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DIREITOS REAIS_2ª prova

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I - DIREITOS REAIS SOBRE COISA PRÓPRIA
I - 1. PROPRIEDADE
1.1 AQUISIÇÃO DA PROPRIEDADE IMÓVEL
1) REGISTRO
2) ACESSÃO: É a aquisição por acréscimos
 Princípios	 - O acessório segue o principal
		 - Vedação ao enriquecimento ilícito
 Tipos de acessão	 - Natural
			 - Humana	- Construção (acessão invertida)
					- Plantação
3) USUCAPIÃO
a) CONCEITO
- É a aquisição da propriedade pela posse prolongada
- Usu (usar, possuir) + Capere (tomar, adquirir) = adquirir pela posse
- É modo de aquisição pela prescrição aquisitiva O decurso do tempo gera a aquisição do direito à propriedade para o usucapiente (= o possuidor) e, portanto, gera a perda da propriedade do proprietário, que quedou-se inerte. Há, assim, efeito do tempo no nascimento de um direito e morte de outro.
- Como a aquisição é originária, se existir eventual ônus real sobre o imóvel, em razão de negócio jurídico praticado pelo antigo proprietário (v.g.,hipoteca, servidão), não subsistirá o gravame perante o prescribente, que receberá a propriedade límpida, isenta de máculas.
b) FUNDAMENTO
b.1) Solidariedade: Existente na função social da posse, da propriedade, do contrato. O princípio da solidariedade é o princípio basilar do Direito. Não existe direito que se sobreponha ao bem-comum Direito constitucional da propriedade (art. 5°, CF) x Direito constitucional à moradia (art. 6°, CF)
b.2) Segurança jurídica 
- Ex: Pai morre e, por instrumento particular, transfere seu terreno para sua filha. No RGI consta como proprietário o vendedor, pois o registro não fora realizado. Após residir 20 anos no terreno, a filha decide vendê-lo para X X poderá comprar, já que uma sentença reconhecerá a usucapião.
c) REQUISITOS GENÉRICOS
c.1) POSSE
	 - Mansa e pacífica (sem oposição e sem violência)
 Requisitos - Pública (não pode ser às escondidas)
 da posse	 - Ininterrupta ou contínua
		 - Posse própria (ou seja, com animus domini, já que adotamos a teoria de Savigny)
			
	Portanto, ficam excluídas algumas situações:
- Art. 1208, CC: Permissão / Tolerância Não há posse e, portanto, não geram usucapião
- Art. 1208, CC: Violência e clandestinidade Idem
- Art. 1198, CC: Detenção Idem
- O comodatário e o locatário são possuidores diretos mas NÃO possuem animus domini (eles não têm a intenção de serem donos). Portanto, também não pode haver usucapião.
 Há 2 modos de posse capazes de alcançar a usucapião:
A posse simples é aquela que se satisfaz com o exercício de fato de algum dos poderes inerentes à propriedade (art. 1196, CC), conduzindo-se o possuidor como o faria o dono, ao exteriorizar o poder sobre o bem. Assim, mesmo que não habite o imóvel – deixando-o sob a vigilância de um detentor – alcançará a prescrição em 15 anos, se satisfizer outros requisitos. 
Mas se além disso, qualificar-se a posse (posse qualificada) pela concessão de função social, por intermédio de efetiva moradia do possuidor no local ou realização de obras e serviços de caráter produtivo (§ único do art. 1238), o possuidor será agraciado pela redução do prazo para 10 anos.
 Prescrição aquisitiva
O tempo, como se sabe, exerce papel da maior importância em certas hipóteses de aquisição ou de extinção de direitos. Significativa, por exemplo, a chamada prescrição aquisitiva, que é modo derivado de aquisição da coisa ou de direito, por efeito de posse continuada por determinado lapso de tempo e sob as condições estabelecidas por lei.
Prescrição aquisitiva denomina-se, também, prescrição positiva ou usucapião. O vocábulo usucapião provém do latim usucapio, onis, que, por sua vez, vem de usucapere (usus + capere), ou seja, adquirir pelo uso, pela posse, ou tomar pelo uso; adquirir por longo uso; adquirir por usucapião ou prescrição.
Prescreve o art. 1.244, CC que aplicam-se ao usucapião as mesmas causas impeditivas, suspensivas e interruptivas da prescrição aplicáveis ao devedor na relação jurídica obrigacional, e previstas nos artigos 197 a 202, CC. Tal mandamento se deve ao fato de que a usucapião é caracterizada pela prescrição aquisitiva, que para alguns doutrinadores é sinônimo do instituto em exame. Assim, à guisa de exemplificação, o marido não pode querer usucapir bem da esposa enquanto perdurar a sociedade conjugal, ou o filho querer usucapir o bem do pai enquanto vigorar o poder familiar, ou ainda alguém querer usucapir bem de quem está servindo às Forças Armadas em tempo de guerra. Também não poderá ser usucapido bem de propriedade de pessoa com idade inferior a 16 anos.
 O que um proprietário pode fazer para interromper a contagem do tempo para fins de usucapião (interromper a prescrição aquisitiva)?
 A única coisa que pode tornar a posse descontínua é a citação em ação judicial (ação de reintegração de posse ou ação reivindicatória) Notificações extrajudiciais, cartas e outros atos materiais não interrompem a prescrição aquisitiva
 Se o retomante ajuíza ação reivindicatória ou possessória antes o possuidor completar o lapso prescricional e a sentença for de procedência, a paralisação da prescrição aquisitiva retroagirá à data da citação (entendimento da profª).
 Para Rosenvald: retroage à data do ajuizamento da ação (art. 219 §1°, CPC), que corresponde ao momento da distribuição. 	
Mas se o juiz julgar o pedido do proprietário improcedente (*), o prazo de usucapião continua a contar, mesmo com a citação Portanto, a citação só interrompe a posse se o pedido do autor for julgado procedente. (**)
 Obs:
(*) Como o juiz pode julgar improcedente? O juiz pode entender que a posse é velha ou que não houve esbulho ou, ainda, considerar a função social da posse.
(**) Ações judiciais:
1°) A ação que deve ser ajuizada primeiro é a de reintegração de posse: quando se discute posse, não se pode discutir domínio
2°) Ação reivindicatória: pode ser ajuizada se a ação de reintegração de posse tiver sido julgada improcedente. O proprietário não pode ajuizar as 2 ações (de reintegração e reivindicatória) simultaneamente.
 “Muitos, equivocadamente, tendem a acreditar que a posse pacífica é aquela exercida por quem cuida do terreno, cercando-o, plantando-o e mantendo relações amistosas com vizinhos. De modo algum! Tais dado pesam apenas como indícios confirmatórios do animus domini”.
c.2) TEMPO
- 5, 10 e 15 anos: bens imóveis
- 3 e 5 anos: bens móveis
- A usucapião também é chamada de prescrição aquisitiva
- Arts. 1197, 1198, 1199 e 1202, CC
c.3) COISA
- Res habilis (coisa hábil): Não pode ser coisa fora do comércio e nem pode ser bem público
- Bem público: não pode ser usucapido (art. 102, CC; arts. 183 §3° e 191 § único, CF). 
 Os bens públicos são os de uso comum, de uso especial e dominicais (art. 99, CC).
- Terras devolutas: São as terras que pertenciam à Coroa Portuguesa e, por uma questão histórica, são tratados como bens da União. Não possuem registro. Também não poderia ser usucapido mas o STJ posicionou-se no sentido de que essa conclusão não pode ser automática porque seria como dizer que todos os bens imóveis sem registro são da União. Assim, segundo o STJ, seria necessário que o Estado provasse a propriedade do imóvel. Ou seja, a ausência de registro não induz à presunção de que o imóvel se inclui no rol das terras devolutas, devendo o Estado deve provar essa alegação. 
> Obs: 
1) “Decisórios recentes permitem a usucapião das terras que ainda não foram registradas em nome de alguém. São reputadas res nullius (coisas de ninguém); portanto, bens excluídos do domínio público e apropriáveis pelo particular”. (Nelson Rosenvald)
2) É incorreto afirmar que “terras devolutas são terras de ninguém” pois a res nullius é coisa de ninguém mas as terras devolutas já pertenceram a alguém (a Coroa Portuguesa), apenas não possuem registro. 
3) São usucapíveis os bens pertencentes a socs. de economia mista e empresas públicas, o bem de família (seja o bem de família voluntário a que alude o art. 1.711, CC, ou o impropriamente denominado como tal pela Lei 8.009/90, que torna impenhorável o imóvel residencial da entidade familiar).
d) PRAZOS PARAA AQUISIÇÃO POR USUCAPIÃO:
Visualize-se os prazos para a aquisição prescritiva da propriedade no quadro explicativo:
	05 anos
	 Área urbana de até 250 m²
 Imóvel utilizado como moradia
 Inexistência de outros imóveis em nome do adquirente
	05 anos
(pode ser acrescido de mais 02 anos)
	 Depende de justo título e boa-fé
 Requer ainda aquisição onerosa do imóvel e posterior cancelamento
 Exige que o imóvel seja usado como moradia ou nele tenham sido realizados investimentos de interesse social e econômico
	10 anos
(pode ser acrescido de mais 02 anos)
	 Independente de justo título e boa-fé
 Exige que o imóvel seja usado como moradia habitual ou nele tenham sido realizadas obras ou serviços produtivos
	10 anos
	Depende de justo título e boa-fé
	15 anos
	Independente de justo título e boa-fé
	15 anos (ausentes)
	Depende de justo título e boa-fé (só se aplica nos casos do art. 2.028 CC)
	20 anos
	Independente de justo título e boa-fé (só se aplica nos casos do art 2.028 CC)
e) MODALIDADES
e.1) USUCAPIÃO EXTRAORDINÁRIA (art. 1.238, CC) 
- Requisitos: Posse mansa e pacífica, ininterrupta, sem oposição exercida com animus domini pelo prazo de 15 ou 10 anos conforme o caso (*), presunção juris et de jure de boa fé e justo título que não só dispensa a exibição deste documento como também proíbe que se demonstre sua inexistência e sentença judicial declaratória da aquisição do domínio por usucapião.
(*) O prazo de 15 anos, cai para 10 se o possuidor houver estabelecido no imóvel a sua moradia habitual ou ter realizado obras ou serviços de caráter produtivo.
