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11-TGC – Módulo VII - Prof. Paulo Eduardo Sabio

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Direito Penal I
Profº. Paulo Eduardo Sabio
Direito Penal I – Aula 11 
Teoria Geral do Crime – Módulo VII
Culpa ( 2ª Parte) 
Considerações Iniciais
Convém, na presente aula, abordarmos alguns aspectos da teoria geral dos crimes culposos que não foram vistos na aula anterior. 
Sendo que: após termos falado sobre tais aspectos se poderá compreender melhor o mecanismo de funcionamento dos crimes culposos. 
Pois bem: comecemos, então, falando da necessidade de previsibilidade ( objetiva e subjetiva) do resultado oriundo da conduta violadora do dever de cuidado, para depois falarmos de outros aspectos, como por exemplo: a função do resultado nos crimes culposos, as espécies de culpa, a compensação de culpas e as hipóteses de ausência de culpa. 
Previsibilidade do Resultado
2.1. Esclarecimentos Preliminares
Tal como expusemos na aula anterior, um dos principais elementos dos crimes culposos, ao lado da violação do dever objetivo de cuidado, é a imprevisão do previsível. 
Sendo que: A imprevisão do resultado, que caracteriza os crimes culposos, pode ser encarada tanto sob o aspecto objetivo quanto sob o aspecto subjetivo. Daí falar-se em previsibilidade objetiva e previsibilidade subjetiva. Comecemos então falando desta tal de previsibilidade objetiva. 
Previsibilidade Objetiva
Por previsibilidade objetiva do resultado devemos entender aquele grau de previsibilidade que deve ser auferido de acordo com o grau de atenção do homem médio, ou, como gostam de dizer os doutrinadores, é aquela que deve ser auferida de acordo com o grau de atenção do homo medius. 
Sendo que: tal como ensina-nos o Profº. Flávio Augusto Monteiro de Barros há previsibilidade objetiva quando o homem médio, nas circunstâncias em que se encontrava o agente, teria antevisto o resultado. 
Você pode estar se perguntando: quem é este tal de homem médio ? Em linhas gerais, pode-se afirmar que “homem médio” é uma expressão usada para definir o representante hipotético do homem comum. Sendo que, tal como no ensina Silva Pinto, o homo medius é um imprescindível ponto de referência para o Direito Penal. 
A propósito: ainda no que toca à expressão “homem médio”, entendemos ser oportuno que se atente ao conceito que nos é fornecido pelo Profº. Flávio Augusto Monteiro de Barros. Conceito este que é exposto de maneira extremamente didática e, inquestionavelmente, auxiliará na compreensão do tema. A referida conceituação pode assim ser transcrita: 
“O homo medius é uma figura hipotética que o juiz imagina reunir a inteligência e perspicácia inerentes à maioria das pessoas que integram a comunidade social. É pois o representante hipotético do homem comum.” 
( Grifo Nosso)
Tenha em mente, portanto, que: o termo previsibilidade objetiva se refere à capacidade de antever o resultado oriunda da conduta, inerente 	à maioria das pessoas. 
Sendo que: se o juiz, ao analisar um caso concreto, chegar à conclusão de que o “homem médio” , aquele ser fictício que representa o homem comum, não teria, nas circunstâncias em que se encontrava o agente, condições de prever o resultado, a conduta não poderá ser considerada típica. 
Em outras palavras: a tipicidade ( lembra dela ?) dos crimes culposos depende da previsibilidade objetiva do resultado ocasionado pela conduta violadora do dever objetivo de cuidado. E por previsibilidade objetiva devemos entender aquela capacidade de antever o resultado inerente à maioria das pessoas. 
Ou seja: quando o agente, mesmo agindo com o grau de atenção inerente ao “homem médio”, não conseguir evitar que sua conduta lesione um bem penalmente tutelado, não poderá ser punido á título de culpa. 
Sendo assim: quando o resultado ocasionado pela conduta do agente for absolutamente imprevisível, sobre ele não recairá nenhuma espécie de reprovação penal. Tal como já expusemos anteriormente, a punição à título de culpa pressupõe a imprevisão do previsível. 
A propósito: acerca da imprevisibilidade, se faz oportuno, neste momento, que atentemos para as sempre elucidativas lições dos Mestres Eugenio Raúl Zaffaroni e José Henrique Pierangeli, que podem assim ser transcritas: 
“É imprevisível o resultado para o pedreiro, que não pode prever que, passados vinte anos, o tijolo que coloca cairá, afundando o crânio de um transeunte...” 
Não se esqueça que: a previsibilidade objetiva, é decisiva para a tipicidade dos crimes culposo, uma vez que o agente só terá agido culposamente se o resultado da conduta pudesse ter sido evitado mediante um grau de atenção inerente ao homem comum. 
Em contrapartida: se o resultado for objetivamente imprevisível, não há que se falar em tipicidade da conduta, não há que se atribuir o resultado ao agente à título de culpa. 
Em suma: a ausência de previsibilidade objetiva do resultado impede que se possa falar em tipicidade da conduta. E sem tipicidade o crime não subsiste, pois, tal como já dissemos em uma aula anterior, a tipicidade é um dos elementos estruturais do delito. Objetivamente, portanto, podemos concluir que: 
A ausência de previsibilidade objetiva exclui a tipicidade da conduta.
Sem tipicidade o crime não pode subsistir. 
Previsibilidade Subjetiva
Ao contrário da previsibilidade objetiva, que leva em consideração a capacidade de previsão do resultado inerente ao homem médio, a previsibilidade subjetiva é auferida levando-se em consideração as condições pessoais do agente. Tal como leciona o Profº. Damásio Evangelista de Jesus, na previsibilidade subjetiva é questionada a possibilidade de o sujeito, segundo suas aptidões pessoais, e na medida de seu poder individual, prever o resultado. 
Preste muita atenção: diferentemente da previsibilidade objetiva, que influi na tipicidade dos crimes culposos, a previsibilidade subjetiva influi na culpabilidade, na reprovação da conduta. 
Isto porque: se o agente, em virtude de suas condições pessoais, não conseguiu prever o previsível, não poderá ser responsabilizado penalmente. Acerca da previsibilidade subjetiva, o Profº. Flávio Augusto Monteiro de Barros assim leciona: 
“Se o perfil subjetivo do agente, mesmo empregando carga razoável de atenção, não conseguir captar o resultado previsível ao comum dos homens, excluir-se-á a culpabilidade, por falta da potencial consciência da ilicitude do fato. O homem rústico, de parcas instruções, que adquire mercadoria criminosa, pagando preço desproporcional ao seu valor, realiza a conduta típica de receptação culposa, desde que a natureza criminosa da coisa pudesse ter sido antevista pelo homem médio. Nem por isso, porém, estará fadado à sujeição de uma sentença penal condenatória. Se os seus atributos individuais, por mais que se acionem os neurônios da prudência, não conseguirem captar a previsão do resultado, a culpabilidade é excluída.” 
( Grifo Nosso)
A propósito: nas lições do Profº Flávio Augusto Monteiro de Barros supra transcritas, falou-se de uma tal de receptação culposa, que nada mais é do que a modalidade culposa do crime de receptação, descrito no artigo 180 do Código Penal. A modalidade culposa desta infração, da qual falou o doutrinador supra, é descrita pelo § 3º do dispositivo legal em comento. Vamos dar uma olhada no referido dispositivo: 
Receptação ( dolosa )
Art. 180. Adquirir, receber, transportar, conduzir ou ocultar, em proveito próprio ou alheio, coisa que sabe ser produto de crime, ou influir para que terceiro, de boa-fé, a adquira, receba ou oculte.
