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1 SEMIOLOGIA NEUROLÓGICA EXAME FÍSICO GERAL E NERVOS CRANIANOS Marília Gouveia Ferreira Maia – Universidade de Brasília – Medicina 2 NERVOS CRANIANOS I NERVO OLFATÓRIO • Receptores localizados na mucosa nasal superior -> orifícios da lâmina crivosa -> bulbo olfatório (base do lobo frontal) -> hipocampo (centros corticais de olfação) • Estria olfatória lateral -> córtex olfatório – discriminação, memória e comportamento • Estria olfatória medial -> área septal -> cíngulo – prazer, feromônios SEMIOTÉCNICA • Uso de substâncias com odorantes conhecidos: café, canela, cravo, canela, chocolate • Evitar substâncias irritantes: álcool, éter • Testar uma narina por vez, com o paciente de olhos fechados – 2 substâncias diferentes CAUSAS E ACHADOS ANORMAIS • Resfriado comum e atrofia da mucosa podem afetar reconhecimento do odor • Distúrbios neurológicos – sífilis nervosa, fratura do andar superior da base do crânio e neoplasia da goteira olfatória • Parosmia – perversão do olfato • Alucinações olfatórias (fantosmia) • Cacosmia – sensação olfatória desagradável mesmo na ausência de estímulo • Anosmia – perda do olfato – causa condutiva ou sensorial • Hiperosmia – sensibilidade aumentada II NERVO ÓPTICO • Mácula – rica em receptores cone; importante para visão central o 60% do córtex visual tem representação macular • Cones – receptores sensíveis às cores, acuidade visual • Disco óptico – onde fica a cabeça do nervo óptico – ponto cego • Bastonetes – visão noturna, movimento – predominam na periferia da retina • Quiasma óptico -> tratos ópticos -> fissura calcarina -> tálamo – recebimento das informações sensoriais -> corpos geniculados • Quiasma óptico – ponto de cruzamento entre os nn. Ópticos o Localizado em cima da hipófise o Fibras das retinas nasais cruzam para o lado oposto o Fibras das retinas temporais cruzam para o mesmo lado o Campo visual temporal – captado pela retina nasal o Tratos ópticos captam estímulos visuais dos campos visuais contralaterais 3 SEMIOTÉCNICA • Acuidade visual o Pedir para o paciente dizer o que ver na sala o Examinar cada olho separadamente o Quadro de Snellen – 6 metros do paciente o Cartão de Rosenbaum – beira de leito; 35 cm do paciente o Ambliopia – diminuição da acuidade visual o Amaurose – abolição da acuidade visual – paciente não consegue ler o Causas – neurite óptica, neoplasias e hipertensão intracraniana • Campo visual/Campimetria o Para avaliar visão periférica o Distância entre paciente e examinador = 60 cm, objeto no meio dos dois o Comparação entre campo visual do paciente e do examinador o Examinar cada olho separadamente o Paciente sentado, fixando olhar em algum ponto da face do examinador o Examinador desloca objeto na vertical e horizontal, paciente deve informar até que ponto observa objeto o Causas de alterações campimétricas – neoplasias, infecções e desmielinização o Escotomas – manchas no campo visual o Hemianopsia homônima – perda da capacidade visual em toda metade visual – AVC, trauma, tumor o Hemianopsia heterônima – perda da capacidade visual em ambas as retinas nasais ou temporais – lesão no quiasma óptico, aneurisma de artéria carótida interna, tumor de hipófise 4 • Fundoscopia – uso do oftalmoscópio o Disco óptico deve ser visível o Palidez de papila - atrofia do nervo óptico o Edema de papila – inflamação do n. óptico ou hipertensão intracraniana o Modificações das arteríolas – hipertensão arterial • Discriminação de cores o Placas de Ishihara – avaliação de cores primárias e identificação de daltonismo o Discromotaxia – perda da diferenciação das cores III NERVO