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04-Âmbito de Eficácia da Lei Penal – P-II - Prof

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Direito Penal I 
Profº. Paulo Eduardo Sabio 
Ensino Jurídico à Distância 
1
 
Direito Penal I – Aula 04 
 
Âmbito de Eficácia da Lei Penal – Parte II 
 
 
 Territorialidade da Lei Penal 
 
 Lugar do Crime 
 
 Extraterritorialidade 
 
 Eficácia da Lei Penal em Relação as pessoas que exercem 
determinadas funções. 
 
 
1. Considerações Iniciais 
 
Como se expôs na aula anterior, a Lei Penal não vige em todo mundo. 
Aliás, o mais correto seria dizer que nossa lei penal não vige em todo mundo, a 
exemplo do que ocorre com a lei penal de outros Estados Soberanos. Por isso 
se afirmou, na aula anterior1, que a eficácia da lei penal também pode ser 
limitada por questões geográficas, territoriais. 
 
 Uma vez que: via de regra, cada país é incumbido de sancionar os delitos que 
venham a ocorrer em seu território ( Princípio da Territorialidade). E esta regra 
simples tornaria inútil qualquer discussão acerca do âmbito de eficácia da lei 
penal, se não fosse ineficaz para resolver certo casos. 
 
Pare e pense: pode ocorrer, por exemplo, que um delito atinja um bem jurídico 
que interesse a mais de um país, ou ainda, pode ocorrer que uma ação 
criminosa seja praticada dentro dos limites territoriais de um determinado país, 
e seu resultado só ocorra, efetivamente, dentro dos limites territoriais de outro. 
 
Já deu para perceber que: o princípio da territorialidade, atuando por si só, 
em determinadas situações, se mostra insuficiente. 
Direito Penal I 
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2
 
A propósito: no ordenamento jurídico pátrio, o tema do âmbito espacial de 
eficácia da lei penal é pelos artigos 5º, 6º, 7º, 8º e 9º do Código Penal. 
 
Sendo que: o artigo 5º do Código Penal consagra a regra geral, que é a 
territorialidade da lei penal. Contudo, esta regra não é absoluta, uma vez que 
podem ocorrer hipóteses de não-incidência da lei penal pátria à crimes 
praticados dentro do território nacional, ou pode ocorrer também que a lei penal 
seja aplicada a crimes cometidos fora do território nacional, como adiante se 
verá. 
 
A propósito: cremos ser oportuno transcrever os artigos legais que regulam a 
matéria, para que se possa, antes de iniciarmos nossa exposição, ter em 
mente a maneira como o legislador cuidou do tema. 
 
Territorialidade 
 
Art. 5º Aplica-se a lei brasileira, sem 
prejuízo de convenções, tratados e regras 
de direito internacional, ao crime 
cometido no território nacional. 
 
§ 1º Para os efeitos penais, consideram-se 
como extensão do território nacional as 
embarcações e aeronaves brasileiras, de 
natureza pública ou a serviço do governo 
brasileiro, onde quer que se encontrem, 
bem como as aeronaves e as embarcações 
brasileiras, mercantes ou de natureza 
privada, que se achem, respectivamente no 
espaço aéreo correspondente ou em alto 
mar. 
 
§ 2º É também aplicável a lei brasileira 
aos crimes praticados a bordo de 
aeronaves ou embarcações estrangeiras, de 
propriedade privada, achando-se aquelas em 
 
1 - Bem no início da aula passada, quando se disse que a lei penal pode ter sua eficácia limitada pelo tempo, pelo 
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3
pouso no território nacional ou em vôo no 
espaço aéreo correspondente, e estas em 
porto ou mar territorial do Brasil. 
 
Lugar do Crime 
 
Art. 6º Considera-se praticado o crime n 
lugar em que ocorreu a ação ou omissão, no 
todo ou em parte, bem como onde se 
produziu ou deveria se produzir o 
resultado. 
 
 
Extraterritorialidade 
 
Art. 7º Ficam sujeitos à lei brasileira, 
embora cometidos no estrangeiro: 
 
I – Os crimes: 
 
a) contra a vida ou a liberdade do 
Presidente de República; 
 
b) contra o patrimônio ou a fé publica da 
União, do Distrito Federal, de Estado, de 
Território, de Município, de empresa de 
pública, sociedade de economia mista, 
autarquia ou fundação instituída pelo 
Poder Público; 
 
c) contra a administração pública, por 
quem está a seu serviço; 
 
d) de genocídio, quando o agente for 
brasileiro ou domiciliado no Brasil; 
 
II – Os crimes: 
 
a) que, por tratado ou convenção, o Brasil 
se obrigou a reprimir; 
 
espaço ou pela função exercida por determinadas pessoas. Lembra ? 
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4
 
b) praticados por brasileiros; 
 
c) praticados em aeronaves ou embarcações 
brasileiras, mercantes ou de propriedade 
privada, quando em território estrangeiro 
e aí não venham a ser julgados. 
 
§ 1º Nos casos do inciso I, o agente é 
punido segundo a lei brasileira, ainda que 
absolvido ou condenado no estrangeiro. 
 
§ 2º Nos casos do inciso II, a aplicação 
da lei brasileira depende do concurso das 
seguintes condições: 
 
a) entra o agente no território nacional; 
 
b) ser o fato punível também no país em 
que foi praticado; 
 
c) estar o crime incluído entre aqueles 
pelos quais a lei brasileira autoriza a 
extradição; 
Vide artigo 77 da Lei 6.815/80 ( Estatuto 
do Estrangeiro) 
 
d) não ter sido o agente absolvido no 
estrangeiro ou aí não ter cumprido pena; 
 
e) não ter sido o agente perdoado no 
estrangeiro, ou, por outro motivo não 
estar extinta a punibilidade, segundo a 
lei mais favorável. 
 