	
 Art. 1.238, caput Requisito: tempo de 15 anos (a posse aqui é simples) – sem prejuízo dos requisitos genéricos
Art. 1.238. Aquele que, por 15 anos, sem interrupção, nem oposição, possuir como seu um imóvel, adquire-lhe a propriedade, independentemente de título e boa-fé (presunção juris et de jure); podendo requerer ao juiz que assim o declare por sentença, a qual servirá de título para o registro no Cartório de Registro de Imóveis.
- A doutrina entende que não é necessária a prova da boa-fé ou o justo título porque o tempo longo compensa a falta de qualidade da posse. Assim, sempre que a posse for injusta, deverá ser cumprido o prazo de 15 anos para usucapião.
 Usucapião extraordinária habitacional (art. 1.238 § único)
 - A posse aqui é qualificada pois é o usucapião para moradia
- O prazo de 15 anos, cai para 10 se o possuidor houver estabelecido no imóvel a sua moradia habitual ou ter realizado obras ou serviços de caráter produtivo.
- Há exigência de que a propriedade tenha servido de moradia durante os 10 anos. Portanto, não pode ficar 10 anos como possuidor mas só fixar moradia na propriedade no último ano. 
§ único. O prazo estabelecido neste artigo reduzir-se-á a 10 anos se o possuidor houver estabelecido no imóvel a sua moradia habitual, ou nele realizado obras ou serviços de caráter produtivo.
e.2) USUCAPIÃO ORDINÁRIA (art. 1.242, CC)
- Art. 1242: Aquele que ininterruptamente, sem oposição possuir como seu imóvel por 10 anos, com justo título e boa fé, adquire a propriedade (caput). O prazo será de 5 anos se o possuidor adquiriu o imóvel onerosamente, com base no registro constante no cartório de imóveis, cancelado posteriormente, desde que nele tiverem estabelecido a usa moradia ou realizado investimentos de interesse social e econômico (§ único).
- Requisitos: Posse mansa e pacífica, ininterrupta, sem oposição exercida com animus domini pelo prazo de 10 ou 5 anos conforme o caso, justo título ainda que viciado ou irregular, boa fé e sentença judicial declaratória da aquisição do domínio por usucapião.
 Art. 1242, caput Requisitos: 10 anos + justo título + Boa-fé
Art. 1.242. Adquire também a propriedade do imóvel aquele que, contínua e incontestadamente, com justo título e boa-fé, o possuir por 10 anos.
- Obs: Justo título é o ato jurídico que conduz um possuidor a iludir-se, por acreditar que ele lhe outorga a condição de proprietário. Trata-se de um título que, em tese, apresenta-se como instrumento formalmente idôneo a transferir a propriedade, malgrado apresente algum defeito que impeça a aquisição do domínio. Importa que contenha a aparência de legítimo e válido, a ponto de induzir qq pessoa normalmente cautelosa a incidir em equívoco sobre a sua real situação jurídica perante a coisa.
 Daí a exigência quanto à real existência do título transmissivo formalizado. Assim, imagine-se a situação de X que adquire um imóvel de Y, com base em uma folha avulsa por este redigida e subscrita. O documento possuído por X não se traduz em justo título, carecedor das formalidades hábeis ao seu registro no ofício imobiliário.
 Releva perceber a atuação do tempo sobre o justo título, pois o transcurso do prazo de usucapião poderá expurgar o vício originário. Se o possuidor mantiver a posse ininterrupta pelo prazo de 5 anos, com boa-fé, o tempo encarregar-se-á de sanar os defeitos originários do justo título, convertendo-o em um título justo para afirmar a nova propriedade.
 Três são as modalidades de vícios que comumente convertem 1 ato jurídico defeituoso em justo título para usucapião.
1) Aquisição a non domino: O transmitente não é dono da coisa, mas o adquirente está na convicção de que trata com o proprietário, pois o título é instrumentalmente perfeito e seria capaz de iludir qq pessoa naquela situação. Em princípio, não há transmissão de domínio, prevalecendo a máxima “ninguém pode dispor de mais direitos do que tem”. Daí a importância do tempo na erradicação do que em princípio, seria até mesmo vício de inexistência a relação jurídica.
2) Título com vício que gera invalidade: O transmitente é o verdadeiro proprietário, mas o ato jurídico é eivado de vício passível de anulação. Ex: Imóvel alienado por um dos cônjuges que omite sua condição de casado ao adquirente, ou do relativamente capaz que transfere propriedade, sonegando sua condição de menor púbere. Nos 2 casos, se o cônjuge prejudicado ou o assistente do menor não ajuizarem ação anulatória no prazo decadencial, os vícios cederão por ratificação tácita ao ato.
3) Erro no modo de aquisição: Embora o ato seja nulo por defeito de forma (art. 166, IV, CC), poderá o vício ser sanado com a usucapião ordinária, caso não existam outros fatores de invalidade do título. Ex: Se X adquire o imóvel de Y, mediante instrumento particular, quando o ato demandava a solenidade da escritura pública, poderá, após o período de 10 anos, tornar-se proprietário.
 Usucapião Ordinária Habitacional (art. 1.242 § único, CC) 
- Prazo: 5 anos
- Aquisição onerosa + Registro (que fora cancelado) + moradia ou trabalho
§ único. Será de 5 anos o prazo previsto neste artigo se o imóvel houver sido adquirido, onerosamente, com base no registro constante do respectivo cartório, cancelada posteriormente, desde que os possuidores nele tiverem estabelecido a sua moradia, ou realizado investimentos de interesse social e econômico.
- Ex: X, funcionário de uma empresa, é transferido de SP para RJ, recebendo em comodato um apto para residência Após 2 anos, a filial do RJ fecha e X é dispensado, e continua morando por 13 anos no apto X pode usucapir? Sim, pois ele tem boa-fé (porque não há vício na posse e não há contrariedade ao direito do proprietário) e justo título (comodato) Para ficar + fácil de convencer o juiz, X poderá alegar + de um tipo de usucapião. Assim, poderá alegar primeiro a usucapião ordinária e, também a usucapião extraordinária habitacional.
- Ex: X compra um terreno a prestação mas só assinou um contrato de promessa de compra e venda Começa a pagar mas, passado algum tempo, o vendedor morre e X cessa o pagamento X continua morando no loca, pagando os impostos, construindo benfeitorias = Boa-fé O espólio pleiteia em juízo a devolução do terreno, alegando que a posse é precária, pois que obtida com a promessa de compra e venda e porque houve a mora do comprador O STJ diz que o animus domini é incompatível com a posse precária, que impede a aquisição pormeio da usucapião. No entanto, argumenta que é possível a transformação do caráter originário da posse: de uma posse não própria (a precária) para uma posse própria (com animus domini), em razão de não ter havido mais a cobrança e de o espólio não ter tomado nenhuma providência (inércia).
 Obs: 
1) Enquanto houver casamento ou união estável, não será possível o usucapião entre cônjuges. Poderia usucapir do espólio mas a contagem inicia-se somente a partir da morte / divórcio.
2) Art. 1243, CC: Por causa do princípio da continuidade da posse, o cônjuge ou herdeiros que herdam um terreno cuja posse era do outro cônjuge / genitor podem continuar com o prazo para usucapião.
3) Entre sucessores, entre condôminos, entre familiares, etc, é comum a permissão. Nesse casos, não haverá a usucapião.
e.3) USUCAPIÃO CONSTITUCIONAL
e.3.1) USUCAPIÃO ESPECIAL RURAL (art. 1239, CC e arts. 190 e 191, CF)
Art. 1.239. Aquele que, não sendo proprietário de imóvel rural ou urbano, possua como sua, por cinco anos ininterruptos, sem oposição, área de terra em zona rural não superior a 50 hectares, tornando-a produtiva por seu trabalho ou de sua família, tendo nela sua moradia, adquirir-lhe-á a propriedade.
 Requisitos: 
- Não ser proprietário de imóvel rural ou urbano;
- Posse mansa e pacífica, ininterrupta, sem oposição exercida com animus domini 
- Prazo de 5 anos
- Tornar a terra produtiva com o seu trabalho ou o de sua família seja ele agrícola, pecuário ou agroindustrial, ter sua moradia habitual estabelecida no imóvel (função social), área não superior a 50 hectares
- Presunção juris et de jure de boa fé, não se exigindo prova de justo título
- A terra objeto do usucapião não pode ser pública 
- Sentença judicial declaratória da aquisição do domínio por usucapião (este requisito é defendido por Silvio Rodrigues, que entende ser a sentença judicial requisito para o usucapião, pois só com ela efetivamente se adquire a propriedade)
e.3.2) USUCAPIÃO ESPECIAL URBANO (art. 1.240, CC e art. 183, CF)
- Também conhecido como usucapião pro morada
 Requisitos: 
- Não ser proprietário de imóvel rural ou urbano
- Posse mansa e pacífica, ininterrupta, sem oposição exercida com animus domini 
- Prazo de 5 anos
- Utilização do imóvel para sua moradia ou o de sua família( função social)
- Área não superior a 250 m², seja ela originariamente edificada ou não, porém deve Ter algum tipo de edificação feita pelo invasor para estabelecer sua morada
- Presunção juris et de jure de boa fé, não se exigindo prova de justo título
- Terra objeto do usucapião não pode ser pública
- Sentença judicial declaratória da aquisição do domínio por usucapião.
Art. 1.240. Aquele que possuir, como sua, área urbana de até duzentos e cinqüenta metros quadrados, por cinco anos ininterruptamente e sem oposição, utilizando-a para sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio, desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural.
§ 1o O título de domínio e a concessão de uso serão conferidos ao homem ou à mulher, ou a ambos, independentemente do estado civil.
§ 2o O direito previsto no parágrafo antecedente não será reconhecido ao mesmo possuidor mais de uma vez.
e.4) USUCAPIÃO COLETIVA (art. 1228 §4°, CC) 
- É um misto de usucapião com desapropriação
§ 4o O proprietário também pode ser privado da coisa se o imóvel reivindicado consistir em extensa área, na posse ininterrupta e de boa-fé, por mais de cinco anos, de considerável número de pessoas, e estas nela houverem realizado, em conjunto ou separadamente, obras e serviços considerados pelo juiz de interesse social e econômico relevante. 
- Prevista no Estatuto da Cidade (Lei 10257/2001) – art. 10.
