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1 REUMATOLOGIA RAUL BICALHO – MEDUFES 103 Artrite Reumatoide INTRODUÇÃO • Características gerais: o A artrite reumatoide (AR) é uma doença inflamatória autoimune sistêmica o É representada clinicamente por uma poliartrite simétrica erosiva • Epidemiologia: o A etiologia é desconhecida o Prevalência → 0,4 a 1% da população (dependendo da faixa etária e do sexo pode ser maior) o É mais frequente nas idades entre 30 e 50 anos o As mulheres são mais acometidas (3:1) o Existe um impacto sobre morbidade, mortalidade, efeitos na qualidade de vida e custos econômicos → Essa doença pode levar a uma deformidade/deficiência, necessidade de auxílios, aposentadorias precoces etc. • História natural da doença: o Existem vários fatores envolvidos, desde fatores genéticos até fatores ambientais, fatores relacionados a microbiota, tabagismo, fatores relacionados a etnia etc. o É sabido que no início existe uma susceptibilidade (os pacientes ainda não têm sintomas, mas já são susceptíveis) e daí alguns fatores podem desencadear o início dessa doença PROFA. KETTY MACHADO 2 REUMATOLOGIA RAUL BICALHO – MEDUFES 103 o Evolução da doença em fases: ▪ No início do processo de autoimunidade o paciente pode ter uma fase assintomática, mas já ter aumento de citocinas, aumento de prova de atividade inflamatória e a presença de marcadores, como os anticorpos (fator reumatoide e anti-CCP) ▪ Depois disso começa uma fase inicial de sintomas, que às vezes não são tão típicos ▪ Depois começa uma estágio inflamatório, com presença de células inflamatórias nas articulações, inclusive iniciando um processo de alteração/destruição da camada sinovial ▪ Depois há a artrite reumatoide propriamente dita e estabelecida, com sinovite, bastante inflamação, pode ter osteopenia justarticular, presença de erosões na região da cartilagem etc. o Então, no início a doença pode ser bem silenciosa e não ter sintomas, por isso toda a história do paciente, inclusive a história familiar, será bem importante ETIOPATOGÊNESE • Fatores envolvidos na etiopatogênese: o Fatores genéticos o Fatores ambientais ▪ Tabagismo ▪ Bactérias e vírus (EBV, Parvovírus B19, rubéola) ▪ Microbioma → Pode ter relação com os escapes para autoimunidade o Fatores hormonais → Poderia explicar a prevalência maior no sexo feminino o Fatores imunológicos • Genética: o Vários genes envolvidos já foram descritos, o que é importante para guiar o tratamento 3 REUMATOLOGIA RAUL BICALHO – MEDUFES 103 o A concordância em gêmeos monozigóticos é de 15 a 30% → Porcentagem não tão grande, ou seja, fatores ambientais e outros fatores podem estar envolvidos na fisiopatologia dessa doença o Os fatores genéticos vão indicar uma susceptibilidade, fenótipos e gravidade da doença o Também podem ser marcadores prognósticos o O gene HLA é importante, especialmente o locus HLA DRB1, que é onde encontra o seu epítopo compartilhado ▪ Os alelos *0101, *0401, *0404 e *0405 estão mais relacionados o Existem também outros genes envolvidos (Ex.: PTPN22, STAT4, ENOX1, NNA25) o Existem alguns genes que não estão associados positivamente, a presença deles pode indicar até uma proteção • Modelos de explicação da fisiopatologia: o Modelo 1 → Envolvimento central ▪ No timo, a célula normalmente deveria apresentar através do HLA um antígeno próprio e se a célula T imatura reagisse, ela deveria ser destruída ▪ O que acontece às vezes é que há um escape nesse processo e essa célula T fica responsiva contra antígenos próprios, levando a uma