OCULOMOTOR, IV NERVO TROCLEAR E VI NERVO ABDUCENTE • Responsáveis pelo movimento dos olhos 5 • III Nervo o Musculatura elevadora das pálpebras – m. levantador da pálpebra ▪ Ptose – fenda palpebral caída o Controla constrição pupilar – m. constritor da pupila o Mm. Retos superior, medial e inferior o M. oblíquo inferior • IV Nervo o M. oblíquo superior • VI Nervo o M. reto lateral SEMIOTÉCNICA • Motilidade extrínseca o Exame feito em cada olho separadamente e, depois, com os dois juntos o Paciente deve deslocar os olhos nos sentidos horizontal e vertical, com a cabeça imóvel o Prova da convergência – aproximar objeto (dedo) do olho o Estrabismo – desvio do olho de seu eixo normal – pode ser horizontal ou vertical ▪ Convergente – VI nervo ▪ Divergente – III nervo o Diplopia – III nervo o Lesões frequentes – traumatismos, diabetes melito, aneurisma intracraniano, hipertensão intracraniana e neoplasias da região selar • Motilidade intrínseca o Motilidade da pupila o Feixe luminoso – avaliação dos reflexos o Paciente olhando fixamente para ponto distante, enquanto examinador incide feixe de luz em cada olho separadamente o Observar contração da pupila em ambos os olhos – reflexos consensual e direto o Convergência ocular – aproximação de um objeto – espera-se que as pupilas se contraiam normalmente – reflexo da acomodação o Discoria – irregularidade do contorno pupilar o Midríase – diâmetro aumentado ▪ Midríase homolateral – lesão unilateral do III nervo ▪ Midríase paralítica ▪ Se lesão for bilateral da via aferente, ambos os reflexos direto e consensual estarão abolidos o Miose – diâmetro diminuído o Isocoria – igualdade no diâmetro das pupilas o Anisocoria – desigualdade no diâmetro das pupilas o Reflexos podem estar normais, diminuídos ou abolidos 6 V NERVO TRIGÊMEO • Núcleos no mesencéfalo, ponte e bulbo • Emerge no braço da ponte • Sensibilidade dos 2/3 anteriores da face – não envolve ângulo mandibular nem região occipital o Refere dor caso raiz sensitiva esteja comprometida • V1 – ramo oftálmico • V2 – ramo maxilar • V3 – ramo mandibular • Função motora – mastigação – mm. Temporal, masseter e pterigóideos SEMIOTÉCNICA • Observar atrofia das regiões temporais e masseterinas • Abertura da boca – desvio da mandíbula para o lado da lesão • Trincar os dentes – debilidade do lado paralisado • Observar movimento de lateralização da mandíbula • Reflexo córneo-palpebral – mecha de algodão tocando suavemente entre esclera e córnea, com o paciente olhando para o lado oposto o Achado normal – contração orbicular das pálpebras • Testar tato e dor na topografia do nervo VII NERVO FACIAL • Ramos temporofacial e cervicofacial • Função motora - musculatura da mímica facial e platisma • Função sensitiva superficial – pavilhão auditivo, meato acústico externo e tímpano 7 • Função gustativa – 2/3 anteriores da língua • Função vegetativa – glândulas lacrimais, submandibulares e sublinguais • Reflexos superficiais – córneo-palpebral, palmo-mentual • Reflexos profundos – orbiculares (glabelar e oral) SEMIOTÉCNICA • Solicita-se ao paciente: enrugar a testa, franzir os supercílios, fechar as pálpebras, mostrar os dentes, abrir a boca, assobiar, inflar a boca e contrair o platisma • Paralisia da face = prosopoplegia o Causas – infecções virais, diabetes melitus, neoplasias, otite média, traumatismos, herpes-zóster e hanseníase • Paralisia bilateral = diplegia facial • Paralisia unilateral o Lagoftalmia – olho permanece sempre aberto o Ausência do ato de piscar o Epífora – lacrimejamento o Desvio da boca para o lado normal o Incapacidade de contrair o platisma, assobiar e manter a boca inflada • Paralisia