Buscar

Notarial_Aula 15

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 3 páginas

Prévia do material em texto

AULA 15: RESPONSABILIDADE CIVIL E CRIMINAL DOS NOTÁRIOS E DOS REGISTRADORES
- A FÉ PÚBLICA é inerente às atividades notarial e registral e delas é indissociável em qualquer hipótese. No entanto, a lei impõe a esses profissionais um regime severo de responsabilidades civis, administrativas e criminais, apurados mediante FISCALIZAÇÃO PELO JUDICIÁRIO.
- A DELEGAÇÃO tem CARÁTER PERSONALÍSSIMO, e somente o delegado pode TRANSFERIR aos seus prepostos poderes para a prática dos atos notariais, VEDADA A CESSÃO DA DELEGAÇÃO. 
Cabe ao DELEGANTE (Estado) o dever de fiscalizar por meio do Judiciário, conforme o § único do art. 236, CF:  
§ 1º - Lei regulará as atividades, disciplinará a responsabilidade civil e criminal dos notários, dos oficiais de registro e de seus prepostos, e definirá a fiscalização de seus atos pelo Poder Judiciário.
1. RESPONSABILIDADE CIVIL 
A responsabilidade civil (= obrigação de INDENIZAR pelos danos causados por si ou seus prepostos) INDEPENDE da criminal. 
Individualizada a responsabilidade criminal em nome de um de seus empregados, permanece a obrigação do titular do serviço de indenizar os prejuízos sofridos por terceiros. 
a) A Lei 8.935/94 (regulamenta o art. 236, CF, dispondo sobre serviços notariais e de registro) dispõe que: 
Art. 22 - Os notários e oficiais de registro responderão pelos danos que eles e seus prepostos causarem a terceiros na prática de atos próprios da serventia, assegurado aos primeiros direito de regresso no caso de dolo ou culpa dos prepostos.
 
No mesmo sentido, temos: 
b) a Constituição Federal 
Art. 37, § 6° - As pessoas jurídicas de direto público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa (...)
 
c) a Lei 9.492/97 (define competência, regulamenta os serviços concernentes ao protesto de títulos e outros documentos de dívida e dá outras providências)
Art. 38 - Os Tabeliães de Protesto de Títulos são civilmente responsáveis por todos os prejuízos que causarem, por culpa ou dolo, pessoalmente, pelos substitutos que designarem ou escreventes que autorizarem, assegurado o direito de regresso. 
 
d) o Código de Defesa do Consumidor 
Art. 14 - O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços (...)
					