auotimunidade o Modelo 2 → Periferia ▪ Com células T maduras e um antígeno por exemplo viral, que estaria desencadeando uma resposta imune contra um próprio, como se estivesse simulando um antígeno prórprio o Modelo 3 → Mimetismo ▪ Um antígeno que se parece com um antígeno próprio e a célula T entende dessa forma e acaba reagindo também contra o antígeno próprio 4 REUMATOLOGIA RAUL BICALHO – MEDUFES 103 • Processo celular envolvido: o Há a célula dendrítica apresentadora de antígeno e os 2 sinais mais importantes ▪ 1º sinal → Complexo de histocompatibilidade se ligando ao receptor de célula T com o antígeno sendo apresentado ▪ 2º sinal → Entre o CD80/86 da célula dendrítica e o CD28 da célula T o Com isso, há uma ativação dessa resposta com estimulação da resposta das células B também o As células B, por sua vez, vão produzir anticorpos, entre eles o fator reumatoide, que é uma IgM que vai se ligar à porção Fc de outras imunoglobulinas e com isso levar à formação de imunocomplexos o Também há uma ativação de monócitos e macrófagos, com produção de várias citocinas inflamatórias, que vão desencadear o processo de destruição celular, com ativação de fibroblastos, condrócitos e osteoclastos ▪ Estes levam à produção de colagenases, que vão levar a essa destruição da cartilagem, podendo levar a erosões e ao processo inflamatório local APRESENTAÇÃO • Histologia do tecido sinovial: o Veremos uma pronunciada angiogênese e uma hiperplasia celular o Pode ter um fluxo aumentado de células inflamatórias, incluindo as células TCD4+ o Aumento de moléculas de adesão, proteinases e citocinas o Formação do pannus → Tecido inflamatório representado pela sinovite o Vemos destruição, o osso justarticular fica mais fino (osteopenia) → Vemos também na radiografia • Fase inicial x Fase avançada: o Na fase inicial vemos a presença do pannus, mas com uma cartilagem preservada 5 REUMATOLOGIA RAUL BICALHO – MEDUFES 103 o Na fase avançada há bastante destruição e perda do revestimento cartilaginoso • Manifestações extra-articulares: o Além do envolvimento articular, há uma ação bem sistêmica, com outras manifestações, por exemplo: ▪ Formação de citocinas e proteínas de fase aguda ▪ Alterações ósseas → Osteopenia ou até osteoporose ▪ Alteração inflamatória e aterogênese nas artérias Fase inicial Fase avançada 6 REUMATOLOGIA RAUL BICALHO – MEDUFES 103 PATOGÊNESE E ALVOS TERAPÊUTICOS • Citocinas envolvidas: o Há um pool de citocinas envolvidas o Cada uma delas é importante fisiopatologia e, por sua vez, pode ser um alvo para o tratamento • Alvos terapêuticos: o Existem várias medicações para tentar combater esse processo inflamatório o Os primeiros utilizados foram os Anti-TNFs (inibidores do TNF), que vão agir bloqueando a citocina TNF e com isso reduzindo o estágio inflamatório o Temos também inibidores de IL-6 (Ex.: Tocilizumab), que também vão inibir essa resposta, mas através do IL-6 o Podemos também inibir o 2º sinal, a ligação do CD80/86, usando o abacept o Há também Anti-CD20, que é o rituximab, que atua contra células B e produção dos anticorpos o Podemos também usar inibidores da JAK, que seriam já inibidores intracelulares e também levariam a uma redução da produção de citocinas 7 REUMATOLOGIA RAUL BICALHO – MEDUFES 103 QUADRO CLÍNICO É uma doença que pode ter manifestações sistêmicas, com sintomas constitucionais iniciais (fadiga, febre e perda ponderal), sintomas articulares e sintomas extra-articulares. • Sintomas articulares: o A AR se manifesta com um quadro de uma poliartrite crônica