§ 3º A lei brasileira aplica-se também ao 
crime cometido por estrangeiro contra 
brasileiro fora do Brasil, se, reunidas as 
condições previstas no parágrafo anterior: 
 
a ) não pedida ou negada sua extradição; 
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5
 
b ) houve requisição do Ministro da 
Justiça. 
 
 
Pois bem: feita a leitura dos dispositivos supracitados, podemos começar 
lembrando que, tal como dissemos anteriormente, via de regra, a lei penal é 
elaborada para viger dentro dos limites nos quais o Estado exerce sua 
soberania. 
 
Em outras palavras: a regra geral é a territorialidade da lei penal, porém 
podem ocorrer casos de não-incidência de nossa lei penal à crimes praticados 
dentro do território nacional, e até mesmo, pode ocorrer que a lei penal 
brasileira produza efeitos fora de nosso território, sendo que nesses casos 
ocorrerá a chamada extraterritorialidade da lei Penal. 
 
Sendo assim: pode-se dizer que o princípio por nós adotado, como regra, em 
relação ao âmbito espacial de eficácia da lei penal é o da territorialidade 
temperada. E isso se afirma por dois motivos: 
 
 em primeiro lugar, a lei penal brasileira poderá deixar de ser aplicada aos 
crimes cometidos dentro do território nacional, se normas de direito 
internacional não dispuserem em sentido contrário. 
 
 Em segundo lugar, porque pode ocorrer, como se verá, uma aplicação 
extraterritorial da nossa lei penal, alcançando crimes cometidos fora do 
território nacional. 
 
 
A propósito: ousamos afirmar, ainda, que o princípio da territorialidade 
temperada resume-se em sendo o princípio da territorialidade acrescido dos 
princípios atinentes à extraterritorialidade, que vêm amenizar a rigidez do 
princípio da territorialidade propriamente dito. 
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Preste atenção: tal como ensina-nos Francisco de Assis Toledo, o princípio da 
territorialidade é o mais fundamental, por apresentar-se como norma geral, no 
artigo 5º, “caput” do Código Penal, e os demais princípios ( que serão objeto de 
nosso estudo logo adiante), têm natureza complementar, e operam como 
norma especial, nas hipótese específicas em que tiverem aplicação. 
 
Continue prestando atenção: segundo o Profº. Alberto Silva Franco, “a 
conseqüência imediataque resulta do princípio da territorialidade é a de que 
ninguém, nacional ou estrangeiro, ou até mesmo apátrida2, residente ou em 
trânsito, no Brasil, poderá se esquivar da aplicação da lei penal brasileira, por 
fatos criminosos aqui praticados 
 
2 . O “Território Nacional” 
 
Antes de tratarmos dos princípios que norteiam a aplicação da lei penal 
no espaço, convém tecermos alguns comentários acerca do vocábulo 
“território”. E isso se afirma pois tal vocábulo pode ser traduzido sob dois 
prismas, quais sejam: sob o prisma material e sob o prisma jurídico. Vejamos a 
diferença entre esses dois prismas: 
 
 Sob o prisma material, o território nacional compreende o espaço delimitado 
por fronteiras geográficas. 
 
 E sob o prisma jurídico, o território nacional abrange todo o espaço onde o 
Estado exerce sua soberania. 
 
Saiba ainda que: o território nacional é composto pelos seguintes elementos: 
 
 solo ocupado pela corporação política 
 lagos 
 rios 
 mares interiores 
 
2 - De acordo com a definição encontrada nos dicionários, tal termo serve para designar o estrangeiro que se refugia 
num país, por haver sido conquistada a sua pátria 
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 golfos 
 baías 
 portos 
 pelo mar territorial3 (que se constitui em sendo a faixa ao longo da costa, 
incluindo o leito e o subsolo respectivos) 
 espaço aéreo. 
 
A propósito: existe ainda o chamado território por extensão, que é descrito no 
§1º do artigo 5º do Código Penal, que assim preceitua: 
 
 
§ 1º Para os efeitos penais, consideram-se 
como extensão do território nacional as 
embarcações e aeronaves brasileiras, de 
natureza pública ou a serviço do governo 
brasileiro, onde quer que se encontrem, 
bem como as aeronaves e as embarcações 
brasileiras, mercantes ou de natureza 
privada, que se achem, respectivamente no 
espaço aéreo correspondente ou em alto 
mar. 
 
§ 2º É também aplicável a lei brasileira 
aos crimes praticados a bordo de 
aeronaves ou embarcações estrangeiras, de 
propriedade privada, achando-se aquelas em 
pouso no território nacional ou em vôo no 
espaço aéreo correspondente, e estas em 
porto ou mar territorial do Brasil. 
 
Preste atenção: no que toca à expressão “território nacional”, temos por bem 
que se fixem algumas premissas básicas, a saber: 
 
 As embarcações e aeronaves brasileiras de natureza pública, onde quer 
que se encontre são consideradas parte do território nacional. 
 
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 Em relação as embarcações e aeronaves de natureza privada, serão estas 
consideradas extensão do território nacional quando se acharem, 
respectivamente, no mar territorial brasileiro ou no espaço aéreo 
correspondente. 
 
 
Saiba que: uma vez estas colocações, algumas questões extremamente 
interessantes nos são trazidas pelo Profº. Damásio Evangelista de Jesus, e 
não poderíamos deixar de cita-las, para assim enriquecer mais um pouco esta 
nossa aula. 
 
