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PEDRO SANTOS – MEDICINA 2021.1 TUTORIA 4 – PROBLEMA 4 OBJETIVOS 1. DESCREVER A ANATOMIA DA PONTE (MACRO E MICROSCOPICAMENTE). 2. EXPLICAR OS NERVOS ORIGINADOS NA PONTE E SUAS FUNÇÕES. 3. EXPLICAR AS SÍNDROMES DA PONTE. DESCREVER A ANATOMIA DA PONTE (MACRO E MICROSCOPICAMENTE) MACROSCOPICAMENTE 1. LIMITES SULCO BULBOPONTINO SULCO PONTINO SUPERIOR Linhas que passam pela origem aparente do V nervo cranial 2. FACE ANTERIOR E LATERAL SULCO BASILAR: por onde passa a artéria basilar (confluência das duas artérias vertebrais) ESTRIAS TRANSVERSAIS: devido a numerosos feixes de estrias transversais PEDÚNCULO CEREBELAR MÉDIO (BRAÇO DA PONTE): feixe de fibras transversais que penetram no hemisfério cerebelar. = Limite entre ponte e o braço da ponte é a emergência do nervo trigêmeo (V) – raiz sensitiva (maior) e raiz motora (menor). 3. FACE POSTERIOR Constituem o assoalho do IV ventrículo. MICROSCOPICAMENTE Ponte é a parte do tronco encefálico interposto entre o bulbo e o mesencéfalo. Está situada ventralmente ao cerebelo e repousa sobre a parte basilar do osso occipital e o dorso da sela túrcica do esfenoide. É formada por uma parte Ventral, ou Base da Ponte, e uma parte dorsal, ou tegumento da ponte. O tegumento da ponte apresenta estrutura semelhante ao bulbo e ao tegmento do mesencéfalo. A base da ponte apresenta estrutura indiferente das demais áreas do tronco encefálico. Ao limite da base e o tegmento encontra-se um conjunto de fibras mielínicas de direção transversal, denominado corpo trapezóide. PARTE VENTRAL OU BASE DA PONTE Como dito anteriormente, a base da ponte apresenta estrutura indiferente das demais áreas do tronco encefálico. Apresenta as seguintes formações estruturais: Base da ponte FIBRAS LONGITUDINAIS (Atentar para a nomenclatura dos tratos) a) TRATO CORTICOESPINHAL: É formado por fibras que emergem das áreas motoras do córtex cerebral, e se dirigem aos neurônios motores da medula. Na base da ponte, o trato corticoespinhal forma vários feixes dissociados. b) TRATO CORTICONUCLEAR: É formado por fibras que emergem das áreas motoras do córtex em direção aos neurônios motores situados nos núcleos motores dos nervos cranianos. No caso da ponte, se dirige aos núcleos do nervo facial, trigêmeo e abducente. PEDRO SANTOS – MEDICINA 2021.1 c) TRATO CORTICOPONTINO: É formado por fibras que se originam em várias áreas do córtex cerebral e encerram-se fazendo sinapse com os neurônios dos núcleos pontinos. FIBRAS TRANSVERSAIS E NÚCLEOS PONTINOS Os núcleos pontinos são aglomerados de neurônios localizados em toda a base da ponte. Neles terminam as sinapses das fibras originadas em várias áreas do córtex, fibras corticopontinas. As fibras transversais da ponte são formados pelos axônios dos núcleos pontinos, também denominadas de fibras pontinas ou pontocerebelares. Essas fibras, de direção transversal, cruzam o plano mediano e penetram no cerebelo pelo pedúnculo cerebelar médio. PARTE DORSAL OU TEGMENTO DA PONTE O tegmento da ponte apresenta semelhança ao tegmento do mesencéfalo. Apresenta: Fibras Ascendentes Fibras Descendentes Fibras Transversais Substância Cinzenta Homóloga a da Medula, que são os núcleos dos pares cranianos III, V, VI, VII e VIII. Substância Cinzenta Própria Da Ponte Formação Reticular. NÚCLEOS DO NERVO VESTIBULOCOCLEAR O nervo vestibulococlear é um nervo puramente sensitivo. Os núcleos cocleares e vestibulares da ponte recebem as fibras sensitivas que formam o ramo coclear e vestibular do nervo. NÚCLEOS COCLEARES, CORPO TRAPEZOIDE, LEMNISCO LATERAL Os núcleos cocleares são dois, o dorsal e o ventral, localizados ao nível em que o pedúnculo cerebelar se volta dorsalmente para penetrar no cerebelo. Nestes núcleos terminam as fibras que formam a porção coclear, ou