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Direito Penal I Profº. Paulo Eduardo Sabio Ensino Jurídico à Distância 1 Direito Penal I – Aula 04 Âmbito de Eficácia da Lei Penal – Parte II Territorialidade da Lei Penal Lugar do Crime Extraterritorialidade Eficácia da Lei Penal em Relação as pessoas que exercem determinadas funções. 1. Considerações Iniciais Como se expôs na aula anterior, a Lei Penal não vige em todo mundo. Aliás, o mais correto seria dizer que nossa lei penal não vige em todo mundo, a exemplo do que ocorre com a lei penal de outros Estados Soberanos. Por isso se afirmou, na aula anterior1, que a eficácia da lei penal também pode ser limitada por questões geográficas, territoriais. Uma vez que: via de regra, cada país é incumbido de sancionar os delitos que venham a ocorrer em seu território ( Princípio da Territorialidade). E esta regra simples tornaria inútil qualquer discussão acerca do âmbito de eficácia da lei penal, se não fosse ineficaz para resolver certo casos. Pare e pense: pode ocorrer, por exemplo, que um delito atinja um bem jurídico que interesse a mais de um país, ou ainda, pode ocorrer que uma ação criminosa seja praticada dentro dos limites territoriais de um determinado país, e seu resultado só ocorra, efetivamente, dentro dos limites territoriais de outro. Já deu para perceber que: o princípio da territorialidade, atuando por si só, em determinadas situações, se mostra insuficiente. Direito Penal I Profº. Paulo Eduardo Sabio Ensino Jurídico à Distância 2 A propósito: no ordenamento jurídico pátrio, o tema do âmbito espacial de eficácia da lei penal é pelos artigos 5º, 6º, 7º, 8º e 9º do Código Penal. Sendo que: o artigo 5º do Código Penal consagra a regra geral, que é a territorialidade da lei penal. Contudo, esta regra não é absoluta, uma vez que podem ocorrer hipóteses de não-incidência da lei penal pátria à crimes praticados dentro do território nacional, ou pode ocorrer também que a lei penal seja aplicada a crimes cometidos fora do território nacional, como adiante se verá. A propósito: cremos ser oportuno transcrever os artigos legais que regulam a matéria, para que se possa, antes de iniciarmos nossa exposição, ter em mente a maneira como o legislador cuidou do tema. Territorialidade Art. 5º Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito internacional, ao crime cometido no território nacional. § 1º Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do território nacional as embarcações e aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço do governo brasileiro, onde quer que se encontrem, bem como as aeronaves e as embarcações brasileiras, mercantes ou de natureza privada, que se achem, respectivamente no espaço aéreo correspondente ou em alto mar. § 2º É também aplicável a lei brasileira aos crimes praticados a bordo de aeronaves ou embarcações estrangeiras, de propriedade privada, achando-se aquelas em 1 - Bem no início da aula passada, quando se disse que a lei penal pode ter sua eficácia limitada pelo tempo, pelo Direito Penal I Profº. Paulo Eduardo Sabio Ensino Jurídico à Distância 3 pouso no território nacional ou em vôo no espaço aéreo correspondente, e estas em porto ou mar territorial do Brasil. Lugar do Crime Art. 6º Considera-se praticado o crime n lugar em que ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria se produzir o resultado. Extraterritorialidade Art. 7º Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro: I – Os crimes: a) contra a vida ou a liberdade do Presidente de República; b) contra o patrimônio ou a fé publica da União, do Distrito Federal, de Estado, de Território, de Município, de empresa de pública, sociedade de economia mista, autarquia ou fundação instituída pelo Poder Público; c) contra a administração pública, por quem está a seu serviço; d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil; II – Os crimes: a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir; espaço ou pela função exercida por determinadas pessoas. Lembra ? Direito Penal I Profº. Paulo Eduardo Sabio Ensino Jurídico à Distância 4 b) praticados por brasileiros; c) praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, quando em território estrangeiro e aí não venham a ser julgados. § 1º Nos casos do inciso I, o agente é punido segundo a lei brasileira, ainda que absolvido ou condenado no estrangeiro. § 2º Nos casos do inciso II, a aplicação da lei brasileira depende do concurso das seguintes condições: a) entra o agente no território nacional; b) ser o fato punível também no país em que foi praticado; c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a extradição; Vide artigo 77 da Lei 6.815/80 ( Estatuto do Estrangeiro) d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou aí não ter cumprido pena; e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro, ou, por outro motivo não estar extinta a punibilidade, segundo a lei mais favorável. § 3º A lei brasileira aplica-se também ao crime cometido por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil, se, reunidas as condições previstas no parágrafo anterior: a ) não pedida ou negada sua extradição; Direito Penal I Profº. Paulo Eduardo Sabio Ensino Jurídico à Distância 5 b ) houve requisição do Ministro da Justiça. Pois bem: feita a leitura dos dispositivos supracitados, podemos começar lembrando que, tal como dissemos anteriormente, via de regra, a lei penal é elaborada para viger dentro dos limites nos quais o Estado exerce sua soberania. Em outras palavras: a regra geral é a territorialidade da lei penal, porém podem ocorrer casos de não-incidência de nossa lei penal à crimes praticados dentro do território nacional, e até mesmo, pode ocorrer que a lei penal brasileira produza efeitos fora de nosso território, sendo que nesses casos ocorrerá a chamada extraterritorialidade da lei Penal. Sendo assim: pode-se dizer que o princípio por nós adotado, como regra, em relação ao âmbito espacial de eficácia da lei penal é o da territorialidade temperada. E isso se afirma por dois motivos: em primeiro lugar, a lei penal brasileira poderá deixar de ser aplicada aos crimes cometidos dentro do território nacional, se normas de direito internacional não dispuserem em sentido contrário. Em segundo lugar, porque pode ocorrer, como se verá, uma aplicação extraterritorial da nossa lei penal, alcançando crimes cometidos fora do território nacional. A propósito: ousamos afirmar, ainda, que o princípio da territorialidade temperada resume-se em sendo o princípio da territorialidade acrescido dos princípios atinentes à extraterritorialidade, que vêm amenizar a rigidez do princípio da territorialidade propriamente dito. Direito Penal I Profº. Paulo Eduardo Sabio Ensino Jurídico à Distância 6 Preste atenção: tal como ensina-nos Francisco de Assis Toledo, o princípio da territorialidade é o mais fundamental, por apresentar-se como norma geral, no artigo 5º, “caput” do Código Penal, e os demais princípios ( que serão objeto de nosso estudo logo adiante), têm natureza complementar, e operam como norma especial, nas hipótese específicas em que tiverem aplicação. Continue prestando atenção: segundo o Profº. Alberto Silva Franco, “a conseqüência imediata