 
 E se navios privados brasileiros se encontrarem em mar territorial 
estrangeiro ? 
 
Neste caso: se submeterão às leis do país correspondente, e se estiverem em 
alto mar, se submeterão à lei do país cuja bandeira ostentam. 
 
 E se alguém cometer uma infração em uma jangada, construída com 
destroços de um navio naufragado ? 
 
Neste caso: tal como ensina-nos o Profº. Damásio Evangelista de Jesus, se a 
jangada foi feita com destroços de navio naufragado, segue-se a lei da nação a 
que pertencia o navio, pois o material que foi usado na construção da jangada 
representa o próprio navio. 
 
Saiba também que: segundo o penalista em questão, no caso de 
abalroamento, que origina uma jangada feita com destroços de dois navios 
pertencentes a países diferentes, o delinqüente deverá ficar submetido à lei de 
seu próprio Estado, obedecendo-se o princípio da personalidade, que será 
estudado adiante. 
 
 
1- O mar territorial abrange uma faixa de 12 milhas marítimas de largura, medidas a parir do baixa-mar do litoral 
continental e insular brasileiro, de acordo com o artigo 1º da Lei 8.617 / 93. 
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 Onde deve ser processado, por exemplo, um piloto que, pertencendo à 
tripulação de uma avião que presta serviços ao governo, sai do aeroporto 
onde o avião está pousado para efeitos de “escala” e comete crime ? 
( questão nossa) 
 
Neste caso, depende da situação, pois: se o piloto saiu do aeroporto à 
serviço, fica sujeito à lei penal da bandeira ostentada pelo avião. Mas se saiu 
do aeroporto por motivos particulares e cometeu um crime, ficará sujeito à lei 
local. 
 
 
3. Princípios que regulam a aplicação da Lei Penal no espaço 
 
 
É chegado o momento de estudarmos os princípios que norteiam a 
aplicação da lei penal no espaço, quais sejam: 
 
 Princípio da Territorialidade 
 Princípio da Nacionalidade 
 Princípio da Defesa, Real ou de Proteção 
 Princípio da Justiça Penal Universal ou da Universalidade 
 Princípio da Representação 
 
Vamos ver, agora, as particularidades de cada um desses princípios, 
que são de inquestionável importância. Comecemos pelo princípio da 
territorialidade: 
 
3.1. Princípio da Territorialidade: como já fora anteriormente estudado, 
segundo este princípio, a lei penal de um país terá aplicação aos crimes 
cometidos dentro de seu território. 
 
Sendo que: se origina este princípio da noção de soberania estatal, ou seja: 
um Estado tem exercer sua jurisdição sobre as pessoas que se encontrem em 
seu território. 
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A propósito: apesar da aparente eficiência deste princípio, ele encontrará 
dificuldades de reger, por si só, os casos de crimes continuados e 
permanentes, por exemplo, uma vez que nestes casos, os crimes pode ter 
tidos como praticados em mais de um país. 
 
Entretanto: não é sem motivos que este princípio é adotado como regra geral. 
 
Pare e pense: processualmente, por exemplo, ele é o mais coerente dos 
princípios, uma vez que enormes seriam as dificuldades de processar um 
cidadão em um país diferente de onde se cometeu um delito. Imagine, por 
exemplo, as dificuldades de se produzir provas no Brasil, no caso de um crime 
praticado da Austrália. 
 
E tem mais: a aplicação da lei penal, num país diferente de onde ocorreu o 
crime, suprimiria a função intimidativa da pena4, haja vista que os cidadãos de 
um determinado país não teriam a oportunidade de constatar a punição aos 
fatos criminosos ali ocorridos. 
 
Em outros termos: a melhor doutrina leciona que a adoção do princípio da 
territorialidade como regra têm um tríplice fundamento, a saber: 
 
 Processual: uma vez seriam encontradas sérias dificuldades ao se 
processar um cidadão em país que diferente daquele que foi praticado o 
delito. 
 
 Repressivo: a aplicação da sanção penal em lugar outro que não o local do 
crime propriamente dito, acaba por dilacerar o caráter intimidativo da pena. 
 
 Internacional: a função punitiva do Estado é a mais expressiva emanação 
de sua soberania, e o monopólio do Jus Puniendi ( direito de punir), que 
pertence ao Estado, dentro dos limites do seu território exclui a interferência 
de outro, sendo tutelado o princípio da soberania. 
 
4 - Que será melhor estudada quando abordarmos a “Teoria Geral da Pena” 
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3.2. Princípio da Nacionalidade: também é denominado “Princípio da 
Personalidade”.Segundo este princípio, os cidadãos de um determinado país 
devem obediência às suas leis, onde quer que se encontrem. Este princípio se 
divide em: 
 
a – Princípio da Nacionalidade Ativa: segundo esta orientação, aplica-se a lei 
nacional ao cidadão que comete crime no estrangeiro, independentemente da 
nacionalidade do sujeito passivo ou do bem jurídico lesado. 
 
b – Princípio da Nacionalidade Passiva: este exige que o fato praticado pelo 
nacional atinja um bem jurídico de seu próprio estado ou de um concidadão. 
 
3.3. Princípio da Defesa, Real ou de Proteção: neste princípio se leva em 
consideração a nacionalidade do bem jurídico lesado, independentemente da 
nacionalidade do sujeito ativo ou do local da pratica do crime. Segundo o Profº 
Nelson Hungria, este princípio resulta da necessidade de se acautelarem, os 
Estados, contra crimes que se praticam, no estrangeiro, contra seus interesses 
vitais. 
 