seja, sensitiva do nervo vestibulococlear. A maioria das fibras originadas nos núcleos cocleares dorsal e ventral cruza para o lado oposto, constituindo o CORPO TRAPEZOIDE. Posteriormente, essas fibras contornam o núcleo olivar superior e depois formam o lemnisco lateral, terminando no colículo inferior, de onde os impulsos seguem para o corpo geniculado medial. NÚCLEOS VESTIBULARES E SUAS CONEXÕES São quatro núcleos localizados no assoalho do IV ventrículo, onde ocupam a área vestibular. Recebem impulsos nervosos originados na parte vestibular do ouvido interno e que informam sobre a posição e os movimentos da cabeça. Estes impulsos passam pelos neurônios sensitivos do gânglio vestibular e chegam aos núcleos vestibulares pelos prolongamentos centrais desses neurônios. Em conjunto, formam a parte vestibular do nervo vestíbulococlear. 1. Núcleos vestibulares lateral 2. Núcleos vestibulares medial 3. Núcleos vestibulares superior 4. Núcleos vestibulares inferior As fibras eferentes dos núcleos vestibulares formam ou entram na composição dos tratos e fascículos: a) FASCÍCULO VESTIBULOCEREBELAR: formado por fibras que terminam no córtex espinocerebelar. b) FASCÍCULO LONGITUDINAL MEDIAL: Apresenta fibras que se originam nos núcleos vestibulares.Está envolvido em reflexos que permitem ao olho ajustar-se aos movimentos da cabeça. c) TRATO VESTIBULOESPINHAL: as fibras conduzem impulsos nervosos aos neurônios motores da medula.São importantes para a manutenção do equilíbrio d) FIBRAS VESTIBULOTALÂMICAS: Conduzem impulsos ao tálamo, de onde vão ao córtex. PEDRO SANTOS – MEDICINA 2021.1 NÚCLEOS DO NERVO FACIAL E ABDUCENTE As fibras que emergem do núcleo do nervo facial formam uma elevação no assoalho do IV ventrículo denominada COLÍCULO FACIAL As fibras do nervo facial por apresentar relações anatômicas muito íntimas com o núcleo do abducente, podem sofrer lesões conjuntas. NÚCLEO SALIVATÓRIO SUPERIOR E NÚCLEO LACRIMAL Estes núcleos por pertencerem à parte craniana do sistema nervoso parassimpático, dão origem a fibras pré-ganglionares que emergem pelo nervo intermédio, conduzindo impulsos nervosos para a inervação das glândulas submandibular, sublingual e lacrimal. NÚCLEOS DO NERVO TRIGÊMEO O nervo trigêmeo apresenta o Núcleo Do Trato Espinhal, no bulbo, e na ponte o nÚcleo Sensitivo Principal Do Trigêmeo, o Núcleo Do Trato Mesencefálico. Estes núcleos recebem impulsos relacionados com a sensibilidade somática geral de grande parte da cabeça. Deles saem fibras ascendentes, que constituem o lemnisco trigeminal que termina no tálamo. O Núcleo Motor Do Trigêmeo, origina fibras para os músculos mastigadores, sendo frequentemente denominado núcleo mastigador. FIBRAS LONGITUDINAIS DO TEGMENTO DA PONTE As fibras longitudinais compõe o lemnisco lateral e trigeminal. O Tegmento da ponte percorre feixes de fibras ascendentes originadas no bulbo, medula e cerebelo. Dentre os feixes de fibras, destacam-se: a) LEMNISCO MEDIAL: ocupa na ponte, uma faixa de disposição transversal, cujas fibras cruzam perpendicularmente as fibras do corpo trapezoide, sobem e terminam no tálamo. b) LEMNISCO ESPINHAL: é formado pela junção dos tratos espinotalâmico lateral e espinotalâmico anterior. c) PEDÚNCULO CEREBELAR SUPERIOR: emerge do cerebelo e constitui inicialmente a parede dorsolateral da metade cranial do IV ventrículo. A seguir, aprofunda-se no tegmento e, já no limite do mesencéfalo, suas fibras começam a cruzar com as do lado oposto, constituindo o início da decussação dos pedúnculos cerebelares superiores. Os pedúnculos cerebelares superiores constituem o mais importante sistema de fibras eferentes do cerebelo. EXPLICAR OS NERVOS ORIGINADOS NA PONTE E SUAS FUNÇÕES NERVO TRIGÊMEO (V PAR) O nervo trigêmeo é um nervo craniano calibroso que contém fibras sensoriais