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ARGONAUTAS DO PACÍFICO OCIDENTAL

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ARGONAUTAS DO PACÍFICO OCIDENTAL*: um relato do empreendimento e da aventura dos nativos nos arquipélagos da Nova Guiné Melanésia**
 * Introdução, Caps. III e XXII.
 ** Os Pensadores, Abril Cultural. 
Programa de Pós-graduação em Ciências Sociais/ UFMA. 
Teoria Antropológica
Discente: Julyana Ketlen Silva Machado
Malinowski com nativos, Ilhas Trobiand, 1918.
Caracterizado pelo desenvolvimento de “novas” técnicas de pesquisa e pela crítica aos métodos de interpretação vigentes; 
Radcliffe-Brown e Malinowski: crítica radical dos postulados evolucionistas e difusionistas que dominavam a antropologia clássica. Estabeleceram um novo método de investigação e interpretação que ficou conhecido como “escola funcionalista”. 
Boas (Estados Unidos); Malinowski e R. Brown (Inglaterra): trabalho de campo. 
Por influência de Durkheim: conceitos de função e integração funcional. 
Crítica à antropologia clássica: a comparação entre sociedades diversas é feita através de um desmembramento inicial da realidade em itens culturais tomados como elementos autônomos; após obterem os fragmentos, os autores procedem a um rearranjo, agrupando-os de acordo com categorias tomadas de sua própria cultura e fabricando com isso instituições, complexos culturais e estágios evolutivos que não encontram correspondência em qualquer sociedade. 
Reconhecer e preservar a especificidade e particularidade de cada cultura. 
Organização das informações de campo no texto etnográfico, as orientações metodológicas do autor e sua posição na relação sujeto-objeto no trabalho antropológico.
INTRODUÇÃO: Tema, método e objetivo desta pesquisa. 
Pesquisa etnográfica (1914-1920); Três expedições; 
 I
[...] Encontram-se, entre as várias tribos, formas bem definidas de comércio ao longo de rotas comerciais específicas. (p. 21)
 II
Crítica ao comparar a etnografia com outras ciências:
[...] A etnografia, ciência em que o relato honesto de todos os dados é talvez ainda mais necessário que em outras ciências, infelizmente nem sempre contou no passo com um grau sufi ciente deste tipo de generosidade. Muitos dos seus autores não utilizam plenamente o recurso da sinceridade metodológica ao manipular os fatos e apresentam-nos ao leitor como tirados do nada. (p. 22)
Não interferência de outro ‘homem branco”:
[...] A meu ver, um trabalho etnográfico só terá valor científico irrefutável se nos permitir claramente, de um lado, os resultados da observação direta e das declarações e interpretações nativas e, de outro, as interferências do autor, baseadas em seu próprio bom-senso e intuição psicológica. (p. 22)
Transformação de dados a partir de um material de pesquisa que é baseado em memórias são acessíveis, mas também extremamente enganosas e complexas;
 III
[...] Os princípios metodológicos podem ser agrupados em três unidades: em primeiro lugar, é lógico, o pesquisador deve possuir objetivos genuinamente científicos e conhecer os valores e critérios da etnografia moderna. Em segundo lugar, deve o pesquisador assegurar boas condições de trabalho, o que significa, basicamente, viver mesmo entre os nativos, se depender de outros brancos. Finalmente, deve ele aplicar certos métodos especiais de coleta, manipulação e registro da evidência. (p. 24)
 IV 
[...] é natural que sintamos falta da companhia de nossos iguais. (p. 25)
[...] Através deste relacionamento natural, aprendemos a conhece-los, familiarizamo-nos com seus costumes e crenças de modo muito melhor do que quando dependemos de informantes pagos e, como frequentemente acontece, entediados. (p. 25)
[...] estranha aventura por vezes desagradável, por vezes interessantíssima... (p. 25)
[...] mal necessário. (p. 26)
Experiência como fonte de conhecimento etnográfico, Geertz;
 V
Os elementos metodológicos orientam o processo de construção da narrativa, mas não a engessam;
[...] Se o homem parte numa expedição sobrecarregado a provar certas hipóteses e é incapaz de mudar seus pontos de vista constantemente, abandonando os sem hesitar ante a pressão da evidência, sem dúvida seu trabalho logo será inútil. (p. 26)
Inspirações teóricas; construção de teorias; 
Construção de postulados e fornecimento de um resumo, um quadro sinótico de suas observações e argumentações. É exatamente isso que consiste na “primeira e principal questão metodológica” que se materializa no levantamento exaustivo de manifestações concretas para dispô-las em um quadro sinótico, quando possível, e, assim, obter um esboço fidedigno da cultura nativa.