3.4. Princípio da Justiça Penal Universal ou da Universalidade: segundo 
este princípio, todo Estado tem o direito de punir todo e qualquer crime, 
independentemente da nacionalidade do criminoso ou do bem jurídico lesado, 
ou do local em que o crime foi praticado, bastando que o criminoso se encontre 
dentro do seu território. É como se, para efeitos de aplicação da lei penal, o 
planeta todo fosse um só território. 
 
3.5. Princípio da Representação: de acordo com este princípio, a lei penal 
brasileira também será aplicada aos delitos cometidos em aeronaves e 
embarcações privadas brasileiras quando se encontrarem no estrangeiro e ai 
não venham a ser julgados. 
 
Preste Muita Atenção: O Código Penal brasileiro adota o princípio da 
territorialidade como regra e os outros como exceção, sendo que estes outros 
princípios visam disciplinar a aplicação “extraterritorial” da lei penal brasileira, 
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como se verá, e complementam, portanto, a aplicação do Princípio da 
Territorialidade. 
 
4. Do Lugar Crime 
 
 Antes de adentrarmos no tópico da extraterritorialidade da lei penal, 
convém que falemos um pouco sobre qual é considerado, para o legislador, o 
lugar da prática do crime. I 
 
Isto porque: tal como dissemos na aula passada, nem sempre coincidem o 
momento da prática da ação ou omissão com o momento da ocorrência do 
resultado propriamente dito. 
 
E sendo assim: pode ser que a ação seja praticada num dado local, mas que 
o resulta só ocorra, efetivamente, em local diverso. Para regular este aspecto 
da aplicação da lei penal no espaço, foram formuladas três teorias, a saber: 
 
4.1. Teoria da Atividade: de acordo com esta teoria considera-se praticado o 
crime no lugar onde o agente desenvolveu a atividade criminosa, onde praticou 
os atos executórios, ou seja, segundo esta teoria, lugar do crime é o lugar da 
ação ou omissão, sendo irrelevante o lugar da produção do resultado. 
 
4.2. Teoria do resultado: também conhecida como teoria do efeito ou evento. 
Segundo esta teoria, o locus delicti ( o local do crime) é o lugar da produção do 
resultado, sendo irrelevante o local onde fora praticada a conduta. 
 
4.3. Teoria da Ubiqüidade ou Mista: segundo esta teoria, lugar do crime é 
aquele no qual se realizou qualquer das fases da realização do crime, seja a 
prática de atos executórios, seja a consumação. 
 
A propósito: uma fez feita a leitura do artigo 6º do Código Penal, nota-se, sem 
grandes dificuldades, que esta foi a teoria adotada pelo nosso legislador. 
Vamos dar uma olhada no dispositivo legal em questão: 
 
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Lugar do Crime 
 
Art. 6º Considera-se praticado o crime no 
lugar em que ocorreu a ação ou omissão, no 
todo ou em parte, bem como onde se 
produziu ou deveria se produzir o 
resultado. 
 
Note que: este tópico ( do lugar do crime) guarda íntima relação com o assunto 
“extraterritorialidade”, uma vez que a determinação do local do crime é decisiva 
no tocante à competência penal internacional, tal como ensina-nos o Profº. 
Damásio Evangelista de Jesus. 
 
 
5 . Da Extraterritorialidade da Lei Penal 
 
Tal como dissemos anteriormente, por vezes um crime cometido fora do 
território nacional e, mesmo assim ficará sujeito à lei penal pátria. É a chamada 
“extraterritorialidade” da lei penal . 
 
Saiba que: as hipóteses de extraterritorialidade da lei penal estão previstas no 
artigo 7º do Código Penal, e antes de mais nada convém assinalar que em 
alguns casos a extraterritorialidade será incondicionada ( casos do inciso I ) e 
em outros será condicionada ( casos do inciso II ). 
 
Sendo que: diz-se incondicionada a extraterritorialidade quando a aplicação da 
lei penal brasileira não se subordinar a nenhum requisito. Segundo o Profº 
Damásio Evangelista de Jesus, funda-se este incondicionalismo, na 
circunstância de esses crimes ofenderem bens jurídicos de capital importância, 
afetando interesses relevantes do Estado. 
 
Por outro lado: existe o que se denomina de extraterritorialidade 
condicionada, onde a aplicação da lei penal brasileira dependerá do 
preenchimento de certos requisitos, constantes no parágrafo 2º do artigo 7º. 
Relembrando que os casos de extraterritorialidade condicionada estão 
arrolados no inciso II do artigo 7º. 
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14
 
Preste atenção: todas as hipóteses de aplicação extraterritorial da lei penal se 
ligam à algum dos princípios anteriormente estudados ( territorialidade, 
nacionalidade, defesa, justiça penal universal e representação) 
 
Sendo que: para estudarmos as hipóteses, em si, de aplicação extraterritorial 
da lei penal, decidimos adotar o seguinte método: faremos a transcrição do 
artigo 7º, e em cada uma das hipóteses faremos a ligação com o devido 
princípio, e identificaremos, em cada caso, a espécie de extraterritorialidade ( 
condicionada ou incondicionada). 
 
A propósito: à título complementativo faremos, posteriormente, algumas 
observações que entendemos convenientes. 
 
