Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Umidade do ar ÁGUA NA ATMOSFERA A água é a única substância que ocorre nas três fases na atmosfera. A água na atmosfera e suas mudanças de fase desempenham papel importantíssimo em diversos processos físicos naturais: ÁGUA NA ATMOSFERA • Transporte e distribuição de calor (ciclo hidrológico) • Absorção de comprimentos de onda da radiação solar e terrestre • Evaporação/Evapotranspiração • Condensação/Orvalho Consumo de energia na superfície p/ evaporação Liberação de energia na atmosfera devido à condensação A presença de água é espacial e temporalmente variável na Troposfera, pois depende da superfície fornecedora (solo, vegetação, oceanos, mares, lagos, rios e banhados) e das características diárias da atmosfera para dela fazer parte. Exemplo: a água pode corresponder a 1/1000 do peso do ar durante o inverno siberiano e a 18/1000 do peso do ar de um abafado dia da floresta amazônica. ESTADO GASOSO: As moléculas do vapor d’água misturam-se perfeitamente com os demais gases da atmosfera. Embora não sejam vistas a olho nu, sua ocorrência é percebida pela sensação de conforto e desconforto térmico que produz. A presença de vapor no ar torna-o mais leve do que o ar seco, porque o vapor não é agregado a um dado volume de ar já existente, de modo que as moléculas de vapor d’água substituem as moléculas de ar. Como a densidade da água é menor que a dor ar seco, considerando duas caixas contendo o mesmo volume de ar, a mais leve será aquela preenchida com ar úmido. Essa propriedade do ar úmido é importante para ajudar a explicar o fato de ele possuir tendência a ascender na Troposfera. EVAPORAÇÃO: Para que a água, em seu estado líquido, passe para o estado gasoso (vapor) – EVAPORAÇÃO -, há um consumo de energia por parte das moléculas de água, na ordem de 600 calorias por grama, que fica nelas retido. Essa energia é chamada de CALOR LATENTE DE EVAPORAÇÃO e é responsável por manter as moléculas de água no estado de excitação molecular pertinente aos gases, ou seja, ela é usada para manter a molécula de água como molécula de vapor. Assim, a evaporação, ao consumir calor sensível e transformá-lo em calor latente, estará resfriando o ar, uma vez que a energia que foi consumida não mais estará sendo usada para aquecê-lo. CONDENSAÇÃO: Corresponde a passagem da água em seu estado gasoso para o líquido, mediante a perda do calor latente de evaporação e a presença de núcleos de condensação, resultando na formação de NUVENS, ORVALHO, NEVOEIRO. A energia liberada para o ambiente quando ocorre a condensação é aquela que dele foi absorvida pela evaporação, e envolve as mesmas 600 cal/g de água. A condensação ao transformar calor latente em calor sensível, estará AQUECENDO O AR. TEMPERATURA DO PONTO DE ORVALHO: Para que o ambiente retire a energia contida na molécula de vapor, ele deverá estar mais frio que a própria molécula. Este ocorre quando, a uma dada quantidade possível de vapor, a temperatura do ambiente atinge o nível ideal para que a molécula de vapor se condense em uma molécula de água. Quando essa condição é atingida, diz-se que a temperatura do ar alcançou a TEMPERATURA DO PONTO DE ORVALHO (TPO). A TPO pode ser atingida por resfriamento por meio de três mecanismos: • radiação, comumente observado nas noites calmas de céu limpo; •Ascensão de um volume de ar úmido; •Mistura do ar úmido com um ar frio mais frio. NÚCLEOS DE CONDENSAÇÃO: Além do ambiente atingir a TPO necessária, para que se efetue a condensação naquele volume de ar, a condensação do vapor no ar somente será realizada na presença de NÚCLEOS DE CONDENSAÇÃO. Estes são constituídos por finíssimas partículas de poeira, cinza vulcânica, pólen e sais marinhos, por exemplo, e atuam como uma espécie de suporte para que a película de água possa se fixar quando da sua formação. SOLIDIFICAÇÃO OU CONGELAMENTO: Quando a temperatura do ar atinge valores abaixo de seu ponto de congelamento (00C), a água em estado líquido pode transformar-se em finos cristais de gelo (presentes nas nuvens mais elevadas), ou manter-se como água super-resfriada, que, embora instável, atinge a temperaturas de até –400 C. A fim de que ocorra a passagem das gotículas de água para cristais de gelo, há liberação de energia para o ambiente, equivalente a 80 cal/g, e o processo é chamado de SOLIDIFICAÇÃO. O processo inverso LIQUEFAÇÃO ou FUSÃO efetua-se com o consumo do mesmo montante de energia por parte dos cristais de gelo, que assim se transformam em água. Os cristais de gelo podem ser formados diretamente a partir do vapor de água, quando em ambientes com temperaturas negativas extremas. O vapor de água perde para o ambiente 680 cal/g de energia, ocorrendo a SUBLIMAÇÃO. Também se chama SUBLIMAÇÃO o sentido inverso desse processo físico, ocasião em que há consumo das