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GESTÃO DE PESSOAS POR COMPETÊNCIA Apostila O presente material visa à introdução ao tema Gestão de Pessoas por Competência, contextualizando o cenário a que se aplica esse tipo de gestão e conceitos básicos como competência, complexidade e entrega. Autora: Vilma Pimenta Cirilo Munhê PRESENÇA EDUCAÇÃO E ARTE 2009 GESTÃO DE PESSOAS POR COMPETÊNCIA Apostila Introdução As empresas vêm passando por transformações no mundo todo em decorrência dos efeitos da globalização, dos avanços tecnológicos, do livre acesso às informações, novo perfil de consumidor - mais crítico e seletivo -, dentre tantas outras mudanças. Tudo isso vem exigindo delas, agilidade na tomada de decisões, lançamento de novos produtos, respostas rápidas para o mercado e para os c onsumidores; fazendo com que repensem seus modelos de organização, migrando do modelo tradicional para um modelo mais enxuto. Para fazer frente a esse desafio, as pessoas passam a ser um fator diferencial nas empresas e um novo perfil é exigido delas. As principais transformações observadas na forma de gerir pessoas ao longo dos anos 90 e da primeira década dos anos 2000, foram: Saímos do perfil obediente e disciplinado para outro autônomo e empreendedor; Deslocamento o foco da gestão de pessoas do “controle”, como ocorria no modelo tradicional, para o “desenvolvimento” - onde empresas e pessoas precisam se desenvolver, a busca pelo conhecimento torna-se uma necessidade e esse novo público anseia por desenvolvimento e carreira; As empresas precisam de pessoas que pensem, criem, sejam proativas, flexíveis e versáteis. Mudanças como essas impactam na cultura das empresas, na liderança, na comunicação, nas relações interpessoais e nas estruturas das organizações. É para atender a esse novo cenário que entra a Gestão de Pessoas por Competência. Conceito de competência Segundo Dutra et al. (2001), a competência é compreendida por alguns teóricos da administração como um conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes necessário para que a pessoa desenvolva suas atribuições e responsabilidades. Mas, o fato das pessoas possuírem conhecimento, habilidades e atitudes, não significa benefícios para a empresa a menos que ocorra a entrega por parte do funcionário, ou seja, que ele efetivamente coloque em prática essa competência. Na prática organizacional, as decisões sobre os indivíduos são tomadas em razão do que eles entregam para a organização, enquanto o sistema formal, concebido, geralmente, a partir do conceito de cargos, privilegiando apenas o que as pessoas fazem. Eis um dos principais descompassos entre a realidade e o sistema formal de gestão. No sistema tradicional considera-se a descrição do cargo e suas complexidades e não o indivíduo; mas na prática, no momento dos aumentos salariais, promoções, etc., o que acaba por influenciar não é apenas o que ele faz de acordo com a descrição, mas sim os seus atos e realizações. O desenvolvimento do conceito de competências passou por várias fases: Na 1a. fase, o uso do conceito está centrado na concepção de McClelland (1973) e Boyatzis (1982), elaborada a partir da observação das competências diferenciadoras que conduziram pessoas ao sucesso profissional. Levantadas das histórias de sucesso, as competências eram usadas como padrão a ser aplicada indistintamente a todos os tipos de pessoas; Na 2a. fase, começa a ser criada escalas de complexidade com diferentes níveis de entrega da competência, mas ainda nesta etapa as competências não estavam vinculadas aos objetivos estratégicos das empresas e nem integradas às diversas práticas de RH, ou seja, não eram integradas às ações de admissão, promoção, carreira, aumentos salariais, treinamentos, etc. Na 3a. fase, as competências humanas deixam de estar embasadas nos desempenhos de sucessos de pessoas dentro da empresa e passam efetivamente a derivarem dos objetivos estratégicos e das competências organizacionais. Começa a haver também a integração da gestão de pessoas. Na 4a. fase, as pessoas se apropriam dos conceitos de competência, complexidade e espaço ocupacional para o seu próprio desenvolvimento profissional, ou seja, tanto a organização quanto o próprio indivíduo utiliza-se desta ferramenta para promover o seu desenvolvimento. Tipos de competências Há basicamente dois tipos de competências organizacionais: as competências essenciais (Prahalad e Hamel, final dos anos 80) - consideradas como um grupo de habilidades que permitem às empresas entregar um benefício que a diferencie e garanta uma vantagem competitiva sustentável perante as demais organizações para seus clientes. Para Fleury e Fleury (2000) , as competências organizacionais, ou essenciais, é um portfólio de recursos: físico (infra-estrutura), financeiro, intangível (marca, imagens, etc.), organizacional (sistemas administrativos, cultura organizacional) e recursos humanos. E é esse portfólio que cria vantagens competitivas. as competências básicas - formadas por todas as capacidades necessárias à existência da organização, mas não são suficientes para manter sua posição competitiva no mercado. Padrões de Complexidade O conceito de complexidade permite-nos avaliar o nível da entrega e o quanto a pessoa agrega valor para a organização. Segundo Dutra et al.