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NITRATOS ORGÂNICOS

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MARIANA AFONSO COSTA 
FARMACOLOGIA E SINALIZADORES CELULARES – AULA 06 
Nitratos Orgânicos 
ANGINAS 
 Anginas são dores resultantes da diminuição da 
oferta de O2 (chega menos sangue oxigenado no 
miocárdio) e/ou do aumento do consumo de O2 pelo 
miocárdio (aumento do débito cardíaco/ esforço 
cardíaco). 
 Tipos de anginas: 
 – manifesta-se apenas em situações 
de esforço, fora do repouso. Ex.: aterosclerose 
(placa de ateroma). 
 – manifesta-se em qualquer 
momento (soltura de placas de ateroma, por 
exemplo). 
 – resultante de 
vasoespasmos (contrações involuntárias e 
arrítmicas) da musculatura dos vasos coronarianos. 
Ex.: momentos de estresse. 
Para tratar os momentos críticos de angina 
utiliza-se os nitratos orgânicos. O termo “nitrato” se 
refere aos ésteres que possuem ácido nítrico. 
 Ésteres de ácido nítrico (– C – O – NO2): possuem 
baixo peso molecular são oleosos. Ex.: trinitrato de 
glicerina (nitroglicerina). 
 Ésteres de ácido nitroso (– C – O – NO): possuem 
alto peso molecular e é um líquido volátil. Ex.: 
tetranitrato de eritrila; dinitrato de isossorbida; 
mononitrato de isossorbida. 
Esses medicamentos foram descobertos no 
século 19 por donos de minas que perceberam que seus 
trabalhadores reclamavam de muita dor de cabeça nas 
minas, e com o tempo, foram associando a presença da 
nitro glicerina com a cefaleia. Assim, um homem 
chamado Nobel investiu e financiou pesquisas com a 
nitroglicerina e descobriu seu efeito vaso dilatador. Em 
homenagem a ele, surgiu o prêmio Nobel. 
NITRATOS ORGÂNICOS 
MECANISMO DE AÇÃO 
 Os nitratos atuam sobre a musculatura lisa dos 
vasos sanguíneos. 
Os nitratos entram na célula, onde são 
convertidos em óxido nítrico pela ON sintase, que 
promove a produção de GMPc por ativar a guanilil 
ciclase (GC). A GC ativa enzimas fosfatases responsáveis 
por retirar o fosfato da cadeia leve da miosina – inserido 
pela quinase ativada por Ca2+ - calmodulina – e inibem a 
abertura de canais de Ca2+ sensíveis a voltagem na 
membrana plasmática, o que diminui os níveis deste 
cátion no citoplasma promovendo a vasodilatação. 
 O AMPc ativa a enzima chamada proteína 
quinase A, que adiciona um fosfato em alguém. Já o 
GMPc ativa a enzima proteína quinase G adicionando 
fosfato em alguém provocando sua ativação ou inibição. 
AÇÕES FARMACOLÓGICAS 
BAIXAS CONCENTRAÇÕES 
 Esses nitratos podem ser em concentrações 
mais baixas ou mais altas. Em ele 
atua preferencialmente nas veias provocando a 
. 
 Quando se tem o uso do nitrato em baixas 
concentrações, ele causa a venodilatação aumentando o 
calibre dos vasos que chegam ao coração, e, por 
consequência, há a diminuição do retorno venoso 
(sangue que vai da periferia para o coração), já que, a 
pressão está baixa e o coração bombeia pouco sangue, o 
aumento da área diminui a pré-carga. Daí, o ventrículo 
que faz um esforço grande tem seu volume, pressão 
intraventricular e diastólica e o consumo de oxigênio 
pelo miocárdio diminuídos, o que acarreta a diminuição 
do esforço cardíaco. 
HEMODINÂMICA CARDÍACA 
 do retorno venoso ( ) -> 
redução do volume ventricular esquerdo -> redução da 
pressão ventricular esquerda -> redução da pressão 
diastólica final -> do 
miocárdio -> redução do esforço cardíaco. 
 : Por ocorrer em todo o corpo e 
não só na veia cava, pode acarretar, como efeito 
adverso: 
 Avermelhamento da face e do pescoço; 
 cefaleia – resultante das vasodilatações. 
ALTAS CONCENTRAÇÕES 
 Em altas concentrações, os nitratos também 
causam a dilatação das artérias, principalmente as 
coronárias, e não só das veias. Assim, quando se tem 
uma dilatação das artérias coronárias, a pós-carga é 
reduzida, pois com a dilatação da aorta, o esforço 
cardíaco para ejetar esse sangue diminui e também o 
consumo do oxigênio. 
 Simultaneamente a dilatação das artérias 
sistêmicas periféricas, tem-se a dilatação das coronárias, 
que como consequência, aumenta a oferta imediata de 
O2 para o musculo cardíaco, ajudando a passar a crise de 
angina. 
HEMODINÂMICA CARDÍACA 
 Redução da -> diminuição da pressão 
arterial sistólica e diastólica -> redução d débito cardíaco 
-> . 
 Em pacientes não diabéticos o reflexo 
barorreceptor corrige esta redução do débito cardíaco, 
mas, nos diabéticos, isso não ocorre – reflexo 
barorreceptor x diabéticos (hiperglicêmicos) resulta em 
hipotensão. 
 : como ocorre em todo o corpo, 
pode causar: 
 Hipertensão ortostática – reduz muito pré e pós-
carga diminuindo a pressão (mais comum em 
idosos); 
 