Art. 10 - As áreas urbanas com mais de 250 m², ocupadas por população de baixa renda para sua moradia, por 5 anos, ininterruptamente e sem oposição, onde não for possível identificar os terrenos ocupados por cada possuidor, são susceptíveis de serem usucapidas coletivamente, desde que os possuidores não sejam proprietários de outro imóvel urbano ou rural.
- “Extensa área”: maior que 250 m² ou 50 hec	 Não se consegue identificar que pessoa ocupa
 “ Considerável número de pessoas”			qual pedaço de terra. Assim, a sentença re-
							conhece a usucapião de tudo para todos.
- A propriedade é em condomínio
- Crítica: este tipo de usucapião favorece a favelização
- §5°: “indenização” Quem paga? Há quem diga que é o Estado (por causa do benefício que traria para a sociedade) e outros dizem que é da associação de pessoas que está usucapindo. Quem entende que é o Estado é que deve pagar, chama este tipo de usucapião de “desapropriação privada”.
§ 5o No caso do § antecedente, o juiz fixará a justa indenização devida ao proprietário; pago o preço, valerá a sentença como título para o registro do imóvel em nome dos possuidores.
- Requisitos:
a) Que a área particular tenha + de 250 m². Ou seja, não pode ocorrer usucapião em imóveis públicos. Além disso, como o usucapião coletivo é espécie do usucapião constitucional urbano, a área total sujeita ao usucapião coletivo deve ser maior do que 250 m², contudo as áreas individuais não poder ser superior a esse teto constitucional.
b) Ocupação da área por população de baixa renda, entendida esta expressão como a camada da população sem condições econômicas de adquirir, por negócio oneroso, um imóvel de moradia. Caberá ao juiz examinar caso a caso se os requerentes encaixam-se no conceito de "baixa renda".
c) Ocupação da área para fins residenciais. A existência de imóveis com destinação mista, residencial e comercial, ou, até mesmo somente comercial, não deve ser empecilho para a incidência do usucapião coletivo, uma vez que os núcleos habitacionais ou favelas formam um todo orgânico, tratado como uma unidade pelo legislador, de tal modo que excluir poucos imóveis comerciais, abrindo retalhos na gleba, pode significar, em certos casos, a inviabilidade da urbanização futura. Em havendo essas hipóteses (alguns poucos imóveis não residenciais), desde que não desfigure o todo, pode-se aplicar o princípio da razoabilidade e a vocação eminentemente residencial da área, vista como uma unidade.
d) Que a posse da respectiva área seja sem oposição e ininterrupta pelo prazo de 5 anos. Ao contrário do que ocorre no usucapião individual, aqui admite o legislador (§ 1º do artigo 10) a soma das posses, tanto pela accessio como pela successio possessionis, bastando que ambas sejam contínuas e cumpram os demais requisitos do usucapião coletivo. A doutrina costuma apontar como razão dessa diversidade de tratamento a própria função exercida pelas duas modalidades de usucapião especial. Enquanto o individual presta-se primordialmente à regularização fundiária, o coletivo volta-se, também e com a mesma intensidade, à urbanização de áreas degradadas, mediante constituição de condomínio peculiar. Outrossim, esse período de cinco anos pode ser computado a partir da vigência da CF/88, e não somente o período de posse posterior à vigência do Estatuto da Cidade. E, por fim, apesar de haver divergência doutrinária existente, entendo que a posse ininterrupta e pelo prazo de cinco anos deva incidir sobre a área total, vista como uma unidade, independentemente da variação de tempo dos ocupantes particulares. Ou melhor explicando, o prazo de ocupação da área total deve ser, no mínimo, de cinco anos, independentemente de um ou outro particular possuir seu barraco ou casa por período inferior a esse prazo. Melhores esclarecimentos sobre esse particular ponto de vista será demonstrados logo a seguir, quando da análise da sentença proferida na ação de usucapião coletivo.
e) A impossibilidade de se identificar os terrenos ocupados individualmente por cada possuidor. A expressão deve ser interpretada pelo critério teleológico e com certa largueza, evitando-se a interpretação literal. Assim, basta pensar numa situação concreta, qual seja, a do usucapião de uma favela contendo cem ou duzentos barracos. A inexistência de vias públicas internas e de recuos entre as moradias impossibilitariaqualquer descrição individual, com um mínimo de segurança, apta a ingressar no registro imobiliário e conformar direito de propriedade. Logo, nos aludidos núcleos habitacionais não há propriamente terrenos identificados, mas sim espaços que não seriam passíveis de regularização pela via do usucapião individual.
 
 Obs: Para todos os casos acima , para o fim de contar o tempo exigido para o usucapião, pode o possuidor acrescentar à sua posse a dos seus antecessores contanto que todas sejam contínuas e pacíficas ( Art. 1243 C.C.) lembrando que os vícios da posse também se transmitem, portanto a posse anterior se for violenta, clandestina ou precária, tais vícios, entre outros se transmitem para o possuidor derivado, trata-se do princípio da accessio possessionis.
Art. 1.243. O possuidor pode, para o fim de contar o tempo exigido pelos artigos antecedentes, acrescentar à sua posse a dos seus antecessores (art. 1.207), contanto que todas sejam contínuas, pacíficas e, nos casos do art. 1.242, com justo título e de boa-fé.
1.2. AQUISIÇÃO DA PROPRIEDADE MÓVEL
a) TRADIÇÃO (art. 1.267 e ss, CC)
- É forma derivada de aquisição da propriedade móvel
- Tratando-se de bem imóvel, fala-se em registro (= forma de tradição solene), uma vez que o contrato de compra e venda não gera, por si só, a propriedade. Portanto, são necessários 2 atos conjuntos: o contrato de compra e venda (negócio jurídico) + transcrição no RGI
- Tratando-se de bem móvel, temos as seguintes formas de tradição:
a) Real / Longa manu: transferência física do bem; é a forma usual de transferência
b) Simbólica: entrega de algum documento ou objeto que simbolize o bem (geralmente, essa entrega dá a posse). Ex: Entrega de chaves do veículo
c) Ficta: Não há transferência de fato; há um consenso dos interessados (acordo ou contrato) no sentido de transformar a pessoa em dono Pode ocorrer por meio de 2 cláusulas:
c.1) Traditio brevi manu: Por meio dessa cláusula, aquele que já tem a coisa (tem apenas a posse; v.g., locatário, arrendatário), passa a ser dono dela. 
 Ex: X é comodatário de um bem (isto é, tem posse de um bem em nome alheio), e depois passa a ter a coisa em nome próprio (passa a ter não somente a posse, mas também a propriedade) Quer dizer: O possuidor / proprietário que tinha a coisa em nome alheio, agora tem a posse e o domínio (propriedade) em nome próprio 
 Ex: No usufruto, o usufrutuário exerce apenas a posse Havendo a tradição ficta, ele passa a ter também a propriedade
 Ex: Na alienação fiduciária, o veículo pertence à instituição financeira (o Banco) e a sua garantia é a propriedade do veículo. Quem tem a posse direta é o devedor (fiduciante). Quitada a última prestação, aquele que tem a posse em nome alheio, passa a ter a posse em nome próprio.
c.2) Cláusula constituti: Por meio desta cláusula, aquele que possui em nome próprio, passa a possuir em nome alheio. Essa forma de transmissão é chamada de “constituto possessório”.
	
- Como se vê, em ambas as hipóteses, a situação de fato (a aparência) não muda: aquele que tem a posse da coisa, continua com ela.
 
 Tradição	- Traditio brevi manu: Aquele que detinha o bem móvel em nome alheio passa a 
 Ficta		 possui-lo em nome próprio (como proprietário)
- Cláusula constituti: O proprietário de um bem aliena-o a outrem, mas continua como possuidor direto
Art. 1.267. A propriedade das coisas não se transfere pelos negócios jurídicos antes da tradição.
 Fala da imprescindibilidade do negócio jurídico e da entrega
§ único. Subentende-se a tradição quando o transmitente continua a possuir pelo constituto possessório; quando cede ao adquirente o direito à restituição da coisa, que se encontra em poder de 3°; ou quando o adquirente já está na posse da coisa, por ocasião do negócio jurídico.
 1ª parte: Não há entrega. Antes, a pessoa era dona, depois transmitiu a propriedade mas continua com a posse 
 2ª parte:
 3ª parte: Fala da cláusula “traditio brevi manu”
Art. 1.268. Feita por quem não seja proprietário, a tradição não aliena a propriedade, exceto se a coisa, oferecida ao público, em leilão ou estabelecimento comercial, for transferida em circunstâncias tais que, ao adquirente de boa-fé, como a qq pessoa, o alienante se afigurar dono.
 Caso o proprietário de um veículo tenha o seu veículo furtado e, após empreender as diligências necessárias, venha a encontra-lo em poder de 3ª pessoa, que inclusive já o registrou como seu na repartição de trânsito, não ficará impedido de exigir a restituição. O proprietário originário exercitará a faculdade de reaver a coisa que fora objeto de furto, mesmo já estando em poder de 3°, pois, quando feita por quem não seja dono, a tradição não aliena a propriedade (art. 1268 §2°). Ao adquirente lesado restará somente a possibilidade de exigir indenização contra o alienante, como conseqüência da evicção.
 Mas, na dicção do art. 1268, se a tradição de qq bem móvel tiver sido realizada em leilão ou estabelecimento comercial, nas circunstâncias habituais o tráfego jurídico, o 3° de boa-fé não perderá o bem, cabendo ao real proprietário ingressar com ação indenizatória em face do alienante. É uma forma de aplicação da teoria da aparência, ressalvando a situação de quem atuou com boa-fé subjetiva incidindo em erro escusável na aquisição patrimonial.
- O que é constituto possessório?
 R= É uma alteração que se processa na qualidade do possuidor. 
 Ex. Sou proprietário do ímovel e vendo, mas continuo na posse, e passa apenas de proprietário e volta a condição de comodatário( não preciso passar a posse a outrem para que desenvolva).
- O que quer dizer "traditio brevi manu"?
 R= É o inverso da anterior . Deixa de ser possuidor e passa a ser proprietário.
b) OCUPAÇÃO (art. 1263, CC)
- A ocupação para bens móveis se dá com o assenhoreamento da res nullius (coisa de ninguém) e da res derelicta (coisa abandonada) Aliás, a redação do CC utiliza justamente a expressão coisa sem dono, englobando-se aí as 2 referidas espécies.
