Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
�PAGE � �PAGE �1� URGÊNCIAS EM OFTALMOLOGIA O atendimento de um paciente com problema ocular na sala de emergência, deve constar de: ( História ( Exame oftalmológico A História deve ser tomada cuidadosamente incluindo informação de ordem geral pois, às vezes, é importante para conseguir-se diagnóstico correto e proporcionar tratamento adequado e rápido. De um modo geral deve constar na história: idade, atividade, estado geral de saúde, em caso de acidente - detalhes do mesmo, alergia à drogas, vacinação, condições anteriores dos olhos (doenças ou cirurgias anteriores). Após, deve ser feita a averigüação orientada para o sistema visual como: comprometimento da visão, presença ou não de diplopia, dor ou outra sintomatologia, secreção, hemorragia, etc... Em seguida da história, faz-se o exame do olho incluindo itens como: acuidade visual, inspeção das estruturas oculares externas ( pálpebras, cílios, fenda palpebral, pontos lacrimais, etc ), posição e movimentos oculares. Com o auxilio de iluminação, como uma lanterna, observa-se as bordas palpebrais, conjuntiva, córnea, fundo de saco conjuntival, pupila e seus reflexos, câmara anterior. Havendo condições e quando for necessário se realizar um exame mais detalhado (presença de lâmpada de fenda) observa-se melhor as estruturas oculares, bem como avalia-se a pressão intra-ocular. Realiza-se também a pesquisa de possíveis perdas visuais ou hemianopsias e realiza-se oftalmoscopia. CONDIÇÕES MAIS FREQUENTES DE URGÊNCIA Perda ou deterioração súbita da visão: É uma emergência oftalmológica importante e na maioria das vezes o quadro é indolor e o diagnóstico precoce e tratamento imediato podem melhorar o seu prognóstico. As principais causas de graves deteriorações são: ( Neurite óptica: é um termo amplo que abrange inflamação, degeneração ou desmienilização do nervo óptico. Pode ser causada por várias doenças. Mais tarde há atrofia (palidez) papilar e depois escavação. Ex: trauma de nervo óptico, intoxicação por metanol, salicilatos, viroses. ( Cegueira cortical: causada por “crise histérica”. ( Hemorragia vítrea: que pode ser causada por retinopatia diabética, hemoglobinopatias, vasculopatias, etc... ( Oclusões vasculares da retina: seja a oclusão da artéria ou da veia central da retina ou um de seus ramos que afete grande área. A retina fica pálida e a mácula avermelhada (em cereja). Pode ser feita a reversão com o uso de estreptoquinase até algumas horas após. (Descolamento de retina: que pode ocorrer espontaneamente sem relação com traumatismo. Pródomo: faíscas cintilantes. ( Intoxicação: que pode ser por metanol, quinino, salicilatos, orgânicos arsenicais, levando a desmielinização do nervo óptico. ( Hemorragia retiniana macular: geralmente causada por retinopatia diabética, vasculopatias, hemoglobinopatias, etc... ( Coriorretinite aguda: que geralmente quando atinge a área macular causa intensa perda da acuidade visual (por exsudação da lesão). A causa mais comum no nosso meio é a toxoplasmose. Emergências devidas A infecções ou inflamações: Podemos agrupar as emergências oftálmicas devidas a infecções e inflamações de acordo com o local afetado: Pálpebras ( Terçol: também chamado hordéolo. É o processo infeccioso das glândulas de Zeiss, Moll ou Meibômio, geralmente de origem estafilocócica. Quando a infecção atinge as glândulas de Meibômio, o quadro clínico é mais exuberante. Tto: calor local, colírio (antiinflamatório e antibiótico). ( Cisto calázio: ou cisto chalázio, não é propriamente uma urgência oftalmológica, pois é a inflamação granulomatosa estéril da glândula de Meibômio, e geralmente, traduz a cronificação de um hordéolo. Para retirá-lo: por fora da pálpebra: incisão horizontal e sutura, por dentro: incisão vertical e não suturar. ( Edema palpebral: geralmente ocorre por dermatite de contato com alguma substância tóxica ou por picada de insetos ou outros animais. Usar gelo e antihistamínicos. ( Abcesso palpebral: geralmente em conseqüência de um traumatismo palpebral que infectou, de uma infecção de uma glândula, pós-cirúrgico, etc.. ( Blefarite: pode ser por vários cistos calázios. Comum em pacientes com caspa. TTO: terramicina ou tetraciclina ou eritromicina. Limpar com cotonete e shampu Johnson’s. Órbita ( Celulite orbitária: infecção da gordura orbitária, quase sempre está relacionada à infecção dos seios