(2001), agregação de valor é o quanto efetivamente a pessoa contribui para o patrimônio de conhecimentos da organização, permitindo com isso que ela mantenha suas vantagens competitivas. Há pouco tempo, essa agregação de valor para a empresa podia ser medida pelo cargo e pelo nível hierárquico da pessoa dentro da empresa, assim era possível afirmar que um supervisor de produção agregava mais do que um operador da produção, mas hoje, nesse contexto em que as empresas utilizam-se do conceito da multifuncionalidade e polivalência, essa afirmação não procede mais. Nos novos modelos de organização o cargo de diretor não é mais necessariamente superior a um cargo de gerente, porque temos hoje em dia empresas com cargos de Gerentes de Unidade que fatura R$ 500 milhões/ano agrega mais valor do que um diretor de outra unidade que fatura R$ 50 milhões/ano. O cargo por si só não representa essa realidade, apesar de mesmo nesse sistema também se levar em conta a complexidade. Quando foco no cargo, foco no conjunto de atribuições e funções pelo qual ele é composto, mas isso não garante que seus ocupantes estão efetivamente entregando para empresa o que ela espera. No conceito por competência o foco está na pessoa, qual o grau de complexidade daquilo que ela entrega. Com esses conceitos torna-se possível que cada organização estabeleça trajetórias de carreira, condizentes com a sua realidade. Para cada trajetória de carreira, têm que ser estabelecidas as dimensões de complexidades. De forma genérica, essas dimensões podem ser verificadas da seguinte forma: Variáveis Diferenciadoras Fonte: Desenvolvida por José Hipólito para apresentação dessa sistemática em palestras sobre o tema. Definir e desenvolver competências As competências são definidas e desenvolvidas de acordo com os objetivos e necessidades de mercado de cada empresa. Elas partem da percepção da alta direção sobre para onde a empresa deve ir, normalmente essa percepção está manifestada nas estratégias, que podem estar sistematizadas ou não, dependendo da cultura da empresa. Se já estiverem claramente definidas, parte-se delas para a definição das competências, caso contrário, faz-se necessário levantar junto à Diretoria quais são os desafios e que estratégias serão usadas. Partindo dessas informações, realiza-se um novo exercício com a direção, que é identificar as competências essências para o negócio e desdobrando-as em quais serão as competências individuais necessárias a serem desenvolvidas junto aos funcionários. VI V IV III II I Eixo de Desenvolvimento Estratégica Tática Operacional Nível de atuação Internacional Nacional RegionalLocall Organização Várias unidades de negócios Unidade de negócio Área Atividades Baixo nível de padronização, estruturação e rotina Alto nível de padronização, estruturação e rotinas Decide/ Responde Participa da decisão Analisa e recomenda Sistematiza/ Organiza Coleta Alto nível de autonomia Baixo nível de autonomia Autonomia e grau de supervisão Tratamento da informação Abrangência da atuação Escopo de responsab. Nível de estruturação das tarefas A Gestão de Pessoas por Competência é um modelo a ser aplicado às empresas que não encontram no modelo tradicional o suporte para os novos desafios. Para desenvolver competência a empresa pode se utilizar de vários tipos de programas de desenvolvimento, ela precisa identificar se essas competências estão dentro dela, escondidas, limitadas a algum setor e portanto não compartilhadas ou mesmo ter que buscar no mercado. Tipos de competências Alguns tipos de competências normalmente definidas pelas empresas: Nível Gerencial Articulação interna e externa Orientação estratégica Liderança com espírito de equipe Orientação para resultados Planejamento Gestão de processos de mudanças Etc. Nível Profissional Trabalho em equipe Tomada de decisão Participação e aprimoramento de projetos, processos e produtos Preocupação com a capacitação Gestão de recursos e prazos Utilização de dados e informações Etc. Gestão de Pessoas por Competência como um Sistema Integrado A gestão de pessoas por competência possibilita a integração dos diversos processos de RH, ou seja, partindo da definição das competências necessárias para a materialização das estratégias, elas passam a compor as práticas de RH, orientando os processos de avaliação, recrutamento e seleção, treinamento e desenvolvimento, plano de carreira, remuneração e benefícios, sucessão, etc. Fonte: elaborado pela autora Recrutamen-to e Seleção Remunera-ção Avaliação Sistema de Gestão de Pessoas por Competência Carreira Sucessão Treinamento e Desenvolvi- mento Bibliografia: DUTRA, Joel Souza e outros autores: Maria Teresa Leme Fleury, André Fischer, Marisa Eboli, José Antonio Hipólito. Gestão por Competências: um modelo avançado para o gerenciamento de pessoas. 2a. ed. São Paulo: Gente, 2001 DUTRA, Joel Souza. Competências: Conceitos e Instrumentos para a Gestão de Pessoas na Empresa Moderna. 1a. ed. São Paulo: Atlas, 2004 PONTES, Benedito Rodrigues. Administração de Cargos e Salários. 10a. ed. São Paulo: LTr , 2004 Teses de Mestrado: Professora Cristiane Milanese (USP); Sandro Márcio da Silva (USP, 2002); Wilda Soares Lemos (Faculdades Alves Faria) Artigos Publicados em Revistas Especializadas: Marcos Ornelas – entrevista concedida ao RH.COM.BR
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