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Direito Hebreu • O Antigo testamento/Torá é a fonte do direito hebreu. • A religião é a principal característica desta sociedade. • Eram monoteístas. • No direito hebreu não se fala em crime e sim, em pecado. • Deuteronômio é a evolução do direito hebreu. SOCIEDADE A sociedade se dividia em tribos de acordo com os números de filhos de Jacó (12). Estas tribos se subdividiam em famílias e toda a organização política e social giravam em torno deste status quo. Das dozes tribos, onze cuidavam da agricultura e do pastoreio, a décima segunda não tinha terras. Era a tribo dos levitas que tinha função sacerdotais (ou melhor dizendo, de auxiliares dos sacerdotes que descendiam de Aarão). ESCRAVOS Podiam ser distintos entre os escravos estrangeiros (provavelmente tomados como escravos pelo não- pagamento de dívidas) e estrangeiros. Alguns autores hesitam em chamá-los de escravos, pois, embora tenham as principais características, eram cercados de muitas considerações e direitos. Era proibida a compra de escravos israelitas por israelitas. A lei indicava que a escravidão não poderia ser eterna. A indicação de que o escravo deveria receber algo ao deixar a casa do senhor é uma ajuda para o recém ex-escravo era uma forma de possibilitar que a lei seja de fato cumprida. O escravo tinha como opção se deixar escravizar pelo resto da vida. ESTRANGEIROS Não gozavam do mesmo direito dos hebreus. Dois tipos de estrangeiros eram distintos: os que tinham alguma ligação com a tribo de Israel e, portanto, desfrutavam de alguns direitos. E os que não tinham quaisquer ligações não tendo direito algum. ECONOMIA Por séculos, as atividades agropastoris foram o cerne da economia desta sociedade, a indústria também conheceu um certo desenvolvimento, principalmente aquele que usava o cobre como matéria-prima. O comércio atingiu seu auge no período de Davi e Salomão e sempre foi presente na vida deste povo, visto que a região que habitavam é uma verdadeira encruzilhada nas rotas da Mesopotâmia, Egito, Mar Vermelho e do deserto. LEI MOSAICA A base moral pode ser encontrada nos Dez Mandamentos (decálogo), que teriam sido escritos pessoalmente por Deus no Monte Sinai, como forma de aliança entre ele e o povo escolhido. A Torá, também chamada de pentateuco, é formada pelos cinco primeiros livros da Bíblia: Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio. No último livro há uma reunião maior de leis, repetindo alguns preceitos vistos nos outros livros. Mesmo porque esta é a intenção do Deuteronômio, que significa segunda lei. FORMAÇÃO DO DIREITO HEBRAICO A lei oral atuava ao lado da escrita, isto é, Mosaica. Esta continuou a ser considerada, séculos afora, a lei suprema. Prevalecia sempre em qualquer conflito que se verificasse entre as duas. A primeira codificação do direito oral foi chamada de Michná (repetição) e foi feito pelo último dos Tanaim em 192 d.C. Esta codificação se divide em seis partes, nas quais a primeira, terceira e a quarta constituem, o corpo de Direito Civil. A primeira trata de leis rurais e propriedade imobiliária, a terceira ocupa-se do direito matrimonial e do divórcio, a quarta trata de obrigações civis, usura, danos à propriedade, sucessão, organização dos tribunais, processos etc. Entretanto, com a elaboração do Talmud, não se encerrou a história do direito judaico, ela continuou durante todos os séculos subsequentes, apesar de os judeus estarem dispersos pelo mundo. Hoje, após o estabelecimento do Estado de Israel, o Parlamento Israelita, chamado Knesset, é o poder legislativo na concepção moderna do termo. JUSTIÇA A Legislação Hebraica é bastante rigorosa na questão de justiça, prevendo a obrigatoriedade da imparcialidade no julgamento. Para a operacionalização da justiça, fica estabelecido que cada cidade terá, obrigatoriamente, que contar com juízes e que estes não poderão corromper-se. A Legislação Mosaica explica esta aversão ao suborno mostrando a lógica incompatibilidade entre o que é justo e a corrupção. PROCESSO A questão de justiça, ou melhor, de não cometer injustiças, é muito cara aos Hebreus. Ter o sangue de um justo nas mãos é um pecado gravíssimo para eles. Este povo se difere um pouco dos outros, já que, não admite julgamento sem investigação ou julgamento por forças naturais ou deuses. PENA DE TALIÃO É a Bíblia que primeiro descreve o princípio da Pena