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Na aula anterior, iniciamos a nossa reflexão acerca das abordagens ou tendências pedagógicas, apresentando algumas ideias relacionadas à pedagogia tradicional e à abordagem escolanovista. Nesta aula, daremos mais um passo nessa temática, apresentando as abordagens tecnicista/neotecnicista e crítica, lembrando que são categorizações possíveis. Nossa opção por fazê-las assim tem o objetivo de facilitar a compreensão, tendo em vista os objetivos gerais do nosso curso de Didática do Ensino Superior. Um estudo mais aprofundado das abordagens ou tendências pedagógicas costuma ser realizado nos cursos de Pedagogia e nas disciplinas de Filosofia e/ou História da Educação. 1. Reconhecer as características gerais das abordagens ou tendências pedagógicas tecnológica/neotecnológica e críticas, apontando os possíveis impactos dessas abordagens na Didática e/ou no processo didático. Na aula anterior, estudamos as abordagens tradicional e escolanovista. Agora, trataremos sobre as abordagens tecnicista/neotecnicista e crítica. Você está pronto para retomar seus estudos? Didática do Ensino Superior Aula 4: Abordagens pedagógicas II Introdução Objetivos Outras abordagens Abordagem tecnicista A abordagem ou pedagogia tecnicista “advoga a reordenação do processo educativo de maneira a torná-lo objetivo e operacional” (Saviani, 1984), tendo presente o pressuposto da neutralidade científica e inspirada nos princípios da racionalidade, eficiência e produtividade. Essa tendência (que será apresentada/estudada, incorporando os princípios e/ou fundamentos da abordagem comportamental) considera que o conhecimento é a descoberta da realidade exterior que é dada como existente e independente do indivíduo. Desse modo, o conhecimento é o resultado da experiência ou da experimentação planejada. Para os adeptos dessa abordagem, “a experiência planejada é considerada a base do conhecimento. [...] o conhecimento é o resultado direto da experiência” (Mizukami, 1986). Skinner (1980), um dos representantes da abordagem comportamental mais conhecido no Brasil, entende que o comportamento do ser humano pode ser ordenado e determinado, permitindo a aplicação dos métodos científicos na pesquisa dos atos humanos. Nesse sentido, o ser humano é produto do arranjo de contingências de reforço que são construídas, segundo as relações entre o indivíduo e o mundo, envolvendo a articulação entre o momento da resposta, a própria resposta e as consequências reforçadas. O ser humano é, portanto, produto do seu processo evolutivo! Para a versão tecnicista/comportamental, o mundo é um fenômeno objetivo e já construído, podendo ser manipulado, no sentido de seu aperfeiçoamento. Por sua vez, as relações do indivíduo com o meio podem ser controladas. Autor: Jeswin Thomas/unsplash.com A abordagem ou pedagogia tecnicista/comportamental considera que o ser humano é produto do mundo exterior. Governado pelo meio ambiente, o ser humano é reativo às estimulações externas. Em outras palavras, o ser humano é “construído” a partir das influências ou forças existentes no meio ambiente. Atenção! http://pos.estacio.webaula.com.br/cursos/ATU162/aula4/img/01abordagemTecnicista.jpeg De acordo com os princípios da abordagem que estamos analisando, sociedade e cultura são categorias distintas. Vejamos o que afirma Skinner sobre o assunto: Skinner (1973) “O ambiente social é o que chamamos de cultura. Dá forma e preserva o comportamento dos que nela vivem”. “Uma cultura evolui quando novos costumes favorecem a sobrevivência daqueles que os praticam”. A sociedade-cultura é considerada um conjunto de contingências de reforço, advogando- se o planejamento social e cultural, regido pelos princípios de uma engenharia comportamental. Segundo Skinner (1972b), qualquer grupo poderá ter autossuficiência econômica se contar com os recursos da tecnologia moderna, e os problemas psicológicos da vida grupal poderão ser resolvidos pela aplicação dos princípios da engenharia comportamental. Para a versão tecnicista/comportamental, “[...] a