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Farmacodinâmica: Estudo dos Efeitos dos Fármacos

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Farmacodinâmica 
 
Consiste no estudo dos efeitos que o 
fármaco gera no organismo, ou seja, estuda os 
modos com que os fármacos interagem com seus 
sítios ativos. 
MECANISMOS DE AÇÃO __________________ 
Pode-se dividir os mecanismos de ação 
dos fármacos em dois grandes tipos: 
- Específico​: em que o fármaco exerce seus 
efeitos, desejados ou indesejados, 
interagindo com macromoléculas 
(receptores) presentes na superfície ou no 
interior da célula. 
- Inespecífico: em que o fármaco exerce 
função sobre moléculas muito pequenas ou 
até mesmo íons (ex: antiácidos→ 
neutralizam quimicamente o excesso de 
ácido gástrico). 
Obs: A maioria dos fármacos interage com 
receptores, formando o ​complexo 
fármaco-receptor​, que inicia o processo de 
alterações bioquímicas ou moleculares na célula, 
conhecido como ​transdução de sinal​. 
 
TRANSDUÇÃO DE SINAL ___________________ 
Os fármacos atuam como sinais, enquanto 
os receptores atuam como detectores de sinais, ou 
seja, os receptores traduzem o reconhecimento do 
agonista* ligado e iniciam uma série de reações 
que resultam numa resposta intracelular específica. 
*”​Agonista​” ​→ refere-se a uma molécula pequena 
que pode ser de ocorrência natural ou um fármaco 
que se liga a um receptor ativando-o. 
RECEPTORES: 
 
Complexo fármaco-receptor: 
- As células possuem ​vários tipos de 
receptores ​diferentes, cada qual específico 
para um agonista particular, produzindo uma 
resposta única; 
- A ​intensidade de resposta é proporcional ao 
número de complexos fármaco-receptor; 
- Há a ​especificidade do receptor​, tanto que a 
maioria dos receptores é denominada pelo tipo 
de agonista com que melhor interage. 
Estados dos receptores: 
- Há dois estados em que um receptor pode 
estar: ​ativo (R*) e inativo (R)​; 
- Os dois estados ficam em ​estado de 
equilíbrio entre si​, a menos que a ligação de 
um agonista desloque o equilíbrio para o lado 
do receptor ativo, produzindo um efeito 
biológico. 
- A ​intensidade do efeito biológico é 
diretamente relacionada a fração de R* 
Famílias de receptores: 
- Canais iônicos transmembrana disparados 
por ligantes: também chamado de receptor 
ionotrópico, consiste num conjunto de 
proteínas oligoméricas dispostas ao redor de 
um canal iônico, que, quando ocorre a ligação 
de um ligante, há abertura do canal em 
questão de​ milissegundos​. 
- Receptores transmembrana acoplados à 
proteína G: são conhecidos como 
metabotrópicos. Neste receptor, o domínio 
extracelular contém a área de fixação do 
ligante e o intracelular, quando ativado, 
interage com a proteína G, que, por sua vez, 
interage com outros efetores celulares ou 
produz segundos mensageiros, causando um 
efeito cascata. Essas respostas duram de 
vários ​segundos a minutos​. 
- Receptores ligados a enzimas: consistem 
em receptores que, quando ativados, sofrem 
alterações conformacionais, gerando o 
aumento da atividade enzimática no citosol, 
produzindo um efeito biológico em cascata que 
pode durar de ​minutos a horas​. 
- Receptores intracelulares: para interagir com 
esse tipo de receptor, o ligante precisa 
difundir-se para dentro da célula. O alvo 
primário desses complexos ligante-receptor é 
o núcleo da célula, ou melhor, os fatores de 
transcrição que regulam a expressão gênica. 
Esse tipo de resposta pode durar de ​horas a 
dias​. 
Obs: ​Ligantes hidrofílicos interagem com 
receptores situados na superfície da célula, 
enquanto ligantes hidrofóbicos​, com 
receptores intracelulares. 
 