paranasais. É um quadro grave que pode acarretar invasão para a cavidade cerebral. Pode ocorrer febre e proptose. TTO: ATB sistêmica. ( Trombose do seio cavernoso: é a infecção disseminada ao longo dos canais venosos que drenam a órbita. Ocorre exoftalmia com edema da órbita e pálpebras e diminuição da visão, febre intensa. TTO: ATB sistêmica. ( Pseudotumor de órbita: é uma reação inflamatória incomum, geral-mente unilateral, que clinicamente se assemelha a uma neoplasia. O exoftalmo com restrição do movimento ocular é o achado clínico proeminente. Não dá febre. TTO: corticóide. Conjuntiva ( Conjuntivites: é uma das doenças oculares mais freqüentes e que caracterizam-se por apresentar hiperemia ocular, lacrimejamento, sensação de areia, fotofobia e secreção ocular (tem sempre e pode ser purulenta, mucóide ou serosa, dependendo do agente etiológico). Podem ser de origem bacteriana (presença de pus - usar colírio antibiótico de h/h), viral (presença de secr. mucóide – colírio antibiótico profilático – 4x/d), fúngica (rara) e alérgica (tto na fase agudo com colírio de corticóide e após uso de colírios anti-histamínicos). Córnea ( Ceratites: podem ser discretas atingindo apenas o epitélio corneano ou mais profundas ocasionando a formação de úlceras que geralmente deixam seqüelas (opacificações). Podem ser de origem bacteriana, viral, fúngica ou alérgica. Úlcera dendrítica: desepitelização por herpes simples ( TTO: oclusão e aciclovir pomada oftálmica 4x/dia. Esclera ( Episclerite: é a inflamação da esclera, é uma doença auto-imune que pode apresentar-se na forma simples ou nodular com hiperemia local e dor aos movimentos oculares. Pode estar associada a inúmeras doenças imunológicas tais como a artrite reumatóide, espondilite anquilosante, etc... TTO: colírio corticóide ou sistêmico. Coróide ( Uveíte: é a inflamação da coróide (ou úvea). Geralmente ocasionam hiperemia ocular, discreta dor ocular e diminuição da acuidade visual (não tem secreção) que pode ser muito variável dependendo das estruturas envolvidas. Ocasionam um quadro semelhante ao do glaucoma agudo, mas não existe midríase média paralítica. TTO: colírio corticóide e dilatador (cicloplégico ou atropina 1%) para evitar sinéquias. Sistema lacrimal ( Dacriocistite: é a obstrução e infecção do canal naso-lacrimal, geralmente por infecção bacteriana, mas também pode ser por infecção fúngica. TTO: massagear e colírio antibiótico. ( Dacrioadenite aguda: é a inflamação da glândula lacrimal causada geralmente por infecção, doença granulomatosa de etiologia desconhecida ou por lesão linfoepitelial benigna. Musculatura extrínseca ( Paresia ou paralisia dos ms extra-oculares: pode acometer apenas um ou mais músculos ocasionando os mais variados tipos de desvios oculares. Geralmente são ocasionadas por infecções virais (pós gripes), tumores, etc... Sintoma: diplopia. TTO: corticóide e vit B12. Traumatismo O globo ocular, devido sua delicada estrutura e extrema sensibilidade, apresenta frente aos traumatismos, aspectos específicos que o diferenciam de outras partes do corpo humano. Os traumas oculares geralmente deixam seqüelas estáticas ou funcionais. Podemos classificar os traumatismos oculares de acordo com o local afetado: Pálpebras ( Escoriações ou lacerações: com ou sem o envolvimento das vias lacrimais. Quando há o envolvimento da via lacrimal inferior, há necessidade de reconstrução da mesma e para isso é necessário encaminharmos o paciente ao oftalmologista. Podem ser causados por diversas causas como acidente automobilistico, mordida de animais, ferimentos cortantes, substâncias químicas,etc... Órbita ( Fraturas: são muito comuns em caso de acidentes automobilísticos oca-sionando a fratura do assoalho da órbita (fratura em blow-out) que acarreta um estrangulamento das estruturas oculares inferiormente produzindo enoftalmia e diminuição dos movimentos oculares. Qualquer parede orbitária pode ser fraturada. Rx simples pode dar o diagnóstico. ( Fístula carótido-cavernosa: É a conexão anormal das artérias carótidas diretamente para o seio cavernoso. Geralmente são causadas por traumatismos e causam proptose, edema e hiperemia generalizada do globo ocular. Conjuntiva ( Lacerações: geralmente podem ser isoladas ou acompanhadas de perfu-rações que podem incluir a córnea, esclera ou mesmo perda vítrea. Quando isoladas e pequenas, apenas causam hiperemia e hemorragia