cultura é representada pelos usos e costumes dominantes, pelos comportamentos que se mantêm ao longo do tempo. O ponto principal é que nós estimulamos nossa gente a olhar cada hábito e costume tendo em vista um possível aperfeiçoamento.” As mutações culturais ocorrem na medida em que são criadas novas práticas sociais, modificadas as condições de seleção de tais práticas e quando são alterados os ambientes onde os seres humanos vivem. A função do indivíduo no planejamento sociocultural é a de ser respondente ao que se espera que ele realize. Dessa forma, entende-se que o comportamento humano pode ser controlado e dirigido. Se afirmamos que o indivíduo pode ser dirigido, a educação implica a transmissão cultural. O educando é visto como um recipiente de informações e reflexões. O conteúdo transmitido está intimamente relacionado a objetivos e habilidades que levam à competência, e assim, a educação deverá preocupar-se com aspectos que podem ser observados e medidos. A tendência tecnicista/comportamental implica a adoção de uma estratégia que envolve uma preocupação científica associada ao planejamento, à condução e à avaliação do processo de aprendizagem. Ou seja, a estratégia instrucional está fundamentada nos princípios da tecnologia educacional. Nesse sentido, são desenvolvidos modelos, a partir da análise dos processos por meio dos quais o comportamento humano é modelado e reforçado. Para tanto, é necessário planejar as contingências e as sequências de atividades de aprendizagem. É importante prever os mecanismos de recompensa, de controle e reforços necessários à modelagem do comportamento humano. Mizukami (1986) afirma que a educação deverá transmitir conhecimentos, assim como comportamentos éticos, práticas sociais, habilidades consideradas básicas para a manipulação e controle do mundo/ambiente. Sociedade e cultura Transmissão cultural Nesse contexto, a função primordial da educação é a de promover mudanças nos comportamentos dos indivíduos, envolvendo a aquisição de novos comportamentos ou a modificação daqueles já existentes. Vamos analisar como os dois autores, até agora estudados nesta aula, enxergam o papel da escola: Skinner (1972a) A tarefa da escola está intimamente relacionada ao processo de ensino que implica na organização de contingências de reforço para uma aprendizagem eficaz. “[...] ensinar é simplesmente arranjar contingências de reforço. Entregue a si mesmo, em dado ambiente, um estudante aprenderá, e nem por isso terá sido ensinado. A escola da vida não é bem uma escola, não porque ninguém nela aprende, mas porque ninguém ensina. Ensinar é o ato de facilitar a aprendizagem; quem é ensinado aprende mais rapidamente do que quem não é.” Mizukami (1986) Cabe à escola, como agência educacional, “manter, conservar e em parte modificar os padrões de comportamento aceitos como úteis e desejáveis para uma sociedade, considerando-se um determinado contexto cultural”. Segundo a tendência tecnicista/comportamental, é possível programar o ensino de qualquer disciplina ou comportamento, desde que seja possível especificar o objetivo final desejado. Ainda segundo essa tendência, cabe ao professor planejar o processo de ensino, organizando, inclusive, as contingências de reforço de modo a aumentar a probabilidade de respostas aprendidas. As propostas pedagógicas, orientadas pela versão tecnicista/comportamental, estão associadas a uma abordagem sistêmica e à utilização de recursos tecnológicos. Enfatizam-se o uso de: Microensino; Instrução programada; Tele-ensino; Máquinas de ensinar. A organização racional dos meios converte-se na garantia da eficiência do processo ensino- aprendizagem, minimizando as interferências subjetivas, que podem pôr em risco tal eficiência. Consoante com as características da prática pedagógica, orientada pela abordagem tecnicista/comportamental, que enfatiza a definição de objetivos intermediários e finais Processo de ensino Atenção! Avaliação do aluno(uma intensa literatura sobre como definir tais objetivos foi produzida), visando a estabelecer a sequência da aprendizagem