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Resenha do filme A garota Dinamarquesa

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FILME “A GAROTA DINAMARQUESA” E O DIREITO DA PERSONALIDADE.
O filme “A Garota Dinamarquesa” é dirigido por Tom Hooper, baseado no livro de mesmo nome cujo autor é David Ebershoff. Este filme passa-se na cidade de Copenhague, na Dinamarca, em 1926, e relata a vida de um pintor chamado Einar que era casado com uma também pintora chamada Gerda. Durante uma pintura desmarcada por uma colega, Gerda pede para que Einar vista roupas femininas e foi a partir desse momento que o pintor descobre sua verdadeira identidade: Lili Elbe, que na verdade sempre existiu dentro dele, desde a infância conforme o filme demonstra. Ao longo desse processo de redescobrimento, o pintor passa por vários conflitos internos e sua relação com Gerda fica abalada, pois o que no começo era para ser apenas uma brincadeira acaba se tornando algo sério e a pintora não sabe como lidar com a solidão, a carência e a perca de seu parceiro. 
Um dos principais temas abordados pelo filme é a questão do gênero e identidade do personagem. Mas o que seria essa transexualidade que é um dos enfoques principais do filme? Primeiramente é necessário conceituar que “gênero é uma construção social que demarca determinados padrões de comportamentos e atitudes para as pessoas de acordo com os seus órgãos sexuais. Assim, aquele que nasce com pênis é considerado homem, enquanto quem nasce com vagina é considerado mulher (BARROS, 2016)”. Logo, uma pessoa transexual é aquela que não se identifica com o gênero que lhe foi atribuído ao nascer, como é o caso de Einar que não se encaixava no padrão de comportamento masculino e sentia-se mais confortável ao vestir roupas e realizar trejeitos femininos, fato bem construído ao decorrer do filme para que o público entendesse. 
É importante destacar que outro tema trazido pelo filme foi que a transexualidade na década de 20 era considerada como doença ou loucura da cabeça das pessoas, tanto que dois médicos pedem a internação do pintor por considera-lo esquizofrênico. Ao longo dos anos, quebrou-se esse paradigma que uma pessoa transexual possuía um transtorno, pois se sabe que estes vivenciam uma questão de identidade. Outro ponto relevante trazido pelo filme é a questão da violência e preconceito as pessoas transexuais, no momento em que o personagem é agredido por dois rapazes, o que revela que esse problema se arrasta há anos e até os dias de hoje infelizmente é comum ver casos de agressões a transexuais, reafirmando que é preciso lutar ainda mais pela igualdade de gênero. 
O filme demonstra que Einar foi o primeiro rapaz a passar por uma cirurgia de mudança de sexo para se tornar a primeira transexual, Lili. Foi um marco histórico para Medicina, pois a Medicina da época possuía poucas condições técnicas e tecnológicas para lidar com as possíveis complicações decorrentes daquela intervenção. Além disso, a cirurgia enfatizou o direito fundamental a liberdade de a pessoa ser o que ela quiser e ter sua verdadeira identidade gênero reconhecida, bem como o direito a realização da cirurgia de transgenitalização a outros transexuais que queiram realiza-la. Contudo, o principal direito fundamental retratado pelo filme foi o direito a igualdade que deve ser respeitado em relação aos transexuais e para isso é necessário que o ordenamento jurídico seja capaz de assegura-lo. 
Ademais, o Estado possui a obrigação de elaborar leis e desenvolver políticas públicas adequadas para a realização dos projetos de vida dos transexuais, como o estabelecimento do modo como se dará a retificação do registro civil, a realização, pelo Sistema Único de Saúde, da cirurgia de redesignação sexual, a inserção, nas escolas, de matérias que discutam os direitos fundamentais. É preciso que as pessoas transexuais sejam tratadas igualmente pela sociedade.
Portanto, é um filme bastante interessante que aborda essas temáticas da identidade de gênero, principalmente a transexualidade, bem como o preconceito e a violência a pessoas transexuais, mas principalmente aborda os direitos fundamentais a liberdade e a igualdade. Um filme que prende a atenção do telespectador pela forma como toda historia é contada, principalmente em relação à construção de Lili Elbe. Vale destacar também o papel de Gerda que sempre apoiou o marido durante sua transformação e quando este decidiu submeter-se a cirurgia de redesignação sexual. É uma história que ensina muito sobre personalidade e fica a lição de que a sociedade deve respeitar a singularidade de cada um e permitir o convívio das diferenças. 
REFERÊNCIAS 
BARROS, Mateus Oliveira. O que são Cisgeneridade e Transgeneridade? In: Gênero, Sexualidade e Direito uma Introdução. Organização: RAMOS, Marcelo Maciel; NICOLI, Pedro Augusto Gravatá; BRENER, Paula Rocha. Belo Horizonte: Initia Via, 2016.

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