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Beatriz G. Luciano → Med 52 Uncisal Comunicação Interventricular (CIV) A Comunicação Interventricular é uma cardiopatia congênita acioanogênica de hiperfluxo pulmonar que se caracteriza por uma abertura (orifício) no septo interventricular, permitindo a passagem de uma câmara a outra (shunt), o que não deveria existir. EPIDEMIOLOGIA: A CIV é a cardiopatia congênita mais comum e corresponde a 30-35% de todos os casos. Pode ser uma alteração isolada ou pode estar associada a outras anomalias. MORFOLOGIA: As CIVs podem ser de três tipos, de acordo com sua localização. Pseudomembranosa: (mais comum – 70% dos casos) localizada na porção posteroinferior do septo interventricular, anterior à válvula tricúspide. Representada na imagem pela cor amarela. Subarterial: parte da sua borda está em continuidade com o tecido fibroso das valvas arteriais. Representada na figura pela cor azul. Muscular: localiza-se na porção média ou apical do septo muscular, podendo ser um defeito único ou múltiplo (tipo “queijo suíço). Representada na imagem pela cor vermelha. FISIOPATOLOGIA: Devido à presença do orifício e à diferença de pressão entre as câmaras ventriculares, há o estabelecimento de um shunt da esquerda para direita, o que faz com o ventrículo direito bombeie um volume aumentado de sangue para os pulmões, o que a encaixa como uma cardiopatia congênita de hiperfluxo pulmonar. Além disso, esse grande volume de sangue que foi até os pulmões volta ao coração, por meio das veias pulmonares, até as câmaras esquerdas do coração que, como consequência, aumentam de tamanho. CLÍNICA: As manifestações clínicas da CIV são determinadas pela relação entre o fluxo pulmonar (Qp) e o fluxo sistêmico (Qs). Em indivíduos normais, a relação Qp/Qs é de 1; já na presença de shunt da esquerda para direita, a relação será >1, devido ao hiperfluxo pulmonar. Essa relação determinará as manifestações clínicas e permite a classificação da CIV: CIV pequena: 1 <Qp/Qs <1,5. O paciente é assintomático, com bom desenvolvimento ponderopostural. O diagnóstico é feito a partir de alteração ao exame físico: ausculta-se o sopro holossistólico no bordo esternal esquerdo inferior (3-5º EICE). CIV moderada/grande: na CIV moderada (1,5<Qp/Qs>2) e grave (Qp/Qs>2) há hiperfluxo pulmonar mais marcante, com o aumento de sobrecarga de câmaras esquerdas. Há também sintomas de insuficiência cardíaca, dispneia, baixo ganho ponderal, infecções pulmonares de repetição. Na ausculta, o componente pulmonar da segunda bulha é hipofonético, por hipertensão pulmonar. Também se ausculta sopro holossistólico, mas este é menos rude do que na CIV pequena. AVALIAÇÃO COMPLEMENTAR: Radiografia de tórax: - Aumento da trama vascular pulmonar; - Cardiomegalia, com aumento de câmaras esquerdas (vê-se o ápice do coração mais mergulhado no diafragma). - Abaulamento do arco pulmonar. Beatriz G. Luciano → Med 52 Uncisal Eletrocardiograma: - Sobrecarga ventricular esquerda (aumento da amplitude do QRS em derivações precordiais). Ecocardiograma: É o exame diagnóstico. Demonstra o defeito, classifica o tipo e tamanho, avalia as lesões associadas e as repercussões: aumento das câmaras cardíacas, dilatação da artéria pulmonar, sinais de hipertensão pulmonar, estima a pressão pulmonar e a relação fluxo pulmonar/fluxo sistêmico ( Qp/Qs). TRATAMENTO: Os defeitos menores sofrem fechamento espontâneo nos dois primeiros anos de vida (CIV muscular fecha com mais frequência). Os defeitos moderados/amplos não costumam ter fechamento espontâneo. Dessa forma, o manejo clínico desses pacientes tem o objetivo de controlar as manifestações de insuficiência cardíaca e evitar o desenvolvimento de doença vascular pulmonar. As indicações de intervenção cirúrgica incluem: - Defeitos amplos que não são passíveis de controle clínico; - Crianças ente 6 e 12 meses com defeitos amplos associados a hipertensão pulmonar; - Crianças maiores do que 24 meses com relação Qp/Qs>2. - Infecção pulmonar de repetição; - Se houver insuficiência aórtica associada, independentemente do tamanho da CIV.
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