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DIREITO AMBIENTAL (Texto adaptado da internet) 1. LEGISLAÇÃO AMBIENTAL (PRINCIPAIS LEGISLAÇÕES GERAIS) Lei 6.938, de 31.08.1981 (Política Nacional de Meio Ambiente); Lei 7.347, de 24.07.1985 (Lei da Ação Civil Pública); Constituição Federal de 1.988 - Art.225 Lei 9.605, de 12.02.1998 (Lei dos Crimes Ambientais). 2. DANO AMBIENTAL CONCEITO: Consiste na lesão aos recursos ambientais (= à atmosfera, às águas interiores, superficiais e subterrâneas, aos estuários, ao mar territorial, ao solo, ao subsolo, aos elementos da biosfera, à fauna e à flora -- Lei 6.938/81, art. 3º, V), com conseqüente degradação do equilíbrio ecológico. Classificação Dano ambiental coletivo; Dano ambiental individual; Características pulverização de vítimas difícil reparação difícil valoração Formas de Reparação retorno ao status quo ante indenização em dinheiro 3. RESPONSABILIDADE AMBIENTAL 3.1- RESPONSABILIDADE AMBIENTAL ADMINISTRATIVA Em sede de tutela administrativa, destaca-se, entre os instrumentos preventivos da responsabilidade, o licenciamento ambiental, e entre os repressivos, a imposição de sanções administrativas. LICENCIAMENTO AMBIENTAL Base legal Lei 6.938/81, arts. 9º, III e IV, e 10 (avaliação de impacto ambiental e licenciamento como instrumentos da PNMA); Decreto 99.274/90, arts. 17 a 22 (regulamenta a Lei 6.938/81); Resolução Conama 001/86 (Eia/Rima); Resolução Conama 006/87 (licenciamento de obras de grande porte); Resolução Conama 009/87 (audiência pública) Resolução Conama 009/90 (extração mineral das classes I, III a IX); Resolução Conama 010/90 (extração mineral da classe II) Resolução Conama 237/97 (sistematização do licenciamento nos três níveis de poder); Conceito "Procedimento administrativo pelo qual o órgão ambiental competente licencia a localização, instalação, ampliação e a operação de empreendimentos e atividades utilizadoras de recursos ambientais, consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras ou daquelas que, sob qualquer forma, possam causar degradação ambiental, considerando as disposições legais e regulamentares e as normas aplicáveis ao caso" (art. 1º, I, da Resolução Conama 237/97). Natureza Jurídica Licença ou autorização? Autorização = insegurança jurídica Licença =estabilidade temporal (não pode ser suspensa por simples discricionariedade). Características Desdobramento em três subespécies: LP, LI e LO; EIA/RIMA ou estudos similares como pressupostos; Não assegura ao titular o status quo vigorante ao tempo de sua outorga (= estabilidade temporal); COMPETÊNCIAS 1- IBAMA a) localizadas ou desenvolvidas conjuntamente no Brasil e em país limítrofe ; no mar territorial ; na plataforma continental ; na zona econômica exclusiva ; em terras indígenas ou em unidades de conservação do domínio da União. b) localizadas ou desenvolvidas em dois ou mais Estados c) cujos impactos ambientais diretos ultrapassem os limites territoriais do país ou de um ou mais Estados ; d) destinadas a pesquisar, lavrar, produzir, beneficiar, transportar, armazenar e dispor material radioativo, em qualquer estágio, ou que utilizem energia nuclear em qualquer de suas formas e aplicações, mediante parecer da Comissão Nacional de Energia Nuclear – CNEN ; e) bases ou empreendimentos militares, quando couber, observada a legislação específica. 2- Órgão Estadual ou do Distrito Federal localizadas ou desenvolvidas em mais de um Município ou em Unidades de Conservação de domínio estadual ou do Distrito Federal ; localizadas ou desenvolvidas nas florestas e demais formas de vegetação natural de preservação permanente relacionadas no art. 2º da Lei 4.771, de 15 de setembro de 1965, e em todas as que assim forem consideradas por normas federais, estaduais ou municipais ; cujos impactos ambientais diretos ultrapassem os limites territoriais de um ou mais municípios ; delegadas pela União aos Estados ou ao Distrito Federal, por instrumento legal ou convênio. 