Pena – reclusão de 1 (um) a 4 (quatro) anos e multa. 
Receptação Culposa
§ 3º. Adquirir ou receber coisa que, por sua natureza ou pela desproporção entre o valor e o preço, ou pela condição de quem a oferece, deve presumir-se obtida por meio criminoso: 
Pena – detenção de 1 (um) mês a 1 (um) ano ou multa, ou ambas as penas. 
OBS: como se pode perceber, quando o legislador descreve a receptação dolosa, usa a expressão “coisa que sabe ser produto de crime”. E quando descreve a receptação culposa, usa a expressão “deve presumir-se”.Na receptação culposa, o agente não sabe que a coisa é produto de crime, mas deveria saber. 
Tenha em mente que: se o resultado for objetivamente previsível, mas “subjetivamente imprevisível”, ou seja, se o agente não conseguir prever o resultado em virtude de suas particulares condições, a conduta será típica, mas não será culpável. 
Isto porque: a tipicidade dos crimes culposos se contenta com a previsibilidade objetiva. Quando houver previsibilidade objetiva e não houver previsibilidade subjetiva do resultado, tal como leciona o Profº. Fernando Capez, o fato será típico, porque houve uma conduta culposa, mas o agente não será punido pelo crime cometido, ante a falta de culpabilidade. 
Saiba que: a ausência de previsibilidade subjetiva exclui a culpabilidade, impede que o agente sofra as conseqüências do ato praticado, por um motivo muito simples: o direito não deve exigir o inexigível . 
Sendo assim, é de se concluir que: a ausência de previsibilidade subjetiva impõe o reconhecimento, por parte do julgador, da inexigibilidade de conduta diversa, da impossibilidade de se exigir que o agente tivesse agido de outra maneira. 
A propósito: temos por oportuno, no presente momento, que se atente para os elucidativos ensinamentos do Profº. Rui Stocco , acerca da reprovabilidade da conduta e de inexigibilidade de conduta diversa. Tais ensinamentos podem assim serem transcritos: 
“É reprovável a conduta do agente quando, nas circunstâncias concretas de seu atuar, ser-lhe-ia exigível um comportamento conforme ao direito. Exclui-se a reprovação e ,portanto, a culpabilidade, se ocorrem circunstâncias em face das quais não se pode exigir de quem atua um comportamento ajustado ao dever.”
( Grifo Nosso)
Tenha em mente que: se o resultado era subjetivamente imprevisível, não se pode exigir que o agente tenha procedido de maneira diversa, logo, ele não poderá ser responsabilizado penalmente. Sobre sua conduta não há que incidir qualquer espécie de reprovação. 
A propósito: sobre o tema “culpabilidade” mais se estudará no momento oportuno. Por enquanto, basta que tenhamos em mente que: 
A ausência de previsibilidade objetiva exclui a tipicidade dos crimes culposos.
A ausência de previsibilidade subjetiva exclui a “culpabilidade” , uma vez que não se pode “reprovar” a conduta daquele que deixou de prever algo que lhe era particularmente imprevisível. 
Pois bem: para finalizarmos nossas explanações acerca da previsibilidade (objetiva e subjetiva),convém atentarmos para as elucidativas lições dos mestres Eugenio Raúl Zaffaroni e José Henrique Pierangeli, que, em breves linhas nos ajudam a compreender a essência da previsibilidade, e por isso merecem, serem postas em destaque: 
 
Preste muita atenção: É por bem que se fixe que a previsibilidade ( objetiva e subjetiva) é elemento indispensável à configuração dos crimes culposos. Tal como nos lembra o mestre Giuseppe Bettiol, a previsibilidade é sempre um critério para qualificar como imprudente ou negligente o comportamento da pessoa, um elemento para formular um diagnóstico da culpa. 
Resultado e nexo de causalidade nos crimes culposos
O resultado, aqui entendido como sendo a lesão ou ameaça de lesão aos bens penalmente tutelados� tem função essencial na incriminação das condutas culposas, tal como se verá. Antes, porém, de falarmos da importância do resultado nos crimes culposos, convém dissertarmos, em breves linhas, sobre sua relação com crimes dolosos, dada a importância de tal diferenciação. 
Pois bem: no que toca aos crimes dolosos, que como já se sabe, são aqueles crimes onde o agente prevê e quer o resultado, ausência do resultado não os descaracteriza, uma vez que estes ( crimes dolosos), mesmo sem o resultado, podem subsistir, embora na sua forma tentada. 
Ou seja: no caso dos crimes dolosos, se o resultado não ocorrer por circunstâncias alheias à vontade do agente, ele será punido por tentativa, pela forma tentada do crime cujo resultado não ocorreu. 
A propósito: sobre os “crimes tentados” , sobre a “tentativa” mais se falará no momento oportuno. 
Entretanto: convém darmos uma olhada, desde já, no dispositivo legal que disciplina a matéria, qual seja, o artigo 14 do Código Penal, que define os crimes consumados e os crimes tentados. Vamos ao dispositivo: 
Art. 14. Diz-se o crime:
I – consumado, quando nele se reúnem todos os elementos de sua definição legal. 
II – tentado, quando, iniciada a execução, não se consuma por circunstâncias alheias à vontade do agente. 
Parágrafo único. Salvo disposição em contrário, pune-se a tentativa com a pena correspondente ao crime consumado, diminuída de uma dois terços. 
Preste muita atenção: é importante que se fixe que no caso dos crimes dolosos a ausência do resultado não obsta a responsabilização penal do agente, se este ( resultado) não ocorreu por circunstâncias alheias à vontade do agente. Tal como se pode constatar da leitura do dispositivo supra. 
Continue prestando atenção: já no caso dos crimes culposos, estes não subsistem sem o resultado. Tal como enfatiza o Profº. Cezar Roberto Bitencourt, o crime culposo não tem existência real sem o resultado. 
Sendo assim: devemos ter em mente que não basta que o agente, deixando de prever previsível, viole um dever objetivo de cuidado. Imprescindível se faz, para a configuração dos crimes culposos, que a violação do dever de cuidado produza um resultado.
Em outros termos: no caso dos crimes dolosos, a ausência do resultado não impede a incriminação do agente, tal como já se expôs., pela forma “tentada” do crime, pois não há que se discutir acerca da reprovabilidade das intenções do agente . 
Em contrapartida: nos crimes culposos, ao contrário, se atribui importância capital ao resultado por serem, as intenções do agente, por si só, totalmente despidas de reprovabilidade. 
Pare e pense: a “desatenção” do agente, em si mesma, não é penalmente relevante até que produza uma lesão ou ameaça de lesão à um bem penalmente tutelado. 
Sendo que: no que toca à imprescindibilidade do resultado, no caso dos crimes culposos, temos por bem que se atente para as elucidativas lições dos mestres Eugenio Raúl Zaffaroni e José Henrique Pierangeli, que podem assim ser transcritas: 
“Quando uma pessoa circula por uma estrada em excesso de velocidade, realiza exatamente a mesma conduta violadora do dever de cuidado que quando circula pela mesma estrada e a igual velocidade, mas com a diferença de que causa uma lesão ou uma morte. Sem embargo, no primeiro caso a conduta será atípica e no segundo será típica.”