simétrica aditiva de início insidioso ▪ Início insidioso → Nem sempre começa já com a poliartrite ▪ Aditivia → Vai somando e não migrando o Pode acometer pequenas e grandes articulações o As articulações mais acometidas são as das mãos (punhos, metocarpofalangianas e interfalangianas proximais) e dos pés (metatarsofalangianas) 8 REUMATOLOGIA RAUL BICALHO – MEDUFES 103 ▪ Normalmente a AR poupa a interfalangiana distal (importantepara diagnótico diferencial da osteoartrite e da artrite psoriásica, que podem acometer as IFD) o Rigidez matinal geralmente > 1 hora o Pode levar a deformidades e incapacidades o Outras articulações acometidas → Joelhos, cotovelos, tornozelos, coxofemoral, ombros, atlantoaxial, esternoclavicular, temporomandibular e cricoaritenoide • Exame físico articular: o Inspeção → Olhar principalmente a mão dos pacientes, procurando por: ▪ Aumento de volume ▪ Deformidades ▪ Rubor (raro) o Palpação ▪ Dor ▪ Espessamento sinovial ▪ Squeeze teste positivo → Compressão da cabeça das MTF e o paciente sente dor ▪ Derrame articular ▪ Calor o Mobilização ▪ Subluxações (redutíveis/irredutíveis) → Normalmente quando há destruição são irredutíveis ▪ Diminuição da mobilidade e da amplitude de movimento ▪ Anquilose • AR inicial: o Início < 12 meses → AR inicial ▪ < 12 semanas → AR muito precoce ▪ 12 semanas – 12 meses → AR inicial tardia 9 REUMATOLOGIA RAUL BICALHO – MEDUFES 103 o Na fase inicial pode ser um quadro mais frustro, sem muita deformidade, sendo o diagnóstico mais difícil, principalmente na AR muito precoce • AR estabelecida: o Pode já ter deformidades importantes o O objetivo do tratamento é que o paciente não chegue nesse estágio da doença o Muitas alterações → Nódulos reumatoides, bastante deformidade, luxação etc. o Pode haver alterações ligamentares e de tendões ▪ Deformidade em botoneira → Flexão da IFP e extensão da IFD ▪ Deformidade em pescoço de cisne → Extensão da IFP e flexão da IFD AR inicial – Leve aumento da IFP (3ª e 4ª) x Radiografia com osteopenia justarticular 10 REUMATOLOGIA RAUL BICALHO – MEDUFES 103 MANIFESTAÇÕES EXTRA-ARTICULARES • Pele: o Nódulos reumatoides (25%) → Nodulações subcutâneas firmes e indolores, geralmente nas superfícies extensoras das articulações e pontos de pressão. Têm relação com FR positivo o Vasculite → De pequenos e médios vasos o Pioderma gangrenoso o Eritema nodoso • Pulmonar: o Derrame pleural o Nódulo reumatoide o Doença pulmonar intersticial o Bronquiolite obliterante o Síndrome de Caplan → Associação da AR com silicose • Cardiovascular: o Aumento do risco de doença cardiovascular → Pelo estado inflamatório que a doença traz o Bloqueios atrioventriculares o Derrame pericárdico AR com quadro bem avançado – Bastante destruição e perda total da funcionalidade dessa mão 11 REUMATOLOGIA RAUL BICALHO – MEDUFES 103 o Valvopatias • Olhos: o Ceratoconjuntivite seca → Pode ser até um Sjögren secundário o Episclerite, esclerite e escleromalácia (imagem) o Vasculite retiniana • Neurológico: o Síndrome do túnel do carpo e do tarso o Mononeurite múltipla (vasculite) o Instabilidade cervical → Por causa da subluxação atlantoaxial • Renal: o Manifestações mais raras, mas podem acontecer o Glomerulonefrite o Amiloidose → Nos pacientes que têm uma história mais longa de doença (amiloidose secundária) • Hematológico: o Leucocitose, plaquetose e anemia de doença crônica o Síndrome de Felty → Caracterizada pela AR, esplenomegalia e leucopenia • Doença de Still: o Forma de AR com quadro mais sistêmico, artrite associada a outros