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Teorias Bioéticas Utilitarismo- Teoria baseada nas Consequências Aceita somente um princípio da bioética (este é absoluto): o princípio da utilidade → Devemos sempre produzir o equilíbrio máximo entre o valor positivo e o desvalor (ou ter o menor desvalor possível). → o mal deve ser minimizado e o valor positivo aumentado. Considerações: • Ponderar os fins e os meios, e considerando as necessidades de todos os que são afetados. • O problema é determinar qual a “prioridade” dos valores mais importantes (diferentes para cada pessoa). → preferências individuais • Avaliam todos os fatos e as consequências das ações dos indivíduos. • Mesmo as regras contra matar na Medicina (eutanásia) podem ser revisadas ou derrubadas, pois o único princípio absoluto é o da utilidade. • Ressaltam que hoje em dia não permitimos que os médicos matem em razão das consequências sociais adversas que acreditamos produzirem. Mas se for em circunstâncias sociais diferentes e a legalização do ato de matar por piedade fosse maximizar o bem-estar social total, então o utilitarista não vê razão para proibir tal ato. • O utilitarismo também se fundamenta no princípio da beneficência → vê a moralidade principalmente em função do objetivo de produzir bem-estar. Utilitarismo das regras X Utilitarismo das ações AÇÕES Pula o nível das regras e justifica as ações recorrendo diretamente ao princípio da utilidade. A regra deve ser entendida como uma diretriz geral, pois tê-la como veracidade nem sempre maximiza o bem geral. REGRAS Considera as consequências da adoção de regras. A regra não é dispensável num contexto particular, mesmo que seguir essa regra nesse contexto não maximize a utilidade. Questionamentos do utilitarista das ações: • Que consequências boas e más resultarão dessa ação nesta circunstância? • Consideram as regras morais úteis na orientação humana, mas dispensáveis caso não proporcionem nenhuma utilidade num contexto particular. • Uma 3ª possibilidade entre nunca se adotar uma regra e sempre obedecer às regras é obedecer às regras algumas vezes. Ex: alguns médicos podem mentir para dar esperança → justificável caso seja melhor para o paciente e para todos os envolvidos e caso o ato não afete a conformidade geral às regras morais. (Obediência seletiva). CRÍTICAS: 1. O utilitarismo e as ações imorais → acaba permitindo alguns atos imorais (ex: acabar com uma guerra usando tortura em crianças; moralmente obrigado a fazer isso) para alcançar o máximo resultado. 2. Permite que os interesses da maioria passem por cima dos direitos das minorias, e que pode refutar adequadamente as distribuições sociais injustas. Ex: priorizar o atendimento de grupos mais “prováveis” de cumprir o tratamento → “mais chance” de sobreviver. Kantismo – A Teoria baseada na Obrigação O que torna as ações certas ou erradas são determinadas características das ações, e não apenas as suas consequências. Para Kant, a moralidade se funda na razão pura, não na tradição, na intuição, na consciência, na emoção ou em atitudes tais como a simpatia. Uma ação possui valor moral somente se for executada por um agente com boa vontade (sem interesse). Devemos agir não somente de acordo, mas em nome da obrigação. Para ter valor moral, o motivo da ação tem que provir de um reconhecimento de que deseja aquilo que é moralmente exigido. Caso do rim: • Se o pai escolhesse doar por afeição, compaixão ou preocupação com a filha, na realidade seu ato não possuiria valor moral, pois não seria baseado no reconhecimento de uma obrigação generalizável. • O médico também não deveria mentir. Imperativo categórico O imperativo categórico nos diz o que deve ser feito, independentemente dos nossos desejos, ou seja, praticar a ação correta (universal para todos os casos). Nesse sentido, entende-se: Observações: • Para Kant, o princípio da autonomia é o único princípio da moralidade. A dignidade de uma pessoa provém de ser moralmente autônoma. • Deve-se cumprir promessas. • Suicídio não é justificável. CRÍTICA: O kantiano sempre se depara com dilemas relacionados a obrigações conflitantes. Ética Do Caráter – Teoria baseada na Virtude Enfatiza os agentes que executam as ações e fazem as escolhas. Virtude → é um traço de caráter socialmente valorizado. Virtude moral → é um traço moralmente valorizado. Obs.: Não se pode reduzir o conceito de virtude àquilo que é aprovado pela sociedade. Ex: piratas e bandidos (aprovado, mas não virtuoso) Virtude moral → é a disposição para agir ou o hábito de agir de acordo com princípios, obrigações ou ideais morais. Para entender: Ex: Uma pessoa cumpre uma obrigação porque é uma obrigação, mas é extremamente contra a ficar numa posição na qual os interesses dos outros são priorizados. Ela pode até realizar uma ação moralmente correta e tem uma disposição para realizar essa ação. Tudo que ela precisa é uma disposição para seguir as regras e para cumprir as obrigações. 