- É forma originária de aquisição da propriedade (assim como a usucapião) Importância da classificação em aquisição originária: a propriedade vem sem os vícios. 
c) DESCOBERTA (Invenção) - Art. 1234 e ss., CC
- Para o DCivil, inventor é aquele que acha coisa alheia Quem acha coisa alheia, tem o dever de devolver, sob pena de incorrer em tipo penal (“apropriação de coisa achada havida por erro”). Se o verdadeiro dono não tem interesse na coisa e abandona-a (por ex, se não quer pagar a recompensa), o inventor pode passar a ter a propriedade.
- Art. 1.237 § único: “diminuto valor” Pelo gasto com a hasta pública é que se avalia se o valor é diminuto ou não. Ex: Carro velho
d) CONFUSÃO, COMISSÃO E ADJUNÇÃO
- Os 3 são modos originários de aquisição de propriedade mobiliária
- Confusão: Mistura de 2 líquidos ou + que gera uma substância só. Ex: Mistura de álcool e gasolina; café e leite
- Comissão: Mistura de 2 sólidos ou + que gera uma coisa só. Ex: Mistura de areia e cal; pão e queijo
- Adjunção: É o acréscimo de um bem acessório a um bem principal (é como a acessão na propriedade imóvel). Ex: Pintura de uma carro (tinta + veículo); manteiga no pão de queijo.
	
 Em verdade, seriam 3 formas de acessão de móvel a móvel em que ocorre a união de coisas de proprietários diversos, sem a possibilidade de separação e entendimento, pois, se houver criação de coisa nova, haverá especificação (art. 1269).
 Na mistura de cimento e brita, onde cada um desses elementos tenha um proprietário diferente, a quem pertencerá o concreto formado? Solução para resolver a questão:
1) Se for possível, desfaz-se a mistura para devolver cada um dos bens aos seus respectivos donos;
2) O art. 1272 disciplina as hipóteses em que as 3 formas de acessão são irreversíveis e verificam-se de forma acidental:
2.1) Se não for possível desfazer a mistura, os 2 donos serão donos do bem, passando a haver o condomínio: cada dono terá uma cota proporcional ao valor do seu bem (§1°). Se uma das coisas puder considerar-se principal, o dono sê-lo-ádo todo, indenizando os outros (§2°).
2.2) Se houve boa-fé daquele que fez a mistura, um poderá ser o dono, indenizando os demais (o dono será aquele que detiver a coisa principal)
2.3) Se houve má-fé daquele que fez a mistura, a outra parte (a que estava de boa-fé) pode adquirir a propriedade, pagando o que não lhe pertence ou abrir mão, exigindo indenização.
e) ESPECIFICAÇÃO (art. 1.269 e ss)
- É modo originário de aquisição da propriedade mobiliária que se dá mediante a transformação de matéria-prima em espécie nova por meio do trabalho.
 Transforma-se o gênero em espécie Especificador = aquele que promove a especificação 
- Ex: Transformar o aço em peça de veículo; transformar madeira em porta
- Requisitos:
A matéria-prima não deve pertencer ao especificador (mesmo que em parte)
Que seja transformada em espécie nova pelo especificador
- De quem será a propriedade, caso os proprietários das matérias-primas usadas para a especificação sejam diferentes?
 Usa-se o princ. da boa-fé (boa-fé = ignorância do especificador quanto à titularidade alheia da matéria-prima) e analisa-se a valoração da coisa.
 Se a matéria-prima for alheia em sua integralidade, pertencerá o produto ao especificador de boa-fé, quando a espécie nova não puder ser restituída à forma primitiva (art. 1270), pois, se possível a reversão, retornará a seu titular originário. Encontrando-se de má-fé o especificador, a coisa nova pertencerá ao dono da matéria-prima, não podendo aquele pleitear nem a indenização pelo trabalho executado (art. 1270 §1° c/c 1271).
- Hipóteses dos arts. 1269 e 1.270: sempre com indenização (art. 1271) Apenas no caso do art. 1270 §1°, o especificador, por ter agido de má-fé, não terá direito à indenização.
f) SUCESSÃO (art. 1784)
- Ocorrência do fato “morte”
- Art. 1784 Aplicação do princ. de Saisine, pelo qual o fato morte gera automaticamente a transferência da posse e da propriedade, independentemente de formal de partilha e do processo de inventário. Herdeiros necessários e testamentários passam a ter a propriedade dos bens do de cujus.
g) USUCAPIÃO
- É forma originária de aquisição da propriedade
- Usucapião ordinária (art. 1.260) Posse mansa e pacífica, ininterruptamente e sem oposição, durante 3 anos, exercida com animus domini, justo título e boa-fé.
- Usucapião extraordinária (art. 1.261) Posse ininterrupta e pacífica com animus domini pelo decurso do prazo de 5 anos, sem que tenha justo título e boa-fé. 
* Aqui também cabe a continuidade da posse existente no usucapião de bens imóveis. Isso quer dizer que será possível somar a posse do bem móvel para fins de usucapião. Aplica-se também as causas suspensivas, impeditivas e interruptivas da prescrição.
 Posso usucapir bem roubado?
 Sim, pois não há, no nosso sistema jurídico, vedação à usucapião de bem objeto de furto ou roubo – mas, nesse caso, o prazo será de 5 anos (o art. 1.261 expressamente estatui que independe de boa-fé).
 No entanto, o usucapião só será possível se o proprietário quedar-se inerte (não presta queixa do roubo ou, apesar de ter prestado queixa, desistir de procurar o bem). Se o proprietário estiver diligenciando para a busca do bem, entende-se que há clandestinidade e, portanto, não haverá posse e nem usucapião.
 Assim, o ato ilícito convalesce com o decurso do tempo, sendo que o aumento do prazo para 5 anos feito pela lei é o que suplanta o furto / roubo. Note-se que o legislador legitimou o ato ilícito através do decurso do tempo, não só para punir a desídia do proprietário, mas também para conferir segurança às relações jurídicas.
1.3. DA PERDA DA PROPRIEDADE
 Toda vez que alguém adquire uma propriedade, outra pessoa está perdendo
 Art. 1.275. Além das causas consideradas neste CC, perde-se a propriedade:
I - Por Alienação
- É o ato pelo qual o proprietário, por vontade própria (gratuita) (doação) ou onerosamente (venda, dação em pagamento, permuta) transfere a outrem o seu direito sobre a coisa.
- O termo “alienação” reserva-se apenas às transmissões voluntárias
II - Pela Renúncia
- Ato unilateral pelo qual o proprietário declara formal e explicitamente o propósito de despojar-se do direito de propriedade
- A renúncia jamais poderá ser feita em favor de outrem, sob pena de refletir uma doação (alienação gratuita). Daí que a única modalidade de renúncia à propriedade imobiliária abertamente admitida em nosso ordenamento jurídico é a renúncia à herança (art. 1804, § único, CC).
- Renúncia		 		Abandono
 Sempre de forma expressa		 Presunção de que a pessoa não quer
 (verbal ou escrita) 
III - Por Abandono - C/C art. 1276
- É ato não expresso pelo qual o proprietário desfaz-se da coisa porque não quer mais ser seu dono.
- O mero desuso não importa em abandono; é fundamental a sua conjugação ao elemento psíquico
IV - Por Perecimento da coisa
- Perecer: estragar, ser destruído, estar em lugar que nunca + pode ser encontrada
- Perecendo o objeto, perece o direito
- Ex: Na acessão, o pedaço de terra deslocado pereceu para o seu proprietário
- O art. 1425 §1°, CC excepciona o perecimento nas hipóteses em que o bem perdido, que foi dado em garantia real, estiver segurado ou houver ação indenizatória contra o causador do perecimento. São hipóteses em que os valores do prêmio ou da indenização servirão como sub-rogação em prol do credor real.
V - Por Desapropriação Judicial.
- É forma de intervenção do Poder Público no patrimônio privado que gera perda compulsória da propriedade mediante indenização prévia e justa.
- Finalidade da desapropriação: Interesse público e coletivo A propriedade assegurada constitucionalmente pelo art. 5°, XXII é apenas aquela que atenda à sua função social (inc. XXIII). Caso não se conceda à propriedade um aproveitamento racional e adequado, nem ao menos sejam observados os demais requisitos elencados no art. 186, CF, temos que a propriedade será ociosa ou anti-social e não merecerá tutela pelo J.
- Na desapropriação judicial, a vontade do proprietário não importa: se, por exemplo, o imóvel encontra-se em um local onde deverá passar uma rodovia a ser construída, o Poder Público compulsoriamente indica que esse bem privado tem uma destinação social. Tomará o bem por meio de indenização prévia e justa (na verdade, raramente é prévia e justa) De certa forma, é uma venda, já que há uma indenização
 Art. 1.276: “O imóvel urbano que o proprietário abandonar, com a intenção de não mais o conservar em seu patrimônio, e que se não encontrar na posse de outrem, poderá ser arrecadado, como bem vago, e passar, 3 anos depois, à propriedade do Município ou à do DF, se se achar nas respectivas circunscrições”.
 Bem vazio: é o bem abandonado que não é possuído por ninguém
 O abandono torna o bem vazio:
- Se o imóvel abandonado estiver em área urbana, o Município poderá arrecadá-lo após 3 anos (art. 1276 caput)
- Se o imóvel abandonado estiver em área rural, a União poderá arrecadá-lo após 3 anos (§1°)
 § 2° Presumir-se-á de modo absoluto a intenção a que se refere este artigo, quando, cessados os atos de posse, deixar o proprietário de satisfazer os ônus fiscais.
- Trata-se de presunção absoluta (não admite prova em contrário)
- Se o proprietário não usa o imóvel e nem paga os tributos Significa o abandono, presumido de forma absoluta
- Se um imóvel urbano, abandonado pelo proprietário (não possui o imóvel e nem paga os tributos), é ocupado por 3°, o Município não poderá arrecadá-lo pois há preferência desse 3° em detrimento do Município (o caput faz essa ressalva: “que se não encontrar na posse de outrem”)
II - DIREITOS REAIS EM COISA ALHEIA: DE USO E GOZO
II - 1. USUFRUTO
- É o direito real temporário (já que não se prolonga além da vida do usufrutuário – art. 1410, II, CC) concedido a uma pessoa para desfrutar um objeto alheio como se fosse próprio, contudo sem alterar-lhe a substância. 