( Grifo Nosso)
A propósito: também não há que se questionar, no caso dos crimes culposos, sobre a importância do já conhecido nexo de causalidade , que como já dissemos, é o elo de ligação entre a conduta do agente e o resultado. O nexo de causalidade também é elemento estrutural dos delitos culposos pois não basta que estejam presentes a violação do dever objetivo de cuidado e o resultado oriundo de tal violação. Imprescindível, também, que o resultado seja conseqüência da conduta violadora do dever objetivo de cuidado.
Ou seja: nos crimes culposos, tem-se por indispensável, além da ocorrência do resultado, que este seja causado pela conduta violadora do dever de cuidado
Espécies de Culpa 
Via de regra, a doutrina classifica a culpa em 4 (quatro) espécies, a saber: 
Culpa Inconsciente ou Comum
Culpa Consciente ou com previsão
Culpa Própria
Culpa Imprópria
Falemos então sobre cada uma destas espécies de culpa: 
Culpa inconsciente ou comum: tal espécie de culpa caracteriza-se pela total ausência de previsão do resultado previsível. Ou seja: o agente não prevê o previsível. 
Sendo que: via de regra, nos crimes culposos, a “imprevisão” se faz presente, tanto que esta modalidade de culpa também é denominada de culpa comum. 
No entanto: não se pode afirmar que a punição à título de culpa pressupõe, sempre, a “imprevisão”, do resultado. 
Vamos explicar: em alguns casos, a conduta do agente que agecom previsão do resultado não poderá ser taxada de dolosa pois apesar da previsibilidade, este ( resultado) ocorre contra a vontade do agente. Assim, não obstante a previsão do resultado, o agente será responsabilizado à título de culpa. 
A propósito: melhor se entenderá o que estamos dizendo quando tratarmos da culpa consciente ou com previsão, logo adiante. 
Culpa consciente ou com previsão: nesta modalidade de culpa, o agente prevê o resultado, mas crê sinceramente que ele não irá ocorrer. E esta “previsão”, inerente ao conceito de culpa consciente, por mais que vá de encontro à natureza dos crimes culposos, não é suficiente para qualificar a conduta como dolosa. 
Isto porque: não obstante a previsão do resultado, este se consuma contra a vontade do agente, que acreditava sinceramente que este não ocorreria. Para ilustrar nossa exposição acerca da culpa consciente, cremos ser pertinente transcrever um exemplo prático, que nos é fornecido por Damásio Evangelista de Jesus. Vamos ao exemplo: 
“Numa caçada, o sujeito percebe que um animal se encontra nas proximidades de seu companheiro. Percebe que, atirando na caça, poderá acertar o companheiro. Confia, porém, em sua pontaria, acreditando que não virá a matá-lo. Atira e mata o companheiro. Não responde por homicídio doloso, mas sim por homicídio culposo...Note-se que o agente previu o resultado, mas levianamente acreditou que ele não ocorresse.”
( Grifo Nosso)
Preste muita atenção: por muitas vezes se confunde o conceito de culpa consciente com o de dolo eventual, estudado na aula passada. 
Só para que lembrar: no dolo eventual, o agente não quer diretamente o resultado, mas aceita a possibilidade de produzi-lo. 
Sendo que: o traço em comum dos dois conceitos ( culpa consciente e dolo eventual), e que muitas vezes dificulta a necessária distinção entre eles é a involuntariedade do resultado, pois tanto na culpa consciente como dolo eventual, o resultado não é querido pelo agente. 
Entretanto: a diferença entre os dois institutos, cuja compreensão se faz imprescindível para a compreensão devida do tema reside na aceitação do risco de produzir o resultado. 
Isto porque: na culpa consciente, o sujeito age prevendo o resultado, mas acreditando sinceramente que esta não irá ocorrer, ao contrário do dolo eventual, onde o agente, também prevendo o resultado, não se importa que ele ocorra, é indiferente à ele. 
Em outros termos: tal como leciona Damásio Evangelista de Jesus, no dolo eventual o agente tolera a produção do resultado, o evento lhe é indiferente, tanto faz que ocorra ou não...Na culpa consciente, ao contrário, o agente não quer o resultado, não assume o risco, nem lhe é tolerável ou indiferente.
A propósito: no que toca à distinção entre culpa consciente e culpa inconsciente, extremamente conveniente que atentemos para as elucidativas lições do Profº. Giuseppe Bettiol, que podem assim ser transcritas: 
“Se o agente previa o resultado como possível conseqüência da própria conduta imprudente, estamos no campo da chamada culpa consciente ou com previsão...Se, por seu turno, o evento não é previsto, estamos no campo da culpa inconsciente, a qual sempre pressupõe, porém, a previsibilidade do evento.” 
Culpa Própria: esta pode ser conceituada de maneira simples e objetiva, pois representa a culpa comum, onde o resultado imprevisto era previsível. Tal como leciona o Profº. Damásio Evangelista de Jesus, na culpa própria o agente não quer o resultado, e nem assumiu o risco de produzi-lo, embora este ( resultado) fosse previsível. 
Culpa imprópria: de maneira objetiva, pode-se afirmar que na culpa imprópria, o agente prevê e quer o resultado, ou, como enfatiza o Profº. Damásio Evangelista de Jesus, o resultado é previsto e querido pelo agente. 
Pare e pense: tais afirmações podem chocar quem pela primeira vez está tendo contato com o tema pois até agora dissemos que quando o agente prevê e quer o resultado, está agindo dolosamente. 
Pois bem: como pode, então, agora, afirmarmos que quando o resultado for previsto e querido pelo agente poderá este ser punido à título de culpa ? 
Vamos explicar. em primeiro lugar, é de se atentar que a denominação culpa imprópria é perfeitamente compreensível, pois tal como leciona o Profº. Cezar Roberto Bitencourt, só impropriamente se pode falar de culpa em uma conduta que prevê e quer o resultado produzido, sob pena de se violentar os conceitos dogmáticos da teoria do crime. 
Sendo que: feita esta primeira observação, cumpre, agora sim, explicarmos como pode um resultado previsto e querido ser atribuído ao agente à título de culpa. Nos casos de culpa imprópria o resultado, apesar de previsto e querido pelo agente, ocorre em virtude de uma errônea valoração por parte deste ( agente) acerca de determinadas circunstâncias. 
Em outros termos: realmente há, por parte do agente, nos casos da culpa imprópria, a vontade de produzir o resultado, entretanto, esta vontade é viciada por um erro de valoração. 
Saiba que: esta modalidade de culpa está ligada ao chamado erro de tipo, (que será abordado em uma aula posterior), uma vez que na culpa imprópria a conduta, em si mesma, é dolosa, mas foi determinada por um erro de tipo vencível ou inescusável, o que faz com ela ( conduta) seja punida à título de culpa. 
A propósito: cremos ser necessário explicar, em breves linhas, alguns conceitos que ainda não foram abordados, e apesar de guardarem, tais conceitos, relação com uma aula posterior, temos por certo que sem uma breve explanação sobre eles, não se poderá compreender o cerne, a razão de ser desta modalidade de culpa. 
Isto porque: você pode estar se perguntando, por exemplo, o que é um erro de tipo ? E mais, você pode estar se perguntando também o que é um erro de tipo vencível ou inescusável ? 
Pois bem: Vamos cuidar, agora, de fazer as elucidações tão necessárias no presente momento. 
Sendo que: cumpre esclarecer, de início, o que é o erro de tipo. 
Preste muita atenção: o erro que vicia a vontade do agente, tanto pode incidir sobre os elementos do fato típico, quanto sobre a ilicitude, a antijuridicidade da conduta. E quando o erro versar sobre os elementos contidos no tipo penal, será denominado erro de tipo, e quando incidir, o erro, sobre a ilicitude da conduta, será denominado erro de proibição, sendo que, deste último, nos eximiremos de falar na presente aula, por não guardar relação com a matéria em estudo no momento. 