É aplicável ao caso o CDC, pois, em seu artigo 3°, define-se FORNECEDOR como toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados que, entre outras atividades, prestem serviços. 
Segue neste sentido a CF/88 ao adotar, para a RESPONSABILIDADE ESTATAL, a TEORIA DO RISCO ADMINISTRATIVO e atribuir RESPONSABILIDADE decorrente do RISCO CRIADO PELA ATIVIDADE ADMINISTRATIVA DO ESTADO: 
I) Para EXCLUIR tal responsabilidade, é necessário o ROMPIMENTO DO NEXO CAUSAL, ou seja, tratar-se de (1) fato exclusivo da vítima ou de terceiro, (2) caso fortuito ou (3) força maior.
II) Não havendo rompimento do nexo causal, aplica-se a RESPONSABILIDADE OBJETIVA ÀS PESSOAS JURÍDICAS DE DIREITO PRIVADO PRESTADORAS DE SERVIÇOS PÚBLICOS. 
Sem dúvida, notários e registradores são COLABORADORES do Poder Público, PESSOAS FÍSICAS QUE EXERCEM FUNÇÕES PÚBLICAS. Mas não são funcionários públicos, A ELES EQUIPARADOS APENAS PARA EFEITOS PENAIS. 
O ESTADO ASSUME A RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA, o que significa que o usuário do serviço pode buscar a reparação do dano em face do delegado e/ou do Estado. 
A RESPONSABILIDADE decorrerá de (a):
1) FALTA DO SERVIÇO ou 
2) EXECUÇÃO DEFEITUOSA
mas, agindo estritamente DENTRO DA LEGALIDADE, o notário ou registrador NÃO causará dano indenizável. 
O STF tem decidido pela RESPONSABILIDADE OBJETIVA DO ESTADO, COM DIREITO DE REGRESSO EM FACE DOS TITULARES, se tiverem agido com DOLO ou CULPA. Encontramos no TJ-RJ decisões que confirmam (I) a responsabilidade objetiva do Estado tanto quanto entendimentos de que (II) a responsabilidade objetiva é do titular e a subsidiária do Estado. 
O tema é bastante controvertido e não está próximo de ser pacificado na doutrina e na jurisprudência. 
2. RESPONSABILIDADE CRIMINAL
- A RESPONSABILIDADE CRIMINAL É PESSOAL DE QUEM PRATICOU O ATO tipificado como crime. Aplica-se aos titulares e prepostos a legislação referente aos crimes contra a administração pública, circunstância em que são EQUIPARADOS AOS SERVIDORES PÚBLICOS, conforme o Código Penal: 
Art. 327 Considera-se funcionário público, para os efeitos penais, quem, embora transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública. 
§ 1º Equipara-se a funcionário público quem exerce cargo, emprego ou função em entidade paraestatal e quem trabalha para empresa prestadora de serviço contratada ou conveniada para a execução de atividade típica da Administração Pública. 
§ 2º) A pena será aumentada da terça parte quando os autores dos crimes previstos neste Capítulo forem ocupantes de cargos em comissão ou de função de direção ou assessoramento de órgão da administração direta, sociedade de economia mista, empresa pública ou fundação instituída pelo poder público. (Acrescentado pela L-006.799-1980)
- Encontramos os crimes contra a administração pública tipificados nos artigos 312 a 359, CP. Eis alguns em que registradores e notários podem incorrer: 
peculato (art. 312) 
extravio, sonegação ou inutilização de documento (art. 314) 
corrupção passiva (art. 317) 
prevaricação (art. 319) 
advocacia administrativa (art. 321) 
abandono de função (art. 323) 
violação de sigilo funcional (art. 325) 
Em vias de concluir esta disciplina, você já pode perceber a densidade social dos serviços dos notários e dos registradores. Veja-se, por exemplo, a Lei 10.267/2001, que disciplinou a questão fundiária brasileira e estabeleceu uma relação com os atos registrários a partir de uma constatação, na metade da década de 1990, quando o INCRA iniciou um processo de fiscalização de terras pertencentes a particulares. Houve a modificação de algumas leis fundamentais tanto no âmbito do direito agrário quanto no âmbito registrário. 
A Lei 10.267/2001 estabelece a responsabilidade civil e criminal para o oficial do Registro de Imóveis, para o proprietário que identificar os limites e para o profissional que assinar a planta e o memorial descritivo. 
3. DA EXTINÇÃO DA DELEGAÇÃO
- A Lei 8.935, em seu artigo 39, elenca as hipóteses de extinção da delegação, que são:
morte do titular 
aposentadoria facultativa 
invalidez 
renúncia 
perda 
descumprimento da gratuidade prevista pela Lei 9.534/97 
- SANÇÃO DISCIPLINAR: É a PERDA DA DELEGAÇÃO, precedida de (1) SENTENÇA JUDICIAL TRANSITADA EM JULGADO ou (2) DECISÃO DECORRENTE DE PROCESSO ADMINISTRATIVO instaurado pelo juízo competente, assegurado o amplo direito à defesa previsto no art. 5°, LV, da CF. A extinção da delegação só se dá depois de exaurida a aplicação das demais penalidades, tais como repreensão, multa e suspensão. Verificando-se novo descumprimento, aplica-se o disposto no artigo 30, § 3°, A e B, da Lei 6.015.
O inciso II do § 1º do art. 40 da CF prevê a APOSENTADORIA COMPULSÓRIA dos servidores titulares de cargos efetivos da União, dos Estados e dos Municípios aos 70 anos de idade. A redação atual deste dispositivo foi dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 15/12/1998. 
Antes da Emenda nº 20, o entendimento predominante era que a aposentadoria compulsória se aplicava aos titulares de serviços notariais e registrais, por entender-se que, ao exercerem função pública, eram equiparados aos funcionários públicos para fim de aposentadoria. Mesmo então, parte da jurisprudência defendia a inaplicabilidade da compulsória para os titulares dos serviços notariais e de registro.
Com a alteração da redação do art. 40 da CF, teve início um processo de mudança de posição nas decisões judiciais. Contemporaneamente, o STF e o STJ entendem que a aposentadoria compulsória NÃOé aplicável aos tabeliães e registradores, e sim EXCLUSIVAMENTE aos ocupantes de cargos efetivos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, incluídas suas autarquias e fundações. Tal entendimento baseia-se no fato de que REGISTRAIS E NOTÁRIOS NÃO OCUPAM CARGO, ou seja, determinado lugar instituído na organização do serviço público, com denominação própria, atribuições específicas e estipêndio correspondente, para ser provido e exercido por um titular. 
Seja por que motivo for, extinta a delegação, o serviço será declarado VAGO pela autoridade competente do Poder Judiciário, de acordo com a legislação estadual, que designará o substituto mais antigo para responder pelo expediente ou abrirá concurso.

Outros materiais