1. INTRODUÇÃO
- O direito de propriedade compreende 3 funções: usar, fruir, dispor
- Direito de propriedade = direito elástico – porque posso entregar uma das funções paraoutra pessoa. Ex: Posso entregar o “uso” para outra pessoa, podendo eu fruir e dispor.
- Quando um proprietário entregar as funções de “usar” e “fruir” (fracionamento da propriedade), ele estará cedendo seu bem em usufruto. Daí, surge a figura do:
a) Nu-proprietário: assim chamado por estar despido da posse direta
b) Usufrutuário:
- Tem direito à posse (é o possuidor)
- Usa e frui (isso consta no RGI)
- Tem um direito real (isso é previsto no art. 1225)
	- Conserva, administra, explora economicamente, pode obter os frutos com o bem (art. 1394)
- Assim, no RGI constarão 2 direitos reais: do nu-proprietário e do usufrutuário.
- Todos ganham com o usufruto:
- O proprietário mantém a propriedade em seu nome. Pode, inclusive, dar em hipoteca.
- O usufrutuário pode se opor contra terceiros, tem um direito erga omnes e todas as outras características dos direitos reais. Não poderá vender para 3° (já que não pode dispor do bem) mas poderá alugar (estará fruindo).
- O usufruto é muito comum em família
- Há possibilidade de usufruto vitalício
 Ex: X pode doar todos os seus bens para seu único herdeiro, mantendo para si o usufruto até a sua morte (filho = nu-proprietário / pai = usufrutuário). Assim, seu filho não precisará fazer o inventário quando o seu pai morrer. 
2. CONCEITO
- O usufruto é um direito real sobre coisa alheia, que consiste na possibilidade de usar e fruir da coisa sem lhe alterar a substância.
 É temporário, vigorando, no máximo, até a morte do usufrutuário (usufruto vitalício). Não se transfere aos herdeiros do usufrutuário (caso estes resistam em devolver o bem, o proprietário poderá ajuizar ação de reintegração de posse - posto evidenciado o esbulho pelo vício da precariedade -, sem prejuízo da opção pelo juízo petitório, com fundamento na propriedade).
- É intransmissível e inalienável
 É intransmissível porque o usufrutuário não pode alienar (gratuita ou onerosamente – ex: vender ou trocar) o usufruto para 3°
- E se o nu-proprietário morre no transcurso do usufruto?
 O direito de dispor transmite-se aos seus herdeiros mas o usufrutuário não será afetado (continua a usar e fruir normalmente).
- O usufruto é semelhante à locação pois o direito do locador também lhe permite usar e fruir (embora fruir só com autorização – ex: sub-locação). A diferença é que a locação é direito pessoal. Então, o locatário tem um direito (obrigacional) em relação ao locador, não sobre o bem.
- O nu-proprietário pode vender o bem para 3°?
 Sim, e o 3° comprará sabendo do usufruto, já que este consta no RGI. Por que o 3° compraria um imóvel que foi cedido em usufruto? Ele pode querer comprar por saber que, um dia, o usufruto acabará.
- O usufruto pode ser um bem móvel (+ raro) ou imóvel (+ comum) e, ainda, direito autoral
 Geralmente o usufruto de bem 
 móvel segue o usufruto do bem 
imóvel (ex: um trator e uma fazenda são cedidos em usufruto). 
- Benfeitorias: O usufrutuário é possuidor e age de boa-fé Portanto, tem direito à indenização por todas as benfeitorias (úteis, necessárias e voluptuárias), independentemente de autorização, e com direito à retenção.
 O usufrutuário só não terá direito à indenização pela benfeitoria se mudou a destinação do bem (por ex, devia dar destinação residencial mas montou uma sala comercial)
3. OBJETO (arts. 1390 a 1393)
 Art. 1.390. “O usufruto pode recair em um ou mais bens, móveis ou imóveis, em um patrimônio inteiro, ou parte deste, abrangendo-lhe, no todo ou em parte, os frutos e utilidades”.
 “patrimônio inteiro” – por ex: uma empresa
 Art. 1.391. O usufruto de imóveis, quando não resulte de usucapião, constituir-se-á mediante registro no Cartório de Registro de Imóveis.
 O registro do ônus real no Ofício Imobiliário é imprescindível. Todavia, se o usufruto decorre do poder de família (art. 1689, I), não há necessidade do registro, eis que não possui natureza de direito real, sendo consectário lógico da administração dos pais sobre os bens dos filhos. Outrossim, no usufruto constituído por usucapião, o registro será meramente declaratório.
 Art. 1.392. Salvo disposição em contrário, o usufruto estende-se aos acessórios da coisa e seus acrescidos.
 Ex: Fazenda com solo, maquinário agrícola e gado são cedidos em usufruto
 § 1o Se, entre os acessórios e os acrescidos, houver coisas consumíveis, terá o usufrutuário o dever de restituir, findo o usufruto, as que ainda houver e, das outras, o equivalente em gênero, qualidade e quantidade, ou, não sendo possível, o seu valor, estimado ao tempo da restituição.
 O usufrutuário terá que entregar o patrimônio do nu-proprietário do modo que lhe foi entregue, fazendo as devidas reparações ou reposições necessárias.
 Art. 1.393. Não se pode transferir o usufruto por alienação; mas o seu exercício pode ceder-se por título gratuito ou oneroso
 Como já dito, o usufrutuário não pode vender ou trocar o usufruto mas pode alugar, ceder provisoriamente, emprestar, etc. Estará usufruindo (exercendo o seu direito sobre a coisa)
 A única pessoa para quem o usufrutuário pode alienar o bem é o proprietário (vende o direito de usufruto, por ex, se não tem condições de arcas com as despesas ordinárias para manter o bem). Mas tem que haver autorização judicial
4. FORMAS DE CONSTITUIÇÃO
a) USUFRUTO LEGAL (ex: art. 1689, I, CC)
- Ocorre por imposição de lei
- Ex: Art. 1689, I: A lei determina que os pais sejam usufrutuários dos bens do menor pelo fato de serem seus representantes 
b) USUFRUTO JUDICIAL (art. 716 e 620, CPC)
- Ex: X tem uma dívida com um Banco. Tem, de patrimônio, uma casa e uma empresa A casa, por ser bem de família, é impenhorável. Portanto, ao Banco só restaria tentar satisfazer o débito através da penhora da empresa. No entanto, a lei determina que a execução seja feita da forma menos gravosa (art. 620, CPC), sendo lícito que, ao invés de o exeqüente proceder à alienação do bem penhorado, mediante arrematação em hasta pública, ou adjudicação na mesma oportunidade, obtenha satisfação de seu crédito por força do usufruto judicial. Assim, o juiz pode apontar um administrador judicial para administrar a empresa de X. Esse administrador repassará periodicamente os lucros da empresa ao credor até a completa satisfação da dívida. O administrador, sendo usufrutuário em nome da empresa credora, poderá até alugar.
c) USUFRUTO VOLUNTÁRIO
- Mais comum
- É constituído por negócio jurídico (uni ou bilateral), inter vivos ou causa mortis. Ou seja: poder resultar de contra entre nu-proprietário e usufrutuário ou de testamento.
c.1) POR ALIENAÇÃO
- O proprietário transfere o direito de usufruto e guarda para si a nu-propriedade (alienei o usufruto)
- Ex: X concede a Y o usufruto de seu imóvel por 30 anos. 
c.2) POR RETENÇÃO
- Transfere-se a propriedade, retendo o direito de usufruto. Sempre inter vivos (alienei a propriedade)
- Ex: O casal X e Y convenciona que o imóvel será alienado gratuitamente ao filho C, com cláusula de reserva de usufruto vitalício em prol do casal
d) USUCAPIÃO DE USUFRUTO 
- Ex: Um possuidor que obteve a posse direta da coisa, em virtude de uma relação de usufruto travada com o proprietário Tempos depois, vem a saber que havia recebido a posse a non domino, pois o concedente não era o verdadeiro proprietário Pelo fato de desenvolver posse mansa e pacífica, com justo título aliado à boa-fé pelo prazo assinalado na usucapião ordinária, terá acesso a uma sentença que lhe declare usucapião por usufruto, a ser respeitado pelo verdadeiro proprietário. Definitivamente, não fará jus à usucapião da propriedade, pois sua posse não contou em nenhum momento com animus domini. Pelo contrário, houve respeito ao domínio e apenas se reputa presente a intenção do possuidor de ser usufrutuário.
- Ex: Foi realizado um usufruto entre 2 pessoas; no entanto, o registro no RGI continha um vício (ex: ausência de assinatura do nu-proprietário) Passaram-se 10 anos sem que nenhuma das partes tivesse ciência do vício O usufrutuário poderá usucapir? Não. O usucapião implica em um embate entrepossuidor e proprietário (isto é, uma posse contrária à vontade do proprietário). Entretanto, no caso, o usufrutuário não tinha animus domini A conseqüência será o usufruto vitalício (o usufrutuário poderá continuar usando e fruindo o imóvel até sua morte, não podendo dele dispor). O tempo convalesce o defeito do título.
- Ex: Usufruto com prazo de 5 anos Chegado o termo final, o usufrutuário recusa-se a devolver o bem Passará a ter posse injusta pela precariedade (e como tal, não convalesce – é a regra) Portanto, não há possibilidade de haver usucapião Obs: O fato de o proprietário não exigir a devolução do imóvel não significa, necessariamente, o abandono. E se o proprietário nada faz, apesar de saber que expirou o prazo do usufruto e que o usufrutuário já deveria ter devolvido o bem, ele está permitindo a posse (e permissão não gera usucapião).
- Obs: Findo o termo do usufruto, deve-se fazer o cancelamento no RGI
5. DIREITOS E DEVERES DO USUFRUTUÁRIO (arts. 1394 a 1409)
5.1 DIREITOS DO USUFRUTUÁRIO
Direito à posse da coisa: posse qualificada (justa e direta). Em razão disso, terá direito aos interditos possessórios contra todos para defender a posse a ação confessório no juízo petitório para defender o usufruto.
Direito de fruir as utilidades da coisa: o usufrutuário perceberá os frutos naturais, industriais ou civis da coisa, bem como os produtos (utilidades que diminuem a quantidade da coisa, à medida que são retiradas – v.g., minérios).