periférica – toda a hemiface homolateral é comprometida – lesão do n. facial o Pode-se verificar alguma alteração na gustação – realizar exame sensitório! • Paralisia central – somente a metade inferior da face contralateral está alterada – lesão na via corticonuclear (piramidal) ou feixe geniculado VIII NERVO VESTIBULOCOCLEAR • Raiz coclear – audição• Raiz vestibular – equilíbrio e movimento dos olhos SEMIOTÉCNICA RAIZ COCLEAR • Diminuição gradativa da intensidade da voz natural • Voz cochichada • Atrito suave das polpas digitais próximo a orelha • Prova de Rinne – aplicar diapasão na região da mastoide (condução óssea) e depois ao lado do ouvido (condução aérea) do paciente o Quando paciente parar de ouvir na mastoide, aplicar ao lado do ouvido o Comparar tempos! Tempo da condução aérea deve ser 2x superior ao tempo da condução óssea o Rinne positivo - resultado normal – paciente acusa percepção do som nos tempos esperados o Rine negativo - deficiência auditiva • Prova de Weber – aplicar diapasão sobre a cabeça do paciente o Alteração – paciente não sente vibração ou sente aumentada em um lado 8 • Alterações auditivas – sintomas deficitários (hipoacusia) ou de estimulação (zumbido, hiperacusia e alucinações) o Hiperacusia pode acompanhar paralisia facial periférica • Causas – tamponamento por cerume, otosclerose, rubéola, neurinoma do nervo acústico, fratura do rochedo, intoxicação medicamentosa, síndrome de Ménière RAIZ VESTIBULAR • Principais queixas: vertigem, náuseas, vômitos e desequilíbrio • Pesquisa do nistagmo, desvio lateral durante a marcha, desvio postural, sinal de Romberg e provas calórica e rotatória • Nistagmo – movimentos oculares ritmados com um componente rápido e outro lento – pedir para paciente movimentar o olho acompanhando um objeto o Analisar um olho por vez • Desvio postural durante a marcha – lateropulsão para o lado lesado • Desvio postural – observar paciente em pé ou sentado com os olhos fechados (30 segundos) e pedir para estender braços em um ângulo reto com o corpo o Braços tendem a se movimentar para o lado do labirinto lesado o Corpo tende a cair para o lado do labirinto lesado • Sinal de Romberg positivo – desequilíbrio do corpo para o lado lesado • Provas calórica e rotatória – exige equipamentos especializados (água quente e fria e cadeira giratória) • Causas são as mesmas que comprometem raiz coclear IX NERVO GLOSSOFARÍNGEO E X NERVO VAGO • Função gustativa – 1/3 posterior da língua • Função sensitiva - sensibilidade geral da faringe, tonsilas, seio carotídeo • Função vegetativa – glândulas parótidas • Função motora – deglutição, constrição da faringe e do m. estilo faríngeo SEMIOTÉCNICA • Sinal da cortina – pedir para paciente abrir a boca - desvio do véu palatino, da úvula e parede posterior da faringe para o lado normal (lado oposto da lesão) 9 • Reflexo do vômito • Sintomas – disfagia com regurgitação de líquidos pelo nariz, diminuição ou abolição do reflexo velopalatino e disfonia • Causas – neuropatia diftérica, neoplasia do mediastino, esclerose lateral amniotrófica, siringobulbia e traumatismo XI NERVO ACESSÓRIO • Essencialmente motor • Medula cervical -> forame occipital -> cavidade craniana -> forame jugular -> mm. Esternocleidomastóideo e porção superior do trapézio • Ramo interno – junto com o n. vago – mm. Da laringe e faringe – afeta as cordas vocais SEMIOTÉCNICA • Analisar movimentos do pescoço e elevação dos ombros • Causas – traumatismos, esclerose amiotrófica ou siringomielia – atrofia dos músculos, deficiência da elevação do trapézio e na rotação da cabeça para o lado oposto do músculo comprometido. XII NERVO HIPOGLOSSO • Nervo exclusivamente motor – movimentação da língua SEMIOTÉCNICA • Inspeção da língua – protusa e dentro da cavidade oral • Palpação • Pedir para paciente movimentar a língua para todas as direções, forçar a parede da bochecha e ver se resiste à força de reação do examinador • Avaliar consistência da língua • Lesões unilaterais – atrofia e fasciculação da na metade comprometida o A ponta da língua se desvia para o lado da lesão, quando protusa • Lesões bilaterais – atrofia, fasciculação, paralisia, acentuada disartria e dificuldade de mastigar e deglutir OBS: Inervação da Língua • V NERVO – sensibilidade geral – 2/3 anteriores • VII NERVO – gustação dos 2/3 anteriores • IX NERVO – sensibilidade e gustação do 1/3 posterior • XII – motricidade 10 EXAME FÍSICO GERAL PESCOÇO E COLUNA CERVICAL Carótidas • Palpação e ausculta de ambas as carótidas separadamente • Comparação da amplitude • Verificação se existe frêmito e/ou sopro • Realizar exame suavemente para não ocluir as artérias! Região Supraclavicular • Ausculta – artéria vertebral Limitação de Movimentos • Pedir para paciente realizar movimentos de rotação, lateralização, flexão e extensão da cabeça • Se houver limitação, graduar de leve a grave o Possíveis causas – doenças osteoarticulares, musculares, meningites, radiculopatias, hemorragia subaracnóide Rigidez de Nuca • Paciente em decúbito dorsal – examinador coloca uma das mãos na região occipital e tenta fletir cabeça do paciente suavemente o Movimento fácil e amplo – sem rigidez nucal o Movimento resistente – com rigidez nucal • Prova de Brudzinski – positiva quando paciente flete membros inferiores e tem expressão de fisionomia dolorosa • Possíveis causas – inflamações nas meninges e hemorragia subaracnóidea 11 Transição Craniovertebral • Observar se há “pescoço curto” – deformidades ósseas, redução numérica das vértebras cervicais, platibasia e impressão basilar COLUNA LOMBOSSACRA Limitações dos Movimentos • Solicitar que paciente realize movimentações com a coluna – flexão, extensão, rotação, lateralização • Observar se há limitações de movimento e o grau • Prova de Lasègue – paciente em decúbito dorsal e membros inferiores estendidos, em seguida, o examinador levanta um dos membros superiormente a 30° o Prova positiva – paciente sente dor na face posterior do membro examinado após 30° ou eleva a outra perna para “compensar” a dor • Prova de Kernig – paciente em decúbito dorsal com os membros inferiores estendidos, em seguida, o examinador eleva ambas as pernas o Sinal positivo – paciente sente dor ao longo do trajeto e tenta impedir movimentação 12 • Possíveis causas – inflamação nas meninges e hemorragia subaracnóidea NERVOS RAQUIDIANOS • Analisados pelo método palpatório – na topografia periférica • Nervo cubital – no nível do cotovelo, na epitróclea • Nervo radial – na goteira de torção no terço inferior da face externa do braço • Nervo fibular – na parte superior e inferior da cabeça da fíbula • Nervo auricular – na face lateral da região cervical • Algumas doenças podem espessar esses nervos – hanseníase, neurite intersticial hipertrófica) MARCHA/EQUILÍBRIO DINÂMICO • Observar maneira como paciente caminha • Observar balanço dos membros superiores • Disbasia – qualquer distúrbio da marcha – pode ser uni ou bilateral • Marcha helicópode, ceifante ou hemiplégica – paciente anda com um membro superior fletido em 90° no cotovelo e em adução, com a mão fechada; perna do mesmo lado se arrasta pelo chão o Em pacientes com hemiplegia espástica – causa: AVC • Marcha anserina ou do pato – paciente acentua lordose lombar ao caminhar, balançando tronco para a esquerda