FÁRMACOS 
 A concentração dos fármacos ao longo do 
tempo varia de acordo com a via de administração. Ex.: 
Via oral a concentração é mantida por mais tempo, via 
sublingual é absorvido e eliminado mais rapidamente. 
 Mononitrato de isossorbida (via oral ou intravenosa); 
 Dinitrato de isossorbida (via oral ou sublingual); 
 Trinitrato de glicerina – nitroglicerina (via 
intravenosa, transdérmica ou sublingual); 
 NO (oxido nítrico) inalado (via intravenosa em 
neonatos). 
Esse fármacos são dose-dependentes, ou seja, 
quanto maior a dose, maior os efeitos adversos. Além 
disso, eles podem causar tolerância (se tomar toda hora 
o organismo se ajusta a presença constante do 
medicamento sendo necessário o aumento da dose para 
se obter o efeito benéfico), assim é recomendado que 
seu uso seja em condições momentâneas. Ex.: angina 
estável, em alguma atividade física que o paciente sente 
a dor, ele tomaria antes de realizar a atividade. 
Essa tolerância causada pelos nitratos estão 
relacionados a inibição da enzima aldeído desidrogenase 
mitocondrial. 
EFEITOS ADVERSOS 
 Hipotensão arterial (postural) -> hipertensão 
ortostática (v. sl.)*; 
 Cefaleia; 
 Taquicardia reflexa. 
*Recomenda-se que o paciente faça o uso do 
medicamento sentado. A hipotensão pode ser 
potencializada por interação medicamentosa com o 
sildenafil. 
O nitrato aumenta a produção de GMPc, que 
ativa fosfatase promovendo o relaxamento da 
musculatura lisa (+ GMPc, + relaxado o músculo e menor 
a pressão). Fisiologicamente o GMPc é convertido em 
GMPc de novo através da enzima fosfodiesterase. O 
sildenafil atua inibindo a fosfodiesterase impedindo a 
transformação do GMPc em GMP, assim, a presença do 
GMPc por mais tempo mantem a vasodilatação, por isso 
age como medicamento que promove a ereção 
(vasodilatação peniana e sistêmica). 
USOS TERAPÊUTICOS 
 Os nitratos são usados em casos de: 
 Insuficiência coronariana – anginas (dores 
resultantes da diminuição da oferta de O2 e/ou do 
aumento do consumo de O2 pelo miocárdio). 
 Insuficiência cardíaca congestiva (ICC) – há o 
aumento do esforço cardíaco e, portanto, do 
consumo de O2 pelo miocárdio. 
CASO CLÍNICO 
Um homem de 62 anos de idade está sendo 
tratado na unidade de terapia intensiva (UTI), após IAM 
extenso de parede anterior. 
Ele foi adequadamente tratado com oxigênio, 
ácido acetilsalicílico (AAS), nitratos e bloqueadores dos 
receptores beta-adrenérgicos, mas desenvolveu 
episódios recorrentes de taquicardia ventricular. 
Durante esses episódios, ele permanece consciente, mas 
sente tonturas e fica diaforético e hipotenso. 
Relacione o uso do nitrato com o infarto. 
 Como no infarto o funcionamento do coração 
esta prejudicado e não bombeia normalmente, o nitrato 
além de controlar uma angina por diminuir o esforço 
cardíaco ele provoca uma vasodilatação para possibilitar 
uma maior chegada de sangue oxigenado no miocárdio 
A importância de se tratar esse infarto com um 
nitrato é que ele vai causar a vasodilatação das 
coronárias. O infarto é uma emergência. 
Na situação do paciente, seria ideal o uso do 
dinitrato de isossorbida 5mg via sublingual por se tratar 
de uma emergência (sublingual possui uma absorção 
rápida). 
*Urgência e emergência: Urgência – importante; 
Emergência – morte eminente.

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