Direito de administrar a coisa: preservando sua substância, já que o bem deverá, um dia, ser devolvido ao nu-proprietário (salvo no caso dos pais com relação aos bens dos filhos, já que aqueles agem no interesse destes).
Direito de ceder o seu exercício, a título gratuito ou oneroso: observe que o direito ao usufruto em si é inalienável e intransmissível (exceto ao nu-proprietário para consolidação), como conseqüência de sua pessoalidade mas o seu EXERCÍCIO pode ser cedido Assim poderá o usufrutuário locar, arrendar ou mesmo ceder a coisa em comodato a terceiros (arts. 1393 e 1399).
 De fato, quando se alude à faculdade de fruição do bem pelo usufrutuário, exprime-se aí tanto a fruição pessoal quanto por outras pessoas de forma mediata.
 Art. 1.395. Quando o usufruto recai em títulos de crédito, o usufrutuário tem direito a perceber os frutos e a cobrar as respectivas dívidas.
 Fala de usufruto sobre títulos de crédito. Ex: Uma empresa X empresta para outra (Y) dez milhões de reais em 10 prestações Esse crédito é concedido em usufruto para uma 3ª empresa (Z) Quem vai receber 1 milhão de reais por mês é a empresa X e a empresa Z irá receber os frutos (= juros, taxas, multas). Obs: Mas a correção monetária é de X
 Art. 1.396. Salvo direito adquirido por outrem, o usufrutuário faz seus os frutos naturais, pendentes ao começar o usufruto, sem encargo de pagar as despesas de produção.
 Significa que o usufrutuário tem direito à cria da vaca prenha, ao produto da colheita do solo que já se encontrava semeado, etc. 
 § único. Os frutos naturais, pendentes ao tempo em que cessa o usufruto, pertencem ao dono, também sem compensação das despesas (c/c 1392 §1°)
 Ex: Recebo uma fazenda e 50 bois em usufruto 2 bois morrem no decurso do usufruto Com o termo final, terei que restituir para o proprietário esses 2 bois que morreram
5.2. DEVERES DO USUFRUTUÁRIO
Inventariar os bens recebidos: o usufrutuário descreverá de forma pormenorizada os objetos que compõem o bem concedido em usufruto
Dar caução real ou fidejussória - se o nu-proprietário a exigir, sob pena de não poder administrar o bem.
Conservar a coisa e restituí-la no mesmo estado em que a recebeu: dever de efetuar as reparações ordinárias módicas (conservação e manutenção)
 Art. 1.402. O usufrutuário não é obrigado a pagar as deteriorações resultantes do exercício regular do usufruto.
 Refere-se às deteriorações naturais do bem (depreciação) O proprietário sofreria com a depreciação de qq forma, com ou sem usufruto
 Art. 1.403 Incumbem ao usufrutuário:
I - As despesas ordinárias de conservação dos bens no estado em que os recebeu;
II - As prestações e os tributos devidos pela posse ou rendimento da coisa usufruída.
 Tributos, condomínio, etc: são arcadas pelo usufrutuário
 Despesas extraordinárias (ex: infiltração): são do nu-proprietário
 Art. 1.407. Se a coisa estiver segurada, incumbe ao usufrutuário pagar, durante o usufruto, as contribuições do seguro.
 Ex: Apto em usufruto que não tinha seguro pega fogo O perecimento da coisa gera o perecimento do direito: portanto, extinguir-se-á o usufruto Mas, se o apto tivesse seguro, o usufruto seria prorrogado, não mais sobre o apto mas, sim, sobre o dinheiro pago ao proprietário pela seguradora (porque o direito é real) Se o dinheiro fosse colocado no Banco, os juros iriam para o usufrutuário (mas a correção fica com o proprietário)
 § 1° Se o usufrutuário fizer o seguro, ao proprietário caberá o direito dele resultante contra o segurador.
 É a hipótese em que o usufrutuário faz o seguro por conta própria: embora a idéia do seguro tenha sido dele, o eventual valor que for recebido pela casa, será do proprietário.
 § 2° Em qualquer hipótese, o direito do usufrutuário fica sub-rogado no valor da indenização do seguro.
 “Sub-rogado” = substituído O valor do bem será substituído pelo valor do seguro
 Independentemente do usufrutuário ter feito ou não o seguro, ele terá direito sobre o valor do seguro
 Art. 1.408. Se um edifício sujeito a usufruto for destruído sem culpa do proprietário, não será este obrigado a reconstruí-lo, nem o usufruto se restabelecerá, se o proprietário reconstruir à sua custa o prédio; mas se a indenização do seguro for aplicada à reconstrução do prédio, restabelecer-se-á o usufruto.
 1ª parte: O usufrutuário nada receberá, já que o proprietário arcou, por conta própria, com todos os gastos
 Art. 1.409. Também fica sub-rogada no ônus do usufruto, em lugar do prédio, a indenização paga, se ele for desapropriado, ou a importância do dano, ressarcido pelo terceiro responsável no caso de danificação ou perda.
 Se houver desapropriação, o usufrutuário também terá direito sobre o valor da indenização. O mesmo ocorre se 3° tiver feito pagamento para ressarcir danos ou perda do bem.
6. EXTINÇÃO DO USUFRUTO
 Art. 1.410. O usufruto extingue-se, cancelando-se o registro no Cartório de Registro de Imóveis:
- Só a morte ou só a renúncia não extinguem o usufruto, é preciso extingui-lo no RGI.
I - Pela renúncia ou morte do usufrutuário
- A morte do usufrutuário é fenômeno determinante à extinção do usufruto. Mas a morte do nu-proprietário, ao contrário, em nada afeta o usufruto, apenas demanda que os seus herdeiros respeitem o direito de usufruto até o prazo final de vigência
 Assim, ainda que constituído para durar certo tempo, o usufruto extingue-se antes do termo final, se falecer o titular (usufrutuário)
- Só a morte ou só a renúncia não extinguem o usufruto, é preciso extingui-lo no RGI. Enquanto isso não for feito, o usufruto continua e, portanto, os direitos e deveres se prorrogam. 
- Ex: Usufrutuário morreu Enquanto não for feito o cancelamento perante o RGI, persiste o usufruto (o falecido continua como usufrutuário e os tributos continuarão em seu nome)
II - Pelo termo de sua duração (pela data)
III - Pela extinção da pessoa jurídica, em favor de quem o usufruto foi constituído, ou, se ela perdurar, pelo decurso de 30 anos da data em que se começou a exercer.
- O usufruto de empresa remanesce:
- até a extinção da pessoa jurídica ou, 
- se a pessoa jurídica se mantiver, até 30 anos da data de sua constituição (art. 1410, III, CC)
IV - Pela cessação do motivo de que se origina
- Ex: No caso da maturidade ou emancipação no caso do usufruto legal dos pais sobre bens do filho menor
V - Pela destruição da coisa, guardadas as disposições dos arts. 1.407, 1.408, 2ª parte, e 1.409 
- Regra: O perecimento da coisa leva ao perecimento do usufruto. Exceção: Hipóteses de seguro
VI - Pela consolidação- Consolidação: É o status de nu-proprietário e usufrutuário em uma mesma pessoa (como se fosse a confusão, uma das formas de extinção do pagamento)
- Ex: X tem a propriedade de um imóvel e decide doá-lo para seu filho, retendo para si o usufruto Com a morte de X, o usufruto passa para o herdeiro (o filho, que também é o proprietário).
VII - Por culpa do usufrutuário, quando aliena, deteriora, ou deixa arruinar os bens, não lhes acudindo com os reparos de conservação, ou quando, no usufruto de títulos de crédito, não dá às importâncias recebidas a aplicação prevista no parágrafo único do art. 1.395.
- Apenas por sentença e se provada a culpa do usufrutuário na depreciação do bem.
VIII - Pelo não uso, ou não fruição, da coisa em que o usufruto recai (arts. 1.390 e 1.399).
- Fruir = ganhar dinheiro, gozar, etc.
- Não é o abandono porque este é inerente à propriedade
- Pode revogar o usufruto por falta de uso e fruto O usufrutuário não mora no imóvel, não aluga, não cuida, apesar de pagar as despesas Não está atendendo à função social da posse
- Se um 3° adquire a propriedade por usucapião pelo não uso do usufrutuário, o proprietário tem direito à indenização em face do usufrutuário em razão da perda do bem?
 Sim, ele terá direito de regresso. Quem tem legitimidade para ajuizar ação de reintegração é o usufrutuário e, subsidiariamente, o proprietário mas, se ficar provado que a culpa foi exclusiva daquele, haverá o dever de indenizar.
 Art. 1.411. Constituído o usufruto em favor de duas ou mais pessoas, extinguir-se-á a parte em relação a cada uma das que falecerem, salvo se, por estipulação expressa, o quinhão desses couber ao sobrevivente.
- Trata-se do usufruto conjunto: a cota-parte do usufrutuário falecido volta para o proprietário (caráter de elasticidade do direito de propriedade), a não ser que haja cláusula que disponha que essa cota-parte deverá ir para o usufrutuário sobrevivente.
II - 2. DIREITO DE SUPERFÍCIE
 Consiste na faculdade que o proprietário possui de conceder a um 3°, tido como superficiário, a propriedade das construções e plantações que este efetue sobre ou sob o solo alheio (solo, subsolo ou espaço aéreo de terreno), por tempo determinado ou sem prazo, desde que promova a escritura pública no RGI.
 Natureza: É direito real sobre coisa alheia, pois sua formação resulta de uma concessão do titular do domínio para fins de futura edificação (sobre ou sob o solo) ou plantação.
 Direito real do superficiário sobre coisa alheia e sobre coisa própria (= coisa construída) 
 Ambos são direitos temporários pois, findo o prazo contratual, o direito volta para o proprietário.
 Diz-se “direito real” pois o proprietário do solo não pode impedir a construção ou obstaculizar de qq outra forma o direito do superficiário. Isso porque o direito não é sobre pessoas, mas sobre a coisa. Inclusive, é concedida ao superficiário uma proteção erga omnes sobre sua propriedade.