e direita o Traduz diminuição da força dos músculos pélvicos e das coxas • Marcha parkinsoniana – ausência de movimento automático dos braços, paciente enrijecido, cabeça permanece inclinada para frente e passos miúdos • Marcha cerebelar ou marcha do ébrio – paciente ziguezagueia como um bêbado o Traduz incoordenação dos movimentos em decorrência de lesões cerebelares • Marcha tabética – paciente mantém olhar fixo no chão para caminhar, os membros inferiores são levantados abruptamente – marcha torna-se impossível ou piora com o paciente de olhos fechados o Traduz perda de sensibilidade proprioceptiva por lesão do cordão posterior da medula o Presente na neurolues, mielose funicular, mielopatia vacuolar, mielopatia por deficiênciade cobre • Marcha em pequenos passos – paciente dá passos muito curtos, arrastando os pés o Presente na paralisia pseudobulbar e na atrofia cortical degenerativa • Marcha vestibular – paciente apresenta lateropulsão quando anda • Marcha escarvante – paciente com paralisia no movimento de flexão dorsal do pé, toca com a ponta do pé no solo e tropeça – levanta acentuadamente membro inferior • Marcha claudicante – paciente manca em um dos lados o Presente na insuficiência arterial periférica, em lesões do aparelho locomotor e na estenose do canal vertebral lombar 13 • Marcha em tesoura ou espástica – membros inferiores enrijecidos, espásticos e semifletidos o Presente nas manifestações espásticas da paralisia cerebral EQUILÍBRIO ESTÁTICO • Observar paciente em pé com os pés juntos – pelo menos 30 segundos • Prova de Romberg – paciente com as pálpebras fechadas o Negativa – somente ligeiras alterações no corpo; indivíduo normal o Positiva - paciente apresenta muitas oscilações no corpo e forte tendência à queda o Queda sempre para o mesmo lado indica lesão no aparelho vestibular o Queda para qualquer lado indica lesão das vias de sensibilidade proprioceptiva o Sensibilização da prova – colocar um pé à frente do outro MOTRICIDADE • Neurônio centrais ou superiores – primeiro neurônio motor - sistema motor voluntário – comanda vários segmentos do corpo • Fascículo corticoespinal – piramidal -> termina em sinapses com os segundos neurônios motores • Neurônios periféricos ou inferiores – segundos neurônios motores • Estudo da motricidade espontânea e da força muscular Motricidade Espontânea • Observar velocidade e amplitude dos movimentos realizados pelo paciente o Se houver limitação, determinar seu grau (leve, moderada...) • Solicitar ao paciente – abrir e fechar a mão, estender e fletir o antebraço, abduzir e elevar o braço, fletir a coxa, fletir e estender a perna e o pé • Síndromes piramidais – diminuição da velocidade dos movimentos • Síndromes extrapiramidais – diminuição da velocidade e da amplitude dos movimentos FORÇA MUSCULAR Sistema Medial • Neurônios motores superiores • Giro pré-central do lobo frontal • Área motora ocular • Colículo superior – movimento dos olhos • Neurônios motores inferiores – substância cinzenta da medula o Inervam os mm. Axiais e a parte proximal dos mm. Apendiculares o Postura antigravitacional e estabilização do olhar Sistema Lateral 14 • Neurônios superiores – giro pré-central • Núcleo rubro – conecta com neurônios motores inferiores • Inervam a musculatura apendicular distal • Trato corticoespinhal lateral • Movimentos finos Regulação da contração muscular • Fuso muscular – regula comprimento da contração o Emitem fibras que realizam sinapse com o 2º neurônio motor o Motoneurônio alfa – inerva as fibras musculares diretamente • Órgãos de Golgi – regulam a tensão da contração • Unidades motoras – conjunto de fibras inervadas