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TÍTULOS DE CRÉDITO_Parte 2

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III - ENDOSSO 
- Ato pelo qual o credor de um título de crédito com a cláusula à ordem transmite os seus direitos a outra pessoa (transferência da titularidade do direito cambiário). 
- Natureza jurídica: é uma declaração unilateral de vontade e autônoma. O endosso transfere um direito de crédito sem nenhum vício intrínseco. 
- A simples assinatura no VERSO da cártula já demonstra o endosso. Mas o endosso só fica realmente perfeito e acabado com a entrega da cártula ao endossatário, para que este possa apresentar o TC ao devedor a fim de que seja efetuado o pagamento. Logo, para que o endosso seja perfeito e produza efeitos será necessária a assinatura e a tradição. Art. 910 do NCC c/c 11, n.13 da LUG; art. 17 ao 19 da lei 7357/85.
1. FIGURAS
a) Endossante (credor)
- O credor do título que resolve transferi-lo a outra pessoa
- Assume a responsabilidade pelo aceite e pelo pagamento, na condição de solidário (no pagamento, e por uma sucessão, até chegar no endossante que será o único devedor).
b) Endossatário
 - Para quem o crédito foi passado.
2. EFEITOS DO ENDOSSO
Transfere a titularidade do crédito ao ENDOSSATÁRIO;
Vincula o ENDOSSANTE ao pagamento do TC, pq ele se torna um devedor cambiário indireto e de regresso (torna-se solidariamente responsável – art. 15, LUG)
 
O ENDOSSATÁRIO se torna novo CREDOR da Letra ; o ENDOSSANTE passa a ser um de seus co-devedores .
- Apenas NÃO SE ADMITE O ENDOSSO caso a LC contenha a cláusula “não à ordem”. O ato de transferência deste título não é o endosso, mas a cessão civil de crédito. A cláusula à ordem é implícita nos títulos de crédito.
- Se não for intuito do ENDOSSANTE assumir a responsabilidade pelo pagamento do título, e com isso concordar o ENDOSSATÁRIO, operar-se-á a exoneração da responsabilidade pela cláusula “sem garantia”, que apenas o ENDOSSO admite.
- O endosso feito POSTERIORMENTE AO PROTESTO tem efeito de CESSÃO ORDINÁRIA DE CRÉDITO (art. 20, LUG). Da mesma forma, o endosso dado depois de expirado o prazo fixado para fazer o protesto também produz os efeitos de uma cessão ordinária de crédito.
 Art. 20: “tem os mesmos efeitos que o endosso anterior” Ou seja, transfere a titularidade do crédito
>> OBSERVAÇÕES: 
1) No endosso com cláusula sem garantia há a transferência de um direito autônomo, um direito limpo, e, portanto, incide o principio da autonomia e abstração. A cláusula sem garantia apenas suprime o efeito da garantia do pagamento. O endosso com cláusula sem garantia é um endosso próprio em que o endossante que insere esta cláusula não garantirá o pagamento a ninguém.
2) Nem todos os sujeitos da relação cambiária poderão inserir a cláusula sem garantia. O Sacador da LC ou o constituidor de outros TC não podem inserir a cláusula sem garantia, assim como o avalista também não pode inserir a cláusula sem garantia, pois caso estes sujeitos insiram esta cláusula o TC poderá ficar sem devedor. 
3) A cláusula sem garantia não se confunde com a cláusula proibitiva de novo endosso. A cláusula proibitiva de novo endosso é inserida no TC e transfere o direito de crédito autônomo constante no TC, entretanto, o endossante que insere a cláusula proibitiva de endosso não vai garantir o pagamento dos endossos que forem realizados após o seu. Mesmo inserindo esta cláusula o endossante garante o pagamento das relações cambiárias existentes naquele TC e anteriores ao seu endosso. Na verdade quem insere a cláusula proibitiva de novo endosso está apenas dizendo que não garantirá o pagamento dos futuros endossos posteriores ao seu.