[...] armado com seus quadros de termos de parentesco, gráficos genealógicos, mapas, planos e diagramas, prova a existência de uma vasta organização nativa, demonstra a constituição da tribo, do clã e da família e apresenta-nos um nativo sujeito a um código de comportamento e de boas maneiras tão rigoroso. (p. 27)
[...] perscrutar a cultura nativa na na totalidade de seus aspectos.... O etnógrafo que se propõe estudar apenas a religião, ou somente a tecnologia, ou ainda exclusivamente a organização social, estabelece um campo de pesquisa artificial e acaba por prejudicar seriamente seu trabalho. (p. 28)
O trabalho empreendido por Malinowski não se destina a simplesmente compreender uma instituição em particular: ao estudar os mecanismos que regem as trocas próprias a esta instituição, o autor pôde decompor os diversos aspectos da cultura trobriandesa, como parentesco, economia, rituais, religião e outros. 
 VI
 [...] Mas esses elementos, apesar de cristalizados e permanentes, não se encontram formulados em lugar nenhum. Não há códigos de lei, escritos ou expressos explicitamente; toda a tradição tribal e sua estrutura social inteira estão incorporadas ao mais elusivo dos materiais: o próprio ser humano (p. 28)
[...] Com base na minha própria experiência, posso afirmar que muitas vezes, somente ao fazer um esboço preliminar dos resultados de um problema aparentemente resolvido, fixado e esclarecido, é que eu deparava com enormes deficiências em meu estudo- deficiências essas que indicavam a existência de problemas até então desconhecidos e me forçavam a novas investigações. (p. 29).
Esquema mental – Esquema real- Sistematização dos dados.
Quadro sinótico: resultados das observações diretas e de informações que recebeu. 
 VII 
Aprender o fluxo regular da cultura nativa e seus acontecimentos cotidianos: acrescentar carne e sangue. 
Fenômenos que devem ser observados em sua plena realidade: [...] a rotina do trabalho diário do nativo; os detalhes de seus cuidados corporais, o modo como prepara a comida e se alimenta. (p. 33)
A experiência antropológica oferece não a transformação do que é observado em entidades fixas, mas em narrativas para a interpretação do que o autor denomina com características essenciais do pensamento nativo. 
 VIII
Registro do espírito: pontos de vista, as opiniões, palavras do nativo; 
[...] descobrir os modos de pensar e sentir típicos, correspondentes às instituições e à cultura de determinado comunidade, e formular os resultados de maneira vívida e convincente. (p. 36)IX
Objetivo: [...] apreender o ponto de vista dos nativos, seu relacionamento com a vida, sua visão de seu mundo. É nossa tarefa estudar o homem e devemos, portanto, estudar tudo aquilo que mais intimamente lhe diz respeito, ou seja, o domínio que a vida exerce sobre ele. (pp. 37-38)
[...] Estudar as instituições, costumes e códigos, ou estudar o comportamento e mentalidade do homem, sem atingir os desejos e sentimentos subjetivos pelos quais ele vive, e sem o intuito de compreender o que é, para ele, a essência de sua felicidade, é, em minha opinião, perder a maior recompensa que se possa esperar do estudo do homem. (p. 38)
CAP. III: Características essenciais do Kula
Relata a definição do Kula de forma geral analisando todas as atividades nele presentes. As transações, os artigos utilizados no kula, as regras e características;
Significado do Kula, apresentando algumas características; Atribuição da definição de comércio, diferindo o comércio primitivo em geral; Descrição detalhada dos objetos utilizados nesse sistema; Explicação do funcionamento da transação dos objetos e a relação de parceria; Abrange dois princípios importantes do Kula, ressaltando a importância da equivalência dos objetos numa transação; Relata atividades secundárias pondo a ação do Kula como atividade principal. 
