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Stephane Bispo @vidadefisio_study As fraturas ósseas podem ser classificadas de acordo com vários critérios. Uma classificação não exclui a outra e muitas vezes elas se complementam. Classificação por causa Traumáticas: Ocorrem em ossos onde não há doença prévia, quando é aplicada uma força superior ao seu coeficiente de resistência e elasticidade. Ocorre na maioria das vezes nos ossos longos do membro inferior e, em pacientes com idade inferior a 40 anos, devido a acidentes de alta energia, provenientes de acidentes com veículos automotores. Patológicas: É um tipo de fratura que ocorre em um osso que foi previamente enfraquecido por um processo patológico. As causas podem ser gerais como osteoporose senil, hiperparatireoidismo, osteogênese imperfeita ou locais, como cistos, tumores e infecções. O diagnóstico dessas fraturas ósseas patológicas é radiográfico, mas pode ser questionado clinicamente, já que geralmente o traumatismo causador da fratura é muito pequeno. Estresse ou fadiga: Essa fratura se instala vagarosamente devido à confluência de microfraturas que surgem em decorrência de pequenos traumatismos ou esforços aplicados ciclicamente no osso. Está muito relacionada com atividades esportivas ou profissionais como, por exemplo, a fratura do terço proximal da tíbia na bailarina e a fratura de metatarsais em recrutas do exército que fazem marcha forçada. As fraturas ósseas por estresse são caracterizadas por dor atípica de caráter progressivo e um processo de reparação do osso que vai se instalando simultaneamente. Quando é diagnosticada já existe um calo ósseo presente. Classificação por lesão Simples ou fechada: Tipo de fratura onde o osso não atravessa a pele. Exposta ou aberta: Nessa fratura o osso fraturado se projeta através da pele. Completa: Esse tipo de fratura ocorre de forma completa, quando acontece o corte e separação das partes fraturadas. As principais formas de fraturas ósseas completas são: • Fratura transversal: ocorre em um ângulo quase reto em relação ao eixo longitudinal do osso; • Fratura oblíqua: atravessa o osso em um ângulo oblíquo; • Fratura em espiral: o osso é separado e a fratura forma espirais ao redor do eixo longitudinal. Incompleta: Nesse tipo de fratura o osso não é fraturado em duas partes, mais comum em crianças. Também é conhecida como fratura em fissura. Classificação por exteriorização Fratura em Greenstick (galho verde): Fratura típica que ocorre na criança, onde há extrema elasticidade do osso. Um dos córtices quebra e o outro fica “amassado”. Fratura cominutiva: Nesse tipo de fratura, o osso é estilhaçado ou esmagado no local do impacto, resultando em dois ou mais fragmentos. Existem três tipos de fraturas ósseas cominutivas: • Segmentar: fratura dupla com duas linhas de fratura, que isola um segmento distinto do osso; • Borboleta: fratura com dois fragmentos de cada lado de um fragmento principal, separado em Fraturas Ósseas Stephane Bispo @vidadefisio_study forma de cunha. Possui semelhança com asas de uma borboleta, por isso tem esse nome; • Estilhaçada: fratura onde o osso é esmigalhado em fragmentos finos e pontiagudos. Fratura impactada: Tipo de fratura provocada por uma força axial, ou seja, faz com que haja penetração de um fragmento ósseo no outro. Geralmente ocorre nas transições metafisioepifisárias, como no colo cirúrgico do úmero ou colo do fêmur e no corpo vertebral. O aspecto radiográfico do traço é uma faixa de radiodensidade, provocada pelo imbricamento dos fragmentos. Fratura de colles: É comum em pessoas que já tem um certo grau de enfraquecimento ósseo pela osteoporose. É causada quando em uma queda, o indivíduo apara com a mão espalmada, provocando uma fratura da metáfise distal do rádio com desvio dorsal. Consolidação das fraturas ósseas O tecido ósseo dispõe de um conjunto de mecanismos de defesa quando sujeito a lesões. Quando um osso é fraturado um processo de reparação óssea é desencadeado, denominado consolidação. O processo de consolidação se inicia imediatamente após as fraturas ósseas, quando ocorre o rompimento de vasos sanguíneos – dentro e ao redor do osso. Por causa desse