Ou seja: apenas teceremos alguns comentários acerca do erro de tipo, pois este sim, guarda pertinência com o tema da presente aula. 
Continue prestando atenção: tal como nos esclarece o Profº. Flávio Augusto Monteiro de Barros, ocorre o “erro de tipo” quando o agente se engana sobre os elementos da figura típica. No caso do crime de furto, por exemplo ( art. 157 do Código Penal), em que o tipo penal descreve a conduta de subtrair coisa alheia , incidirá o agente em erro de tipo se subtrair um objeto que pensa ser seu, e na verdade não é. 
Perceba que: no exemplo supracitado, o agente se enganou acerca de um dos elementos da figura típica do furto. Isso porque subtraiu o objeto, sem saber que não lhe pertencia. Ele não tinha consciência de estar se apossando de coisa alheia. Incidiu portanto em erro de tipo, pois a “coisa alheia” é um dos elementos do tipo penal que incrimina o furto. 
A propósito: uma vez compreendido o que é um “erro de tipo”, resta saber o que é um erro de tipo vencível ou inescusável. 
Saiba que: o erro jurídico penal ( de tipo ou de proibição) possui duas modalidades, a saber: vencível ou inescusável e invencível ou escusável. Falemos destas duas modalidades de erro então: 
Erro de Tipo Vencível ou Inescusável : este é o erro que poderia ter sido evitado se o agente tivesse agido com o grau de atenção inerente ao homem médio. Com um mínimo de atenção o agente não teria incorrido em erro. 
Sendo que: Diz-se vencível pois poderia ter sido evitado. A expressão “vencível” , portanto, traduz a idéia de um erroevitável. 
A propósito: a expressão “inescusável” traduz a idéia de não poder, o agente, com base nesta espécie de erro, se eximir da devida responsabilização penal. Tal como preceitua o artigo 20, § 1º, quando o erro derivar de “culpa”, ou seja, quando se tratar de erro “vencível”, o agente não ficará o agente, isento de pena, se o fato for previsto como crime culposo. 
Erro de Tipo Invencível ou Escusável: é aquele erro que não deriva de culpa. Nesta modalidade de erro, tal como nos ensina Flávio Augusto Monteiro de Barros, ainda que o agente empregasse a atenção do “homem médio”, o erro ter-se-ia verificado, por isso diz-se invencível. 
Sendo que: enfatiza ainda, o doutrinador supra, que é a análise do caso concreto que irá concluir pelo caráter escusável ou inescusável do erro. 
A propósito: é por bem que se fixe que, quando o agente incorrer em invencível, se eximirá de pena, tal como preceitua o já citado artigo 20, § 1º. 
Preste muita atenção: o dispositivo legal em comento ( art. 20, § 1º), cuida das denominadas descriminantes putativas, que são uma das modalidades de erro de tipo, e se traduzem em sendo aquelas hipóteses nas quais o agente, por errônea compreensão da realidade, pensa estar agindo ao abrigo de uma causa de exclusão de antijuridicidade ( legítima defesa, por exemplo), quando, na verdade, não está. 
Continue prestando atenção: para que se possa melhor compreender o que estamos dizendo, convém darmos uma lida no referido dispositivo legal: 
Erro Sobre Elementos do Tipo
Art. 20. O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal do crime exclui o dolo, mas permite a punição por crime culposo, se previsto em lei. 
Descriminantes Putativas
§ 1º. É isento de pena quem, por erro plenamente justificado pelas circunstâncias, supõe situação de fato que, se existisse, tornaria a ação legítima. Não há isenção de pena quando o erro deriva de culpa e o fato é punível como crime culposo
Pois bem: voltando a falar do tema que mais nos interessa na presente aula, qual seja, a culpa imprópria, cremos que agora se pôde compreender a razão de ser punida à título de culpa um conduta em si mesma dolosa, onde resultado era previsto e querido 
Em outros termos: temos por certo que se pôde compreender que, no caso da culpa imprópria, apesar de o resultado ser “previsto e desejado” , o agente será incriminado à título de culpa, porque sua vontade estava viciada por um erro de tipo invencível ou inescusável que fez com ele ( agente) imaginasse existir uma situação de fato que, se existisse efetivamente tornaria a ação legítima. 
A propósito: acerca deste particular aspecto, assim leciona o Profº. Cezar Roberto Bitencourt: 
“A chamada culpa imprópria só pode decorrer de erro, e de erro culposo sobre a legitimidade, a legalidade da ação realizada.”
( Grifo Nosso) 
É de se concluir, portanto, que: na culpa imprópria, tal como ensina-nos o Profº. Fernando Capez, o agente, por erro de tipo inescusável supõe estar diante de uma causa de justificação� que lhe permita praticar um fato típico licitamente, legalmente. 
Pois bem: para encerrar nossa explanações da culpa imprópria, cremos ser de inquestionável utilidade que se atente para um elucidativo exemplo que nos é fornecido pelo Profº. Damásio Evangelista de Jesus, que podem assim ser transcrito:
“Suponha-se que o sujeito seja vítima de crime de furto em sua residência em dias seguidos. Em determinada noite, arma-se com um revólver e se posta de atalaia (tocaia), à espera do ladrão. Vendo penetrar um vulto em seu jardim, levianamente ( imprudentemente, negligentemente)supõe tratar-se do ladrão. Acreditando estar agindo em legítima defesa de sua propriedade, atira na direção do vulto, matando a vítima. Prova-se, posteriormente, que não se tratava de ladrão contumaz, mas de terceiro inocente. O agente não responde por homicídio doloso, mas sim por homicídio culposo. Note-se que o resultado ( morte da vítima) foi querido. O agente, porém, realizou a conduta por erro de tipo, pois as circunstâncias indicavam que o vulto era do ladrão. Trata-se de erro de tipo vencível ou inescusável, pois se ele fosse mais atento e diligente, teria percebido que não era o ladrão, mas terceiro inocente ( um parente, por exemplo).
( Grifo Nosso)
Culpa Presumida ou “In Re Ipsa”: ainda dentro do tópico “espécies de culpa”, cabe fazer alguns comentários acerca desta da “culpa presumida”. 
Sendo que: inicialmente , cumpre expor que tal espécie de culpa não é mais admitida pelo nosso ordenamento jurídico, e o último Código Penal que a contemplou foi o de 1890, e por conta disso a maioria dos autores modernos se exime de comentá-la. 
Em contrapartida: nós cremos ser importante que se façam algumas breves explanações acerca desta espécie desta tal de culpa presumida, pois assim procedendo acreditamos estar abordando de uma maneira mais satisfatória o instituto da “culpa”. 
A propósito: esta modalidade de culpa pode ser conceituada como sendo a culpa derivada da simples inobservância de disposição regulamentar. 
Em outros termos: nesta modalidade de culpa , responsabiliza-se penalmente uma pessoa que causou um resultado danoso, ainda que tenha agido com a prudência devida, sem violar um dever objetivo de cuidado, se ela não cumpriu uma disposição regulamentar, 
Ou seja: o descumprimento de uma disposição regulamentar fazia com que se presumisse a culpa.
Preste muita atenção: presumia-se a culpa pois o agente, mesmo agindo com a prudência devida e sem violar nenhum dever objetivo de cuidado, havia descumprido uma disposição regulamentar. 