de Talião, embora o uso fosse mais antigo (encontrado no Código de Hamurabi). Entretanto, esse princípio era utilizado de maneira mais amena que entre outros povos porque outros princípios limitavam sua aplicação. INDIVIDUALIDADE DAS PENAS Este princípio que individualiza as penas minimiza a ação do princípio da Pena de Talião entre os Hebreus, fazendo com que a aplicação da Pena de Talião em Hamurabi (o filho do construtor morre por causa da casa que o pai fez, e que ao cair matou o filho do dono da casa) não seja possível. Depois dos Hebreus (e um pouco os romanos), praticamente só no século XVIII d.C encontramos a aplicação deste princípio. LAPIDAÇÃO Lapidação é o nome que se dá a pena mais comum do Antigo Testamento. É a morte por apedrejamento. Para os israelitas morreriam desta forma os idólatras, os feiticeiros, os filhos rebeldes e as adúlteras. CIDADES DE REFÚGIO A preocupação desta legislação com a justiça chega ao ponto de prever e obrigar o estabelecimento de cidades refúgio (ou asilo), onde pessoas com problemas poderiam se refugiar para que se fosse feita justiça com calma e não no calor de fortes emoções. HOMICÍDIO INVOLUNTÁRIO E HOMICÍDIO Esta legislação prevê, como de resto todas as outras, o homicídio e na Antiguidade, o princípio da Pena de Talião era utilizado como base na penalização. Entretanto, os Hebreus não permitem a penalização de quem cometeu homicídio sem querer. Não se deve utilizar o termo culposo para um povo que não concebia negligência, imperícia ou imprudência como causas de homicídios ou danos. TESTEMUNHAS A prova testemunhal era primordial na Antiguidade e os Hebreus têm um preceito legal que até hoje pode ser visto, inclusive em nossa legislação: Uma única testemunha não é suficiente contra alguém, em qualquer caso de iniquidade ou pecado que haja cometido. Com tanta importância dada à prova testemunhal, as penas para falso testemunho eram pesadas, sendo que na Legislação Mosaica, a pena para falso testemunho é equivalente à pena que o acusado teria se fosse condenado. (princípio da Pena de Talião). MATRIMÔNIO Direito costumeiro pertencente a família. Não era de direito religioso ou civil, mas era um assunto puramente particular entre duas famílias. ADULTÉRIO Embora nesta sociedade como na de Hamurabi o peso maior do crime de adultério esteja sobre a mulher casada, há um certo puritanismo neste povo que leva o peso do crime também para o homem. DIVÓRCIO Todos os povos da Antiguidade preveem divórcio. Este só começou a ser proibido a partir do cristianismo. Na Legislação Mosaica, somente os homens podem divorciar-se, as mulheres não cabem a iniciativa. Mesmo assim teria que haver algo vergonhoso (o que pode ser interpretado de várias maneiras) na esposa para que o esposo pudesse repudiá-la. CONCUBINATO No deuteronômio o concubinato é considerado como algo normal, somente o Levítico 18 ordenava que as duas, esposa e concubina não fossem irmãs. ESTUPRO O estupro sem pena para a vítima é previsto nesta legislação, embora somente em um caso específico: o da mulher ter sido violentada em um lugar onde poderia ter gritado sem que ninguém a ouvisse. HERANÇA E PRIMOGENITURA O primogênito era beneficiado em detrimento dos outros filhos (homens, já que mulheres tinham direito apenas ao dote). Este benefício era garantidomesmo que o primogênito tivesse como mãe uma das mulheres do pai que este “não gostasse”. DEFLORAÇÃO O caso aplica-se a mulher virgem não comprometida. Se um homem encontra uma jovem virgem que não está prometida, e a agarra e se deita com ela e é pego em flagrante, o homem que se deitou com ela dará ao pai da jovem cinquenta ciclos de prata, e ela ficará sendo sua mulher uma vez que abusou dela. Ele não poderá mandá-la embora durante toda a sua vida. CARIDADE Entre os hebreus a caridade é prevista em lei, mesmo porque trata-se de um povo que se pauta e tem sua identificação enquanto sociedade na questão religiosa. GOVERNO Quem institui o governo é Deus, portanto, o rei não pode sentir-se muito acima dos demais mortais. Os reis de Israel, costumavam, segundo a tradição bíblica, ser escolhidos por Profetas a mando de Deus. FRAUDE COMERCIAL E JUROS A legislação hebraica proíbe a utilização de pesos e medidas diversos, bem como empréstimo a juros entre israelitas. FAUNA E FLORA Há uma preocupação que poderíamos chamar de um tanto preservacionista em algumas leis de deuteronômio.