rompimento são libertados agentes químicos que irão auxiliar a consolidação óssea. A consolidação óssea é a união mecânica dos fragmentos ósseos que permite a restauração fisiológica do tecido e a recuperação da função do osso. Esse processo é composto de uma sequência de eventos divididos em quatro estágios: Inflamação Durante esse estágio há formação de hematoma e de matéria resultante do processo inflamatório. Por causa do rompimento dos vasos sanguíneos ocorre uma necrose óssea perto das extremidades dos fragmentos da fratura, com vasodilatação e hiperemia nas partes moles que circundam a fratura. Com o novo crescimento de elementos vasoformadores e capilares para dentro do hematoma, ocorre um aumento da proliferação celular. O hematoma na fratura é gradualmente substituído por tecido de granulação e os osteoclastos removem o osso necrótico das extremidades dos fragmentos. Dura entre duas a três semanas. Calo mole Esse estágio ocorre aproximadamente três semanas após a fratura, onde há início de formação do calo ósseo, que é o tecido que vai permitir a união e dar consistência à zona fraturada. A dor e o edema diminuem e os fragmentos não conseguem se mover. Ao final desse estágio a estabilidade presente no local afetado já é adequada para se prevenir o encurtamento. Deve-se tomar cuidado extra pois ainda é possível que haja angulação no local da fratura. Calo duro Quando as extremidades da fratura estão unidas pelo calo mole, se inicia o estágio do calo duro. Nessa fase os fragmentos estão firmemente unidos por uma neoformação óssea, que termina 3 ou 4 meses após a fratura. O calo mole é convertido em um tecido calcificado e rígido por meio de ossificação intramembranosa e da ossificação endocondral de aparecimento mais tardio, na fase final de formação do calo ósseo a partir de condrócitos que se diferenciam das células indiferenciadas. A ação dos osteoblastos (células responsáveis pela produção de tecido ósseo) é muito importante nessa fase, já que produzem uma nova matriz óssea. Inicialmente essa matriz é desornada e irregular, provocando a formação de um calo ósseo calcificado. Remodelação Se inicia a partir da 8ª semana após a lesão, quando a fratura já está solidamente unida. Essa fase tem duração de alguns meses ou até anos. O estágio termina quando o osso retoma completamente à sua morfologia original, incluído a restauração do canal medular. Tratamento para as fraturas ósseas Com a história clínica, exame físico e radiografias é possível avaliar e caracterizar as fraturas ósseas. Stephane Bispo @vidadefisio_study Em termos de tratamento, geralmente, são utilizados dois grandes caminhos: o conservador e o cirúrgico. Ao considerar o tratamento de uma fratura, devem ser levadas em consideração as características clínicas do paciente como risco cirúrgico, profissão, idade e lado dominante. Como exemplo, uma fratura de tíbia consolidada com algum encurtamento pode ser imperceptível para a maioria das pessoas, mas pode interferir com o desempenho de um atleta ou carteiro. A idade é outro fator muito importante, pois em crianças há uma capacidade muito maior de remodelação dos desvios, que não ocorre no adulto. Já um idoso não tolera grandes períodos de imobilização ou restrição nos leitos, então nesses casos o tratamento cirúrgico pode ser preferido. Pode também acontecer o contrário: quando uma fratura apresenta indicação cirúrgica, mas não pode ser operada por falta de condições clínicas no paciente. A maior vantagem do tratamento conservador é a segurança, porém apresenta como desvantagem os períodos longos de imobilização, necessidade de aparelhos gessados e alinhamentos nem sempre perfeitos. Jáo tratamento cirúrgico traz consigo os riscos de uma cirurgia, mas tem o grande mérito de oferecer um alinhamento anatômico e estabilização adequada dos fragmentos, permitindo reconstituições adequadas e reabilitação precoce. Indicações típicas de tratamento conservador: • Fraturas incompletas ou sem desvios; • Fraturas fechadas diafisárias e metafisárias nas crianças; • Fraturas diafisárias de tíbia do adulto sem desvio; • Fraturas de coluna vertebral sem instabilidade ou sem grande achatamento; • Fraturas