1- Toda ação moral deve ser em si universalizável. 2- Não se pode utilizar alguém como meio para um fim. Porém, se o motivo é impróprio, um elemento moral vital está faltando e se a pessoa carece dessa motivação necessária, o caráter virtuoso está ausente. O pode ser certo e o agente, sem censura, as nem a pessoa nem o ato são virtuosos. O Agente Virtuoso: É preciso que haja uma ação correta + uma motivação própria para ser virtuoso. Caso do rim: não basta doar o rim, mas querer doá-lo. Considerações: • O agente deve ter ciência de que está realizando ações virtuosas; ele deve decidir por elas em razão delas mesmas; ele deve também executá-las com base numa disposição firme e imutável, incluindo as disposições certas das emoções e dos desejos. • Pessoa moralmente virtuosa → pessoa que possui a disposição de caráter para ter os motivos e os desejos certos → modelo básico de pessoa moral. • Se uma pessoa virtuosa comete um erro num julgamento, realizando assim um ato moralmente errado, ela seria menos censurável do que um ofensor habitual que cometesse o mesmo ato. • O julgamento sobre o mérito ou demérito está ligado aos motivos da pessoa, e não simplesmente a suas ações. • As virtudes requerem princípios e regras para regulá-las e suplementá-las. • Todas as virtudes morais têm um princípio moral de obrigação correspondente. CRÍTICAS: - Pessoas de bom caráter que agem de forma virtuosa podem executar más ações, pois elas podem ter informações incorretas sobre consequências prováveis, fazer julgamentos incorretos ou falhar em perceber o que deve ser feito. - Em alguns casos, algumas formas de lealdade, confiabilidade e compromisso com as outras pessoas podem ser mais importantes para uma vida moral adequada ou plena do que a obediência a princípios ou regras. Individualismo Liberal- A Teoria Baseada Nos Direitos As declarações de direitos proporcionam proteções vitais da vida, da liberdade, da expressão e da propriedade. Elas protegem contra a opressão, o tratamento desigual, a intolerância, a invasão arbitrária da privacidade. Para muitos, a linguagem dos direitos fornece a terminologia básica para a expressão da visão moral. Deve-se focar nos direitos de todos os envolvidos. Caso do rim: • Pai tem direito de autonomia, de privacidade e de confidencialidade; • Filha: direito a saúde, direito à informação. • Médico: direito a consciência. Observações: • Numa sociedade democrática se deve criar um espaço no interior do qual o indivíduo esteja protegido e lhe seja permitido seguir projetos pessoais. • Esse modelo desafiou o utilitarismo dominante e os modelos kantianos. • Embates: Direto à assistência de saúde X Direito da profissão médica • Direitos são requerimentos justificados que indivíduos e grupos podem fazer em relação a outros ou à sociedade. • Ter um direito é estar em posição de determinar, por suas escolhas, o que os outros devem ou precisamfazer. • Se uma pessoa possui um direito, os outros estão impedidos, de forma válida, de interferir no exercício desse direito. • Requerer é entendido como uma atividade governada por regras (legais, morais, institucionais...). Um detentor de direitos não precisa reivindicar esses direitos para que possa tê-los. • Alguns direitos podem ser absolutos (ex: escolher a crença religiosa) e outros não (maioria). Como os princípios de obrigação, os direitos estabelecem normas prima facie. • Nem mesmo o direito à vida é absoluto → juízos morais comuns sobre matar na guerra ou em autodefesa. (o certo seria direito de não ter a vida levada sem justificação) Direito positivo → Alguém tem o dever de dar a você. Direito negativo→ Direito de que não interfiram nas suas decisões. Comunitarismo- A Teoria Baseada Na Comunidade Vê tudo que é fundamental na ética como derivado de valores comunitários – bem comum, as metas sociais, as práticas tradicionais e as virtudes cooperativas. As convenções, as tradições e a solidariedade social desempenham papel muito importante. Caso do rim: • Pai seria visto como não tão comprometido com o bem da família (pequena comunidade). • Médico teria que seguir as tradições e pensar no bem coletivo. • Obs.: Do ponto de