O Kula é um sistema de troca de bracelete e colares onde o princípio é a doação de algo e a retribuição à altura, afim de evitar conflitos na vida social do indivíduo.
 Como o Kula é um sistema de troca de “mercadorias” é necessário que essas mercadorias estejam em constantes movimentos, por isso uma vez que adentrou nesse sistema de trocas, não tem como sair, pois sempre terá o dever de manter o ciclo de trocas funcionando. 
CAP. III: Características essenciais do Kula
 I 
[...] Forma de troca e tem caráter intertribal bastante amplo. (p. 75). Ocorre em comunidades que se dispõem alinhadas formando um círculo fechado. 
Longos colares feitos de conchas vermelhas , chamados soulava, e braceletes feitos de conchas, chamados mwali.
Características essenciais do Kula: [...] uma instituição enorme e extraordinariamente complexa... Abarca em enorme conjunto de atividades inter-relacionadas e interdependentes de modo a formar um todo orgânico. (pp. 75-76)
Sistema de trocas circular, místico, sem noção de posse entre ilhéus e os habitantes das ilhas vizinhas. Os estudos não se limitam apenas na descrição do processo de trocas, mas os motivos que as fundamentam e os sentimentos que provocam nos nativos. A partir do Kula, enquanto instituição, Malinowski analisa economia, parentesco, organização social, religião, ritual, mitológica etc. 
 II
[...] está enraizado em mitos, sustentado pelas leis da tradição e cingido por rituais mágicos... Se realiza periodicamente , em datas pré-estabelecidas, ao longo de rotas comerciais definidas que conduzem a locais fixos de encontro(p. 77)
 III
[…] Numa visão mais larga, feita agora sob o ponto de vista etnológico, podemos classificar os artigos preciosos do Kula entre os diversos objetos “cerimoniais” que representam riqueza: enormes armas esculpidas e decoradas; implementos de pedra; artigos para uso doméstico e industrial, ricamente ornamentados e incômodos demais para serem usados normalmente. (p. 80)
[...] é a mesma a atitude mental que nos leva a valorizar nossos objetos históricos ou tradicionais e faz com que os nativos da Nova Guiné tenham seus vaygy’a em grande apreço. (p. 81)
 IV
Os nativos, parceiros do kula, trocam esse vaygu’a (principais objetos) e sobrevém a trocar outros presentes que são as atividades secundárias, gerando essa parceria de troca que anima a relação fortalecida através de prestação de serviços onde todas as aldeias têm lugar estável. Os artigos viajam de direção oposta, ou seja, esses objetos se encontram em constante movimentação porque o sistema determina que os braceletes nunca sejam fornecidos ao nativo pelo mesmo indivíduo. Os objetos principais de troca tem um tempo determinado de posse. Se o indivíduo desrespeitar, ele será dito como “mesquinho” e poderá ser excluído desse sistema de troca.
 V
Nessas cerimônias do kula, quando um nativo recebe uma doação eventual de um indivíduo, esse nativo tem que dar, em um espaço de tempo, um presente de igual justo valor. Se o nativo der um presente inferior à doação dada pelo indivíduo, esse indivíduo pode não cobrar diretamente e nem tentar acentuar seu parceiro e não finalizar sua ligação. Para os nativos, quanto mais de tem mais dar, o indício de poder anda junto a generosidade que é sinal de riqueza. 