e motoras: é o nervo sensorial para a maior parteda cabeça e o nervo motor para diversos músculos, incluindo a musculatura da mastigação. Origem real (núcleos): É o único nervo craniano que apresenta núcleos localizados nos três componentes do tronco encefálico: núcleo mesencefálico do nervo trigêmeo (mesencéfalo); núcleo espinhal do nervo trigêmeo (bulbo); núcleo sensitivo principal do trigêmeo (ponte); Núcleo motor do nervo trigêmeo (ponte). Origem aparente no encéfalo: Margem lateral da ponte, dividindo a base dos braços da ponte Entrada na dura-máter: Penetra na parede lateral do seio cavernoso para formar o gânglio trigeminal. Componentes: N. oftálmico (V1): Saída na base do crânio: fissura orbital superior Aferente somático geral: tentório do cerebelo; fronte, pálpebra, dorso do nariz; esclera; córnea; células etmoidais, seio esfenoidal, cavidade nasal (parte anterior). N. Maxilar (V2): PEDRO SANTOS – MEDICINA 2021.1 Saída da base do crânio: forame redondo Aferente somático geral: bochecha, pálpebra inferior, face lateral do nariz, lábio superior; dentes e gengiva da maxila, seio esfenoidal, conchas nasais média e superior, palato, tonsila palatina, faringe (teto). N. Mandibular (V3): Saída da base do crânio: forame oval Eferente visceral especial: músculos da mastigação, M. tensor do véu palatino, M. milohioideo, M. digástrico (ventre anterior). Aferente somático geral: pele da mandíbula, temporal, bochecha, orelha externa (parte superior), meato acústico, membrana timpânica (externa); dentes e gengiva da mandíbula, língua (2/3 anteriores), istmo da fauce. O nervo trigêmeo é considerado um nervo misto, sendo o componente sensitivo consideravelmente maior. Possui, portanto, uma raiz sensitiva e uma motora. A raiz sensitiva é formada pelos prolongamentos centrais dos neurônios sensitivos cujos corpos estão situados no gânglio trigeminal (ou de Gasser, que se localiza no cavo ou impressão trigeminal, sobre a parte petrosa do osso temporal). Os prolongamentos periféricos dos neurônios sensitivos do gânglio trigeminal formam, distalmente ao gânglio, os três ramos do nervo trigêmeo: nervo oftálmico, nervo maxilar e nervo mandibular, responsáveis pela sensibilidade somática geral de grande parte da cabeça, através de fibras que se classificam como aferentes somáticas gerais. A raiz motora do trigêmeo é constituída de fibras que acompanham o nervo mandibular, distribuindo-se aos músculos mastigatórios. O problema médico mais frequentemente observado em relação ao trigêmeo é a nevralgia, que se manifesta por crises dolorosas muito intensas no território de um dos ramos do nervo. As três divisões primárias do nervo trigêmeo são: (1) o nervo oftálmico (V1), que após atravessar a dura- máter e entrar na parede lateral do seio cavernoso, penetra na órbita pela fissura orbital superior, onde se divide em três ramos (nervo lacrimal, nervo frontal e nervo nasociliar); (2) o nervo maxilar (V2) que, ao se afastar do gânglio trigeminal penetrando no seio cavernoso, sai do crânio através do forame redondo e, a seguir, sai pelo forame infra-orbital; e (2) o nervo mandibular (V3), que sai da base craniana pelo forame oval, inervando a região facial inferior e os músculos da mastigação. Como se sabe, os três componentes do N. trigêmeo estabelecem conexões com os quatro núcleos do trigêmeo, que estão dispostos ao longo de todo tronco encéfalo praticamente em uma mesma coluna. São eles: Núcleo do tracto mesencefálico: é um núcleo formado por neurônios unipolares que recebem fibras do chamado tracto mesencefálico do trigêmeo, formado por fibras do próprio nervo trigêmeo. Este núcleo se estende para baixo, ocupando a parte inferior do mesencéfalo e parte superior da ponte, onde é contínuo ao núcleo sensorial principal: Núcleo sensorial principal do