 
Art. 7º Ficam sujeitos à lei brasileira, 
embora cometidos no estrangeiro: 
 
 
I – Os crimes: 
 
a) contra a vida ou a liberdade do 
Presidente de República; 
 
Espécie: extraterritorialidade 
incondicionada 
 
Princípio: Princípio Real , da defesa ou 
proteção 
 
b) contra o patrimônio ou a fé publica da 
União, do Distrito Federal, de Estado, de 
Território, de Município, de empresa de 
pública, sociedade de economia mista, 
autarquia ou fundação instituída pelo 
Poder Público; 
 
Espécie: extraterritorialidade 
incondicionada 
 
Princípio: Princípio Real , da defesa ou 
proteção 
 
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c) contra a administração pública, por 
quem está a seu serviço; 
 
Espécie: extraterritorialidade 
incondicionada 
 
Princípio: Princípio Real , da defesa ou 
proteção 
 
OBS: as alíneas “b” e “c” se referem aos 
crimes previstos nos artigos 289 a 326 do 
CP 
 
d) de genocídio, quando o agente for 
brasileiro ou domiciliado no Brasil; 
 
Espécie: extraterritorialidade 
incondicionada 
 
Princípio: Princípio da Justiça Penal 
Universal. 
 
II – Os crimes: 
 
a) que, por tratado ou convenção, o Brasil 
se obrigou a reprimir; 
 
Espécie: Condicionada 
 
Princípio: Princípio da Justiça Universal 
 
b) praticados por brasileiro; 
 
Espécie: Condicionada 
 
Princípio: Princípio da Nacionalidade 
Ativa 
 
 
c) praticados em aeronaves ou embarcações 
brasileiras, mercantes ou de propriedade 
privada, quando em território estrangeiro 
e aí não venham a ser julgados. 
 
Espécie: condicionada 
 
Princípio: Princípio da representação 
 
 
§ 1º Nos casos do inciso I, o agente é 
punido segundo a lei brasileira, ainda que 
absolvido ou condenado no estrangeiro. 
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( extraterritorialidade incondicionada) 
 
§ 2º Nos casos do inciso II, a aplicação 
da lei brasileira depende do concurso das 
seguintes condições: 
( extraterritorialidade condicionada) 
 
a) entrar o agente no território nacional; 
 
b) ser o fato punível também no país em 
que foi praticado; 
 
c) estar o crime incluído entre aqueles 
pelos quais a lei brasileira autoriza a 
extradição; 
 
OBS: Vide artigo 77 da Lei 6.815/80 
( Estatuto do Estrangeiro) 
 
d) não ter sido o agente absolvido no 
estrangeiro ou aí não ter cumprido pena; 
 
e) não ter sido o agente perdoado no 
estrangeiro, ou, por outro motivo não 
estar extinta a punibilidade, segundo a 
lei mais favorável. 
 
§ 3º A lei brasileira aplica-se também ao 
crime cometido por estrangeiro contra 
brasileiro fora do Brasil, se, reunidas as 
condições previstas no parágrafo anterior: 
 
 
a ) não pedida ou negada sua extradição; 
 
b ) houve requisição do Ministro da 
Justiça. 
 
 
Preste muita atenção: é importante que se tenha em mente que as condições 
previstas no § 2º devem coexistir, ou seja, a lei brasileira só é aplicável quando 
incidem todas as condições ao mesmo tempo. 
 
Continue Prestando Atenção: O princípio da extraterritorialidade não se 
aplica às contravenções. Isto porque o artigo 2º da Lei de Contravenções 
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Penais5 preceitua que a lei brasileira só é aplicável à contravenção praticada 
no território nacional. 
 
Atente também para às seguintes observações: 
 
 A alínea “a” do inciso I, trata dos crimes contra a vida ou liberdade do 
Presidente da República. Sendo que, levando-se em consideração a técnica 
legislativa do Direito Penal, é de se concluir que o legislador apenas 
desejou abranger, nesta hipótese de extraterritorialidade, os crimes dos 
capítulos I à VI da parte especial do Código Penal. E ficam excluídos desta 
hipótese, por exemplo, crimes como o latrocínio e a extorsão mediante 
seqüestro, que estão denominados de “crimes contra o patrimônio”. Tal 
como bem leciona o Profº. Júlio Fabbrini Mirabete, o melhor seria a lei se 
referir a crimes que atinjam a vida ou a liberdade do Presidente da 
República. 
 
 Conforme dispõe o §1º do dispositivo em estudo, nas hipóteses do inciso I, 
o agente será punido segundo a lei brasileira ainda que absolvido ou 
condenado no estrangeiro. Isso, entretanto, não significa que as penas 
serão cumpridas integralmente nos dois países, haja vista que isto se 
configuraria em sendo um evidente rigorismo excessivo da lei. 
 
Saiba que: o artigo 8º do Código Penal ameniza este pretenso excesso, ao 
preceituar que a pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta no 
Brasil, quando diversas, ou nela é computada quando idênticas. Vamos dar 
uma olhada no referido dispositivo: 
 
Art.8. A pena cumprida no estrangeiro 
atenua a pena imposta no Brasil pelo mesmo 
crime, quando diversas, ou nela é 
computada quando idênticas. 
 
 
5 - Decreto Lei 3.688 / 41 
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A propósito: preste atenção também a estas observações referentes às 
condições constantes § 2º do artigo 7º: 
 
 No que toca a entrada do agente no território nacional, convém aclarar que 
não importa se o ingresso é voluntário ou não, ou que a presença seja 
prolongada ou temporária. 
 
 E no que tange à necessidade de ser o fato punível também no local onde 
foi praticado, não importa que ele seja previsto legalmente com o mesmo 
nomem juris ou com outro. 
 
 Se o fato for praticado em região que não está submetida a nenhuma 
legislação penal, como por exemplo, a região polar, o fato cometido pelo 
nacional deverá se submeter à legislação penal pátria. 
 