Saiba que: acerca deste particular aspecto, temos como sendo oportuno que se atente para as elucidativas lições do Profº. Flávio Augusto Monteiro de Barros, que podem assim ser transcritas: 
“Do atropelamento provocado pelo condutor de veículo que dirigisse sem habilitação legal, presumia-se a sua culpa, ainda que no caso concreto a culpa tenha sido exclusiva da vítima.”
( Grifo Nosso)
Perceba que: no exemplo fornecido pelo Profº. Flávio Augusto Monteiro de Barros, falou-se do agente que dirigia sem habilitação legal , sem a popularmente conhecida carta de motorista. 
Sendo assim: no exemplo supra, mesmo o resultado sendo totalmente imprevisível, mesmo tendo o agente agido com a prudência devida, sem violar nenhum dever objetivo de cuidado ( uma vez que a culpa foi exclusiva da vítima), a sua culpa (do motorista) será presumida pois ele não obedeceu a disposição regulamentar que determina que, para dirigir veículos o motorista deverá ter habilitação legal, ou, carta de motorista.
Continue prestando muita atenção: tal como se expôs anteriormente, a culpa presumida não é mais admitida pelo nosso Estatuto Repressor ( Código Penal). 
Ou seja: é inadmissível, diante do Código Penal vigente, que se presuma a culpa de alguém. E tal como nos ensina Flávio Augusto Monteiro de Barros, esse sistema de presunção de culpa, que consagrava a monstruosa responsabilidade objetiva (lembra dela ?), atentava contra o princípio da presunção de inocência. 
A propósito: tal princípio ( presunção de inocência) consagra a máxima de que ninguém pode ser considerado culpado até que se prove o contrário. Nenhum cidadão, segundo este princípio, pode ser considerado culpado antes de uma sentença penal condenatória, antes do pronunciamento definitivo do Poder Judiciário que assim o declarar. 
Saiba ainda que: este princípio é previsto constitucionalmente, no artigo 5º, inciso VXII da Constituição Federal de 1988. Vamos dar uma olhada no dispositivo em questão: 
Art. 5º. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito á vida, á liberdade, á igualdade, á segurança e a á propriedade, nos termos seguintes: 
( ... ) 
LVII – Ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória. 
Sendo que: nossos Tribunais, acertadamente, também repudiam da maneira enfáticaa existência desta tal de “culpa presumida”. O Tribunal de Alçada Criminal, por exemplo, ao julgar uma apelação decidiu que não se pode condenar por presunção, a culpa tem que ser provada. A odiosa responsabilidade objetiva está abolida em nosso Direito Penal. 
Pois bem: para finalizar nossas explanações acerca da “culpa presumida”, cumpre expor que, acerca da impropriedade da culpa presumida, o Profº Nelson Hungria, com a maestria que lhe é peculiar, assim nos ensina: 
“Não vingará a presunção de culpa, se se provar que a inobservância de disposição regulamentar não foi causa, mas simples ocasião ao evento lesivo. Figuremos um exemplo: certo indivíduo, guiando uma automóvel, em que não está matriculado e cuja direção lhe foi momentaneamente confiada pelo respectivo motorista, atropela e mata um transeunte: presume-se a culpa, não só do indivíduo que estava no volante, como a do motorista matriculado no carro, porque ambos estavam infringindo disposições regulamentares; mas se vier a ser plenamente provado que o primeiro é um hábil chauffeur�, tendo sido o fato inteiramente causal, é forçoso reconhecer-se a ausência de culpa.
( Grifo Nosso)
Graus de Culpa
De acordo com a intensidade, a doutrina costuma classificar a culpa em grave, leve e levíssima, e acerca destes “graus de culpa”, o Profº. Flávio Augusto Monteiro de Barros , em apertada síntese, assim leciona: 
a – Grave: quando qualquer pessoa pudesse prever o evento. 
b – Leve: quando apenas o homem médio ( lembra dele ?) pudesse prever o resultado. 
c – Levíssima: quando o resultado fosse previsível apenas ao homem de excepcional cautela. 
Saiba que: os penalistas, em geral, ao nosso ver acertadamente, menosprezam, a importância desta divisão. Sendo que, apenas a culpa levíssima, em alguns casos, poderá se equiparar ao caso fortuito, que como adiante se verá, acaba por excluir a culpa. 
A propósito: acerca deste particular aspecto, importante que se atente para as elucidativas lições de Alberto Silva Franco, que é Desembargador aposentado do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo: 
“O grau de culpa não interessa para efeito de configuração do crime culposo, tendo relevo, apenas, para efeito de gradação da pena. Há no entanto, julgados� no sentido de que a culpa levíssima não basta para o reconhecimento do ilícito penal.”
( Grifo Nosso)
Concorrência e Compensação de Culpas
No que toca à compensação de culpas, de início cumpre expor que ela ocorrerá quando a culpa do acusado é anulada pela presença de culpa da vítima. 
Sendo assim: tal como leciona o Profº. Flávio Augusto Monteiro de Barros, o motorista que culposamente provocasse o atropelamento não poderia ser punido na hipótese de culpa concorrente da vítima. 
Preste muita atenção: no Direito Penal não se admite a compensação de culpas, ou seja, as culpas recíprocas do ofensor e do ofendido não se extinguem. 
Continue prestando atenção: segundo a melhor doutrina, admitir a compensação de culpas afrontaria a teoria da equivalência dos antecedentes causais ( conditio sine Qua non ), uma vez que, se tanto a conduta do ofensor quanto a conduta do ofendido deram causa ao resultado, nenhuma delas (conduta) poderá ser desconsiderada em favor da outra. 
A propósito: acerca da inadmissibilidade da compensação de culpas , o Tribunal de Alçada Criminal do Estado de São Paulo, ao julgar uma apelação, assim se posicionou: 
“Inexiste, em nosso Direito Penal, compensação de culpas. Não se exonera, assim, de responsabilidade, o motorista que, culposamente, se envolve em colisão, pelo fato de haver contribuído para eventual culpa concorrente do ofendido.”
( Grifo Nosso)
No entanto: apesar de não ter, uma eventual culpa concorrente da vítima, o condão de excluir a do agente, ela ( culpa concorrente da vítima) dever ser levada em consideração quando da fixação da pena, podendo, eventualmente, vir a favorecer o agente, sendo que, isto se afirma com base no que dispõe o artigo 59 do Código Penal, que disciplina a “fixação da pena”. É o dispositivo: 
Art. 59. O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à personalidade do agente, aos motivos, às circunstâncias e conseqüências do crime, bem como ao comportamento da vítima, estabelecerá, conforme seja necessário e suficiente para a reprovação e prevenção do crime: 
I – as penas aplicáveis dentre as cominadas;
II – a quantidade de pena aplicável, dentro dos limites previstos; 
III – o regime inicial de cumprimento da pena privativa de liberdade; 
IV – a substituição da pena privativa de liberdade aplicada, por outra espécie de pena, se cabível. 
 
Cuidado: é de se atentar para o fato de que, apesar de a culpa concorrente da vítima não anular a do ofensor, a culpa exclusiva da vítima, ao contrário, pode anular a do ofensor. 
Pare e pense: tal como leciona o Profº. Fernando Capez, se a culpa foi exclusiva da vítima, é porque não houve culpa alguma do outro. 
Ou seja: nos casos de culpa exclusiva da vítima, o resultado não poderá ser atribuído ao ofensor à título de “culpa”, pois este ( resultado) , com relação ao ofensor, ocorreu em virtude de um caso fortuito , o que impede que se possa qualificar uma determinada conduta como culposa. 
