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de Luís XIV, que com tanta eloqüência foi denunciada por Boisguille- bert, Marechal Vauban etc., não se devia somente ao montante dos impostos, mas também à conversão dos impostos em natura em im- postos em dinheiro.209 Por outro lado, se a forma natural da renda do solo, que constitui, na Ásia, ao mesmo tempo, o elemento fundamental do imposto público, baseia-se lá em condições de produção que se re- produzem com a imutabilidade de condições naturais, aquela forma de pagamento repercurte sobre a forma antiga de produção, conser- vando-a. É um dos segredos da autoconservação do Império Turco. E se, no Japão, o comércio externo imposto pela Europa provoca a con- versão da renda em natura em renda em dinheiro, será à custa de sua agricultura exemplar. Suas estreitas condições econômicas de exis- tência dissolver-se-ão. Em cada país se fixam certos prazos gerais de pagamento. Esses prazos, abstraindo outros ciclos da reprodução, obedecem em parte às condições naturais da produção, vinculadas às mudanças de estação. Esses prazos regulam também pagamentos que não surgem direta- mente da circulação de mercadorias, tais como impostos, rendas etc. O volume de dinheiro que é exigido, em certos dias do ano, para pa- gamentos dispersos por toda a superfície da sociedade, origina pertur- bações periódicas, mas que são completamente superficiais, na econo- mia dos meios de pagamento.210 Da lei que regula a velocidade de circulação dos meios de pagamento depreende-se que para todos os pagamentos periódicos, qualquer que seja a sua origem, o volume de meios de pagamento necessário está em proporção direta à duração dos prazos de pagamento.211 OS ECONOMISTAS 260 209 "O dinheiro tornou-se o verdugo de todas as coisas." A arte financeira é “a retorta na qual se evaporou uma quantidade assustadora de bens e mercadorias a fim de obter esse fatal extrato”. “O dinheiro declara guerra a todo o gênero humano.” (BOISGUILLEBERT. “Dis- sertation sur la Nature des Richesses, de l’Argent et des Tributs”. Edit. Daire. Économistes Financiers. Paris, 1843, t. I, p. 413, 417, 418, 419.) 210 "Segunda-feira de Pentecostes de 1824", conta o sr. Craig à comissão de investigação par- lamentar de 1826, “havia uma procura tão imensa por notas bancárias em Edimburgo que às 11 horas não tínhamos mais nenhuma nota sob nossa custódia. Dirigimo-nos aos dife- rentes bancos, um após o outro, para obter algumas emprestadas, mas não foi possível e muitas transações só puderam ser acertadas por meio de slips of paper.* Às 3 horas da tarde, porém, diversas notas já haviam retornado aos bancos dos quais haviam saído. Elas apenas tinham mudado de mãos.” Embora a circulação média efetiva das notas bancárias na Escócia importe em menos de 3 milhões de libras esterlinas, são postas em atividade em diversos dias de pagamento do ano, todas as notas que se encontram na posse dos banqueiros, num total de cerca de 7 milhões de libras esterlinas. Nessas ocasiões, as notas têm de exercer uma função única e específica e tão logo esteja exercida, refluem aos res- pectivos bancos dos quais saíram." (FULLARTON, John. Regulation of Currencies. 2ª ed., Londres, 1845, nota à p. 86.) A título de esclarecimento acrescente-se que na Escócia, ao tempo do escrito de Fullarton, não se emitiam cheques, mas só notas para os depósitos. * Pedaços de papel. (N. dos T.) 211 À pergunta “se houvesse a necessidade de movimentar 40 milhões por ano, bastariam os mesmos 6 milhões” (ouro) “para os giros e ciclos, que se dão por exigência do comércio” Petty responde com sua costumeira mestria: “Eu respondo sim: para a quantia de 40 milhões bastariam 40/52 de 1 milhão, se os ciclos durassem um período tão curto isto é,
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