sintomas: ▪ Febre ▪ Hepatoesplenomegalia ▪ Linfadenomegalia ▪ Rash evanescente ▪ Leucocitose e plaquetose ▪ Odinofagia ▪ FAN e FR podem ser negativos ▪ Prova de atividade inflamatória (PAI) aumentada (VHS, PCR e ferritina) o Essa doença pode ocorrer tanto na criança quanto no adulto EXAMES LABORATORIAIS • Doença inflamatória: o Aumento de PCR e VHS o Anemia de doença crônica (normocítica e normocrômica) • Autoanticorpos: o Fator reumatoide: ▪ Presente em 70 a 80% das AR 12 REUMATOLOGIA RAUL BICALHO – MEDUFES 103 ▪ Presente em 5 a 10% de indivíduos normais ▪ Presença não indica doença e ausência não afasta a doença ▪ Outras doenças também podem ter FR positivo (Ex.: LES, crioglobulinemia, Sjögren) o Anti peptídeos citrulinados cíclicos (anti-CCP): ▪ Sensibilidade semelhante à do FR ▪ Mais específico (95-98%) ▪ Importante na AR inicial → Pode estar presente quando os sintomas ainda são bem escassos EXAMES DE IMAGEM • Radiografia (mãos e pés): o Principal exame de imagem o Pode ser normal nos estágios iniciais o Quando ocorre alteração, podemos encontrar: ▪ Edema de partes moles ▪ Desalinhamento ▪ Osteopenia justarticular ▪ Erosões marginais ▪ Deformidades simétricas • Ultrassonografia (USG): o Importante principalmente na fase inicial o Pode ver a inflamação / processo inflamatório, uma sinovite proliferativa ▪ Grau de inflamação ▪ Volume de tecido inflamado • Ressonância magnética (RM): o Exame de maior sensibilidade, principalmente para erosões (mas, às vezes, é muito difícil o acesso) o Quantificação da hipertrofia sinovial Radiografia – Erosão (seta branca) e aumento de partes moles (seta amarela) 13 REUMATOLOGIA RAUL BICALHO – MEDUFES 103 Mão em estágio avançado – Bastante destruição articular, deformidades, subluxações e até anquilose Erosões Quadro mais avançado – Erosões bem importantes nas interfalangianas do dedo do pé Radiografia da atlantoaxial – Para observar se há subluxação (alteração no deslocamento do processo odontoide) 14 REUMATOLOGIA RAUL BICALHO – MEDUFES 103 DIAGNÓSTICO E ATIVIDADE DA DOENÇA • Critérios classificatórios: o 1987 → ACR (American College of Reumatology) ▪ Distingue AR de outras doenças reumatológicas ▪ Faz um diagnóstico mais tardio o 2010 → ACR + European League Against Rheumatism (EULAR) ▪ Identificar indivíduos com risco de dano estrutural ▪ Consegue fazer um diagnóstico mais precoce • Índices compostos de atividade de doença (ICAD): Ultrassom – Mostrando a sinovite proliferativa (pontos vermelhos) Ressonância – Mostrando erosões que não eram vistas no RX (RM é mais sensível) Critérios de classificação ACR 1987 x Critérios de classificação ACR 2010 – No de 1987 se o paciente estivesse em estágio mais inicial não poderia classificar, porque tinha que ser depois de 6 semanas | Já o de 2010 também inclui menos de 6 semanas 15 REUMATOLOGIA RAUL BICALHO – MEDUFES 103 o Esses índices compostos servem para avaliar atividade da doença e monitorizar os pacientes e a terapêutica (ver se o paciente responde ao tratamento) o Normalmente leva em conta: ▪ Número de articulações envolvidas ▪ Número de articulações edemaciadas ▪ Avaliação global pelo paciente ▪ Avaliação global pelo médico ▪ VHS e PCR • DAS 28: o Índice de atividade mais utilizado o Contagem de 28 articulações → Ver quantas são dolorosas e quantas são edemaciadas o Existe uma ferramenta para calcular o resultado, baseado em: ▪ Número de articulações com dor (0 a 28) ▪ Número de articulações com edema (0 a 28) ▪ VHS (0 a 150) ▪ EVA – Avaliação global da saúde pelo paciente (0 a 100) ❖ 0 → Paciente está bem ❖ 100 → Paciente está muito ruim o Dependendo do resultado do índice, classificamos a doença em remissão, baixa atividade, moderada atividade ou alta atividade • Fatores de mau prognóstico: o Sexo feminino o Tabagismo* o Início da doença em idade precoce o Baixa nível socioeconômico e de educação o Demora no diagnóstico e atraso no início do tratamento 16 REUMATOLOGIA RAUL BICALHO – MEDUFES 103 o Níveis de atividade de doença* ▪ > 20 articulações acometidas ▪ VHS e/ou PCR persistentemente elevados ▪ ICAD elevado o Presença de fadiga e perda rápida de capacidade funcional o Proliferação sinovial de início rápido o Manifestações extra-articulares o Alteraçõesradiográficas ósseas precoces* o FR e anti-CCP em títulos altos* o Fatores genéticos → Epítopo compartilhado (HLA-DR4) • Diagnóstico diferencial: o Existe o diagnóstico diferencial com diversas doenças (ver tabela) o Uma doença muito importante para gente é a Chikungunya, que pode parecer muito com AR no início ▪ É muito importante fazer esse diagnóstico diferencial ▪ Pedir sorologia é importante nesses pacientes o Podemos fazer o diagnóstico diferencial de acordo com as articulações mais acometidas (ver imagem) ▪ AR geralmente é simétrica (espôndilo e gota normalmente assimétricas) ▪ OA costuma pegar interfalangianas distais (não tão comum em AR) TRATAMENTO • Objetivos do tratamento: o Ser de início precoce o Objetivar a remissão rápida 17 REUMATOLOGIA RAUL BICALHO – MEDUFES 103 o Prevenir ou controlar a lesão articular o Prevenir a perda de função o Diminuir a dor e otimizar a qualidade de vida do paciente • Aspectos do tratamento: o Deve ter acompanhamento multidisciplinar → Fisioterapia, terapia ocupacional etc. o Medicina física e reabilitação TRATAMENTO MEDICAMENTOSO Temos o pilar → Anti-inflamatório ou glicocorticoide na fase inicial + DMARD (sintético ou biológico). • Sintomáticos: o AINES (Anti-inflamatórios) o GC (Glicocorticoides) → Início 5 – 7,5 mg/dia ▪ Tentar usar o menor tempo possível • DMARDs / DMCDs (drogas modificadoras do curso da doença sintéticos): o Podem ser usados: ▪ Cloroquina/Hidroxicloroquina → Usada em quadros muito leves, quadros de manifestação bem inicial, pouco erosiva ▪ Metotrexato → Droga de escolha para ser iniciada ❖ Sempre associar o ácido fólico 5mg no dia após → O MTX inibe a dihidrofolato redutase, podendo levar a uma anemia se não utilizarmos ácido fólico ❖ O MTX é uma droga que utilizamos 1x por semana (não é diária) ▪ Leflunomida ▪ Sulfassalazina ▪ Azatioprina ▪ Ciclosporina o O tempo para início de efeito das DMARDs é longo, não tem efeito imediato, geralmente demora de 4 a 8 semanas até mais o Essas medicações têm toxicidades, então devem ser monitoradas ▪ O Reuquinol (hidroxicloroquina/cloroquina) pode causar maculopatia → Fazer exame oftalmológico inicial e a cada 6 meses ▪ As outras medicações têm como principais pontos as toxicidades hematológica e hepática → Acompanhar com exames (hemograma completo, função hepática etc.) periodicamente ▪ A ciclosporina pode levar a um aumento da pressão arterial e alteração da função renal ▪ Em todos os casos devem ser pedidos os seguintes exames para monitorar → Hemograma, TGO, TGP, creatinina, ureia, VHS e PCR 18 REUMATOLOGIA RAUL BICALHO – MEDUFES 103 • Terapia biológica: o Drogas que vão agir em cada uma das citocinas envolvidas ▪ Anti-TNFs (infliximabe, adalimumabe, etanercepte, golimumabe e certolizumabe) ▪ Tocilizumabe (anti-IL6) ▪ Abatacepte (bloqueador da coestimulação) ▪ Rituximabe (anti-CD20) • Inibidores