender que, se 1 quarter de trigo custa 2 libras esterlinas, 100 quarters custam 200 libras esterlinas, 200 quarters, 400 libras esterlinas etc.; com a massa de trigo deve, portanto, crescer a massa do dinheiro que, na realização da venda, troca de lugar com ele. Pressuposto o volume de mercadorias como dado, a massa do dinheiro circulante oscila para cima e para baixo com as flutuações de preços das mercadorias. Ele sobe e cai, porque a soma dos preços das mercadorias, em conseqüência da mudança dos preços das mesmas, cresce ou diminui. Para isso, não é, de nenhuma forma, necessário que os preços de todas as mercadorias subam ou caiam, ao mesmo tempo. O aumento de preços de certo número de artigos líderes, em um caso, ou a queda de seus preços, em outro, basta para que a soma de preços a ser realizada de todas as mercadorias em circulação aumente ou diminua, e portanto para colocar mais ou menos dinheiro em circulação. Quer a mudança de preços das mercadorias reflita reais mudanças de valores ou meras oscilações dos preços de mercado, o efeito sobre o volume do meio circulante permanece o mesmo. Seja dado certo número de vendas ou metamorfoses parciais não relacionadas, simultâneas e, portanto, espacialmente paralelas, como, por exemplo, de 1 quarter de trigo, 20 varas de linho, 1 Bíblia, 4 galões OS ECONOMISTAS 240
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