3. FORMAS DE ENDOSSO 
a) EM BRANCO
- O ato de transferência da titularidade do crédito não identifica o ENDOSSATÁRIO
- Feita por:
 simples assinatura do CREDOR no verso do título ou
 assinatura do CREDOR , no verso ou no anverso + expressão “pague-se”, ou outra equivalente 
- Como aqui NÃO se identifica a pessoa para quem o crédito foi transferido, o portador de uma letra endossada em branco pode transferi-la a outras pessoas, sem assiná-la; ou seja, sem se tornar responsável pelo cumprimento da obrigação creditícia nela documentada.
b) EM PRETO 
- Neste caso, identifica-se o ENDOSSATÁRIO 
- Feita por:
assinatura do CREDOR , no verso ou no anverso + sob a expressão “pague-se a X”.
A (sacador) saca letra contra B (aceitante) em favor de C (TOMADOR); este último pode, antes do vencimento, negociar seu crédito nela representado e de que é titular, junto a D.
Ao transferir o TÍTULO – o próprio crédito – C se identifica como ENDOSSANTE e D como ENDOSSATÁRIO .
Assim a LETRA DE CÂMBIO documenta crédito titularizado por D , do qual são devedores B (devedor principal) , A e C (co-devedores).
Se C assinar a letra, sob a expressão “pague-se , sem garantia a D“, o TÍTULO terá dois devedores , o aceitante B e o sacador A .
Se C deseja exonerar-se do débito colocará no título: pague-se a D “sem garantia”; assim os DEVEDORES serão A e B .
c) ENDOSSO PRÓPRIO 
- Através do endosso, o ENDOSSANTE deixa de ser credor do TÍTULO pois o crédito passa para as mãos do ENDOSSATÁRIO .
d) ENDOSSO IMPRÓPRIO
- Através do ENDOSSO IMPRÓPRIO, lança-se na cláusula cambial um ato que torna legítima a POSSE DO ENDOSSATÁRIO sobre o documento , sem que ele torne credor .
- Há 2 modalidades : 
d.1) ENDOSSO-MANDATO (art. 18, LUG)
- O ENDOSSATÁRIO é investido na condição de mandatário do endossante, para efetuar a cobrança do valor nele mencionado e dar a respectiva quitação. Age como mero mandatário do endossante. Ex. Cobrança bancária.
- Escreve-se: “Endosso por procuração a Fulano” Não se está transferindo o crédito, apenas dando o direito de representação (tem que constar no TC por causa do princípio da Literalidade)
O PROCURADOR poderá protestar o título, executá-lo ou mesmo constituir outro mandatário através de novo endosso-mandato.
O EXECUTADO(DEVEDOR) poderá opor ao ENDOSSATÁRIO MANDATÁRIO as exceções que tiver contra o ENDOSSANTE-MANDANTE(PROCURADOR), na medida em que aquele o aciona em nome deste (art. 18)
O ato praticado pelo mandatário continua valendo, ainda que sobrevenha a morte ou a incapacidade legal do mandatário (art. 18)
d.2) ENDOSSO-GARANTIA 
- O TC é transferido ao endossatário como garantia de alguma obrigação assumida, sendo devolvido após o seu cumprimento. Caso não seja cumprida a obrigação por parte do endossante, esse endosso-caução transforma-se em endosso PRÓPRIO, transferindo a titularidade do documento.
C é o tomador da LC e pretende contrair empréstimo junto à D, que exige, para isso, uma garantia real Essa garantia pode recair, se as partes concordarem, sobre bens móveis (caso em que se denomina penhor), entre os quais se consideram os TC´s Como a garantia pignoratícia se constitui, via de regra, pela efetiva coisa empenhada , faz-se necessária a entrega da Letra ao Credor (caucionado), sem que se transfira a titularidade do Crédito representado pela cambial .