de modo gradual, a avaliação consiste em verificar as realizações do aluno passo a passo. Por isso, a avaliação deve ocorrer antes, durante e ao final do processo de ensino- aprendizagem, de modo que seja possível detectar o progresso do educando nas suas diferentes etapas. A avaliação fornece os próprios elementos necessários à organização das contingências de reforço. Você sabe quais são os principais representantes da abordagem tecnicista/comportamental? Vejamos: Burrhus Frederic Skinner; James Popham; Katherine Briggs; Isabel Briggs Myers; Robert Gagné; Benjamin Bloom; Robert Mager; Cláudio Dib; Samuel Pfromm Neto; João Batista de Oliveira; Cláudio de Moura Castro. Autor: Pragyan Bezbaruah/pexels.com Na atualidade, há uma tendência no sentido de valorizar uma perspectiva que podemos chamar de neotecnicista, que se orienta pelos mesmos princípios da abordagem tecnicista, Revisitando a abordagem tecnicista: a versão neotecnicista http://pos.estacio.webaula.com.br/cursos/ATU162/aula4/img/04avaliacao.jpeg atualizando-os, tendo presente os princípios da “qualidade total” e o significativo e contemporâneo avanço tecnológico nas áreas da informação e da comunicação. Segundo entendemos, trata-se também de uma tentativa de transferir para a escola o modelo de gestão e funcionamento da empresa. Nesse caso: Levando em conta a centralidade no mercado e, como consequência, a ênfase no produto e no consumidor, a abordagem neotecnicista valoriza o papel da educação como preparação do educando para o mundo do trabalho e do consumo. Nesse contexto, essa abordagem enfatiza o empreendedorismo, a empregabilidade e a flexibilidade que reconhece como exigências das sociedades atuais – sociedades do conhecimento – e em função da competitividade – aspectos que configuram um mercado globalizado. Nesse caso, a escola está orientada a promover processos que visem à aquisição dos conhecimentos e comportamentos exigidos pela sociedade – especialmente pelo mercado de trabalho – tendo em vista o objetivo de aumentar a sua produtividade e eficiência. Na sua opinião, a ênfase no empreendedorismo pode ser considerada a melhor maneira de aumentar a produtividade e eficiência da escola? Segundo a abordagem neotecnicista, o educador é concebido como “gerente” do processo instrucional. Professores e alunos são vistos como partes de um sistema e a relação entre eles, em geral, é mediada por recursos das novas e avançadas tecnologias que têm um papel relevante no processo de ensino-aprendizagem. No que se refere às questões de poder e de convivência, há uma valorização das hierarquias funcionais ou das hierarquias por competência. A administração de conflitos, a resolução de problemas de ineficiência e a melhoria do clima de convivência na escola devem levar em conta regras, normas e leis pré-fixadas. Por sua vez, reitera-se a aposta no indivíduo: na sua automudança, na sua autorregulação e na sua autonomia. Também na perspectiva neotecnicista, a avaliação de resultados que podem ser medidos é valorizada. Reitera-se, aqui, a ênfase na avaliação da aprendizagem de natureza formativa e somativa centradas no desempenho. As diferenças individuais tendem a ser valorizadas, principalmente no que se referem a comportamentos, modos e ritmos de aprendizagem. Mundo do trabalho e do consumo Professores e alunos Avaliação de resultados Agora que já estudamos a abordagem tecnicista/neotecnicista, trataremos sobre a abordagem crítica. Segundo o ponto de vista de Libâneo (1984), essa abordagem, muitas vezes, denominada sociocultural, político-social, ou ainda, pedagogia progressista, envolveria três tendências pedagógicas: A libertadora; A libertária; De conteúdos culturais. Essas três tendências têm, em comum, a característica de conceberem “a educação inserida no contexto das relações sociais, em que convivem interesses antagônicos, entre as classes sociais fundamentais, e atribuem-lhe, assim, finalidades sociopolíticas dentro de um projeto histórico social de emancipação humana” (LIBÂNEO, 1984). Antes de continuarmos nossos estudos, vejamos o