pelo motoneurônio alfa • Arcos reflexos – conjunto de estruturas anatômicas importantes para os atos reflexos o Fusos ou órgãos de Golgi -> fibras aferentes -> interneurônios e motoneurônios alfa -> fibras eferentes -> fibras musculares o Modulados pelos tratos suprassegmentares • Trato Reticuloespinhal Pontino – modula tônus muscular de maneira voluntária SEMIOTÉCNICA • Pedir para paciente realizar movimentos de abrir e fechar a mão, estender e fletir o antebraço, abduzir e elevar o braço, fletir a coxa, fletir e estender a perna e o pé • O examinador deve aplicar uma oposição à força do paciente • Realizar manobras deficitárias para visualizar se há queda do membro avaliado • Prova dos braços estendidos – MMSS – pedir para paciente estender os braços perpendicularmente ao corpo, com as palmas das mãos para cima – manter olhos fechados e ficar na posição por, pelo menos, 30 segundos o Pronação, queda ou desvio dos braços – déficit na força muscular • Prova de Barré - MMII – paciente em decúbito ventral, solicita-se que ele mantenha as pernas fletidas sobre as coxas, por, pelo menos, 30 segundos o Queda das pernas ou oscilações – déficit na musculatura flexora da perna • Prova de Mingazzini – MMII – paciente em decúbito dorsal, solicita-se que ele eleve as pernas perpendicularmente à coxa, por, pelo menos, 30 segundos o Queda do membro – déficit da força muscular 15 • Escala de Força Grau V Força normal Grau IV Movimento completo contra a força da gravidade e contra certa resistência aplicada pelo examinador Grau III Movimento contra a força da gravidade Grau II Movimento completo sem a força da gravidade Grau I Discreta contração muscular Grau 0 Nenhum movimento • Déficit motor na síndrome do 1º neurônio motor • Hemiparesia/hemiplegia contralateral • Envolvimento facial o Completa – origem central, acima do núcleo do nervo facial – acima da ponte o Incompleta • Grau de déficit o Proporcionada – subcortical o Desproporcionada – cortical • Paraparesia/paraplegia o Medula toracolombar o Regiões mediais dos lobos frontais • Tetraparesia/tetraplegia o Medula cervical acima de C5 TROFISMO E TÔNUS MUSCULAR Regulação do tônus muscular • Trato vestibuloespinhal o Modulação involuntária o Facilitação do tônus dos extensores • Trato reticuloespinhal o Modulação voluntária o Pontino – facilitação do tônus dos extensores o Bulbar – inibição dos músculos antigravitacionais • Trato rubroespinhal o Facilita tônus dos flexores do MMSS Trofismo Muscular • Grau de nutrição do músculo Tônus Muscular • Estado de tensão constante que os músculos estão submetidos • Tônus de postura – em repouso • Tônus de ação – em movimento 16 • Exame realizado com o paciente deitado e em completo relaxamento muscular SEMIOTÉCNICA • Inspeção o Comparação das partes simétricas de ambos os hemicorpos – MMII, MMSS e mm. Faciais o Verificar se há existência de depressão ou achatamento da superfície muscular quando está de encontra a uma superfície/leito • Palpação das massas musculares o Averiguar grau de consistência muscular ▪ Aumentada nas lesões motoras centrais ▪ Diminuída nas lesões motoras periféricas • Mensuração o Uso de fita métrica – pesquisar diferenças de diâmetro o Mensurar em pontos fixos – braços, antebraços, coxas e pernas – diferença de até 0,5 cm • Movimentos passivos o Imprimir movimentos de extensão e flexão o Passividade – se há resistência – tônus aumentado o Extensibilidade • Balanço passivo o Observar balanço dos órgãos o Hipotonia – balanço exagerado o Hipertonia – balanço diminuído • Hipotonia – diminuição do tônus o Achatamento das massas musculares no plano do leito o Consistência muscular