Expressa-se : “pague-se , em garantia , a D” , ou outra equivalente , escrita sobre a assinatura do Credor da Letra .
O ENDOSSATÁRIO por ENDOSSO-CAUÇÃO, para fins de promover a efetivação de sua garantia pignoratícia, pode protestar e cobrar judicialmente a letra .
>> Nas relações entre os empresários e os bancos, as modalidades de ENDOSSO podem existir das seguintes formas :
ENDOSSO PRÓPRIO - o empresário pode descontar os TC´s que possui junto ao banco, recebendo o valor deles ou parte antecipadamente. Aqui, os títulos se transferem mediante ENDOSSO PRÓPRIO ou TRANSLATIVO.
ENDOSSO IMPRÓPRIO:
ENDOSSO-MANDATO - empresário pode contratar os serviços de cobrança de TC. A instituição financeira aqui atua como simples representante do credor e a posse dela sobre o título 
ENDOSSO-CAUÇÃO - Neste caso , se o empresário tomou dinheiro emprestado do banco, é possível a constituição de garantia do cumprimento de suas obrigações através do penhor de TC.
>> Uma vez caiu uma questão na Magistratura perguntando o que era o ENDOSSO MANDATO. O endosso mandato é um endosso impróprio. E o mandato é uma representação. Quem realiza um endosso mandatotransfere o exercício do direito existente na cártula, mas não transfere o crédito. É endosso impróprio pq houve a transferência da cártula sem haver a transferência do direito de credito representado no TC.
Como já caiu uma questão sobre o endosso mandato, que é uma espécie de endosso impróprio, pode ser que daqui a pouco caia uma questão sobre outro endosso impróprio, que é o endosso pignoratício. 
>> CESSÃO CIVIL DE CRÉDITO (art. 296, CC)
- Instituto do Direito Civil, pela qual o credor de uma obrigação a transfere (cede) a 3° (cessionário). 
- Aquele que transfere (cedente), responde pela existência do crédito, mas não pela solvência do devedor (cedido) Vale dizer, o cessionário, ao apanhar esse título NÃO TERÁ O CEDENTE COMO CO-GARANTIDOR, tal qual ocorreria se fosse um endosso com efeitos cambiários. Sendo uma cessão, o cedente só se responsabiliza pela existência do crédito, mas se o devedor principal não pagar, o cessionário não pode reaver seu dinheiro exigindo do cedente.
- O cedente responde pela existência do crédito no momento da cessão, mas não responde pelo pagamento, pois ele transfere um direito derivado, ou seja, NÃO há o efeito purificador, que é inerente ao endosso. O cedente transfere ao cessionário o mesmo direito que ele tem.
 Ou seja, quando ocorre uma cessão de crédito NÃO há autonomia nas obrigações assumidas e conseqüentemente NÃO incide o principio da inoponibilidade das exceções pessoais.
 Ex: Se há algum vício na relação do cedente com o devedor, este vício será transferido ao cessionário Neste exemplo, se havia algum vício na relação entre A e B, este vício será transferido para o C Quando o C executa A, o A poderá, através de EMBARGOS À EXECUÇÃO, opor as defesas pessoais que tiver em relação ao B Isto é possível pq não há autonomia nesta relação cambiária Não havendo autonomia, também não há inoponibilidade das exceções eis que não ocorreu o efeito purificador pois a NP circulou através de uma cessão de crédito. 
	
* Em suma:	
- Sob o efeito de cessão civil de crédito, o devedor poderá opor contra o cessionário (3° de boa-fé) TODAS AS DEFESAS QUE TERIA PARA OPOR CONTRA O CREDOR ORIGINÁRIO.
- Sendo uma cessão civil, aquele que apanha o título na condição de cessionário, NÃO USUFRUI DE TODAS AS GARANTIAS A QUE TERIA ACESSO SE FOSSE UM ENDOSSO, pois, no endosso, todos os endossantes são garantes do título.