vídeoclipe da música Another Brick in the Wall (Parte II), do grupo Pink Floyd: Atenção! Aqui existe uma videoaula, acesso pelo conteúdo online Clique no PDF para ver a letra da música. [../downloads/Musica_another_brick_in_the_wall_II.pdf] A partir do que assistiu no vídeo, você consegue observar a crítica feita aos tipos de abordagens pedagógicas que vimos anteriormente à abordagem crítica? Isso porque as abordagens críticas privilegiam a relação entre sujeito e objeto, quer dizer entre o ser humano e o mundo, em uma visão interacionista, reconhecendo o sujeito como elaborador e criador do conhecimento. Nesse tipo de abordagens ou tendências pedagógicas, só existem seres humanos concretos situados em um contexto econômico, cultural, político e histórico. Atividade mediadora Para Libâneo, ao assumir o papel de mediador, a escola, “ao mesmo tempo em que afirma a determinação socioestrutural da educação, afirma, também, o especificamente pedagógico: a transmissão do saber escolar, enquanto meio de elevação cultural, supõe, simultaneamente, sua reelaboração crítica por parte do aluno, razão pela qual importa articulá-lo com as suas condições concretas de vida e com as disposições socioculturais decorrentes”. Abordagem crítica Notas Seres humanos concretos http://pos.estacio.webaula.com.br/cursos/ATU162/downloads/Musica_another_brick_in_the_wall_II.pdf Entendendo que só existem seres humanos concretos situados em um contexto econômico, cultural, político e histórico, Mizukami (1986) afirma: O homem chegará a ser sujeito por meio da reflexão sobre seu ambiente concreto: quanto mais ele reflete sobre a realidade, sobre a sua própria situação concreta, torna-se progressiva e gradualmente, plenamente consciente, comprometido a intervir na realidade para mudá-la. Nessa perspectiva, o homem cria a cultura, resultado de sua atividade, na medida em que se integrando no seu contexto de vida, reflete sobre as condições desse contexto e responde aos seus desafios. Freire (1983) afirma que “é como seus transformadores e criadores que os homens, em suas permanentes relações com a realidade, produzem, não somente os bens materiais, as coisas sensíveis, os objetos, mas também as instituições sociais, suas ideias, suas concepções.” Completa ele: “por meio de sua permanente ação transformadora da realidade objetiva, os homens, simultaneamente, criam a história e se fazem seres histórico-sociais”. Os aspectos estruturais da sociedade são colocados em relevo, dá-se ênfase, assim, às relações sociais de produção e de poder. A emancipação do ser humano está diretamente relacionada à sua participação consciente como sujeito na sociedade, na cultura e na história. As concepções críticas entendem que a realidade é dinâmica e que seu movimento segue leis objetivas que devem ser conhecidas pelo ser humano. Este, desafiado pela realidade, deve responder a cada um desses desafios de maneira original, podendo modificar não só a realidade na qual está inserido, mas também a si próprio. A prática pedagógica, nesse contexto de teorizações, tem características distintas. Por isso, a partir de agora, estudaremos, detalhadamente, cada uma das três tendências pedagógicas citadas anteriormente. A tendência libertadora se inspira no pensamento pedagógico de Paulo Freire. Segundo Libâneo (1983), a pedagogia libertadora dá ênfase a uma educação em que professor e alunos “mediatizados pela realidade que aprendem e da qual extraem o conteúdo da aprendizagem, atingem um nível de conscientização dessa mesma realidade, a fim de nela atuarem, no sentido da transformação social”. Para Freire (1983), “trata-se de uma perspectiva pedagógico-didática em que educador e educandos (lideranças e massas), cointencionados à realidade, se encontram em uma tarefa em que ambos são sujeitosno ato, não só de desvendá-la e, assim, criticamente conhecê-la, mas também no de recriar este conhecimento”. Atenção! Diferentes tendências Tendência libertadora Ainda para Freire (1983), “é na realidade mediatizadora, na consciência que dela tenhamos – educadores e povo –, que iremos