diminuída o Passividade aumentada o Extensibilidade aumentada o Causas – lesões no cerebelo, no coma profundo, no estado de choque do SNC, nas vias da sensibilidade proprioceptiva consciente, das pontas anteriores da medula, dos nervos, na coreia aguda e em algumas encefalopatias o Lesão de 2º neurônio motor ou da fase aguda da lesão do 1º neurônio motor • Hipertonia – aumento do tônus o Consistência muscular aumentada o Resistência à movimentação o Passividade diminuída o Extensibilidade aumentada o Pode ser transitória ou intermitente o Causas – lesões das vias motoras piramidal e extrapiramidal o Hipertonia piramidal – espasticidade – observada na hemiplegia, diplegia cerebral infantil, esclerose lateral amiotrófica e esclerose compressiva 17 ▪ Eletiva – alcança globalmente os músculos – predomínio dos extensores nos MMII e dos flexores nos MMSS ▪ Elástica – retorna à posição inicial de um segmento do corpo, no qual se interrompeu o movimento passivo de extensão – Lesão no 1º neurônio motor o Hipertonia extrapiramidal – rigidez – encontrada no parkinsonismo, na degeneração hepatolenticular▪ Não é eletiva – acomete globalmente a musculatura agonista, sinergista e antagonista ▪ Plástica – resistência constante à movimentação passiva – sinal da roda dentada – interrupções sucessivas do movimento Elástica Plástica Não é uniforme em toda a amplitude do movimento Uniforme em toda amplitude do movimento Sensível à velocidade Independe da velocidade Grau de hipertonia não é o mesmo em todos os músculos Grau de hipertonia é o mesmo em todos os músculos Sinal do canivete Sinal da roda dentada • Atrofia o Neurológica – 2º neurônio motor, raiz motora ou músculo o Não neurológica – imobilização prolongada, doença articular ou desnutrição • Hipertrofia o Fisiológica – musculação o Distrofias miotônicas – dificuldade de relaxamento • Pseudo-hipertrofia o Não decorre do aumento muscular o Distrofias musculares COORDENAÇÃO • Cerebelo e sensibilidade proprioceptiva • Ataxia – perda da coordenação • Lesões da sensibilidade proprioceptiva – paciente utiliza visão para fiscalizar movimentos incoordenados – piora da ataxia com o fechamento dos olhos SEMIOTÉCNICA • Observar movimentos com o paciente de olhos abertos e de olhos fechados • Prova dedo-nariz – com um braço estendido lateralmente, o paciente deve tocar a ponta do nariz com o dedo indicador algumas vezes – inicialmente de olhos abertos e depois de olhos fechados • Prova calcanhar-joelho – paciente em decúbito dorsal, tocar o joelho oposto com o calcanhar do membro examinado – inicialmente de olhos abertos e depois de olhos fechados 18 o Para sensibilizar o exame – pedir para paciente deslizar calcanhar sob a crista tibial, após tocar joelho • Dismetria – distúrbio na medida do movimento – paciente não acerta alvo • Prova dos movimentos alternados – pedir para paciente realizar movimentos rápidos e alternados – diadococinesia o Eudiadococinesia – capacidade de realizar os movimentos o Disdiadococinesia – dificuldade de realizar movimentos o Adiadococinesia – incapacidade de realizar movimentos • Síndrome Arquicerebelo – perda de equilíbrio – paciente não consegue ficar em pé, porém, deitado, consegue coordenar os movimentos de forma praticamente normal • Síndrome Paleocerebelo – perda de equilíbrio – paciente anda com a base alargada – ataxia dos MMII • Síndrome Neocerebelo – incoordenação motora (ataxia) REFLEXOS • Resposta do organismo a um estímulo de qualquer natureza • Arco reflexo o Via aferente – receptor e fibras sensoriais do nervo o Centro reflexógeno – substância cinzenta do sistema nervoso o Via eferente – fibras motoras