>> DIFERENÇAS ENTRE CESSÃO CIVIL DE CRÉDITO E ENDOSSO 
	ENDOSSO
	CESSÃO CIVIL DE CRÉDITO
	- O endossante responde, de regra, pela (1) existência do crédito e pela (2) solvência do devedor 
	- O cedente responde apenas pela EXISTÊNCIA DO CRÉDITO (não pela solvência do devedor -CC, arts. 295 e 296).
	- Se o devedor principal não honrar o pagamento a dívida poderá ser cobrada do endossante 
	- O cedente apenas responde pela existência do crédito.
	- Ao se endossar, transfere-se o título com seus direitos incorporados, mas não os vícios contidos ou as relações com qualquer obrigado anterior.
	- O cessionário recebe o mesmo direito do cedente, seja este um direito viciado ou não. A cessão de credito não purifica os vícios intrínsecos.
	- O devedor principal do título também NÃO poderá defender-se, quando executado pelo endossatário, argüindo matérias atinentes a sua relação jurídica com o endossante (principio da autonomia das obrigações cambiais e subprincipio da inoponibilidade das exceções pessoais aos terceiros de boa-fé - art. 17, LUG e 916, CC).
	- O devedor do título poderá defender-se, quando executado pelo cessionário, argüindo matérias atinentes à sua relação jurídica com o cedente (CC, art. 294).
	- Ex: Só se pode defender-se da cobrança do título alegando a quitação
	- Ex: Pode-se argüir que referido crédito é fruto de agiotagem, prática ilegal em nosso direito.
- Assim, diga-se que X vendeu um automóvel a Y, e este o revendeu a Z. Para documentar a transação, Y sacou LC em favor de X, contra Z, que o aceitou. Posteriormente, o tomador (X), transferiu o seu crédito a Q. Se, no vencimento, o aceitante está insolvente, não tem patrimônio para responder por sua obrigação, Q poderá acionar X para reclamar o pagamento da obrigação? Depende:
a) Se recebeu o TC por endosso, poderá fazê-lo, porque o endossante (salvo na hipótese de cláusula sem garantia) responde pela solvência do devedor. 
b) Se recebeu a LC por cessão civil de crédito, Q não poderá cobra-la de X porque o cedente só responde pela existência do crédito. Quer dizer, para executar X, Q deve provar que lhe foi transmitido um direito inexistente, simulado. 
 Por outro lado, se Z não é insolvente mas, nos prazos da lei, havia rescindido o contrato de compra e venda do automóvel, feito com Y, em razão de vícios ocultos manifestados na coisa, estará ele obrigado a honrar o TC junto a Q? De novo, depende do ato translativo do crédito:
a) Se a circulação se deu por endosso, será inoponível a exceção contra o credor do TC; 
b) Se se deu por cessão civil de crédito, os vícios no automóvel poderão servir à defesa de Z contra Q.
* Em suma, no exemplo acima:
a) Se a LC havia sido emitida com a cláusula não à ordem, a transferência do crédito, de X para Q é ato sujeito ao direito civil, e A CIRCULAÇÃO NÃO DESVINCULA O TÍTULO DE SEU NEGÓCIO JURÍDICO.
b) Já se a LC foi sacada com a cláusula à ordem, aquela transferência é endosso, e se submete ao direito cambiário. Com a circulação, nesse caso, O TC SE DESVINCULA do negócio originário.
* Para concluir, deve-se lembrar que o ENDOSSO PRODUZ OS EFEITOS DE UMA CESSÃO CIVIL DE CRÉDITO em 2 situações:
1) Quando praticado após o protesto por falta de pagamento, ou depois de expirado o prazo para a sua efetivação (art. 20, LUG)
2) Quando praticado em TC em que se inseriu a cláusula NÃO À ORDEM (art. 15, LUG)

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