buscar o conteúdo programático da educação”. A concepção crítica libertadora privilegia métodos que enfatizam o diálogo entre educadores e educando, recomendando a adoção de grupos de discussão que devem determinar o conteúdo e a dinâmica de suas atividades. Esses grupos são responsáveis, pois, pela gestão de seu próprio processo de aprendizagem. Nesse caso, o professor é um animador que estabelece uma relação dialogal com os alunos, intervindo nesse processo só quando necessário. MOTIVAÇÃO De acordo com Freire (1983), “a razão de ser da educação libertadora está no seu impulso inicial conciliador. Daí que tal forma de educação implique na superação da contradição educador-educandos, de maneira que se façam ambos, simultaneamente, educadores e educandos”. A motivação é entendida como essencial à aprendizagem e a educação problematizadora é a forma de obtê-la. Freire afirma que “a educação que se impõe aos que verdadeiramente se comprometem com a libertação não pode fundar-se em uma compreensão dos homens como seres vazios a quem o mundo encha de conteúdos [...]; não pode ser a do depósito de conteúdos, mas a da problematização dos homens em suas relações com o mundo”. Em sala de aula, você se preocupa em propiciar a seus alunos uma educação problematizadora? Considera importante que todos se tornem educadores e educandos ao mesmo tempo? Reflita sobre os métodos que você costuma utilizar para que isso seja possível. Autor: javi_indy/freepik.com AVALIAÇÃO Segundo Libâneo (1983), no que tange a avaliação, na versão libertadora, “[...] admite-se a avaliação da prática vivenciada entre educador-educandos no processo de grupo e, às vezes, a autoavaliação feita em termos de compromissos assumidos com a prática social”. Vejamos uma cena do filme Escritores da Liberdade que se relaciona com o conteúdo tratado nesta seção: Atenção! Aqui existe uma videoaula, acesso pelo conteúdo online Clique no PDF para ver a sinopse. http://pos.estacio.webaula.com.br/cursos/ATU162/aula4/img/07gruposDiscussao.jpg [../downloads/Sinopse_Escritores_liberdade.pdf] Percebeu como, na cena, através da análise da autoavaliação, o professor enfatiza o compromisso social do aluno com sua classe e com a vivência entre educador e educando? A tendência libertária é aquela que se inspira em propostas autogestionárias ou antiautoritárias. Para a pedagogia libertária, o mais importante é o conhecimento oriundo da experiência vivida, principalmente, em situação de participação crítica. Os conteúdos devem ser aqueles que respondem aos interesses e necessidades do grupo, constituindo-se as tradicionais matérias de estudo em um instrumento a mais à disposição do aluno. A tendência libertária, por sua vez, dá ênfase à vivência grupal na forma da autogestão, todo o interesse pedagógico e também didático depende de suas necessidades. Elimina-se qualquer forma de direção do grupo, valorizando-se, inicialmente, oportunidades de contatos, relações informais entre os alunos, de modo que os grupos possam evoluir, no sentido de organizarem-se em cooperativas, assembleias para decidir e executar trabalhos em conjunto. A relação professor-aluno é regida pelos princípios da não diretividade, sendo o professor um orientador ou catalizador que deve refletir com o grupo. MOTIVAÇÃO A motivação para a aprendizagem deve estar intimamente relacionada ao desejo de crescer na vivência grupal, na medida em que esta pode permitir a satisfação dos interesses e necessidades de cada um. Vejamos o vídeo a seguir: Atenção! Aqui existe uma videoaula, acesso pelo conteúdo online Clique no PDF para ver a sinopse. [../downloads/Sinopse_tree.pdf] Você percebeu como, através do trabalho em grupo, todos os integrantes do vídeo conseguem atingir seus interesses e suas necessidades? Cada integrante possuía um destino individual, diferente dos demais, mas, para que esse destino final fosse alcançado, precisaram crescer na vivência grupal, removendo a árvore do caminho. Na educação, esse crescimento é tão importante quanto fora da sala de aula. É através dele que o processo de aprendizagem