trigêmeo: núcleo situado na parte posterior da ponte, lateral ao núcleo motor do trigêmeo. Embaixo, é contínuo com o núcleo espinhal do trigêmeo. Núcleo do tracto espinhal do trigêmeo: é um núcleo localizado no bulbo e que é praticamente contínuo ao núcleo sensorial principal. Tal núcleo recebe fibras do chamado tracto espinhal do trigêmeo que, além de conter fibras do próprio nervo trigêmeo, apresenta ainda terminações dos nervos cranianos VII (intermédio), IX (glossofaríngeo) e X (vago). Estas fibras estão relacionadas com a inervação aferente somática geral do pavilhão auditivo. Note, portanto, que embora seja um núcleo do V par craniano, o núcleo do tracto espinhal do trigêmeo também representa a origem real de outros nervos cranianos. As sensações de dor/temperatura e de tato/pressão originadas na pele da face e nas membranas mucosas são conduzidas por axônios cujos corpos celulares PEDRO SANTOS – MEDICINA 2021.1 estão localizados no gânglio trigeminal. Os prolongamentos centrais dessas células se dividem e se distribuem para os núcleos do trigêmeo da seguinte maneira: Os impulsos proprioceptivos originados nos músculos da mastigação e dos músculos da face e extra-oculares são conduzidos por fibras dos neurônios unipolares do tracto mesencefálico do trigêmeo; Os impulsos de temperatura e dor cursam por fibras que terminam exclusivamente no núcleo do tracto espinhal do trigêmeo (inclusive as fibras dos pares cranianos VII, IX e X que levam informações táteis de parte do pavilhão auricular); Os impulsos de tato discriminativo (epicrítico) terminam exclusivamente no núcleo sensitivo principal do trigêmeo; Os impulsos de tato protopático e pressão cursam por fibras que se bifurcam para ambos os núcleos: sensitivo principal e espinhal do trigêmeo. Além da face, as fibras sensitivas gerais do nervo trigêmeo são responsáveis também pela sensibilidade da região anterior do couro cabeludo, da conjuntiva ocular, da mucosa das cavidades nasal, oral e dos seios da face, da arcada dentária superior (N. maxilar) e inferior (N. mandibular), dos dois terços anteriores da língua e da maior parte da dura-máter craniana. As células do núcleo motor do trigêmeo originam axônios (fibras eferentes viscerais especiais) que formam a raiz motora. Tal função é responsável pela motricidade da musculatura da mastigação, do M. tensor do tímpano, M. tensor do véu palatino, M. milo- hioideo e o ventre anterior do digástrico. NERVO ABDUCENTE (VI PAR) O nervo abducente é um pequeno nervo essencialmente motor que inerva o músculo reto lateral do globo ocular. Origem real (núcleos): Núcleo do nervo abducente (localizado na ponte, profundamente ao colículo facial) Origem aparente no encéfalo: Sulco bulbo- pontino, entre a ponte e a pirâmide bulbar Entrada na dura-máter: Entra no terço superior do clivo, passando pelo ápice superior da parte petrosa, passando através do seio cavernoso, lateralmente à A. carótida interna (no local onde está se contorce formando o sifão carotídeo). Aneurismas da carótida nessa região podem prejudicar o nervo abducente. Origem aparente no crânio: Fissura orbital superior Tipos de fibras: Fibras eferentes somáticas Função: Somática: motricidade para o M. reto lateral (abdução do olho). O nervo abducente é formado por fibras que se originam em um pequeno núcleo situado profundamente na parte superior do assoalho do quarto ventrículo, na região conhecida como colículo facial (neste ponto, o núcleo abducente é circundado por fibras do nervo facial, sendo estas as responsáveis pela formação deste colículo). O núcleo do nervo abducente recebe fibras do trato córtico-nuclear dos dois hemisférios cerebrais. Recebe ainda o tracto tecto-bulbar do colículo superior (por meio do qual o córtex visual é conectado ao núcleo) e fibras do fascículo