 Em relação ao instituto da extradição, este pode ser definido como sendo o 
instrumento jurídico pelo qual um Estado soberano envia pessoa que se 
encontra em seu território à outro Estado soberano a fim de que, neste, seja 
julgada ou receba a imposição de uma pena já aplicada 
 
 Convém ainda, no tocante à extradição, ressaltar que entre nós vigora o 
“Princípio da Não-Extradição de Nacionais”, segundo o qual nenhum 
nacional será extraditado, salvo o naturalizado, em caso de crime comum 
praticado antes da naturalização ou de comprovado envolvimento em tráfico 
ilícito de entorpecentes. O princípio em comento é previsto pelo artigo 5º, 
inciso LI da Constituição Federal. Vamos dar uma olhada no dispositivo: 
 
 
“Art. 5º. Todos são iguais perante a lei, 
sem distinção de qualquer natureza, 
garantindo-se aos brasileiros e aos 
estrangeiros residentes no País a 
inviolabilidade do direito á vida, á 
liberdade, á igualdade, á segurança e à 
propriedade, nos termos seguintes: 
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( ... ) 
 
LI – nenhum brasileiro será extraditado, 
salvo o naturalizado, em caso de crime 
comum, praticado antes da naturalização ou 
de comprovado envolvimento em tráfico 
ilícito de entorpecentes e drogas afins, 
na forma da lei. 
 
 No que toca à extradição, convém também expor que vige, também, entre 
nós, o “Princípio da Limitação em Razão da Pena”, segundo o qual não 
será concedida a extradição para países onde a pena de morte e a prisão 
perpétua são previstas, a menos que dêem garantias de que não se irão 
aplicá-las. 
 
6. Eficácia da Lei Penal em Relação às Pessoas que Exercem 
Determinadas Funções 
 
 
 
 Para finalizar esta nossa aula e o tema “âmbito de eficácia da lei penal”, 
devemos fazer alguns comentários acerca da eficácia da lei penal em relação 
às pessoas que exercem determinadas funções. 
 
A propósito: o estudo deste tópico é de extrema importância pois, regra geral, 
a lei penal tem eficácia erga omnes, ou seja, se aplica à todos, indistintamente, 
aliás, nunca é demais lembrar que o artigo 5º, caput, da Constituição Federal 
preceitua, que todos são iguais perante a lei. 
 
No entanto: não são todas as pessoas que se encontram dentro do nosso 
território que estão sujeitas à aplicação da lei penal, e mais ainda, algumas das 
pessoas que se encontram dentro de nosso território, apesar de também se 
sujeitarem às nossas leis penais, o fazem de uma maneira diferenciada. 
 
Preste muita atenção: é importante que se ressalte que esses privilégios não 
são concedidos em razão da pessoa, mas sim em virtude da função por elas 
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exercida, sendo que, por isso, tais limites de incidência da lei penal não se 
configuram em sendo uma afronta ao Princípio da Igualdade. Não são 
privilégios pessoais, e sim funcionais. 
 
 
A propósito: vejamos agora algumas das hipóteses nas quais a lei penal terá 
sua eficácia limitada em razão das funções exercidas por determinadas 
pessoas: 
 
 Imunidades Diplomáticas: estas são oriundas do Direito Internacional, e 
excluem, da aplicação da lei penal dos países onde se encontram 
creditados, estabelecidos, os Chefes de Estado e representantes dos 
governos estrangeiros. Segundo o Profº Damásio Evangelista de Jesus, os 
representantes diplomáticos não se sujeitam à jurisdição criminal do país 
onde estão creditados porque suas condutas permanecem sob a eficácia da 
lei penal do Estado ao qual pertencem6. 
 
 
Preste atenção: os funcionários do corpo diplomático também gozam desta 
imunidade, bem como também os componentes da família do representante. 
 
Porém: este privilégio não se estende aos cônsules, pois suas funções são 
meramente administrativas. 
 
 
 Chefes de Governo: os soberanos das monarquias constitucionais são 
invioláveis, em virtude do cargo que exercem. E dependendo do preceito 
constitucional, não respondem pelas infrações porele cometidas. 
 
Porém: o mesmo não ocorre em relação aos presidentes de repúblicas, que 
se sujeitam à regime criminal especial. 
 
Sendo que: dissemos que os presidentes de repúblicas se sujeitam à um 
regime criminal especial por dois motivos, quais sejam: 
 
6 - Note que tal excepcionalidade de aplicação da lei penal tem íntima ligação com o “Princípio da Nacionalidade ou 
Personalidade Ativa”, que fora anteriormente abordado. 
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 A competência originária para o julgamento do presidente da república em 
caso de este ter cometidos crimes comuns é do Supremo Tribunal Federal7, 
que se configura em sendo o nosso órgão jurisdicional máximo. 
 
E tem mais: o julgamento por parte de nossa Suprema Corte dependerá de 
prévia aprovação da câmara dos deputados com relação à acusação em si. 
 