é alcançado com sucesso. AVALIAÇÃO Quanto à concepção libertária, a avaliação da aprendizagem de conteúdos não tem sentido, na medida em que o critério de relevância do saber sistematizado está em função do seu possível uso prático (LIBÂNEO, 1983). Tendência libertária http://pos.estacio.webaula.com.br/cursos/ATU162/downloads/Sinopse_Escritores_liberdade.pdf http://pos.estacio.webaula.com.br/cursos/ATU162/downloads/Sinopse_tree.pdf No que diz respeito à pedagogia de conteúdos culturais, valorizam-se os conteúdos compreendidos como universais acumulados historicamente pela humanidade e que são, constantemente, criticados a reelaborados, em função das diferentes realidades sociais. Nessa pedagogia, busca-se articular a cultura erudita e popular, estabelecendo-se uma relação de continuidade. A pedagogia de conteúdos culturais propõe o uso de métodos que permitam articular o saber escolar relativo aos conteúdos que entendem como universais e os conteúdos vinculados às realidades locais. Os métodos devem, pois, favorecer a correspondência dos conteúdos com os interesses do aluno, mas, ao mesmo tempo, fazer com que o educando perceba como os conteúdos podem auxiliá-lo na compreensão da sua realidade. Os métodos utilizados devem, desse modo, privilegiar uma articulação entre o saber trazido de fora e a experiência do educando. Cabe ao professor favorecer o relacionamento entre os conteúdos propostos por ele e a vida do aluno. Considerando que “o conhecimento resulta de trocas que se estabelecem na interação entre o meio e o sujeito, sendo o professor o mediador, então a relação pedagógica consiste no provimento das condições em que professores e alunos possam colaborar para fazer progredir essas trocas”. (LIBÂNEO, 1983). MOTIVAÇÃO Para Libâneo (1983), é função do professor, além de satisfazer as carências do educando, “despertar outras necessidades, acelerar e disciplinar métodos de estudo, exigir o esforço do aluno, propor conteúdos e modelos compatíveis com suas experiências vividas”. Nesse sentido, a aprendizagem dependerá não só da prontidão e da disposição do aluno, mas também da ação do professor, do próprio contexto da sala de aula. “Aprender, dentro da visão da pedagogia dos conteúdos culturais, é desenvolver a capacidade de processar informações e lidar com os estímulos do ambiente, organizando os dados disponíveis da experiência”. (LIBÂNEO, 1983). Vejamos, a seguir, uma cena do filme Sociedade dos Poetas Mortos: Atenção! Aqui existe uma videoaula, acesso pelo conteúdo online Clique no PDF para ver a sinopse. [../downloads/Sinopse_Sociedade_Poetas_Mortos.pdf] Você percebeu como a ação do professor é um importante componente para que o processo de aprendizagem tenha sucesso? AVALIAÇÃO Segundo Libâneo (1983), a pedagogia dos conteúdos culturais enfatiza a avaliação do trabalho escolar, no sentido de permitir a comprovação do progresso do aluno em direção à aquisição de noções mais sistematizadas. Tendência de conteúdos culturais http://pos.estacio.webaula.com.br/cursos/ATU162/downloads/Sinopse_Sociedade_Poetas_Mortos.pdf Em síntese, de acordo com Caudau (20003), podemos dizer que a abordagem crítica está construída levando em conta diferentes contribuições, sendo que todas elas têm em comum: Conceber os processos educacionais como historicamente situados, articular a educação com outros processos sociais, trabalhar sistematicamente a relação teoria-prática, favorecer processos de construção de sujeitos autônomos, competentes, solidários capazes de serem sujeitos de direito no plano pessoal e coletivo, capazes de construir histórias e apostar em um mundoe em uma sociedade diferentes, de utilizar metodologias ativas, participativas, personalizadas e multidimensionais, articuladoras das dimensões cognitiva, afetiva, lúdica, cultural, social, econômica e política da educação. Vejamos, a seguir, o quadro Operários, da pintora Tarsila do Amaral: Para acessar informações sobre a obra Operários, clique no PDF. [../downloads/obra_arte_operarios.pdf] Em sua obra, Tarsila do Amaral pinta diversos rostos de