 Ex: X, proprietário, aluga seu terreno para Y plantar Firmam um contrato de locação por 5 anos Depois de 2 anos, X, possuindo outros planos para o imóvel, decide rescindir o contrato A rescisão do contrato por X é possível porque o direito NÃO é real. Aqui, trata-se de direito obrigacional, onde uma pessoa deve à outra um comportamento: uma deve pagar à outra os alugueres e a outra pessoa tem o dever de não obstaculizar a plantação. X só terá que efetuar o pagamento de eventual indenização a Y O mesmo valeria se fosse comodato, que também é direito pessoal 
 Mas se, por exemplo, X, conceder o direito de superfície para a exploração por uma construtora, a rescisão já não será possível, ainda que X se ofereça a pagar a indenização, pois a construtora tem um direito real.
 Serve para dar uma função social à propriedade pois, muitas vezes, o proprietário não dispõe de recursos para investir no imóvel (seja para edificar, plantar, etc). Concedendo ao superficiário o direito de construir ou plantar em solo alheio, sem a necessidade de adquirir o terreno, o proprietário propicia a concessão de função social à propriedade e, além disso, recebe uma renda pela concessão da superfície e evita que o imóvel seja atingido pelas sanções municipais decorrentes da subutilização da propriedade. 
 Assim, o proprietário do solo transfere o direito de construir para o superficiário
									 
O superficiário passa a ter um direito real sobre a construção e um direito real sobre a coisa alheia. Pode manejar os interditos possessórios.
 Afasta-se, temporariamente, o princípio da adesão (acessoriedade – o acessório segue o principal – princípio segundo o qual fica pertencendo ao proprietário tudo quanto se une ou adere ao seu bem). Isso porque o direito de superfície rompe com a tradicional regra de que a propriedade do solo compreende a das acessões que sobre ele se erguem. É que, constituído este direito, a coisa acedida passará a pertencer a pessoa distinta da do proprietário do solo. Portanto, a admissão do direito de superfície implicará a suspensão, pelo tempo em que ele vigorar, do efeito aquisitivo da acessão.
 Concedido por meio de contrato / concessão
 A propriedade do construído (construção ou plantação) é resolúvel porque fica condicionada a um termo final, isto é, a situação é provisória, perdurando no tempo previsto pelo contrato. Extinto o contrato, o proprietário do solo recuperará o domínio pleno do terreno, das acessões e das benfeitorias introduzidas no imóvel, independentemente de indenização . Mas, como tantas outras, esta é uma norma dispositiva, que admite derrogação pela vontade das partes.
 O direito real de superfície constitui-se mediante concessão, após a celebração de um contrato firmado por escritura pública, obrigatoriamente levado a registro (art. 1369). 
 No RGI, consta que Fulano é proprietário do imóvel mas que Ciclano tem o direito de superfície. Assim, se, porventura, um 3° vier a adquirir a propriedade de Fulano mediante compra e venda, terá ciência do ônus que incide sobre o imóvel.
 Durante o prazo estipulado em contrato, o superficiário exercitará o seu direito real de forma plena, podendo instituir direitos reais de fruição e garantia sobre a coisa que edificou ou plantou – Implicações:
(1) O superficiário pode dar a construção em garantia (já que pode dispor da coisa) ou ceder em usufruto para outrem Mas, em ambos os casos, o superficiário exercitará seu direito real somente no prazo do contrato de superfície. Findo o prazo, acaba o direito real sobre o construído e sobre a coisa alheia - Quer dizer, o titular do direito real sobre a coisa alheia (usufrutuário, credor hipotecário, etc) perde a sua condição no exato momento em que termina a relação jurídica entre o proprietário e o superficiário Da mesma forma, ao superficiário é facultado vender a 3° mas o comprador também só terá o direito de exploração no tempo previsto no contrato (*). 
(2) Isso é possível porque na superfície não se cogita da existência de uma relação de subordinação entre um bem prevalente e outro, de natureza inferior. Trata-se de 2 propriedades autônomas horizontalmente fracionadas, cada qual mantendo a sua exclusividade e os atributos de uso, fruição, disposição e reivindicação.
(3) Há a possibilidade do superficiário reivindicar a coisa de terceiros, bem como ajuizar ações possessórias, em decorrência de agressões ao seu poder fático sobre o bem, pois o concessionário (superficiário) é TITULAR DA POSSE DIRETA da área objeto da concessão. A sua legitimidade para o exercício de tais pretensões não exclui a iniciativa isolada do concedente (proprietário), pois, na qualidade de possuidor indireto, também ele poderá manejar os interditos possessórios.
(*)
1) Por que um 3° compraria uma construção para explorá-la por tempo determinado?
 Pode ser que o valor reduzido do preço de venda compense o período limitado de exploração. Todo direito que é vendido com uma condição onerosa (existência do direito de uma outra pessoa sobre o mesmo bem) é vendido por um preço proporcional, que compense essarestrição. É o caso da venda de propriedade com ônus de hipoteca, do direito de usufruto, do direito de superfície.
2) É possível que um 3° compre do proprietário a propriedade do solo e compre do superficiário o direito real sobre a construção e o direito
1. DIREITOS DO SUPERFICIÁRIO
a) Faculdade de gozar o solo alheio, mantendo ou levantando uma construção ou estabelecer sobre o solo uma plantação.;
b) Faculdade de alienar ou gravar o direito de superfície, que serão extintos com o termo da superfície;
c) Faculdade de hipotecar o direito de superfície;
d) Exercer o direito de preferência na aquisição do solo, se o proprietário deste pretender aliená-lo onerosamente.
2. DEVERES DO SUPERFICIÁRIO
a) Utilizar o solo em conformidade com os fins pactuados;
b) Pagar a contraprestação, se foi acordado oneroso e devolver a coisa ao fim do contrato;
c) Conservar a construção ou plantação;
d) Arcar com os tributos e encargos que recaiam tanto sobre a obra superficiária como sobre o solo;
e) Dar preferência ao dono do solo, para, em igualdade de condições com terceiro, adquirir a propriedade superficiária.
3. DIREITOS DO PROPRIETÁRIO DO SOLO
a) Pode usar o restante do solo, inclusive o subsolo e o espaço aéreo, desde que não ponha em perigo a construção ou plantação superficiária;
b) Receber a contraprestação periódica ajustada, se foi acordada a onerosidade do direito de superfície;
c) Direitos sobre as circunstâncias da construção, melhoras, destino, uso e conservação da construção ou plantação;
d) Direito de preferência para a aquisição do direito de superfície, se o superficiário decidir aliená-la onerosamente.
4. DEVERES DO PROPRIETÁRIO DO SOLO
a) Abster-se de qualquer ato que perturbe ou obstacule a atividade de construção, plantação ou conservação da propriedade superficiária;
b) Dar preferência ao superficiário, em igualdade de condições com qualquer terceiro, à aquisição do solo, quando esta se fizer onerosamente.
 Art. 1.369. O proprietário pode conceder a outrem o direito de construir ou de plantar em seu terreno, por tempo determinado, mediante escritura pública devidamente registrada no Cartório de Registro de Imóveis.
 “Outrem”: superficiário
 “Construir ou plantar”: é acessão (é bem acessório), não é benfeitoria, porque a construção / plantação é um bem por si só. Por isso é que afasta-se, temporariamente, o princípio da adesão. 
 Tempo determinado: Gera a propriedade resolúvel
 § único. O direito de superfície não autoriza obra no subsolo, salvo se for inerente ao objeto da concessão.
 A regra é que se explora apenas a superfície, não o subsolo ou o espaço aéreo. Mas, excepcionalmente, será possível viabilizar a exploração do subsolo ou do espaço aéreo. 
- No subsolo, desde que não existam recursos minerais (art. 20, IX, CF) e a utilização do espaço seja fundamental para o empreendimento e esteja previsto no contrato (v.g., construção de shopping com necessidade de garagem no subterrâneo). 
- Quanto ao espaço aéreo, uma das suas aplicações práticas é a aquisição por condôminos da superfície do terreno vizinho, com o fim de impedir qq edificação no imóvel contíguo acima de limites que inviabilizem o sossego, a privacidade e, mesmo, o campo visual dos superficiários.
 Art. 1.370. A concessão da superfície será gratuita ou onerosa; se onerosa, estipularão as partes se o pagamento será feito de uma só vez, ou parceladamente.
 A concessão da superfície pode ser gratuita se as partes assim o ajustarem. Todavia, poderão estabelecer um valor a ser pago ao proprietário: a indenização paga é conhecida como solarium, que dá o direito de explorar o solo ao superficiário.
 Art. 1.371. O superficiário responderá pelos encargos e tributos que incidirem sobre o imóvel.
 O superficiário assume as obrigações propter rem que se relacionarem ao objeto da superfície
 Mas a responsabilidade é solidária (assim como na locações): do proprietário e do superficiário
 Art. 1.372. O direito de superfície pode transferir-se a terceiros e, por morte do superficiário, aos seus herdeiros 
 É alienável por ato "inter vivos" ou "causa mortis", o que equivale dizer que pode ser vendido e doado, além de se transmitir por herança. 
 Transfere-se o direito resolúvel, não a propriedade plena. E, evidentemente, pelo prazo fixado no negócio jurídico originário.
 Assim, nada impede que uma pessoa, sendo proprietária urbana e tendo capacidade para testar, disponha, por ato de última vontade, que a propriedade separada superficiária de um determinado bem imóvel será entregue, em forma de legado, a pessoa distinta daquela a quem tocará a propriedade do solo.
 Ex: Se X for constituído superficiário em negócio jurídico em que se assinala um prazo de 30 anos, tanto a alienação do direito de superfície como a transmissão mortis causa, a qq tempo, provocarão a transmissão da propriedade ao sucessor apenas no período que faltar para a passagem dos 30 anos. Com efeito, todos os direitos reais adquiridos na pendência da propriedade resolúvel são extintos pelo advento do termo (art. 1359).
 § único. Não poderá ser estipulado pelo concedente, a nenhum título, qualquer pagamento pela transferência.
 Concedente = é o dono do solo (concede a superfície)
 Ex: Construí uma lanchonete sobre um terreno do qual eu tinha o direito de superfície Quero transferir minha lanchonete para um 3° mas o dono do terreno também quer receber um percentual Não pode
 Art. 1.373. Em caso de alienação do imóvel ou do direito de superfície, o superficiário ou o proprietário tem direito de preferência, em igualdade de condições.
 A transferência do solo ou do direito de superfície obrigará o alienante a notificar previamente a outra parte, para que esta exercite, se assim desejar, o seu direito de preferência, em igualdade de condições à oferta feita por 3°.