subconjuntival local não necessitando tratamento cirúrgico algum, mas quando extensas necessitam a sua reparação cirúrgica. ( Hemorragia subconjuntival: geralmente é denominada de derrame pelo leigo, é muito comum e geralmente não necessita tratamento algum. Pode ser causada espontaneamente, traumaticamente, HAS ou por uma simples força que o indivíduo tenha feito (tosse, carregar peso, etc..). TTO: Fluo-vaso colírio® por 1 semana 3-4x/dia. Córnea ( Abrasão: é a desepitelização corneana que geralmente regride em 24 a 48 horas. ( Queimaduras: podem ser térmicas, elétricas, químicas, por irradiação e por ultra-som. As queimaduras químicas são as mais freqüentes podendo ser causadas por agentes ácidos e alcalinos. As queimaduras por álcalis são sempre as mais graves porque podem causar necrose corneana (por reação de saponificação). Pingar uma gota de anestésico e lavar efusivamente com soro fisiológico ou água destilada. ( Perfuração: pode ocasionar o esvaziamento parcial ou total da câmara anterior, podendo estar associada à outras estruturas oculares, é quase sempre de tratamento cirúrgico. Esclera ( Perfuração: geralmente está associada à perda de conteúdo ocular e é sempre de tratamento cirúrgico. Coróide ( Uveíte traumática: é muito comum por traumatismo (bolada, pedrada, etc...) causando hiperemia e embaçamento visual. Utilizar corticóide e cicloplégico. Retina ( Descolamento de retina: pode ser causado por traumatismo, especial-mente em pessoas com algum fator predisponente tal como alta miopia. ( Edema: geralmente causado pela força da contusão. Quando em área macular, denomina-se Edema de Berlin e causa intensa diminuição da acuidade visual (retina mais pálida). ( Perfurações: que envolvam a retina com intensa perda de conteúdo vítreo tem um prognóstico muito ruim e raramente consegue-se obter algum resul-tado. Câmara Anterior ( Hifema: é a presença de sangue na câmara anterior que pode ser causado por traumatismo ( bolada, pedrada, etc... ). É comum estar associado à edema de retina e uveíte anterior. ( Iridodiálise: é a desinserção da raíz da íris por trauma. Geralmente está associada ao hifema e uveíte traumática. Geralmente não traduz maiores conseqüências ao globo ocular. ( Luxação de cristalino: é a presença do cristalino na câmara anterior. Outros tipos de urgências ( Glaucoma agudo: é um quadro caracterizado por intensa dor ocular associada à náuseas e vômitos, baixa da acuidade visual, na qual o globo ocular apresenta-se congesto e em midríase média paralítica e a pressão intra-ocular está sempre muito elevada. ( Corpo estranho: pode ser de vários tipos e pode estar localizado sobre a conjuntiva, sub-palpebral, grudado sobre a córnea, na câmara anterior e mesmo dentro da cavidade vítrea. Quando localizados sobre a córnea ou conjuntiva, causam os sinais típicos de presença de corpo estranho, que são: intensa dor (pela desepitelização), lacrimejamento, hiperemia e difilculdade em abrir os olhos. ( Ceratocone Agudo (Hidrops Agudo): ocorre em portadores de cerato-cone onde ocorre a presença da ruptura da membr. de Descemet ocasionando a en-trada de líquido para dentro do estroma corneano resultando em perda da acuidade visual. Precebe-se uma mancha branca no meio da córnea. TRATAMENTO DAS URGÊNCIAS OFTALMOLÓGICAS O tratamento da maioria das urgências oftalmológicas deve ser feito pelo oftalmologista, entretanto, o médico plantonista não-oftalmologista, deve saber conduzir os principais tratamentos e realizar o encaminhamento adequado. Com o auxílio de uma simples lanterna e um colírio anestésico pode-se detectar várias patologias e inclusive retirar corpos estranhos que estejam visíveis na conjuntiva ou esclera. Nas conjuntivites deve-se prescrever um colírio de antibiótico e orientar o paciente para que procure um especialista caso não melhore em 2 dias. No caso de queimaduras, deve-se sempre lavar os olhos abundantemente por vários minutos com soro fisiológico ou mesmo embaixo de uma torneira. Na presença de perfurações, deve-se ocluir o olho a seco, nunca utilizando colírios ou pomadas, e encaminhar o mais rápido possível. Na suspeita de glaucoma agudo, deve-se instituir terapia anti-glaucomatosa (colírios, agentes hiperosmóticos) e encaminhar o paciente. Na dúvida do que se fazer, deve-se sempre ocluir o olho, manter o paciente em repouso e encaminhá-lo o mais rápido possível para um oftalmologista.
Compartilhar