operários que migraram do campo para a cidade em busca de empregos em fábricas. Ainda que cada operário tenha seu traço próprio, quando olhamos para a pintura, visualizamos um bloco de pessoas e entendemos, de forma inconsciente, todos os operários como um só indivíduo. A partir dessa consideração, pense na obra como uma sala de aula. Será que o professor identifica cada aluno como um sujeito independente e autônomo? Diante do que estudamos até aqui, reflita sobre essa questão tão enfatizada na abordagem crítica da aprendizagem. Depois do estudo realizado até aqui, consideramos importante registrar e destacar que assumimos e privilegiamos – no que se refere à concepção das nossas próprias aulas e, Contribuições importantes Perspectiva crítica e intercultural http://pos.estacio.webaula.com.br/cursos/ATU162/aula4/img/08operarios.jpg http://pos.estacio.webaula.com.br/cursos/ATU162/downloads/obra_arte_operarios.pdf consequentemente, no que diz respeito à nossa concepção de Pedagogia e certamente de Didática – a abordagem crítica. Uma abordagem crítica que se enriquece, contudo, com o que estamos chamando de uma educação e/ou de uma didática intercultural. Como afirmamos na aula 2, trata-se perspectiva intercultural que “quer promover uma educação para o reconhecimento do “outro”, para o diálogo entre diferentes grupos sociais e culturais. Uma educação para a negociação cultural, que enfrenta os conflitos provocados pela assimetria de poder entre os diferentes grupos socioculturais em nossa sociedade, e é capaz de favorecer a construção de um projeto comum, pelo qual as diferenças são dialeticamente integradas.” (CANDAU, 2009). É importante mencionar que não há uma só concepção da perspectiva intercultural. Todavia, a preocupação com as diferenças culturais é uma constante em todas elas. De um modo geral, a diferença está na maneira como tais diferenças culturais são tratadas e/ou incorporadas pelos processos e/ou práticas. Ao longo de nossas próximas aulas, a perspectiva crítica e intercultural certamente marcará muitas das ideias e propostas que serão objetos de reflexão e estudo. Vamos fazer uma atividade para ajudar você a ampliar, sistematizar e/ou rever suas aprendizagens. a) Procure fazer uma leitura crítica do texto também especialmente elaborado para esta aula. Não se esqueça de fazer notações, indicando as ideias principais. b) Em seguida, sugerimos que você, tendo presente a leitura e as suas anotações do texto em pauta, continue completando o quadro a seguir, cujo modelo foi apresentado na aula anterior. Só para lembrar: no caso desta aula 04, você deverá elaborar um quadro para a abordagem tecnológica/neotecnológica e outro para a abordagem crítica. [../downloads/a4_atividade_proposta_modelo.pdf] Clique no PDF para ver a resposta. [../downloads/Chave_resposta_atividade_aula4.pdf] Atenção! Atividade proposta Aprenda mais http://pos.estacio.webaula.com.br/cursos/ATU162/downloads/a4_atividade_proposta_modelo.pdf http://pos.estacio.webaula.com.br/cursos/ATU162/downloads/Chave_resposta_atividade_aula4.pdf Para saber mais sobre os assuntos abordados nesta aula, leia os livros: GADOTTI, Moacyr. Histórias das Ideias Pedagógicas. São Paulo: Editora Ática, Série Educação. 1996, 4ª edição. CANDAU, V. M. F. Direitos humanos, educação e interculturalidade: as tensões entre igualdade e diferença. Rio de Janeiro: Revista Brasileira de Educação v. 13 n. 37 jan./abr. 2008. Disponível abaixo. Clique aqui [http://www.scielo.br/pdf/rbedu/v13n37/05.pdf] Exercícios de fixação Questão 1 - A abordagem tecnicista inspira-se nos princípios de: Racionalidade, humanidade e produtividade. Racionalidade, solidariedade e produtividade. Racionalidade, eficiência e produtividade. Solidariedade, eficiência e produtividade. Questão 2 - Podemos dizer que, no caso da abordagem tecnicista, as relações entre o indivíduo e o meio podem ser prioritariamente: Equilibradas Controladas Harmoniosas Integradas Questão 3 - Podemos dizer que as abordagens críticas têm em comum, por exemplo: Conceber os processos educacionais como historicamente