longitudinal medial (pelo qual é conectadoaos núcleos do III, IV e VIII pares cranianos). As fibras do nervo abducente passam anteriormente pela ponte, emergindo no sulco entre a borda inferior da ponte e o bulbo. Ele passa adiante, através do seio cavernoso, situado abaixo e lateral à artéria carótida interna. Em seguida, o nervo penetra na órbita pela fissura orbitária superior. O nervo abducente é inteiramente motor, inervando o músculo reto lateral, sendo, assim, o responsável pelos movimentos laterais do globo ocular. OBS2: Como vimos, os nervos troclear, abducente e oculomotor são nervos motores que penetram na órbita pela fissura orbital superior, distribuindo-se aos músculos extrínsecos do bulbo ocular, que são os seguintes: elevador da pálpebra superior, reto superior, reto inferior, reto medial, reto lateral, oblíquo superior, oblíquo inferior. Todos estes PEDRO SANTOS – MEDICINA 2021.1 músculos são inervados pelo oculomotor, com exceção do reto lateral e do oblíquo superior, inervados respectivamente, pelos nervos abducente e troclear. As fibras que inervam os músculos extrínsecos do olho são classificadas como eferentes somáticas. O nervo oculomotor conduz ainda fibras vegetativas, que vão à musculatura intrínseca do olho, a qual exerce ação sobre a pupila e o cristalino. O componente oftálmico do nervo trigêmeo, por sua vez, traz informações de exteroceptivas da conjuntiva ocular (dor, tato, etc.). Em virtude desta distribuição da inervação da musculatura do globo ocular, fica claro notar que lesões nestes nervos causam desvios específicos do globo ocular que facilitam o diagnóstico: Lesão do nervo abducente = estrabismo convergente Lesão do nervo oculomotor = estrabismo divergente (com midríase no olho acometido) NERVO FACIAL (VII PAR) O nervo facial é um importante nervo craniano composto por dois componentes distintos: o nervo facial propriamente dito (raiz motora) e o nervo intermédio de Wrisberg (raiz sensitiva e visceral). Em resumo, podemos destacar as seguintes características acerca do N. facial: Origem real (núcleos): Núcleo do nervo facial (ou motor principal, localizado na ponte); Núcleos parassimpáticos (núcleos salivatório superior e lacrimal); Núcleo do tracto solitário; Núcleo do tracto espinhal do trigêmeo. Origem aparente no encéfalo: Ângulo pontocerebelar, saindo entre o VI e o VIII par. Saída da dura-máter e entrada na base do crânio: Fundo do meato acústico interno (junto ao VIII par). Trajeto dentro da base do crânio e saída: Canal do nervo facial, saindo no forame estilomastoideo. Tipos de fibras: Nervo facial propriamente dito: fibras eferentes viscerais especiais. Nervo intermédio: fibras eferentes viscerais gerais; fibras aferentes viscerais especiais (gustação); fibras aferentes somáticas gerais (sensibilidade do pavilhão auditivo). Função: Motor: musculatura da mímica, Mm. auriculares; M. digástrico (ventre posterior); M. estiloide; M. estapédio. Sensorial geral: sensibilidade do pavilhão auditivo (junto ao IX e X pares cranianos). Sensorial especial: gustação (2/3 anteriores da língua). Parassimpático: glândula lacrimal, glândulas nasais, palatinas, glândulas submandibular e sublingual. O nervo facial emerge do sulco bulbopontino através de uma raiz motora (o nervo facial propriamente dito) e uma raiz sensitiva e visceral (o nervo intermédio de Wrisberg). As fibras que se originam no núcleo motor do nervo facial (localizado na ponte) adotam, inicialmente, um trajeto posterior e medial até que, ao nível do colículo facial, circunda o núcleo do nervo abducente posteriormente (formando o joelho interno do nervo facial) para adotar um trajeto anterior em direção ao ângulo ponto-cerebelar, onde recebe as fibras dos demais núcleos que formarão o nervo intermédio. Ao se formar, os dois componentes