vista comunitarista, pai incorpora os vícios do individualismo liberal em vez das virtudes cooperativas. Os comunitaristas propõem que abramos mão dos princípios, da política e da linguagem dos direitos em favor dos princípios, da política e da linguagem do bem comum e da forma de vida comunitária. Ética Do Cuidar- Concepções Baseadas Nos Relacionamentos Ênfase em traços valorizados em relações pessoais íntimas, como a simpatia, compaixão, fidelidade, discernimento e amor. É necessário valorizar os relacionamentos que envolvem cuidado, responsabilidade, confiança, fidelidade e sensibilidade. Considerações: • Do ponto de vista dessa teoria, a confiabilidade do médico e a qualidade do seu cuidado e da sua sensibilidade diante do pedido incomum do pai por uma fraude são elementos morais essenciais. • Homens tendem a adotar uma ética dos direitos e da justiça, enquanto mulheres tendem a adotar uma ética do cuidar centrada na responsabilidade e numa rede interligada de necessidades, cuidado e prevenção de danos. • Cada situação pede um conjunto de reações que excede aquilo que é capturado pela generalização (comportamento definido pelo contexto – tem que ponderar). • Muitos relacionamentos humanos envolvem pessoas vulneráveis, doentes e fragilizadas, e que a reação emocional desejada é a preocupação atenciosa com as necessidades, e não o respeito distante pelos direitos. • A pessoa que age em função de obrigações governadas por regras sem sentimentos correspondentes apropriados parece ter deficiência moral. • Além de expressar seus sentimentos, o agente precisa levar em consideração as emoções dos envolvidos em determinada situação. • Perceber a necessidade do outro e como o outro a vê a situação (empatia) → compreender. • Análise pessoal das situações. 2 pontos importantes para essa teoria: A interdependência mútua e a reação emocional. Casuística- Raciocínio Baseado Nos Casos Decisões práticas dos casos particulares. Os casuístas são céticos em relação às regras, aos direitos e às teorias enquanto apartados da história, dos precedentes e das circunstâncias. Afirmam que os julgamentos morais apropriados têm lugar por meio de uma compreensão íntima das situações particulares do registro de casos similares. Tentaria identificar os precedentes relevantes e as experiencias prévias com outros casos, procurando determinar a similaridade e as diferenças desse caso em relação aos outros. Considerações: • Agir à luz de algum consenso social forte encontrado em casos precedentes na medicina e na lei. • Caso do rim: em alguns casos os médicos têm o direito, e às vezes a obrigação, de quebrar a confidencialidade a fim de prevenir danos a outros. • Experiência e tradição; analogia. • As regras e os princípios não têm de ser excluídos do pensamento moral, mas o casuísta insiste em que os julgamentos morais podem ser feitos, e com frequência são feitos, quando não é possível recorrer a princípios. • Como as leis baseadas em precedentes (regras legais) se desenvolvem progressivamente a partir de decisões legais sobre casos, também a lei moral (regras morais) se desenvolve progressivamente. • O trabalho do casuísta é determinar qual máxima deve reger o caso e até que ponto. • Obs.: Talvez os casos evoluam de forma errada por terem sido tratados de forma errada desde o início (tendencioso ou negligência de aspectos relevantes). • Raciocínio analógico, casos pragmáticos e julgamento prático. Principialismo- Teoria baseada em Princípios e na Moralidade Comum Ênfase no princípio da obrigação. As teorias baseadas na moralidade comum são pluralistas, baseando-se em mais de um princípio. 2 ou mais não absolutos formam o nível geral da estrutura normativa. • Sempre ponderar os princípios. • Os princípios prima facie são os que, à primeira vista, devem ser seguidos (mas nem sempre são cumpridos, dependendo da situação) Obs: Nem sempre os 4 princípios estarão envolvidos Caso do rim: • Quando o pai se recusa a doar, os princípios de respeito pela autonomia e as regras correlacionadas de privacidade e liberdade exigem que não se passe por cima de sua escolha contra a sua vontade. Esses princípios não são absolutos, mas nessas circunstâncias tem força suficiente para impedir uma intervenção forçada ou coercitiva para se tentar salvar a filha. Mas o médico tem o direito e a responsabilidade de tentar persuadir o pai. OS 4 PRINCÍPIOS DA BIOÉTICA: 1. Princípio da não maleficência 2. Princípio da beneficência 3. Princípio da justiça 4. Princípio da autonomia.
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