 
 
 
Farmacologia - Uncisal - MED 52 → Beatriz Gonçalves Luciano 
Características da transdução de sinais: 
- Amplificação de sinais: é uma característica 
dos receptores ligados à proteína G, em que 
um único complexo agonista-receptor pode 
interagir com várias proteínas G, multiplicando, 
assim, várias vezes o sinal original. 
Obs: Devido ao efeito de amplificação de sinais 
pela proteína G, há situações em que não é 
necessária a ocupação de todos os receptores 
existentes para a promoção de uma resposta 
máxima. Dessa forma, os receptores que não 
são utilizados são chamados de ​receptores de 
reserva​. 
- Dessensibilização dos receptores: a 
administração repetida de um agonista (ou 
antagonista) pode causar alterações na 
responsividade do receptor. 
Obs: Um receptor exposto a administrações 
repetidas de um agonista, pode se tornar 
dessensibilizado​, enquanto uma exposição 
repetida a um antagonista pode torná-lo 
hipersensibilizado, fazendo com que receptores 
de reserva sejam inseridos na membrana, 
aumentando o total de receptores disponíveis. 
RELAÇÕES DOSE-RESPOSTA _____________ 
A intensidade do efeito de um fármaco 
depende da sua concentração no local receptor, 
que é determinada pela dose administrada e pelas 
características farmacocinéticas do fármaco. 
Curva dose-resposta: 
- Quanto maior a concentração do fármaco, 
maior seu efeito farmacológico; 
- Esse efeito vai aumentando, até que todos os 
receptores estejam ocupados (efeito máximo); 
- Isso forma a curva dose-resposta, que se 
desenha como uma ​hipérbole retangular​; 
- Essa curva pode determinar duas 
propriedades importantes dos fármacos - 
potência e eficácia. 
➔ Potência: 
É ​a medida da quantidade de fármaco 
necessário para produzir um efeito de determinada 
intensidade​. Geralmente, usa-se como base para 
determinar a potência, a concentração de fármaco 
que produz 50% do efeito máximo (CE​50​). Neste 
caso, quanto menor a CE​50​ , maior a potência. 
 
➔ Eficácia: 
É o tamanho da resposta que um fármaco 
causa quando interage com um receptor​. A eficácia 
máxima, portanto, é quando todos os receptores 
estão ocupados pelo fármaco, e não se obterá 
aumento da resposta com maior concentração do 
fármaco. 
Obs: A eficácia é uma característica clinicamente 
mais útil do que a potência, pois um fármaco 
mais eficaz é mais benéfico do que um mais 
potente 
CLASSIFICAÇÃO DOS FÁRMACOS __________ 
 
AGONISTAS 
➔ Agonistas totais: ao se ligarem a um 
receptor, conseguem ter a mesma eficácia 
máxima que um ligante endógeno. 
➔ Agonistas parciais: não conseguem produzir 
a mesma eficácia máxima de um ligante 
endógeno. 
➔ Agonistas inversos: estabilizam a forma 
inativa do receptor (R), em detrimento da 
forma ativa (R*), agindo de maneira oposta 
aos agonistas. 
ANTAGONISTAS 
➔ Antagonistas competitivos: impedem que o 
agonista ligue-se ao seu receptor, mantendo 
este inativo (R). Deslocam, portanto a curva 
dose-resposta para a direita, aumentando a 
CE​50​, sem alterar a eficácia máxima. 
➔ Antagonistas irreversíveis: ligam-se de 
forma covalente ao receptor, diminuindo a 
quantidade de receptores disponíveis e, 
consequentemente, a eficácia máxima, mas 
sem alterar a CE​50​. 
➔ Antagonistas alostéricos: são aqueles que 
se fixam a um local diferente do local de 
fixação do agonista, mudando a conformação 
do receptor, resultando na diminuição da 
eficácia máxima sem alterar a CE​50​. 
➔ Antagonistas funcionais: são os que se 
ligam a um local que não seja o receptor e 
promovem eventos que são funcionalmente 
opostos aos do agonista. Esse processo é 
chamado de antagonismo fisiológico. 
Farmacologia - Uncisal - MED 52 → Beatriz Gonçalves Luciano

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