do nervo facial penetram no meato acústico interno para alcançar canal facial, onde descreve o joelho externo (ou genículo do nervo facial), onde existe seu gânglio sensitivo (o gânglio geniculado). A seguir, o nervo descreve nova curva para baixo, emerge do crânio pelo forame estilomastoideo, atravessa a glândula parótida e distribui uma série de ramos para os músculos PEDRO SANTOS – MEDICINA 2021.1 mímicos, músculo estilo-hioideo, ventre posterior do digástrico e músculo estapédio (estes músculos derivam do segundo arco branquial, e as fibras a eles destinadas são pois eferentes viscerais especiais). Em síntese, os núcleos que formam as fibras do nervo facial e suas respectivas funções são: Núcleo motor principal do nervo facial: situa-se profundamente e anteriormente na ponte. Suas fibras são classificadas como eferentes viscerais especiais, pois inervam músculos de origem branquiomérica (músculos da mímica, estilo- hioideo e ventre posterior do digástrico). É importante ressaltar que a parte do núcleo responsável pelo suprimento dos músculos da parte superior da face recebe fibras córtico- nucleares dos dois hemisférios cerebrais; enquanto que a parte do núcleo que supre os músculos da parte inferior da face só recebe fibras córtico-nucleares do hemisfério cerebral oposto. Por esta razão, lesões do tracto córtico-nuclear direito (caracterizando a paralisia facial central), por exemplo, só causa paralisa da musculatura da parte inferior da face contra-lateral (esquerda), com desvio da rima da boca. Diferentemente deste quadro, se o próprio nervo facial é acometido (paralisia facial periférica), toda a hemiface do lado correspondente a lesão sofre prejuízo. Estas vias explicam o controle voluntário dos músculos faciais. Contudo, existe outra via involuntária estabelecida por conexões da formação reticular com o núcleo do nervo facial. Tais conexões controlam as variações miméticas ou emocionais da expressão facial (que se manifestam mesmo se o paciente apresentar paralisia facial central). Núcleos parassimpáticos: situam-se na ponte e são eles: núcleo salivatório superior (comanda a inervação das glândulas sublingual e submandibular) e núcleo lacrimal. Este recebe fibras aferentes do hipotálamo e dos núcleos sensoriais do trigêmeo (integrando a lacrimação reflexa). Tais núcleos originam fibras eferentes viscerais gerais, e seguem trajetos específicos e complexos: As fibras destinadas às glândulas submandibular e sublingual acompanham o trajeto normal do nervo facial até se destacar deste e alcançar o nervo lingual e o gânglio submandibular (gânglio parassimpático anexo ao nervo lingual), de onde saem as fibras pós- ganglionares para as glândulas. As fibras destinadas à glândula lacrimal destacam-se do nervo facial ao nível do joelho e percorrem, sucessivamente, os seguintes nervos: nervo petroso maior -> nervo do canal pterigoideo -> gânglio pterigopalatino N. maxilar (V2) -> N. zigomático -> N. zigomático- temporal -> N. lacrimal (ramo de V1) -> Glândula lacrimal. Núcleo do tracto solitário: importante núcleo localizado no bulbo e que está relacionado com a sensação do paladar (além de também estar relacionado com funções aferentes viscerais gerais). No caso do N. facial, o núcleo do tracto solitário recebe as fibras aferentes viscerais especiais, responsáveis pelos impulsos gustativos originados nos 2/3 anteriores da língua. Tais impulsos são captados, inicialmente, pelo próprio nervo lingual e, logo em seguida, passam para o chamado N. corda do tímpano, através do qual ganham o nervo intermédio pouco antes de sua emergência no forame estilomastoideo. Núcleo do tracto espinhal do trigêmeo: recebe as fibras aferentes somáticas gerais carreadas pelo N. intermédio e relacionadas com a pele de parte do pavilhão auditivo. Em