 No caso de um presidente da república cometer um crime de 
responsabilidade8, a competência para o julgamento de tal crime será do 
Senado Federal, e também se depende, neste caso, de prévia aprovação 
da Câmara dos Deputados no que toca à acusação em si. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
7 - Enquanto que no caso dos cidadãos comuns o órgão jurisdicional competente para o julgamento de seus crimes 
são as Varas Criminais Estaduais de primeiro grau. 
8 - Em linhas gerais, “Crimes de Responsabilidade” podem se conceituados, Segundo Damásio Evangelista de Jesus 
como sendo “um fato violador do dever do cargo ou função, apenado com uma sanção criminal ou de natureza 
política”. Entretanto, existem outras particularidades atinentes ao tema que não abordaremos por não guardarem 
pertinência com a presente aula. 
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Questão – Problema 
 
Um amigo brasileiro de seu chefe, que passou vinte anos no Marrocos, 
voltou ao Brasil, depois de tanto tempo, para cuidar dos negócios da família. 
Ocorre que, 03 meses antes de voltar ao Brasil, enquanto ele ainda estava no 
Marrocos, contraiu núpcias com 02 ( duas ) mulheres, pois naquele país, em 
face dos costumes islâmicos que lá vigoram, como bem se sabe, não se 
condena a bigamia, desde que o homem tenha condições de sustentar mais de 
uma família, sem que nenhuma dessas seja prejudicada Entretanto, quando, 
após alguns dias de seu retorno ao Brasil, ele foi ao cartório para regularizar 
sua situação familiar, foi informado pelo cartório que aqui ainda se condena a 
bigamia, e que, além de ser impossível legalizar judicialmente dois 
matrimônios, ele ainda poderia ser processado criminalmente por isso, haja 
vista que o nosso Código Penal, em seu artigo 235 assim preceitua: 
 
Art. 235. Contrair alguém, sendo casado, novo 
casamento. 
 
Pena – reclusão, de 2 ( dois ) a 6 ( seis ) anos. 
 
Diante de tais informações, o amigo brasileiro de seu chefe, que é recém 
chegado do Marrocos fica desesperado, e procura seu chefe para lhe contar a 
história, e a imensa preocupação que agora o assola. Seu chefe, que você é 
um “expert” em Direito Penal, lhe convoca para uma reunião juntamente com 
seu amigo recém chegado do Marrocos para que você opine sobre a situação, 
no que se refere as eventuais conseqüências penais que ele poderia sofrer. 
 
O angustiado amigo do seu chefe, lhe faz as seguintes perguntas: 
 
 
1 – Eu, sendo brasileiro e tendo cometido um crime em outro país posso vir a 
ser processado e julgado criminalmente aqui no Brasil ? Porque ? Qual o 
dispositivo legal que diz isso ? 
 
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2 – Mesmo a bigamia não sendo crime no Marrocos eu, por ser brasileiro, 
poderia sofrer alguma conseqüência jurídico-penal aqui no Brasil pelo fato de 
tal conduta ser tipificada como crime pelo nosso Código Penal ? 
 
3 – Depois de você ter respondido tais indagações, o seu chefe lhe faz a 
seguinte pergunta: no que toca às contravenções penais, como funciona a 
extraterritorialidade de nossa lei penal ? 
 
Preste muita atenção: Lembre-se que a extraterritorialidade, em alguns casos 
é condicionada à certas circunstâncias. 
 
 Diante de tais questionamentos, responda as indagações do angustiado 
bígamo, tendo por base tudo que foi exposto na aula de hoje e, para mostrar ao 
seu chefe que você realmente entende de Direito Penal, responda também a 
pergunta que lhe foi por ele feita sobre as contravenções penais. 
 
A propósito: Na próxima aula adentraremos no estudo do crime em si, 
começaremos, na próxima aula, a estudar um pouco sobre “Teoria Geral do 
Crime”, e nossas aulas tendem a ficar cada vez mais empolgantes, pode 
acreditar. E um pouco mais extensas também, é verdade, mas não será nada 
que exija um esforço “fora do comum”. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Quadro Sinóptico 
 
1. A nossa Lei Penal não vige em todo o mundo, a exemplo do que ocorre 
com a lei penal de outros Estados Soberanos. 
 
2. Via de regram cada país é incumbido de sancionar os delitos que 
ocorrem em seu território ( princípio da territorialidade), mas esta 
regra, apesar de coerente, não consegue resolver certos casos, como 
por exemplo, dos delitos que atingem um bem jurídico que interessa a 
mais de um país, ou de um crime cujo resultado ocorre em país diverso 
do que foi praticada a conduta. 
 
3. Entre nós, a aplicação da lei penal no espaço é regulada pelos 
artigos 5º, 6º, 7º, 8º e 9º do Código Penal. 
 
4. O artigo 5º do Código Penal consagra a regra geral, que é a 
territorialidade da lei penal. Mas esta regra não é absoluta, uma vez 
que podem ocorrer hipótese de não incidência da lei penal pátria à 
delitos praticados no território nacional, bem como poderá acontecer 
de nossa lei penal ser aplicada à crimes cometidos fora do território 
nacional. 
 
5. Como a regra da territorialidade não é absoluta, é de se concluir 
que entre nós vige o Princípio da Territorialidade Temperada. 
 
6. Lembre-se que a conseqüência imediata que resulta do princípio da 
territorialidade é a de que ninguém, nacional ou estrangeiro, 
brasileiro ou apátrida, residente ou em trânsito no Brasil poderá se 
esquivar da aplicação da lei penal brasileira à fatos criminosos aqui 
praticados. 
 
7. Sob o prisma material, o território nacional compreende o espaço 
delimitado por fronteiras geográficas. E sob o prisma jurídico, o 
território nacional abrange todo o espaço onde o Estado exerce sua 
soberania. 
 
8. Território nacional por extensão: é descrito pelo artigo 5º, 
parágrafo 1º. 
 
 
 
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9. Dos Princípios que regulam a aplicação da lei penal no espaço: 
 
Princípio da Territorialidade: segundo este princípio, a lei penal de 
um país terá aplicação aos crimes cometidos dentro de seu território. 
 