Em outros termos: tal como se verá adiante o caso fortuito é uma das hipóteses de exclusão de culpa. 
A propósito: no que toca à culpa exclusiva da vítima, o Tribunal de Alçada Criminal, ao julgar uma apelação, assim se posicionou: 
“É sabido que, em Direito Penal, as culpas não se compensam; entretanto, quando a culpa de uma parte prepondera, não se trata de compensação, mas sim de que se ela não tivesse ocorrido o evento não teria acontecido.”
( Grifo Nosso)
 
No que toca à concorrência de culpas, esta, tal como nos ensina Cezar Roberto Bitencourt, ocorrerá quando dois indivíduos, um ignorando a presença do outro, concorrerem culposamente para a produção de um resultado definido como crime. 
Preste muita atenção: não se deve confundir a concorrência de culpas com a compensação de culpas, onde se fala em “culpa do ofensor e da vítima”. 
Em outros termos: no caso da concorrência de culpas, tal como se pôde perceber, as culpas concorrentes são de dois agentes, de dois ofensores, duas pessoas que “agem”, que contribuem culposamente para a produção do resultado.
A propósito: as culpas que concorrem são de dois ou mais ofensores, como, aliás, já se disse. Sendo que nestes casos, tal como leciona o Profº. Flávio Augusto Monteiro de Barros, todos responderão pelo resultado, por força da “teoria da equivalência dos antecedentes causais” ( lembra dela ?). E isso porque, se os dois deram causa ao resultado, deverão por ele ser responsabilizados. 
Continue Prestando Atenção: a “concorrência de culpas” não se confunde com a chamada “co-autoria”, que será estudada em uma aula posterior, quando tratarmos do tema “concurso de pessoas”. 
Isto porque: na co-autoria, os agentes contribuem para o resultado de comum acordo, ao contrário da concorrência de culpas, onde um agente ignora a presença do outro, 
Ou seja: não têm eles ( agentes), na concorrência de culpas, consciência de que estão se auxiliando mutuamente na produção do resultado. 
A propósito: no que toca à concorrência de culpas , cumpre transcrever mais um julgado do Tribunal de Alçada Criminal do Estado São Paulo que auxiliará na compreensão do tema em estudo: 
“Agem com culpas concorrentes, e portanto, devem ser responsabilizados, os motoristas que colidem seus veículos, causando o atropelamento e morte de um transeunte sobre a calçada; um efetuando conversão à esquerda sem observar norma de trânsito e a preferência de passagem do outro, que vinha em sentido contrário; e o outro imprimindo velocidade excessiva, incompatível com local, ao seu conduzido.” 
Causas de Exclusão da Culpa
Via de regra a doutrina costuma citar três casos de exclusão de culpa, quais sejam: 
Caso Fortuito ou Força Maior
Erro Profissional
Princípio da Confiança
Antes de mais nada, saiba que:nestes três casos, o resultado era totalmente imprevisível, e não há uma violação do dever objetivo de cuidado, por isso a culpa será excluída. 
A propósito: falemos, então, em apertada síntese, desses tais casos de exclusão de culpa:
Caso Fortuito e Força Maior: tal como leciona Flávio Augusto Monteiro de Barros, o caso fortuito e a força maior são os acontecimentos imprevisíveis e inevitáveis, que escapam do domínio da vontade do homem. E justamente por serem imprevisíveis e inevitáveis acabam por excluir a culpa, uma vez que, tal como já dissemos anteriormente, a “previsibilidade” do resultado é elemento indispensável à configuração dos crimes culposos. 
Sendo que: pode-se, inclusive, dizer que o caso fortuito e a força maior excluem a culpa, pois tal como já fora dito, o direito não deve exigir o inexigível. 
Preste atenção: alguns doutrinadores dizem que não há diferença entre o caso fortuito e a força maior, sendo que outros se ocupam de fazer uma distinção, que é digna de ser exposta. E os que diferenciam o caso fortuito da força maior dizem que esta ( força maior) é o acontecimento que resulta de eventos físicos ou naturais, como as tempestades, as enchentes, etc...e que aquele ( caso fortuito) deriva de fatos humanos, como a greve, o motim, ou outros fatos insuperáveis, como o rompimento de barra de direção do automóvel�. 
A propósito: tal como já expusemos, para efeitos penais, equipara-se ao caso fortuito a chamada culpa levíssima. 
Erro Profissional: de maneira objetiva este pode ser conceituado como sendo o erro originário da falibilidade das regras da ciência. 
Sendo que: tal como leciona Flávio Augusto Monteiro de Barros, o erro profissional exclui a culpa pois a falha não é do agente e sim da própria ciência. 
Preste muita atenção: o “erro profissional” não se confunde com a imperícia, pois neste, o agente, por sua conta e risco, deixa de observar regra recomendada pela profissão. Tal como nos ensina o penalista supra, na imperícia, a falha não deriva da ciência, mas do próprio agente. 
Em suma: no caso da imperícia, a falha é do agente, que deixa de observar regras recomendadas pela sua profissão, ao passo que no erro profissional, a culpa é das regras do ofício, que se mostram ineficientes em determinados casos concretos . 
A propósito: Acerca do erro profissional, oportuno lembrar as lições de Nelson Hungria, que podem assim ser transcritas: 
“O médico que, por erro grosseiro, causa a morte do paciente, é criminoso. Ninguém duvida, por exemplo, da punibilidade do médico que, por ignorância, cloroformiza um cardíaco ou ministra ao doente uma dose excessiva de estricnina, ocasionando-lhe a morte. Não há um direito erro; mas este será desculpável, quando invencível à mediana cultura médica e tendo em vista as circunstâncias do caso concreto.”
( Grifo Nosso)
Princípio da Confiança: um dos maiores problemas atinentes à dogmática dos crimes culposos, refere-se, especificamente, à violação do dever objetivo de cuidado. 
Isto porque: em alguns casos, o autor causa o resultado porque outro violou o dever objetivo de cuidado. 
A propósito: para que se possa compreender melhor o que estamos a expor, temos por oportuno que se atente para as elucidativas lições do Profº. André Luís Callegari, que podem assim serem transcritas: 
“Em determinados âmbitos sociais o perigo ou a lesividade de certas condutas assumidas pelo ordenamento jurídico depende não só da pessoa que as realiza, senão também do comportamento de outras pessoas.”
( Grifo Nosso)
Diante de tais afirmações, é de se perguntar: será que apenas porque o agente não percebeu que outra pessoa, que com ele compartilha uma determinada atividade, estava violando um dever objetivo de cuidado, poderá ser punido á título de culpa ?
Saiba que: tal como lecionam os mestres Eugenio Raúl Zaffaroni e José Henrique Pierangeli, tal problemática pode ser resolvida pelo princípio da confiança, segundo o qual desenvolve-se de acordo com o dever objetivo de cuidado a conduta daquele que, em qualquer atividade compartilhada, mantém a confiança em que o outro se comportará conforme ao dever de cuidado, enquanto não tenha razão suficiente para duvidar ou acreditar no contrário. 
A propósito: acerca do Princípio da Confiança, os insignes mestres assim exemplificam: 
“O médico terá violado o dever de cuidado se a falta de esterilização do instrumental era de tal natureza que devia tê-la percebido ao utilizá-lo, mas, excluído isso, não teria motivos para supor que a enfermeira violara o dever objetivo de cuidado.” 