do nervo o Órgão efetor – músculo • Percussão do tendão do músculo parcialmente estendido • Desnudar região examinada • Palpação do músculo para melhor percepção da contração • Observar amplitude, latência, aumento da área reflexógena • Comparar lados direito e esquerdo - simetria Reflexos exteroceptivos ou superficiais • Estímulo feito na pele ou na mucosa externa com um objeto não cortante/perfurante • Reflexo cutâneo-plantar – paciente em decúbito dorsal com os membros inferiores estendidos – examinador estimula superficialmente região plantar, deslizando objeto na borda lateral em sentido posteroanterior, realizando semicírculo o Resposta normal – flexão dos dedos ou ausência de reflexo o Sinal de Babinski – extensão do hálux – indica lesão da via piramidal ou corticoespinal 19 • Reflexo cutâneo-abdominais – paciente em decúbito dorsal com o abdome relaxado – examinador estimula abdome no sentido da linha mediana o Resposta normal – contração dos músculos abdominais – deslocamento da cicatriz umbilical para o lado estimulado o Abolidos – ausência de arco reflexo, lesão da via piramidal ou fisiológico (obesidade, idosos e multíparas) Reflexos proprioceptivos, profundos, musculares ou miotáticos • Reflexos do estiramento muscular • Miotáticos fásicos ou clônicos – estímulo feito pela percussão do martelo no tendão do músculo a ser examinado • Gradação dos reflexos profundos 0 Reflexo abolido + Hiporreflexia ++ Normorreflexia +++ Reflexo vivo, amplitude aumentada e latência diminuída ++++ Hiperreflexia, clônus Reflexo Músculo Centro Medular Sede do Estímulo Resposta Aquileu Tríceps sural L5-S1 Tendão de Aquiles Flexão do pé Patelar/Quadriciptal Quadríceps L2-L4 Tendão rotuliano Extensão da perna Flexor dos dedos Flexor dos dedos da mão C7-C8-T1 Face anterior do punho Flexão dos dedos das mãos Supinador Supinadores C5-C6 Apófise estiloide do rádio Flexão do antebraço Pronador Pronadores C6-C7-C8-T1 Processo estiloide da ulna Pronação da mão e do antebraço Biciptal Bíceps C5-C6 Tendão distal do bíceps Flexão do antebraço Triciptal Tríceps C6-C7-C8 Tendão distal do tríceps Extensão do antebraço Adutor da coxa Adutores da coxa L2-L3-L4 Côndilo medial do fêmur Adução da coxa ipsi ou bilateral SENSIBILIDADE • Sensibilidade subjetiva – queixas sensitivas – dor e parestesia • Sensibilidade objetiva – estímulo aplicado pelo examinador • Comparar áreas homólogas – lado direito e esquerdo • Explicar ao paciente o que será feito e pedir para que ele feche os olhos • Evitar sugerir quanto à sede e à natureza do estímulo aplicado • Perguntar se paciente sente algo e a localização • Materiais – algodão, estilete rambo (que provoque dor sem ferir o paciente), diapasão e tubos de ensaio com água fria e água quente 20 SEMIOTÉCNICA Sensibilidade Superficial • Corno superior da medula -> cruza quando entra -> cordão lateral -> tálamo -> córtex somatossensitivo • Térmica – aplicar tubos com águas com temperaturas diferentes em regiões diversas • Dolorosa – alfinete ou estilete rambo • Tátil – algodão ou pincel o Hiposestesia – diminuição da sensibilidade tátil o Anestesia – abolição da sensibilidade tátil o Hiperestesia – aumento da sensibilidade tátil Sensibilidade Profunda • Corno posterior da medula -> não cruza -> bulbo -> cruza -> tálamo -> córtex somatossensitivo • Vibratória (palestesia) – diapasão de 128 vibrações por segundo – aplicar em saliências ósseas • Pressão (baresteria) – compressão digital – principalmente nas massas musculares • Cinético-postural ou artrocinética (batiestesia) – deslocar suavemente qualquer segmento do corpo
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