resumo, o núcleo motor do facial inerva os músculos da expressão facial,os músculos auriculares, o M. estapédio, o ventre posterior do digástrico e o estilo-hioideo. O núcleo salivatório superior inerva as glândulas salivares e sublingual, além das glândulas nasais e palatinas. O núcleo lacrimal inerva as glândulas lacrimais. O núcleo do tracto solitário recebe as fibras gustatórias dos 2/3 anteriores da língua. NERVO VESTÍBULO-COCLEAR (VIII PAR) Este nervo consiste em duas partes distintas, o nervo vestibular e o nervo coclear, ambos relacionados à transmissão de informação aferente do ouvido interno para o SNC. Em resumo, temos: PEDRO SANTOS – MEDICINA 2021.1 Origem real (núcleos): Núcleos cocleares e vestibulares. Origem aparente no encéfalo: Ângulo ponto-cerebelar (abaixo do flóculo do cerebelo, lateralmente ao VII par). Saída da dura-máter e entrada na base do crânio: Fundo do meato acústico interno (junto ao VII par) Trajeto dentro da base do crânio e saída: Em direção ao labirinto da porção petrosa do osso temporal. Tipos de fibras: Fibras aferentes somáticas especiais (sentido físico). Função: Componente coclear: audição. Componente vestibular: equilíbrio e integração com o movimento dos olhos. O nervo vestíbulo-coclear é um nervo exclusivamente sensitivo, que penetra na ponte na porção lateral do sulco bulbo-pontino, entre a emergência do VII par e o flóculo do cerebelo (na região denominada ângulo ponto-cerebelar). Ocupa, juntamente com os nervos facial e intermédio, o meato acústico interno, na porção petrosa do osso temporal. O componente vestibular é formado por fibras que se originam dos neurônios sensitivos do gânglio vestibular (de Scarpa), que conduzem impulsos nervosos relacionados ao equilíbrio até os núcleos vestibulares situados entre bulbo e a ponte, logo abaixo do assoalho do quarto ventrículo. Tais núcleos recebem as fibras aferentes somáticas especiais oriundas do sáculo, do utrículo e dos canais semicirculares, além de fibras do cerebelo (arquicerebelo). Estes núcleos também enviam fibras eferentes para o cerebelo e para a medula espinhal (formando o tracto vestíbulo espinhal). Ainda mais, fibras eferentes passam para os núcleos dos nervos ocolomotor, troclear e abducente, por meio do fascículo longitudinal medial (que permite que os movimentos dos olhos sejam coordenados aos da cabeça). O núcleo vestibular envia, então, todas as informações que nele chegam até o córtex cerebral (na área vestibular no giro pós-central). A parte coclear é constituída de fibras que se originam dos neurônios sensitivos do gânglio espiral (de Corti) e que conduzem impulsos nervosos relacionados com a audição originados na cóclea. Grande parte dos estímulos auditivos que chegam nestes núcleos cruza o plano mediano e, depois que estabelecem conexões com os núcleos do corpo trapezoide e com o núcleo olivar superior, forma o lemnisco lateral, que segue para integrar a via auditiva, que envia informações sensoriais até o córtex auditivo primário o giro temporal transverso anterior. A outra parte das fibras que não cruza o plano mediano segue para constituir o lemnisco lateral do mesmo lado. Correlações: Lesões do nervo vestíbulo-coclear causam diminuição da audição, por comprometimento da parte coclear do nervo (contudo, o déficit auditivo é pequeno, uma vez que a representação cortical da audição é bilateral). Por comprometimento da parte vestibular do nervo, ocorre vertigem (tontura), alterações de equilíbrio e enjoo. Ocorre também um movimento oscilatório dos olhos denominado nistagmo. EXPLICAR AS SÍNDROMES DA PONTE LESÃO DO TRIGÊMEO O NC V pode ser lesado por traumatismos, tumores, aneurismas ou infecções meníngeas. As vezes pode ser afetado por Poliomielite (uma doença viral da infância) e na polineuropatia generalizada, uma