( grifo nosso)
Perceba que: o princípio da confiança exclui a culpa do agente que causa o resultado pois este ( resultado), ocorreu em virtude da violação do dever de cuidado por parte de outra pessoa. Sendo que, tal como leciona o Profº. André Luís Callegari, nos casos em que o autor atua dentro dos limites impostos pelo ordenamento vigente, é dizer, com a diligência exigida, ainda que se produza um resultado, este não poderá ser-lhe imputado.
Crimes Preterdolosos ou Preterintencionais 
Até agora vimos que o Código Penal, reconhece expressamente duas espécies de crime, quais sejam: os dolosos e os culposos, tal como preceitua o já transcrito artigo 18 do Código Penal. 
No entanto: tal como leciona o Profº. Cezar Roberto Bitencourt, a doutrina e a jurisprudência reconhecem a existência de uma terceira categoria de crimes, que costumam designar crimes preterdolosos. 
A propósito: de início é por bem que se tenha em mente que, nesta modalidade de crimes, o resultado vai além da intenção do agente.
Em outros termos: nestes casos, tal como ensina-nos o penalista supracitado, a ação voluntária inicia dolosamente e termina culposamente, porque, a final, o resultado efetivamente produzido estava fora da abrangência do dolo. 
Por isso: a doutrina costuma dizer que nos crimes preterdolosos há dolo no antecedente e culpa no conseqüente. 
Saiba que: antes de continuarmos falando dos crimes preterdolosos, convém fazermos algumas breves explanações acerca dos crimes qualificados pelo resultado, uma vez que, tal como leciona a melhor doutrina, os crimes preterdolosos se configuram em sendo uma das hipóteses de crime qualificado pelo resultado. 
Lembre-se que: tal como já dissemos em uma aula anterior, os crimes qualificados pelo resultado são aqueles nos quais o legislador, após descrever a figura típica, acrescenta-lhe um resultado, com a finalidade de aumentar abstratamente a pena. Vejamos um exemplo de crime qualificado pelo resultado, para que assim se possa melhor compreender o que estamos a expor: 
Rixa
Art. 137. Participar de rixa, salvo para separar os contendores: 
Pena – detenção de 15 (quinze) dias a 2 (dois) meses ou multa. 
Parágrafo único: Se ocorre morte ou lesão corporal de natureza grave, aplica-se, pelo fato da participação na rixa, a pena de detenção de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos. 
Como se pôde perceber: no caput do artigo supracitado o legislador descreve a forma simples do crime, para logo após, no parágrafo único, descrever a forma qualificada, mais gravosa, do crime em questão.
A propósito: de acordo com o Profº. Fernando Capez, os crimes qualificados pelo resultado podem ser praticados de três maneiras distintas, a saber: 
Conduta Inicial Dolosa + Resultado Agravador Doloso: nesses casos o agente quer praticar a conduta inicial, o “crime simples” e também o resultado mais gravoso. Seria o caso, por exemplo, do marido que espanca a sua mulher até provocar-lhe deformidade permanente�. 
Saiba que: a conduta do marido covarde é descrita pelo artigo 129, § 2º, inciso IV do Código Penal. Vamos dar uma olhada no referido dispositivo: 
Lesão Corporal
Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem.
Pena – detenção de 3 (três) meses a 1 (um) ano.
( ...)
Lesão corporal de natureza grave
§ 1º ( ...)
§ 2º Se resulta: 
( ... )
IV – deformidade permanente;
( ... )
Pena – reclusão de 2 ( dois ) a 8 ( oito) anos.
Conduta Inicial Culposa+ Resultado Agravador Doloso: nestes casos o agente, inicialmente, produz um resultado por imprudência, negligência ou imperícia, e depois realiza uma conduta “dolosa” que ocasiona um resultado agravador. 
A propósito: sobre esta modalidade de crime qualificado pelo resultado o Profº. Fernando Capez assim exemplifica: 
“Motorista que, após atropelar uma pessoa, ferindo-a, foge, se omitindo de prestar socorro.
Saiba que: tal exemplo encontra enquadramento legal no artigo 121, § 4º. Vamos dar uma olhada no dispositivo: 
§ 4º. No homicídio culposo�, a pena é aumentada de um terço, se o crime resulta de inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício,ou se o agente deixa de prestar imediato socorro à vítima, não procura diminuir as conseqüências do seu ato ou foge para evitar a prisão em flagrante. Sendo doloso o homicídio, a pena é aumentada de um terço, se o crime é praticado contra pessoa menor de 14 ( catorze) anos.
( Grifo Nosso)
Conduta Inicial Dolosa + Resultado Agravador Culposo: esta modalidade de “crime qualificado pelo resultado” é a que se denomina “crime preterdoloso”. 
Sendo que: nesta modalidade de crime qualificado pelo resultado, tal como já se expôs, o agente quer praticar um crime, mas acaba se excedendo e produzindo um resultado mais grave culposamente . 
A propósito: podemos pegar como exemplo de dispositivo legal que descreve um crime desta espécie o § 3º do supra transcrito artigo 129 do Código Penal, que assim preceitua: 
Lesão corporal seguida de morte
§ 3º. Se resulta morte e as circunstâncias evidenciam que o agente não quis o resultado, nem assumiu o risco de produzi-lo�: 
Pena – reclusão de 4 (quatro) a 12 (doze) anos. 
Preste muita atenção: acerca dos crimes preterdolosos, cumpre expor, ainda, que o resultado posterior não desejado, que agrava a pena, só é imputável ao agente quando previsível. 
Isto se afirma pois: o artigo 19 do Código Penal preceitua que “o resultado que agrava especialmente a pena só é imputado ao agente que o houver causado ao menos culposamente”. 
É de se concluir, portanto, que: se o resultado posterior for decorrente de caso fortuito ou força maior, se for, este ( resultado) “imprevisível”, não poderá ser imputado ao agente. 
Pois bem: por fim, convém darmos uma olhada no referido artigo 19 do Código Penal. É o dispositivo: 
Art. 19. Pelo resultado que agrava especialmente a pena, só responde o agente que o houver causado ao menos culposamente.
Questão-Problema
Seu professor, durante a aula que tratava da culpa, chega e lhe pergunta: 
Sempre que o resultado for “previsto e desejado” o agente estará agindo dolosamente ? Porque ? 
E pergunta-lhe, ainda, o referido professor: 
Qual a diferença entre culpa consciente e culpa inconsciente ? 
Qual seria sua resposta à tais indagações ? 
Quadro Sinóptico
1. Um dos principais elementos dos crimes culposos, ao lado da violação do dever objetivo de cuidado, é a imprevisibilidade do previsível.
2. A imprevisão do resultado que caracteriza os crimes culposos pode ser encarada tanto sob o aspecto objetivo quanto sob o aspecto subjetivo, daí falar-se em previsibilidade objetiva e previsibilidade subjetiva. 
Previsibilidade Objetiva: o termo previsibilidade objetiva se refere à capacidade de antever o resultado oriunda da conduta, inerente à maioria das pessoas. 
Lembre-se que: se o juiz, ao analisar um caso concreto, chegar à conclusão de que o “homem médio” , aquele ser fictício que representa o homem comum, não teria, nas circunstâncias em que se encontrava o agente, condições de prever o resultado, a conduta não poderá ser considerada típica.
Previsibilidade Subjetiva: ao contrário da previsibilidade objetiva, que leva em consideração a capacidade de previsão do resultado inerente ao homem médio, a previsibilidade subjetiva é auferida levando-se em consideração as condições pessoais do agente. Tal como leciona o Profº. Damásio Evangelista de Jesus, na previsibilidade subjetiva é questionada a possibilidade de o sujeito, segundo suas aptidões pessoais, e na medida de seu poder individual, prever o resultado. 