mesmas 680 cal/g por parte da água na fase sólida (cristais de gelo), que se transforma em vapor (fase gasosa). Em função disso, afeta vários aspectos relacionados à indústria, cidades, agricultura, silvicultura, pecuária e conservação de alimentos: • Conforto animal • Consumo hídrico das plantas • Relação plantas-doenças/pragas • Armazenamento de produtos • Incêndios florestais UMIDADE DO AR A presença do vapor de água na atmosfera é tratado como UMIDADE. Os termos: •Pressão de Vapor •Umidade Absoluta •Umidade Específica, Razão de Mistura •Umidade Relativa São variações na forma de abordar a presença de vapor. Definições e Conceitos O teor de vapor d´água na atmosfera varia de 0 a 4% do volume de ar. Isso quer dizer que em uma dada massa de ar, o máximo de vapor d´água que ela pode reter é 4% de seu volume: • Caso a umidade corresponda a 0% do volume de ar ? AR SECO • Caso a umidade corresponda a um valor entre 0% e 4% do volume de ar ? AR ÚMIDO • Caso a umidade corresponda a 4% do volume de ar ? AR SATURADO Ar Saturado: quando a taxa de escape de moléculas de água de uma superfície líquida para o ar se iguala à taxa de retorno de moléculas de vapor d´água do ar para a superfície líquida. Essa taxa é dependente da temperatura do sistema, a qual determina a capacidade máxima de vapor d´água que o ar pode reter. A figura a seguir ilustra esse processo, mostrando um sistema fechado, a 20ºC, no qual em (a) têm-se o ar seco. À medida que a evaporação ocorre, a pressão exercida pelo vapor d´água aumenta (b = ar úmido), até se atingir a condição de saturação para essa temperatura (c). Caso haja o aumento da temperatura do sistema, a capacidade máxima de retenção de vapor do ar aumenta, como mostra a figura (d). Manômetro Ar seco Água Ar Saturado Ar Saturado 14 g de vapor/kg de ar úmido 26,5 g de vapor/kg de ar úmido PRESSÃO DE VAPOR: Refere-se ao peso do vapor dado pela pressão que ele exerce sobre uma superfície ao nível médio do mar. Água Água ArAr Ar não saturado de vapor: por evaporação, há aumento do número de moléculas de vapor no ar Ar saturado de vapor: o número de moléculas de água que saem da superfície líquida é igual ao número de moléculas de vapor que retornam para a água. Considerando-se que não haja mudança na temperatura ambiente, o processo de evaporação irá cessar quando o ar alcançar seu ponto de saturação. Para cada valor de TEMPERATURA haverá uma quantidade máxima de moléculas de vapor, uma vez que é a temperatura do ar que controla o volume ocupado por esse ar. Exemplo: A 270 C, o ar suporta uma pressão de vapor equivalente a 35 mb, o que representa um dia úmido local de clima equatorial. A –70 C, em local de clima temperado, em um típico dia úmido de inverno, a pressão de vapor será apenas de 3 mb. UMIDADE ABSOLUTAUMIDADE ABSOLUTA ?? Expressa o peso de vapor de água em um dado Expressa o peso de vapor de água em um dado volume de ar, representado em gramas por volume de ar, representado em gramas por metro cúbico (g/mmetro cúbico (g/m33).). ?? Não é muito utilizada porque pode não retratar a Não é muitoutilizada porque pode não retratar a quantidade real de vapor existente no ar, já que o quantidade real de vapor existente no ar, já que o ar muda de volume ao ascender (rarefazar muda de volume ao ascender (rarefaz--se) e ao se) e ao descender (adensadescender (adensa--se).se). UMIDADE ESPECÍFICAUMIDADE ESPECÍFICA ?? Dada pela razão entre o peso do vapor de água e o peso Dada pela razão entre o peso do vapor de água e o peso de ar, isto é, quantas gramas de vapor existem em cada de ar, isto é, quantas gramas de vapor existem em cada quilograma de ar úmido. Similarmente, a RAZÃO DE quilograma de ar úmido. Similarmente, a RAZÃO DE MISTURA é a relação entre a quantidade de vapor em MISTURA é a relação entre a quantidade de vapor em gramas existente em um quilograma do ar, sem o peso gramas existente em um quilograma do ar, sem o peso do próprio vapor, isto é, ela retrata a mistura do vapor do próprio vapor, isto é, ela retrata a mistura do vapor de ar seco (sua densidade).de ar seco (sua densidade). ?? Não havendo perda de umidade por condensação ou Não havendo perda de umidade por condensação ou sublimação, nem adição por evaporação, o ar, ao sublimação, nem adição por evaporação, o ar, ao movimentarmovimentar--se verticalmente, não terá alterado seus se verticalmente, não terá alterado seus valores de umidade específica ou da razão de mistura.valores de umidade específica ou da razão de mistura. UMIDADE RELATIVAUMIDADE RELATIVA ?? Expressa uma relação de proporção relativa Expressa uma relação de proporção relativa entre o vapor existente no ar e o ponto de entre o vapor existente no ar e o ponto de saturação do mesmo.saturação do mesmo. ?? A fórmula que define a UR é descrita:A fórmula que define a UR é descrita: UR = (v/psv)100UR = (v/psv)100 Onde v: vapor existente (gramas)Onde v: vapor existente (gramas) Psv: pressão saturada de vapor (gramas) para dada Psv: pressão saturada de vapor (gramas) para dada temperatura do artemperatura do ar Equipamentos de medida da Umidade do ar Conjunto Psicrométrico ou Psicrômetro O conjunto psicrométrico utiliza as equações apresentadas anteriormente para a determinação de “es” e “ea”, que posteriormente são empregados na determinação de UR. Os psicrômetros podem ser de ventilação natural, como os dois apresentados à direita e à esquerda, ou de ventilação forçada, como o da figura abaixo. Ventilador mecânico Termômetro de bulbo seco Termômetro de bulbo úmido Tubo por onde o ar é succionado O psicrômetro Assmann é considerado padrão para a medida da umidade do ar. No entanto, este é um equipamento mecânico. Outras versões desse tipo de sensor vem sendo desenvolvidas, mas todas usando o princípio das medidas das temperaturas do bulbo seco e do bulbo úmido. As versões mais atuais dos psicrômetros envolvem medidas dessas temperaturas com o uso de termopares, em abrigos meteorológicos onde há um fluxo constante de ar. Esses psicrômetros possibilitam medidas automatizadas, o que facilita a determinação da UR. Psicrômetro Assmann Higrógrafos mecânicos Os higrógrafos mecânicos, normalmente associados ao termógrafo bimetálico, usam como elemento sensor, para umidade do ar, o cabelo humano, o qual tem a propriedade de se dilatar e contrair em função da umidade do ar. Esses equipamentos são empregados para a obtenção de medidas contínuas nas estações meteorológicas convencionais e registram os valores de UR no higrograma. Esse equipamento requer calibrações freqüentes, pois o cabelo vai perdendo elasticidade com o tempo. Temperatura do ar Umidade Relativa do ar Sensor capacitivo de UR Esse sensor é empregado nas estações meteorológicas automáticas. O sensor constitui-se de um filme de polímero que ao absorver vapor d´água do ar altera a capacitância de um circuito ativo. Requer calibração e limpeza periódicas. Medida da Umidade do ar em Condições Padrões Os sensores de UR, para medidas rotineiras, devem ser instalados dentro dos abrigos meteorológicos (1,5 a 2,0 m de altura), tanto nas estações convencionais como nas automáticas Abrigos meteorológico – Estação Convencional Abrigo meteorológico – Estação Automática Cálculo da Umidade Relativa Média do ar URmed = (UR9h + URmáx + URmín + 2.UR21h) / 5 URmed = (? URi) / n Estação Convencional: Estação Automática : INMET IAC URmed = (UR7h + UR14h + 2.UR21h) / 4 Valores Extremos URmed = (URmáx + URmín) / 2 Real URi é a umidade relativa do ar medida a cada intervalo de tempo e n é o total de observações feitas ao longo de um dia Higró- grafo URmed = (? URi) / 24 URi é a umidade relativa do ar medida a cada intervalo de 1 hora e 24 é o total de observações feitas ao longo de um dia Variação temporal da umidade do ar - escala diária Piracicaba, 14/08/2004 0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 101112 131415 1617 18192021222324 Horário Ts ( o C ) 0 20 40 60 80 100 120 U R ( % ) Ts UR Piracicaba, 14/08/2004 0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 Horário P re ss ão d e va p o r (k P a ) es ea Na escala diária praticamente não há variação de “ea” ao longo do dia, ao passo que “es” varia exponencialmente com a temperatura do ar. Isso faz com que a UR varie continuamente ao longo do dia, chegando ao valor mínimo no horário de Tmax e a um valor máximo a partir do momento em que a temperatura do ponto de orvalho (To) é atingida. Desse modo, a UR tem uma variação inversa à da temperatura do ar (Ts), como pode-se observar na figura acima, porém o efeito direto da Ts é sobre “es”, como pode-se observar na figura ao lado. Variação temporal da umidade do ar - escala anual Variação Anual da UR (%) 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 J F M A M J J A S O N D Mês M éd ia m en sa l d a U R (% ) Piracicaba, SP Manaus, AM Brasília, DF Na escala anual, a UR média mensal acompanha basicamente o regime de chuvas, pois havendo água na superfície haverá vapor d´água no ar. Observa-se na figura abaixo que nas três localidades analisadas, a UR média mensal é maior na estação chuvosa e menor na estação seca. No entanto, em Manaus a UR é sempre maior que nas duas outras localidades, devido à estação seca ser mais curta e menos intensa. Em Piracicaba e em Brasília, a UR média mensal é praticamente igual na estação chuvosa, porém menor em Brasília na estação seca, o que se deve ao fato da estiagem ser muito mais intensa e prolongada nessa região do que em Piracicaba. Variação espacial da umidade do ar Também segue o regime de chuvas das regiões. No estado de São Paulo a UR média anual é maior na faixa litorânea e menor no norte e noroeste do estado.
Compartilhar