doença que afeta várias nervos periféricos. Os núcleos sensitivos e motores na ponte no bulbo podem ser destruídos por tumores intrabulbares ou lesões vasculares. A esclerose múltipla (EM), também pode causar lesão isolada do trato trigeminal espinal. A lesão do NC V causa: Paralisia dos músculos da mastigaçõ com desvio da mandíbula para o lado da lesão. Perda da capacidade de perceber sensações suaves táteis, térmicas e dolorosas na face. Perda do reflexo corneano (piscar em resposta ao toque na córnea) e do reflexo de espirro (estimulado por irritantes para limpar as vias respiratórias). PEDRO SANTOS – MEDICINA 2021.1 A Neuralgia do Trigêmeo, a principal doença que afeta a raiz sensitiva do NC V, provoca dor episódica, excruciante que geralmente é restrita às áreas supridas pelas divisões maxilar e/ou mandibular desse nervo. LESÕES DO NERVO ABDUCENTE Como o NC VI tem um longo trajeto intradural, muitas vezes é distendido quando a pressão intracraniana aumenta, em parte devido à curva aguda que faz sobre a crista da parte petrosa do temporal após entrar na dura-máter. Uma lesão expansiva, como um tumor encefálico, pode comprimir o NC VI, causando paralisia do músculo reto- lateral. A paralisia completa do NC VI causa desvio medial do olho afetado – isto é, adução pela ação sem oposição do músculo reto medial, deixando a pessoa incapaz de abduzir o olho, lateralmente à posição primária. Há diplopia (visão dupla) em todas as amplitudes de movimento do bulbo ao olho, exceto ao olhar para o lado oposto ao da lesão. A paralisia do NC VI também pode resultar de: Um aneurisma do círculo arterial do cérebro. Compressão pela artéria carótida interna aterosclerótica no seio cavernoso, onde há intima relação entre o NC VI e essa artéria. Trombose séptica do seio cavernoso subsequente à infecção nas cavidades sanais e/ou seios paranasais. LESÕES DO NERVO FACIAL Entre os nervos motores, NC VII é o nervo que sofre paralisia com maior frequência. Dependendo da parte do nervo envolvida, a lesão do NC VIII pode causar paralisia dos músculos faciais sem perda do paladar nos dois terços anteriores da língua, ou alteração da secreção das glândulas lacrimais e salivares. A lesão do NC VII perto de sua origem ou perto do gânglio geniculado é acompanhada por perda das funções motoras, gustativas (paladar) e autônomas. A paralisia motora dos músculos faciais acomete as partes superior e inferior ipsilaterais da face. A lesão central do NC VII (Lesão do SNC) resulta em paralisia dos músculos na região inferior contralateral da face. Consequentemente, não há comprometimento visível do enrugamento da fronte porque a inervação da região é bilateral. As lesões entre o gânglio geniculado e a origem do nervo corda do tímpano provocam os mesmos efeitos que a lesão perto do gânglio, exceto pelo fato de a secreção PEDRO SANTOS – MEDICINA 2021.1 lacrimal não afetada. Como atravessa o canal facial temporal, o NC VII é vulnerável à compressão quando uma infecção viral causa inflamação (neurite viral) e dema do nervo logo antes de emergir do forame estilomastoideo. O NC VII pode ser afetado também por: Arma branca Arma de fogo Tocotraumatismos (durante o parto) Tumores do encéfalo Aneurismas Infecções meníngeas Herpes-vírus. A Paralisia De Bell é uma paralisia facial unilateral de início súbito resultante de lesão do NC VII. Acomete todos os músculos da face no lado afetado. Há flacidez da área afetada e distorção da expressão facial, que parece passiva ou triste. A perda do tônus orbicular do olho causa eversão da pálpebra inferior (afastamento da superfície do bulbo do olho). Assim, o líquido lacrimal não se espalha sobre a córnea, impedindo a lubrificação, a hidratação e a lavagem adequada da superfície da córnea.
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