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MODELO REDAÇÃO - Uberização do Trabalho

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Uberização do Trabalho
“Uma das características da cultura é tornar normal o que não é”. Essa afirmação do historiador Leandro Karnal pode facilmente ser aplicada ao debate a respeito do avanço da uberização do trabalho, já que a força do ambiente coletivo torna aceitável um nível jamais visto de exploração da mão de obra. Esse cenário tem origem inegável na solidificação de um discurso capitalista responsável por naturalizar formas indignas de atividade laboral. Assim, é fundamental reconhecer que entre os elementos que aprofundam esse panorama destacam-se um estado que age em nome das elites, juntamente com a tendência da mídia hegemônica de manipular o debate público. 
Em primeiro plano, é necessário reconhecer que a postura negligente dos gestores públicos, em conjunto com os valores econômicos atuais, contribui com a solidificação, a exploração atual do trabalhador. Isso ocorre porque a função do estado de proteger o cidadão da exploração tem sido constantemente abandonada em detrimento a flexibilização das leis trabalhistas que garantem o lucro de grandes empresas e tornam a objetificação do trabalhador algo cotidiano. Essa situação assemelha-se ao que Sérgio Buarque de Holanda descreve em seu ensaio “Raízes do Brasil” em que o autor faz a defesa de que o país é, na verdade, uma república oligárquica, na qual os instrumentos democráticos servem sempre aos que já tem poder e nunca ao povo, pois só esse raciocino explica a ausência de postura do governo diante do quadro de uberização. 
Além disso, é imperativo observar que a postura dos veículos de comunicação, somada a um processo ideológico voltado para o lucro naturaliza a prática da uberização como mero trabalho. Essa situação acontece pois em sociedades notadamente capitalistas a função da mídia de massa não é a informação da população, mas a difusão de discursos ideológicos travestidos de valores, tais como a ideia de que um trabalhador explorado é, na realidade, um empreendedor. Esse pensamento, encontra-se em paralelo ao que afirmou o jornalista Caco Barcelos, para quem “a culpa não é de quem não sabe, mas quem de não informa”, uma vez que a ignorância coletiva que a sociedade apresenta em relação a sua exploração não é sua culpa, mas sim responsabilidade de uma mídia que ao invés de informar, distorce. 
Diante do exposto, é importante perceber que o processo extremo de exploração do trabalho causado pela uberização tem origem no avanço da ideologia capitalista no tecido social. Assim sendo, para solucionar esse quadro é necessário que o Governo Federal, por meio de um decreto, crie um Plano Nacional de Garantia Trabalhista, com a finalidade de impedir processos de exploração da mão de obra que deixam os sujeitos em situação indigna. Dessa forma, esse plano poderia propor projetos de leis a serem votados no Congresso que obrigassem os gestores públicos a não se omitirem ante a exploração do trabalhador, além de criar regulamentações que obriguem os canais abertos a abordarem questões dos direitos trabalhistas de forma continua. Só assim, com a implantação desses processos, a cultura deixaria de tornar normal a exploração que nunca foi.

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