3- Órgão Municipal licenciamento de empreendimentos e atividades de impacto ambiental local e daquelas que lhe forem delegadas pelo Estado por instrumento legal ou convênio, ouvidos os órgãos competentes da União, dos Estados e do Distrito Federal. Licenciamento em um único nível de competência Licenciamento integra o âmbito da competência de execução ou comum (art. 23, VI, CF), podendo ser disciplinado pelos três níveis de governo; Art. 7º da Resolução Conama 237/97 = único nível de competência (inconstitucional, por afronta aos arts. 8º, I e 10, da Lei 6.938/81). Modificação, Suspensão e Cancelamento Por decisão motivada, quando ocorrer: violação ou inadequação de quaisquer condicionantes ou normas legais; omissão ou falsa descrição de informações relevantes que subsidiaram a expedição da licença; superveniência de graves riscos ambientais e de saúde (art. 19, Resolução Conama 237/97) Publicidade "Os pedidos de licenciamento, sua renovação e a respectiva concessão serão publicados no jornal oficial do Estado, bem como em um periódico regional ou local de grande circulação" (Resolução Conama 006/86); Requisito de eficácia e moralidade; Falta impõe nulificação pela própria Administração ou Poder Judiciário, via ação popular ou ação civil pública. INFRAÇÕES E SANÇÕES ADMINISTRATIVAS A Lei 9.605/98, conhecida como Lei de Crimes Ambientais, dedicou um capítulo específico à matéria das infrações administrativas (arts. 70 a 76). O art. 70 considera infração administrativa ambiental toda ação ou omissão que viole as regras jurídicas de uso, gozo, promoção, proteção e recuperação do meio ambiente. A tipificação dessas infrações foi contemplada no Decreto 3.179, de 21.09.1999, que regulamentou a Lei de Crimes Ambientais. De acordo com o art. 72 da Lei 9.605/98 e art. 2.º do Decreto 3.179/99, são previstas as seguintes sanções aos infratores: I – advertência, que será aplicada nas hipóteses em que o infrator, por inobservância da lei ou regulamento, tiver a obrigação de sanar uma irregularidade (p. ex., corrigir o lançamento de efluentes fora dos padrões. Eventos esporádicos, pontuais, decorrentes de incidentes operacionais, não ensejam advertência. II – multa simples, no mínimo de R$ 50,00 (cinqüenta reais) e no máximo de R$ 50.000.000,00 (cinqüenta milhões de reais), que será imposta, independentemente de culpa, pela prática de infrações administrativas descritas na lei e no regulamento. Excepcionalmente nas hipóteses do art. 72, § 3º, da Lei 9.605/98, a aplicação de multas simples desafia a presença do elemento subjetivo. Vale dizer, afora os casos de descumprimento de obrigação constante em anterior advertência, e de oposição de embaraços à fiscalização dos órgãos do SISNAMA, prescinde-se de prova de culpa ou dolo, em conformidade ao princípio da responsabilidade objetiva que informa a matéria. Aqui, como se vê, a lei disse menos do que queria (lex minus dixit quam voluit). A multa simples pode ser convertida em serviços de preservação, melhoria e recuperação da qualidade do meio ambiente; III – multa diária, aplicável nos casos de infração continuada, caracterizada pela permanência da ação ou omissão, perdurando até a sua efetiva cessação ou regularização da situação mediante a celebração, pelo infrator, de termo de compromisso de reparação do dano. As multas (simples ou diárias), segundo dispõe o Decreto 3.179/99, podem ter a sua exigibilidade suspensa, quando o infrator, por termo de compromisso aprovado pela autoridade competente, obrigar-se à adoção de medidas específicas, para fazer cessar ou corrigir a degradação ambiental, com base em projeto técnico de reparação de dano apresentado pelo próprio infrator. Cumpridas integralmente as obrigações assumidas pelo infrator, a multa será reduzida em noventa por cento do valor atualizado monetariamente. Observe-se que o Decreto 99.274/90 era mais restritivo na benesse, pois falavaem redução de até noventa por cento. IV – apreensão de animais, produtos e subprodutos da fauna e flora, instrumentos, petrechos, equipamentos ou veículos de qualquer natureza utilizados na infração: os animais apreendidos serão libertados em seu habitat, após verificação de sua adaptação às condições de vida silvestre, ou entregues a jardins zoológicos, fundações ambientalistas ou entidades assemelhadas sob a responsabilidade de técnicos habilitados, ou, subsidiariamente, entregues a fiel depositário; os produtos e subprodutos perecíveis ou madeiras serão avaliados e doados a instituições científicas, hospitalares, penais