de pequenas moléculas (inibidores da JAK): o Tofacitinibe o Baracitinibe o Upadacitinibe • Rastreio pré-biológico: o Todo paciente que vai começar uma terapia biológica, é importante fazer o rastreio com: ▪ Tuberculose latente → Histórico de contato, RX de tórax e PPD (ou IGRA) ▪ Sorologias (feito mesmo se não usar biológico) → HCV, Hep B completa, HIV, VDRL e Chagas ▪ Vacinas → Vacinar o paciente para hepatite B, pneumococo, influenza e atualizar tétano ▪ Checar comorbidades e contraindicações (ICC, DPOC, diverticulite) ▪ Para o rituximabe → Dosar imunoglobulinas (Se IgG < 600 evitar uso) RECOMENDAÇÕES DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA • Princípios gerais: o Tratamento deve ser multidisciplinar, coordenado por um reumatologista o Incluir mudanças no estilo de vida, controle de comorbidades e vacinação o O paciente deve ser esclarecido sobre sua enfermidade, evolução e de prognóstico. A decisão do tratamento deve ser compartilhada com o paciente o O tratamento deve ser ajustado com o objetivo de atingir remissão ou, quando não for possível, baixa atividade de doença • Recomendação de medicamentos: o Primeira linha inclui DMCD sintéticas e deve ser iniciado precocemente ▪ Opções → Metotrexate* (MTX), leflunomida (LEF) e sulfassalazina (SSZ) ▪ Os antimaláricos como hidroxicloroquina (HCQ) são menos eficazes e devem ficar reservados para formas leves e de baixo potencial erosivo ▪ Ciclosporina pode ser utilizada em condições excepcionai o O MTX é a droga de 1ª escolha para o tratamento de AR o Combinações de 2 ou + DMCDs podem ser prescritas, mesmo como 1ª opção, em AR estabelecida com fatores preditores de mau prognóstico 19 REUMATOLOGIA RAUL BICALHO – MEDUFES 103 o Após falha na 1ª linha, pode ser associado LEF ao MTX ou MTX + LEF + HCQ ou trocar MTX por LEF ou SSZ em monoterapia o Pacientes que não alcançara resposta, após uso de ao menos 2 esquemas de DMCDs, devem ser avaliados quanto ao uso de DMCD biológicas (DMCDb) ou DMCD sintéticas alvo específico (de pequenas moléculas) associadas preferencialmente aos DMCDs o As diferentes DMCDb em combinação com o MTX têm eficácia semelhante. A escolha terapêutica deve levar em consideração as peculiaridades de cada medicamento em termos de segurança e custo o A combinação de DMCDb e MTX é preferível ao uso isolado de DMCDb → Em exceção o tocilizumabe que pode ser usado em monoterapia o Em caso de falha de um esquema de tratamento inicial com o DMCDb, um esquema com outro DMCDb pode ser usado. Em casos de falha com um TNFi, um segundo DMCDb da mesma classe ou com outro mecanismo de ação é eficaz e seguro o Os inibidores de JAK podem ser usados para tratar a AR após falha do DMCDb o Os corticosteroides, preferencialmente em doses baixas pelo menor tempo possível, devem ser considerados durante os períodos de atividade da doença e a relação risco-benefício também deve ser considerada o É possível reduzir ou espaçar as doses de DMCDb em pacientes em remissão sustentada o Rituximabe é o único utilizado apenas como 3ª linha, os outros todos podem entrar como 2ª linha 20 REUMATOLOGIA RAUL BICALHO – MEDUFES 103 CONCLUSÃO • Resumo da aula: o AR é uma doença inflamatória sistêmica o Leva a uma poliartrite simétrica crônica (principalmente em articulações MCFs e IFP) associada a um quadro de rigidez matina (geralmente maior que 1 hora) o Pode ter aumento de PCR e VHS o Pode ter a presença de FR e Anti-CCP positivos o O tratamento precoce pode prevenir os danos
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