O Kula por ser um comércio onde se troca mercadoria(colares e braceletes) acaba com a ideia de um comercio primitivo que era regido sem cerimônias e regulamentação. Os objetos de troca são simplesmente enfeites, entretanto não podem ser utilizados no dia-a-dia ou em ocasiões que não sejam importantes, o verdadeiro sentido dos objetos é a troca. O Kula se enquadra em um sistema onde as trocas se estabelecem a partir de cerimônias e são firmadas por regras; uma das regras que delimita as trocas é que estas trocam só podem ser feitas apenas a um curto número de pessoas, sendo que este número irá variar de acordo com a classe social.
 VI
“A natureza cerimonial do Kula está rigorosamente vinculada a um outro aspecto que o caracteriza- a magia... Rituais mágicos precisam ser executados sobre as canoas marítimas, quando são construídas, para que sejam velozes, estáveis e seguras; rituais mágicos são também executados sobre as canoas para lhes dar sorte no Kula. Um outro sistema de rituais mágicos é executado para afastar os perigos da navegação. Um terceiro sistema de rituais mágicos relativos às expedições marítimas é o mwasila, ou a magia do Kula propriamente dita. Esse sistema se compõe de numerosos rituais e encantamentos todos eles agindo diretamente sobre a mente (nanola) do parceiro, fazendo com que ele se torne afável, de mente instável e ansioso por dar presentes kula.” (p. 89)
CAP. XXII- O significado do Kula
No sentido horário circulam os soulava (colar de concha) e no anti-horário os mwali (braceletes)
Ser possuída e ser trocada; 
Tratado de maneira ritual e provoca uma reação emocional;
[...] atitude fundamental do selvagem em relação à realidade. (p. 372)
Interdependência: ritual mágico e iniciativa econômica.
Aspectos da instituição de modo geral; estudo do mecanismo social e psicológico que perpassam pela instituição; 
Assimilação e compreensão de todos os itens de uma cultura; 
APONTAMENTOS GERAIS
Propôs a apresentar uma “totalidade integrada” da vida nativa: não apenas a troca econômica, fim último do Kula, mas as motivações, paixões e rituais intrínsecos a essa instituição; 
Sistema de trocas que segue uma regra, todo um sistema, primeiramente um sistema interno de trocas, depois outro externo. 
É necessário possuir uma noção geral da instituição antes de descrevê-la minunciosamente, a partir do seu funcionamento. 
Propõe estudar a “totalidade” das motivações e reações humanas, isto é, descreve um personagem motivado por múltiplos aspectos. 
Não se pode entender o modelo malinowskiano de trabalho de campo sem passar pelo seu vínculo com uma perspectiva funcionalista.
A ligação entre a antropologia e o exótico manifesta-se, de maneira efetiva, no vocabulário ocasionalmente evolucionista e nos comentários sobre a "alma selvagem" de Malinowski. A questão que fica é se as observações metodológicas de Malinowski podemser lidas de modo que se encontre nelas algo mais do que as condições de pesquisa em uma sociedade pré-industrial, a perspectiva funcionalista e o interesse pelo exótico e o selvagem.
O "objetivo fundamental da pesquisa etnográfica" deve ser buscado a partir de uma variedade de fontes, cuja pertinência é avaliada pelo acesso que propiciam aos "mecanismos sociais" e aos "pontos de vista" em suas "manifestações concretas“. 
Se na observação participante, o pesquisador deve deixar seus "nativos" falarem, no uso de fontes textuais ele deve lidar com o que já foi dito. Nada disso invalida o recurso a entrevistas; afinal, há situações em que é fundamental fazer certas personagens falarem, assim como é imprescindível fazer emergir vozes que, de outro modo, permaneceriam submersas. O que considero importante é pensar adequadamente a relação entre entrevista e trabalho de campo e não deixar de incluir nessa reflexão o lugar das fontes textuais.
Visão da sociedade como funcionalmente coesa e estável e, de certa maneira, como um sistema fechado.

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