Não se esqueça que: a ausência de previsibilidade objetiva exclui a tipicidade da conduta, ao passo que a ausência de previsibilidade subjetiva exclui a culpabilidade do agente. 
3. O resultado, nos crimes culposos, tem função essencial. Os crimes culposos não têm existência real sem o resultado. Ou seja: a “desatenção” do agente, em si mesma, não é penalmente relevante até que produza uma lesão ou ameaça de lesão à um bem penalmente tutelado.
Lembre-se que: no que toca aos crimes dolosos, que como já se sabe, são aqueles crimes onde o agente prevê e quer o resultado, a ausência do resultado não os descaracteriza, uma vez que estes ( crimes dolosos), mesmo sem o resultado, podem subsistir, embora na sua forma tentada. No caso dos crimes dolosos, se o resultado não ocorrer por circunstâncias alheias à vontade do agente, ele será punido por tentativa, pela forma tentada do crime cujo resultado não ocorreu.
4. O nexo de causalidade também tem importância inquestionável nos crimes culposos, uma vez que não basta que estejam presentes a violação do dever objetivo de cuidado e o resultado oriundo de tal violação. Imprescindível, também, que o resultado seja conseqüência da conduta violadora do dever objetivo de cuidado.
5. Espécies de culpa: quando falamos das “espécies” de culpa, vimos que ela se subdivide em: 
Culpa inconsciente ou comum: tal espécie de culpa caracteriza-se pela total ausência de previsão do resultado previsível. Ou seja: o agente não prevê o previsível. 
Culpa consciente ou com previsão: nesta modalidade de culpa, o agente prevê o resultado, mas crê sinceramente que ele não irá ocorrer. 
Culpa Própria: esta pode ser conceituada de maneira simples e objetiva, pois representa a culpa comum, onde o resultado imprevisto era previsível. Tal como leciona o Profº. Damásio Evangelista de Jesus, na culpa própria o agente não quer o resultado, e nem assumiu o risco de produzi-lo, embora este ( resultado) fosse previsível. 
Culpa imprópria: de maneira objetiva, pode-se afirmar que na culpa imprópria, o agente prevê e quer o resultado, ou, como enfatiza o Profº. Damásio Evangelista de Jesus, o resultado é previsto e querido pelo agente. Nos casos de culpa imprópria o resultado, apesar de previsto e querido pelo agente, ocorre em virtude de uma errônea valoração por parte deste (agente) acerca de determinadas circunstâncias. 
Em outros termos: realmente há, por parte do agente, nos casos da culpa imprópria, a vontade de produzir o resultado, entretanto, esta vontade é viciada por um erro de valoração. 
Culpa Presumida ou “In Re Ipsa”: esta modalidade de culpa, que foi abolida de nosso ordenamento jurídico, pode ser conceituada como sendo a culpa derivada da simples inobservância de disposição regulamentar. 
6. Compensação de culpas: esta ocorrerá quando a culpa do acusado é anulada pela presença de culpa da vítima. 
Lembre-se que: no Direito Penal não se admite a compensação de culpas, ou seja, as culpas recíprocas do ofensor e do ofendido não se extinguem. 
No entanto: apesar de não ter, uma eventual culpa concorrente da vítima, o condão de excluir a do agente, ela ( culpa concorrente da vítima) dever ser levada em consideração quando da fixação da pena, podendo, eventualmente, vir a favorecer o agente, sendo que, isto se afirma com base no que dispõe o artigo 59 do Código Penal. 
Não se esqueça que: apesar de a culpa concorrente da vítima não anular a do ofensor, a culpa exclusiva da vítima, ao contrário, pode anular a do ofensor. Tal como leciona o Profº. Fernando Capez, se a culpa foi exclusiva da vítima, é porque não houve culpa alguma do outro. 
7. Concorrência de culpas: esta, tal como nos ensina Cezar Roberto Bitencourt, ocorrerá quando dois indivíduos, um ignorando a presença do outro, concorrerem culposamente para a produção de um resultado definido como crime.Lembre-se que: não se deve confundir a concorrência de culpas com a compensação de culpas, onde se fala em “culpa do ofensor e da vítima”. No caso da concorrência de culpas, tal como se pôde perceber, as culpas concorrentes são de dois agentes, de dois ofensores, duas pessoas que “agem”, que contribuem culposamente para a produção do resultado.
Vamos relembrar algumas situações que acabam por excluir a culpa: 
Caso Fortuito e Força Maior: o caso fortuito e a força maior são os acontecimentos imprevisíveis e inevitáveis, que escapam do domínio da vontade do homem. E justamente por serem imprevisíveis e inevitáveis acabam por excluir a culpa, uma vez que, tal como já dissemos anteriormente, a “previsibilidade” do resultado é elemento indispensável à configuração dos crimes culposos. O caso fortuito e a força maior excluem a culpa, pois tal como já fora dito, o direito não deve exigir o inexigível. 
Erro Profissional: de maneira objetiva este pode ser conceituado como sendo o erro originário da falibilidade das regras da ciência. Tal como leciona Flávio Augusto Monteiro de Barros, o erro profissional exclui a culpa pois a falha não é do agente e sim da própria ciência. 
Lembre-se que: o “erro profissional” não se confunde com a imperícia, pois neste caso ( imperícia), o agente, por sua conta e risco, deixa de observar regra recomendada pela profissão. 
Princípio da Confiança: em alguns casos, o autor causa o resultado porque outro violou o dever objetivo de cuidado. Tal como nos ensinam os mestres Eugênio Raúl Zaffaroni e José Henrique Pierangeli, segundo o princípio da confiança, desenvolve-se de acordo com o dever objetivo de cuidado a conduta daquele que, em qualquer atividade compartilhada, mantém a confiança em que o outro se comportará conforme ao dever de cuidado, enquanto não tenha razão suficiente para duvidar ou acreditar no contrário. 
Não se esqueça que: o princípio da confiança exclui a culpa do agente que causa o resultado pois este ( resultado), ocorreu em virtude da violação do dever de cuidado por parte de outra pessoa. 
10. Além dos crimes culposos e dos crimes dolosos, a doutrina e a jurisprudência costuma citar a existência de uma terceira espécie de crimes, qual seja: os crimes preterdolosos. 
11. Nesta modalidade de crimes, o resultado vai além das intenções do agente. A doutrina costuma dizer que no caso dos crimes preterdolosos há dolo no antecedente e culpa no conseqüente. 
Lembre-se que: nos crimes preterdolosos, o resultado posterior, não desejado, que agrava a pena, só é imputável ao agente quando previsível, e isto se afirma pois o artigo 19 do Código Penal preceitua que “o resultado que agrava especialmente a pena só é imputado ao agente que o houver causado ao menos culposamente”. 
Em outros termos: se o resultado posterior for decorrente de caso fortuito ou força maior, se for, este ( resultado) “imprevisível”, não poderá ser imputado ao agente.
 
Não há que se cogitar da existência de um crime culposo se o resultado era objetivamente imprevisível.
A previsibilidade condiciona o dever de cuidado: quem não pode prever não tem a seu cargo o dever de cuidado, e não pode violá-lo.
� - Ou seja: o resultado, segundo sua concepção normativa ou jurídica.
� - Legítima Defesa, por exemplo.
� - Motorista
� - Decisões Judiciais
� - Tal como nos ensina Flávio Augusto Monteiro de Barros. 
� - Exemplo do Profº. Fernando Capez
� - Que como já se lecionou é descrito no § 3º do artigo 121
� - Agindo, portanto, sem dolo
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