 Assim, se o proprietário alienar o bem imóvel na vigência da superfície, deverá conceder o direito de preferência ao superficiário. O recíproco também é válido: caso o direito de superfície venha a ser objeto de negócio jurídico deve-se assegurar o direito de preferência ao proprietário em igualdade de condições a estranhos. 
* Lembrar: Sempre que houver 2 pessoas com direito real sobre uma mesma coisa (ex: superfície, condomínio), uma deve respeitar o direito de preferência do outro. Assim, no exemplo da construtora, esta poderá vender para 3° mas terá que oferecer primeiro para o dono do solo.
- No caso de alienação, o novo superficiário deve ter ciência do direito potestativo do proprietário de denunciar a superfície a qq tempo.
5. USUCAPIÃO
- Ex: X recebe concessão de superfície a non domino, possuindo o imóvel por anos, sem saber que o concedente não era o verdadeiro proprietário. Há completa viabilidade na ação de usucapião, reconhecendo-se a aquisição da superfície, porém mantida a bifurcação da propriedade pelo prazo do contrato ou até a denúncia do negócio jurídico pelo proprietário.
6. EXTINÇÃO
- Na consolidação da propriedade plena nas mãos no proprietário, quando da extinção da concessão, as benfeitorias, plantações e acessões agregadas ao terreno passam ao domínio do proprietário, não assistindo ao superficiário direito de indenização ou retenção, salvo estipulação diversa. 
- Formas de extinção:
Advento do prazo
Destinação diversa pelo superficiário
Se o superficiário nada executar no solo
Falta do pagamento do solarium e dos tributos
Por desapropriação (neste caso, parte da indenização irá para o superficiário)
 Art. 1.374. Antes do termo final, resolver-se-á a concessão se o superficiário der ao terreno destinação diversa daquela para que foi concedida 
 Trata-se de espécie de resolução contratual ante ao inadimplemento de obrigação de fazer (art. 475, CC), passível de cumulação com pleito indenizatório, comprovado prejuízo ao proprietário.
 A resolução é possível porque a finalidade acordada não foi atendida. O proprietário quer receber aquilo que foi combinado.
 O inadimplemento e a conseqüente resolução contratual também poderão traduzir-sepela falta de pagamento do solarium ou pelo descumprimento de outras cláusulas contratuais.
 Art. 1.375. Extinta a concessão, o proprietário passará a ter a propriedade plena sobre o terreno, construção ou plantação, independentemente de indenização, se as partes não houverem estipulado o contrário.
 Essa regra demonstra que a superfície é propriedade resolúvel, eis que a sua aquisição subordina-se a um evento futuro. Mesmo que, no silêncio do contrato, o dono do solo receba gratuitamente as acessões, isso não importará em prejuízo ao superficiário, pois obteve a oportunidade de explorar a superfície por tempo suficiente para traduzir sua atuação em benefícios financeiros.
 Art. 1.376. No caso de extinção do direito de superfície em conseqüência de desapropriação, a indenização cabe ao proprietário e ao superficiário, no valor correspondente ao direito real de cada um.
 Cada um recebe uma quota-parte pela desapropriação
7. SUPERFÍCIE E INSTITUTOS AFINS
 Usufruto x Superfície
 Usufruto: Constituído intuito personae, não podendo o usufrutuário transmitir o seu direito para terceiros, inter vivos ou causa mortis (ar. 1393).
 Superfície: Transmite-se por negócio jurídico gratuito ou oneroso, em vida ou pela sucessão hereditária, pois a sua finalidade é beneficiar a propriedade economicamente, e não a pessoa do superficiário propriamente dita.
 Servidão x Superfície
 Servidão: O direito real de servidão é inalienável e pressupõe um ônus de um prédio a outro, cujos proprietários são distintos (art. 1378). Ou seja: o prédio serviente é distinto do prédio dominante, sendo impraticável a superposição da servidão em um só imóvel.
II - 3. SERVIDÃO
 É um sacrifício de um prédio (chamado de prédio serviente) em favor de outro prédio (chamado de prédio dominante) A relação é entre coisas
 “Prédio”: no sentido amplo. Inclui terreno, edifício, plantação. 
 O prédio serviente tem que tolerar, de quem quer que seja o proprietário do prédio dominante, uma passagem de fiação elétrica, de ar, de água, de esgoto, de passagem de pedestres ou, ainda, a construção de algo (por ex, um muro). 
- Ex: Comprei um apartamento na Barra sem vista para Omar. Posso comprar o direito de vista do prédio vizinho à frente do meu (estarei comprando servidão de vista). É um direito real que impõe uma obrigação de não fazer aos condôminos do prédio serviente (obrigação de não construir acima de certa altura).
 Art. 1.378. A servidão proporciona utilidade para o prédio dominante, e grava o prédio serviente, que pertence a diverso dono, e constitui-se mediante declaração expressa dos proprietários, ou por testamento, e subseqüente registro no Cartório de Registro de Imóveis.
 A servidão ocorre entre prédios cujos proprietários são distintos (porque se o proprietário for o mesmo, haverá confusão, hipótese em que não é possível a servidão).
 “Declaração expressa”: por acordo ou testamento
 Objeto : Só imóvel. Os imóveis dominante e serviente devem guardar, entre si, relação de vizinhança. 
 Natureza da servidão : é direito real, imobiliário, limitado, de gozo sobre coisa alheia (art. 674, III, CC). 
 Titular do direito: O titular do direito de servidão é sempre o proprietário do prédio dominante. O proprietário do prédio serviente, em razão desse direito real que grava seu imóvel, fica obrigado a permitir que o titular do prédio dominante exerça atividade em seu bem (o trânsito ou a retirada de água, por exemplo), ou a manter atitude omissiva em relação a direito que normalmente teria (não levantar muro acima de certa altura ou não abrir janela em determinado local de seu prédio, por exemplo).
 Elementos constitutivos:
Existência de ônus ou encargo: tolerância em não praticar determinado ato de utilização de seu bem. Ação positiva do dominante e inércia do serviente.
Incidência num prédio em proveito de outro
Prédios pertencentes a donos diferentes
 O prédio dominante tem um direito real (isso consta no RGI). Esse direito pode ser combinado, pago, doado ou previsto em testamento. Por ter um direito real, o proprietário do prédio serviente não pode prejudicar o direito de servidão do proprietário do prédio dominante. 
 Obs: Cabe até nunciação de obra nova no caso do dono do prédio serviente querer destruir a passagem para edificar algo.
 Não confundir: servidão de passagem x direito de passagem:
 		 
 			 
	Servidão de passagem (art. 1378)
	Direito de passagem (art. 1285)
	- Direito real	
	- Direito pessoal, provisório (dura até que a situação seja resolvida) e depende sempre de 2 elementos: 
Que o prédio esteja encravado (*)
Que haja o pagamento de indenização
- Também chamado de “desapropriação privada” por alguns doutrinadores
- O art. 1285 §§2° e 3° dispõe que o direito de passagem é transferido quando na alienação.
	
	- A passagem forçada, inserida no CC dentre os direitos de vizinhança, compreende limitação legal ao direito de propriedade, consistindo na prerrogativa conferida ao vizinho, titular de imóvel encravado, de estabelecer seu acesso à via pública, transpondo no percurso o imóvel confinante. Esse traço de imposição normativa é justamente o que distingue a passagem forçada da servidão de passagem, modalidade de direito real sobre coisa alheia - art. 1.378, CC/02.
	- Registro no RG
	- Sentença
	- Utilidade: É estabelecida para facilitar ou tornar mais útil a propriedade do prédio dominante. Não decorre de um imperativo, mas de busca de utilidade, facilidade ou maior comodidade na satisfação de necessidades do proprietário.
	- Necessidade
	- Não há prédios encravados e não há passagem forçada.
	- O encravamento é requisito básico. Somente o prédio que não tenha saída para rua, fonte ou porto ou qualquer logradouro público é que o tem, mas o seu encravamento deve ser absoluto; assim, se houver apenas uma única via de difícil acesso, por pior ou incômoda que seja, não se qualifica como encravado.
(*) Ex: Um grande terreno é dividido em 9 pequenos lotes, e cada lote é comprado 
por um proprietário diferente. X, que comprou o lote central, está com o seu 
prédio encravado, precisando, pois, de uma passagem Mas se o dono do 			 X
prédio encravado é que deu causa a esse fato, ele não terá direito de passagem.
(por ex, X era dono do terreno inteiro e vendeu os lotes, ficando com o terreno
encravado).
1. CARACTERÍSTICAS
 A servidão é PERPÉTUA se não houver prazo ou condição. Então, ela vai se transferindo conforme vão mudando os proprietários (diferente do que ocorre no usufruto vitalício). Pode, por exceção, ser estipulado prazo. Ex: O prédio serviente tolera a passagem de água potável do prédio dominante, até que este consiga obtê-la por outro meio. A extinção somente através das hipóteses dos arts. 1387 a 1389.
 A servidão não pode continuar se não existe mais o motivo que a ensejou
 PRINCÍPIO “CIVILITER MODUS”: Aquele que irá usar o direito de outrem, deverá faze-lo de forma civilizada (sem sujeira, sem barulho, sem grandes perturbações ou transtornos).
 A servidão é sempre concedida de forma RESTRITA, justamente por implicar em sacrifício do prédio serviente. A ampliação do objeto da servidão só ocorre em casos de interesses econômicos, culturais ou industriais, e mediante indenização.
 A servidão é INALIENÁVEL porque:
1) A servidão está atrelada aos prédios serviente e dominante, não importa quem sejam seus respectivos proprietários. 
2) O sacrifício não pode ser objeto de negociação (transação) pois é um direito acessório ao de propriedade. Assim, não posso vender só o direito de servidão (mas posso vender o prédio dominante, juntamente com o direito de servidão).
2. CLASSIFICAÇÃO DAS SERVIDÕES
a) Urbana ou Rústica
- Urbana Ex: direito de vista, direito de escoar água, de ventilação, de iluminação entre prédios, etc.
- Rústica São servidões típicas da área rural. Ex: tirar água do poço e pastagem
b) Aparente e não aparente
- Aparente: É a servidão sinalizada. O seu exercício é exteriorizado (notado) de alguma forma pelo outro. Ex: Direito

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