situados, articular a educação com outros processos sociais, trabalhar sistematicamente a relação teoria- prática e favorecer processos de construção de sujeitos autônomos. Estimular a transmissão dos conhecimentos, articular a educação com outros processos sociais, trabalhar sistematicamente a relação teoria-prática e favorecer processos de construção de sujeitos autônomos. Conceber os processos educacionais como historicamente situados, trabalhar sistematicamente a relação teoria-prática, favorecer processos de construção de sujeitos autônomos, valorizar a eficiência da sociedade. Estimular a transmissão dos conhecimentos, Incentivar métodos centrados no trabalho do professor, trabalhar sistematicamente a relação teoria-prática e favorecer processos de construção de sujeitos autônomos. Questão 4 - No caso das abordagens críticas, valoriza-se: http://www.scielo.br/pdf/rbedu/v13n37/05.pdf Nesta aula: Realizamos reflexões sobre as abordagens ou tendências pedagógicas denominadas tecnicista/neotecnicista e crítica; Enfatizamos os princípios e características de cada uma das abordagens; Tratamos questões relacionadas à incorporação de uma perspectiva intercultural, bem como aspectos e/ou dimensões relacionadas às diferenças culturais. Na próxima aula, você estudará os seguintes assuntos: Elementos que configuram o processo de ensino-aprendizagem e suas especificidades no âmbito do Ensino Superior; Diferentes desafios para a vivência da prática Didática na sala de aula universitária. CANDAU, V. M. F. Pedagogias Críticas: ontem e hoje. In: Revista Novamerica. Rio de Janeiro, n. 97, março, 2003, p.58 a 61. _________________________. Direitos humanos, educação e interculturalidade: as tensões entre igualdade e diferença. Rio de Janeiro: Revista Brasileira de Educação v. 13 n. 37 jan./abr. 2008. _________________________. Educação Escolar e Culturas: Multiculturalismo, Universalismo e Currículo. In: CANDAU, Vera Maria (org.). Didática. Questões Contemporâneas. Rio de Janeiro: Forma & Ação, 2009, p. 47 a 60. FREIRE, P. Pedagogia do Oprimido. São Paulo: Editora Paz e terra, 1983, 12. ed. A educação frontal. As memorizações. As metodologias ativas. As provas e testes. Questão 5 - No contexto da Pedagogia Crítica e tendo presente a tendência libertadora, proposta por Paulo Freire, é possível afirmar que a motivação é essencial à aprendizagem e que uma das maneiras de obtê-la é enfatizando: O aprender a aprender. A educação bancária. O ensino sistemático. A educação problematizadora. Síntese Próxima aula Referências GADOTTI, M. Histórias das Ideias Pedagógicas. São Paulo: Editora Ática, Série Educação. 1996, 4. ed. LIBÂNEO, J. C. Tendências Pedagógicas na Prática Escolar. In: ANDE / Revista da Associação Nacional de Educação. 1983, Ano 3, n. 6. __________________. Anotações sobre a Questão Pedagógica. Didática e a Política da Educação. In: Coletânea dos Simpósios da III Conferência Brasileira de Educação. São Paulo: Editora Loyola, 1984. KOFF, A. M. N. S. Formação de Professores para a Escola Básica: realidade e perspectivas. Dissertação de Mestrado. Rio de Janeiro: Departamento de Educação da PUC-Rio, 1986. Disponível na Biblioteca Geral da PUC-Rio. MIZUKAMI, M. G. N. Ensino: as abordagens do processo. São Paulo: EPU, 1986. Disponível em: http://estudopedagogia.blogspot.com/2011/03/ensino-as-abordagens-do- processo.html [http://estudopedagogia.blogspot.com/2011/03/ensino-as-abordagens-do-processo.html] . SAVIANI, D. Escola e Democracia. São Paulo: Cortez Editora, 1984. SKINNER, B. F. Tecnologia do Ensino. Coleção Ciências do comportamento. São Paulo: Editora Pedagógica e Universitária, 1972a. ______________________. Walden II. São Paulo: Editora Pedagógica e Universitária, 1972b. _______________________. O Mito da Liberdade. Rio de Janeiro: Bloch Edições, 1973. _______________________. Contingências de Reforço. Uma Análise Teórica. São Paulo: Editora Abril, 1980. Coleção os Pensadores. http://estudopedagogia.blogspot.com/2011/03/ensino-as-abordagens-do-processo.html
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