Princípio da Nacionalidade: também é denominado “Princípio da 
Personalidade”. Segundo este princípio, os cidadãos de um determinado 
país devem obediência às suas leis, onde quer que se encontrem. Este 
princípio se divide em: 
 
a – Princípio da Nacionalidade Ativa: segundo esta orientação, aplica-
se a lei nacional ao cidadão que comete crime no estrangeiro, 
independentemente da nacionalidade do sujeito passivo ou do bem 
jurídico lesado. 
 
b – Princípio da Nacionalidade Passiva: este exige que o fato 
praticado pelo nacional atinja um bem jurídico de seu próprio estado 
ou de um concidadão. 
 
Princípio da Defesa, Real ou de Proteção: neste princípio se leva em 
consideração a nacionalidade do bem jurídico lesado, independentemente 
da nacionalidade do sujeito ativo ou do local da pratica do crime. 
 
Princípio da Justiça Penal Universal ou da Universalidade:segundo 
este princípio, todo Estado tem o direito de punir todo e qualquer 
crime, independentemente da nacionalidade do criminoso ou do bem 
jurídico lesado, ou do local em que o crime foi praticado, bastando 
que o criminoso se encontre dentro do seu território. É como se, para 
efeitos de aplicação da lei penal, o planeta todo fosse um só 
território. 
 
Princípio da Representação: de acordo com este princípio, a lei penal 
brasileira também será aplicada aos delitos cometidos em aeronaves e 
embarcações privadas brasileiras quando se encontrarem no estrangeiro 
e ai não venham a ser julgados. 
 
Não se esqueça que: O Código Penal brasileiro adota o princípio da 
territorialidade como regra e os outros como exceção, sendo que estes 
outros princípios visam disciplinar a aplicação “extraterritorial” da 
lei penal brasileira, e complementam, portanto, a aplicação do 
Princípio da Territorialidade. 
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10. Do lugar do crime: nem sempre é fácil determinar o local onde foi 
praticado o crime. Pode acontecer, por exemplo, que o crime seja 
cometido em um local e seu resultado ocorra em local diverso. Qual 
seria então, nesses casos, o “local” do crime ? O local da conduta ou 
o local onde ocorreu o resultado ? Sobre este particular aspecto foram 
formuladas três teorias, a saber: 
 
Teoria da Atividade: de acordo com esta teoria considera-se praticado 
o crime no lugar onde o agente desenvolveu a atividade criminosa, onde 
praticou os atos executórios, ou seja, segundo esta teoria, lugar do 
crime é o lugar da ação ou omissão, sendo irrelevante o lugar da 
produção do resultado. 
 
Teoria do resultado: também conhecida como teoria do efeito ou evento. 
Segundo esta teoria, o locus delicti ( o local do crime) é o lugar da 
produção do resultado, sendo irrelevante o local onde fora praticada a 
conduta. 
 
Teoria da Ubiqüidade ou Mista: segundo esta teoria, lugar do crime é 
aquele no qual se realizou qualquer das fases da realização do crime, 
seja a prática de atos executórios, seja a consumação. 
 
11. Em face do que preceitua o artigo 6º do Código Penal, é de se 
concluir que a teoria adotada pelo legislador pátrio foi a teoria da 
ubiqüidade. 
 
12. Da extraterritorialidade da lei penal: por vezes, um crime 
cometido fora do território nacional ficará sujeito à nossa lei penal. 
É o que se denomina extraterritorialidade da lei penal. 
 
13. As hipóteses de extraterritorialidade da lei penal estão arroladas 
no artigo 7º do Código Penal, e segundo este dispositivo legal, a 
extraterritorialidade pode ser incondicionada ( hipóteses do inciso 
I ) ou condicionada ( hipóteses do inciso II ). 
 
14. É oportuno relembrar que, nos casos de extraterritorialidade 
incondicionada, a aplicação da lei penal pátria não depende do 
preenchimento de nenhum requisito, ao passo que, nos casos de 
extraterritorialidade condicionada, a aplicação da lei penal 
brasileira depende do preenchimento dos requisitos mencionados no § 2º 
do artigo 7º. 
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15. Lembre-se que todas as hipóteses de aplicação extraterritorial da 
lei penal estão relacionadas à algum dos princípios que regula a 
aplicação da lei penal no espaço ( territorialidade, nacionalidade, 
defesa, justiça penal universal e da representação) 
 
16. Aplicação da Lei Penal em relação às pessoas que exercem 
determinadas funções: via de regra, a lei penal tem aplicação erga 
omnes, ou seja, se aplica a todas as pessoas, indistintamente. Porém, 
algumas pessoas não se submetem à aplicação da lei penal brasileira, e 
outras se submetem, mas de uma maneira diferenciada. 
 
17. Não se esqueça que tais privilégios não concedidos em razão “da 
pessoa”, mas sim em virtude da “função” exercida por determinadas 
pessoas, sendo que, por esta razão, estes limites de incidência da lei 
penal não se traduzem em sendo uma afronta ao princípio da igualdade. 
 
18. Vamos relembrar algumas hipóteses nas quais a lei penal terá sua 
eficácia limitada em razão da função exercida por determinadas 
pessoas: 
 
Imunidades Diplomáticas: estas são oriundas do Direito Internacional, 
e excluem, da aplicação da lei penal dos países onde se encontram 
creditados, estabelecidos, os Chefes de Estado e representantes dos 
governos estrangeiros.. 
 
Chefes de Governo: os soberanos das monarquias constitucionais são 
invioláveis, em virtude do cargo que exercem. E dependendo do preceito 
constitucional, não respondem pelas infrações por ele cometidas. 
Porém, o mesmo não ocorre em relação aos presidentes de repúblicas, 
que se sujeitam à regime criminal especial.

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