e outras com fins beneficentes; V – destruição ou inutilização do produto: os produtos e subprodutos da fauna não perecíveis serão destruídos ou doados a instituições científicas, culturais ou educacionais; os instrumentos utilizados na prática da infração serão vendidos, garantida a sua descaracterização por meio da reciclagem; VI – suspensão de venda e fabricação do produto; VII – embargo de obra ou atividade; VIII – demolição de obra; IX – suspensão parcial ou total de atividade; As sanções indicadas nos incisos VI, VII e IX serão aplicadas quando o produto, a obra, a atividade ou o estabelecimento não estiverem obedecendo às prescrições legais ou regulamentares. A determinação da demolição de obra, prevista no inciso VIII, será de competência da autoridade do órgão ambiental integrante do Sisnama, a partir da efetiva constatação pelo agente autuante da gravidade do dano decorrente da infração. X – restritivas de direito, que compreendem: a) suspensão de registro, licença, permissão ou autorização; b) cancelamento de registro, licença, permissão ou autorização; c) perda ou restrição de incentivos e benefícios fiscais; d) perda ou suspensão da participação em linhas de financiamento em estabelecimentos oficiais de crédito; e) proibição de contratar com a administração pública, pelo período de até três anos; XI – reparação dos danos causados, exigível independentemente de culpa do infrator. Como se vê, as penalidades são as geralmente admitidas na legislação ambiental, mas os Estados e Municípios podem regular de maneira diferente a sua aplicação. Convém mesmo que o façam, especialmente para caracterizar que a multa é aplicada independentemente de culpa ou dolo do infrator, salvo nas hipóteses do § 3.º do art. 72. Frise-se que, na hipótese de o infrator cometer simultaneamente duas ou mais infrações, ser-lhe-ão aplicadas, cumulativamente, as sanções a elas cominadas. 3.2- RESPONSABILIDADE AMBIENTAL CIVIL OS REGIMES DE RESPONSABILIDADE Responsabilidade baseada na culpa – Código Civil, art. 186 A responsabilidade objetiva (ou sem culpa) do poluidor A responsabilidade civil por danos ao meio ambiente independe da demonstração de culpa por parte do poluidor, conforme Lei 6.938/81, art. 14, parágrafo 1º: "sem obstar a aplicação das penalidades previstas neste artigo, é o poluidor obrigado, independentemente de existência de culpa, a indenizar ou reparar os danos causados ao meio ambiente e a terceiros, afetados por sua atividade". Essa é a regra também prevista no art. 225, parágrafo 3º, da Constituição Federal. PRESSUPOSTOS DA RESPONSABILIDADE Evento danoso Nexo de causalidade CONSEQÜÊNCIAS DO REGIME DA RESPONSABILIDADE OBJETIVA A prescindibilidade da culpa O poluidor é obrigado, independemente da existência de culpa, a indenizar ou reparar os danos causados ao meio ambiente e a terceiros, afetados por sua atividade (art. 14, parágrafo 1º, da Lei 6.938/81). A irrelevância da licitude da atividade Não se discute a legalidade do ato, mas a potencialidade do dano que o ato pode trazer (art. 225, parágrafo 3º, da Constituição Federal). A inaplicabilidade de excludentes O caso fortuito ou a força maior não eximem de responsabilidade o poluidor. Verificado o acidente ecológico, seja por falha humana ou técnica, seja por obra do acaso ou por força da natureza, deve o poluidor responder pelos danos causados, por força do princípio da responsabilidade sem culpa adotado pelo legislador brasileiro. A cláusula de não- indenizar A cláusula de não-indenizar, através da qual o devedor procura liberar-se da reparação do dano,só é admitida quando relacionada com obrigações passíveis de modificação convencional. Não é o que ocorre com as regras informadoras do Direito Ambiental, de natureza pública, mas apenas com aquelas destinadas à tutela do mero interesse individual, estritamente privado. Cumpre salientar, no entanto, que dita cláusula, muito comum em contratos de compra e venda de empresas com passivos ambientais, embora inaplicável em matéria de responsabilidade ambiental, vale entre as partes, facilitando o direito de regresso daquele que isoladamente tiver sido responsabilizado. O SUJEITO RESPONSÁVEL Nos termos da lei brasileira, responsável principal é o poluidor (art. 14, § 1º, da Lei 6.938/81). Poluidor é “a pessoa física ou jurídica, de Direito Público ou Privado, responsável, direta ou indiretamente, por atividade causadora de degradação ambiental (art. 3º, IV, da Lei 6.938/81). O Estado, quando não for o direto causador do dano, será solidariamente responsabilizado pelas lesões provocadas por terceiros, já que é seu o dever de fiscalizar e impedir que a danosidade ambiental aconteça. Eventual ação civil pública reparatória de danos pode ser proposta contra o responsável direto, contra o responsável indireto ou contra ambos A RESPONSABILIDADE DO PROFISSIONAL DA ÁREA AMBIENTAL Ao contrário do empreendedor (poluidor), que responde objetivamente pelos danos ambientais, os profissionais só respondem a título de culpa. Fica, no entanto, ressalvado ao empreendedor voltar-se regressivamente contra o profissional que tenha se excedido ou omitido no cumprimento de tarefa a ele cometida. 3.3- RESPONSABILIDADE AMBIENTAL PENAL A LEI 9.605/98 – LEI DOS CRIMES AMBIENTAIS Conteúdo Crimes contra fauna; Crimes contra a flora; Crime de poluição; Crimes contra o ordenamento urbano e o patrimônio cultural; Crimes contra a Administração ambiental; outros crimes ambientais; Sujeitos Ativos Responsabilidade penal individual; Responsabilidade penal da pessoa jurídica; Condicionantes para a responsabilização; Abrangência: pessoas jurídicas de direito privado e público; Desconsideração da personalidade jurídica PENAS APLICÁVEIS ÀS PESSOAS FÍSICAS a) Privativa de Liberdade reclusão detenção prisão simples b) Restritiva de direitos prestação de serviços à comunidade interdição temporária de direitos suspensão parcial ou total de atividades prestação pecuniária recolhimento domiciliar c ) Multa PENAS APLICÁVEIS ÀS PESSOAS JURÍDICAS a) Multa; b) Restritiva de direitos; suspensão parcial ou total de atividades; interdição temporária de estabelecimento, obra ou atividade; proibição de contratar com o Poder Público, bem como dele obter subsídios, subvenções ou doações; prestação de serviços à comunidade; c) Liquidação Forçada TERMO DE AJUSTAMENTO DE CONDUTA - TAC A Lei 7.347/85, LEI E AÇÃO CIVIL PÚBLICA em seu art. 5º, § 6º, com a redação determinada pelo art. 113, da Lei 8.078/90, estabeleceu que: "Os órgãos públicos legitimados poderão tomar dos interessados compromisso de ajustamento de sua conduta às exigências legais, mediante cominações, que terá eficácia de título executivo extrajudicial" . Esse compromisso consagra figura peculiar de transação, ma medida em que pode não só evitar a propositura de uma ação civil pública contra o suposto poluidor, como também provocar a extinção de uma ação em andamento. Tanto num como noutro caso, deve observar os seguintes requisitos : • necessidade da integral reparação do dano, em razão da natureza indisponível do bem ambiental ; a esfera passível de ajuste fica circunscrita à forma de cumprimento da obrigação pelo responsável, isto é, ao modo, tempo, lugar e outrosaspectos pertinentes ; • a indispensabilidade de cabal esclarecimento dos fatos, de modo a ser possível a identificação das obrigações a serem estipuladas, já que desfrutará de eficácia de título executivo ; • obrigatoriedade da estipulação de cominações para a hipótese de inadimplência. • Por igual, com base nos moldes da Lei 7.347/85, a Medida Provisória 1.710, de 07.08.1998, introduziu o art. 79-A na Lei 9.605/98 (Lei dos Crimes Ambientais), autorizando os órgãos integrantes do SISNAMA a celebrar com os infratores termo de compromisso de ajuste às exigências legais de licenciamento, com força de título executivo extrajudicial, em que estes se comprometem a promover as necessárias correções de suas atividades. • No Estado de São Paulo, a Secretaria de Meio Ambiente editou a Resolução SMA 05/97, de 07.01.1997, instituindo o compromisso de ajustamento de conduta ambiental, com o objetivo de buscar a recuperação do meio ambiente degradado, por meio da fixação de obrigações e condicionantes que deverão ser rigorosamente cumpridas pelo infrator em relação à atividade degradadora a que deu causa, de modo a cessar, adaptar, recompor, corrigir ou minimizar seus efeitos negativos sobre o meio ambiente.
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