de Colles Clássica. • Indicações típicas de tratamento cirúrgico: • Fraturas expostas; • Fraturas em que não se consegue redução adequada; • Fraturas com atraso de consolidação; • Fraturas diafisárias do fêmur, transtrocantéricas ou do colo do fêmur; • Fraturas diafisárias de tíbia do adulto com desvio; • Fraturas associadas a lesões vasculonervosas; • Fraturas intra-articulares com desvio; • Certas fraturas envolvendo a cartilagem do crescimento. • Fraturas patológicas em lesões malignas. Tratamento conservador: Fraturas ósseas incompletas ou sem desvio são, naturalmente, simplesmente imobilizadas. Quando há um desvio é necessária a redução, ou seja, a manipulação dos fragmentos com o objetivo de alinhar em uma posição compatível com a função e estética (nessa ordem de prioridade). O tipo de imobilização depende do tipo de fratura e da região. A imobilização pode ser feita com tipoias, férulas metálicas e aparelhos gessados. De uma maneira geral o objetivo é sempre imobilizar o menor segmento possível, pelo tempo mais curto, estimulando a função do membro afetado e a atividade do indivíduo como um todo, enquanto imobilizado. Durante a imobilização é importante diminuir os efeitos colaterais causados pelo imobilismo como: • Edema; • Atrofia; • Aderência; • Rigidez Articular; • Osteopenia/Osteoporose. A função da imobilização é restringir o movimento com a finalidade de aliviar a dor e propiciar melhores condições para a reparação dos tecidos lesados. A imobilização pode ser conseguida por meio de trações, enfaixamentos, aplicação de latas plásticas, talas metálicas, aparelhos gessados e etc. Alguns tipos de fraturas ósseas são tratados em um sistema de tração. Esse sistema submete o membro a uma ação permanente de força para obter e manter o alinhamento dos fragmentos. Esse tipo de tração é indicado quando o período de imobilização é curto e não há necessidade de aplicação de muito peso, sendo mais usada nas crianças e pouco em adultos. Deve ser aplicada com muito cuidado, pois pode provocar garroteamento do membro, úlceras por pressão ou compressão de nervos superficiais como o ciático poplíteo externo. A tração esquelética é indicada quando há necessidade de aplicação de grande peso (maior que 2kg) e/ou ser mantida por tempo prolongado (mais que duas semanas). O maior inconveniente desse tipo de tração é a infecção do trajeto do fio. É mais usada em adultos. Tratamento cirúrgico É necessário um estudo prévio e planejamento de cada caso, com opção pela técnica mais adequada. A assepsia e a antissepsia devem ser rigorosas, assim Stephane Bispo @vidadefisio_study como trato com as partes moles e o osso não deve acrescentar traumas que possam comprometer o resultado final. O alinhamento anatômico deve ser restabelecido e a fixação interna estável sempre que possível, para permitir a realização de fisioterapia precoce. Geralmente são utilizados como meio de fixação parafusos, fios de aço, placas metálicas e hastes intramedulares. Para preencher falhas ósseas são utilizados enxertos ósseos retirados geralmente do osso ilíaco do próprio indivíduo. Algumas fraturas ósseas precisam ser tratadas através de fixação externa. A fixação externa é um meio termo entre os tratamentos conservador e cirúrgico. Nesse tipo de sistema de fixação são utilizados pinos metálicos aplicados no osso, estabilizados por meio de um sistema colocado externamente no membro. É indicado nos casos de fratura exposta. Fisioterapia A fisioterapia no tratamento de fraturas ósseas visa diminuir as complicações causadas pela imobilização durante o tratamento das fraturas. É indicada tanto para fraturas de tratamento conservador como para recuperação nos casos de tratamento cirúrgico. Os objetivos gerais da fisioterapia para fraturados são: • Aliviar a dor; • Restaurar e manter completa a amplitude de movimento • Melhorar e restaurar a força muscular; • Reduzir e/ou prevenir edemas; • Manter a representação cortical do segmento; • Estimular a função do sistema nervoso central e periférico; • Manter a função respiratória; • Treinar atividades de vida diária, propriocepção e marcha.
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