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contribuinte para o financiamento da seguridade social, dando azo à instituição do PIS-importador e da COFINS-importador, os quais possuem exatamente a mesma hipótese de incidência do II e do ICMS. Quanto ao II, a natureza do produto, para o art. 153, I, CF/88, deve ficar adstrita a um país estrangeiro, isto é, a confecção do produto deve situar no estrangeiro. Neste sentido, remessas de produtos para repontecialização, manutenção, troca, etc. a outro país não configuram exportação e, por conseqüência, nem importação. É a construção jurisprudencial e doutrinária dominante, porque há TEMPORARIEDADE na operação. Aliás, esse fenômeno, conhecido como “drawback” é considerado incentivo à exportação. Admite diversas formas: � Suspensão do pagamento dos tributos exigíveis na importação de mercadoria a ser exportada após beneficiamento ou destinada a fabricação, complementação ou acondicionamento de outra a ser exportada; � Isenção dos tributos exigíveis na importação de mercadoria, em quantidade ou qualidade equivalente à utilizada no beneficiamento, fabricação, complementação ou acondicionamento de produto exportado; � Restituição, total ou parcial, dos tributos pagos na importação de mercadoria exportada após beneficiamento, ou utilizada na fabricação, complementação ou acondicionamento de outra exportada. Portanto, em contrário senso ao conceito e ao desdobramento do “drawnback”, IMPORTAÇÃO é a aquisição de produtos estrangeiros em caráter definitivo, quer seja para consumo, quer seja para operações de mercância, incluindo, insumos, equipamentos, produtos naturais ou industrializados, etc. O conceito de exportação, para países estrangeiros, é análogo ao anterior149. O termo “nacionalizado” (ou internado) refere-se a operações anteriores à importação, as quais implicam em posterior distribuição por intermédio do Brasil. Estes produtos podem ou não sofrer modificações domésticas. Já a palavra “nacional” diz respeito àqueles produzidos integralmente no país. Tanto uns quanto os outros refletem o objeto material da hipótese de incidência. Dessa feita, nacionalização segundo entendimento doutrinário, dá-se por atos procedimentais, nos quais se transfere o produto ou mercadoria estrangeira para a economia nacional. Produtos não despachados, ou abandonados, revertem-se em favor da Fazenda Nacional. É possível identificar duas espécies de operação de exportação: 149 A CF/88 foi categórica, em seu art. 153, II, ao prescrever a “exportação, para o exterior, de produtos”. À primeira vista, sob o enfoque semântico, pareceria que se trata de uma redundância. Porém, a terminologia empregada reside na melhor técnica jurídica de redação. O vocábulo “exportação” foi (e é) utilizado também para designar o fluxo de coisas entre os Estados da Federação. Neste sentido, fala-se em exportação para o Estado de São Paulo, por exemplo. Essa nomenclatura é utilizada em vários diplomas do Sistema Tributário, os quais foram recepcionados pela Carta de 88. O próprio CTN faz referência à conotação apontada. Desta feita, o constituinte originário resolveu especificar “ipse litre” a atividade, com o fim de constituir perfeitamente a hipótese de incidência do IE. 114 � Direta – quando o estabelecimento industrial ou produtor emite a nota fiscal de venda endereçada diretamente ao destinatário no exterior, com base em contrato. � Indireta – quando o estabelecimento industrial ou produtor emite nota fiscal de venda para destinatário comprador no Brasil, que funciona como interveniente comercial, que por sua vez emitirá outro documento de venda endereçado ao comprador estrangeiro. Nessa hipótese, será considerada indireta para o fabricante e direta para o interveniente exportador. O “drawback” também é aplicável quanto ao IE. Há isenção do tributo quando há importação de matéria prima, produtos intermediários e componentes destinados à fabricação, no país, de máquinas e equipamentos a serem fornecidos, no mercado interno, em decorrência de licitação internacional, contra pagamento em moeda conversível proveniente de financiamento concedido pela instituição financeira internacional da qual o Brasil participe. O II e o IE incidem, por conseguinte, sobre o SETOR DE ATIVIDADES (base econômica). Desta feita, não se deduz a capacidade contributiva, vez que ambos são proporcionais, reais e indiretos. A operação de comércio exterior é regida por competência legislativa privativa da União (art. 22, VIII, CF/88). São impostos eivados de EXTRAFISCALIDADE, porquanto se prestam à intervenção na atividade econômica interna. O controle é realizado por meio de alíquotas diferenciadas, a serem majoradas ou diminuídas, de acordo com a situação presente. O comércio exterior reflete-se na indústria interna, na balança de pagamentos do país, no consumo interno. A importação e a exportação não podem ser realizadas a bel prazer do empresário, pois há interesses nacionais em jogo. Conseguintemente, o constituinte permitiu que a fixação da alíquota de tais exações não se sujeita à reserva legal, à anterioridade ordinária nem à noventalidade (arts. 153, § 1º, e 150, § 1º, CF/88). No estabelecimento de ALÍQUOTAS, principalmente no que concerne às suas constantes alterações, o Fisco, por vezes, vem a ferir o princípio da ISONOMIA, pois a autorização contida no art. 153, § 1º, CF/88, deve ser usada sistemicamente, em consonância com os demais princípios e direitos essenciais contidos na Carta Política. Também ocorrem dissidências jurídicas quanto a imunidades de certas ENTIDADES, principalmente com referência àquelas de cunho religioso. Em relação às operações de mercado exterior, os Ministérios da Fazenda, da Indústria e Comércio e das Relações Exteriores são coordenados por um arcabouço interministerial: o Sistema de Comércio Exterior (SISCOMEX), cujo gestor principal é a Receita Federal (CASSONE, 2004). É ele quem regula as atividades inerentes ao II e ao IE. Além disso, a União é a única que tem personalidade jurídica de Direito Internacional. Portanto, o negociador no comércio externo – e, em última análise, o eventual devedor – sempre será a União. Esta é sempre a AVALISTA INTERNACIONAL dos demais entes públicos ou das empresas privadas brasileiras. Daí decorre o conceito de Dívida Externa. 115 Desta forma, é necessário uma autorização prévia do governo federal para todas as operações no setor. O interessado no comércio exterior deve, antes de tudo, tecer um estudo fundamentado sobre o produto a ser importado ou exportado, endereçando-o, eletronicamente, ao órgão competente do SISCOMEX (SRFB). Esse analisará o pedido e poderá autorizar a operação. Uma vez AUTORIZADA, o interessado poderá, então, efetivar o negócio. De posse dos dados fornecidos pelo interessado, o Fisco poderá fiscalizar, fisicamente, os conteúdos a serem comercializados, mediante a declaração de importação (DI). Esta fiscalização é denominada desembaraço aduaneiro150, o qual consubstancia o FATO GERADOR do II. Já para o IE, fica configurado a partir da expedição da GUIA DE EXPORTAÇÃO (CASSONE, 2004). O aspecto material do II é representado, portanto, pela entrada do produto no território nacional (art. 19, CTN). Espacialmente, por conseqüência, a exação contempla o que se conhece como território aduaneiro, o qual pode ser dividido em zona primária e secundária. Segundo o art. 33, I, DL 37/66, zona primária compreende as faixas internas de portos, aeroportos, recintos alfandegados e locais habilitados nas fronteiras terrestres, bem como outras áreas nas quais se efetuam operações de carga e descarga de mercadorias ou embarque e desembarque de passageiros. Zona Secundária compreendendo a parte restante do território nacional, nela incluídos as águas territoriais e o espaço aéreo