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CURSO ON-LINE – COMÉRCIO EXTERIOR EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL PROFESSOR: RICARDO VALE www.pontodosconcursos.com.br 1 AULA 02: CONTROLE ADUANEIRO Olá concurseiros, mais uma vez nos encontramos aqui para tratar de um assunto muito interessante para aqueles que um dia pretendem se tornar Auditores Fiscais da Receita Federal do Brasil. Falaremos hoje sobre o controle aduaneiro, basicamente descrito no Regulamento Aduaneiro – Decreto nº 6759/2009. Esse assunto não foi pedido no edital da prova de AFRF no ano de 2005, contudo é importante lembrarmos que nunca se sabe com certeza se ele poderá voltar a ser ou não objeto de cobrança no próximo concurso. O controle aduaneiro, como já explicamos na aula 00, quando abordamos os principais órgãos intervenientes no comércio exterior brasileiro, é de competência da Secretaria da Receita Federal do Brasil. Por isso, caros amigos, prestemos bastante atenção na aula de hoje. O controle aduaneiro está definido no Brasil no Decreto nº 6759/2009 – Novo Regulamento Aduaneiro - e em outras normas específicas. Sobre esse Decreto, é interessante ressaltar que consiste em um ato normativo elaborado pelo Presidente da República, no exercício do seu poder regulamentar, tendo status infra-legal. No entanto, ele se constitui em uma grande compilação de normas tratando do comércio exterior brasileiro, de modo que é um documento essencial para todos aqueles que trabalham com essa matéria no seu dia-a-dia. O escopo do Regulamento Aduaneiro está bem definido no seu artigo 1º, em que ele retrata bem sua finalidade: Art. 1o A administração das atividades aduaneiras, e a fiscalização, o controle e a tributação das operações de comércio exterior serão exercidos em conformidade com o disposto neste Decreto. Como se pode verificar, o âmbito de aplicação do Decreto nº 6759/2009 é bastante amplo, indo desde a administração das atividades aduaneiras até a tributação no comércio exterior. Quando ele fala em controle, não quer referir-se somente ao controle aduaneiro, mas também ao administrativo e cambial. CURSO ON-LINE – COMÉRCIO EXTERIOR EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL PROFESSOR: RICARDO VALE www.pontodosconcursos.com.br 2 Embora o Regulamento Aduaneiro consista, como falamos anteriormente, na principal compilação de normas sobre o comércio exterior brasileiro, se houver conflito entre este e uma lei, deverá prevalecer a lei, tendo em vista o status infra-legal deste, que não se constitui em norma primária propriamente dita. Na elaboração do Regulamento Aduaneiro, podemos observar que foram incorporadas disposições de uma série de leis que tratam sobre alguns aspectos do comércio exterior. Como exemplo, citamos a Lei nº 8032/90, que estabelece isenções do imposto de importação e IPI. As normas desta lei estão reproduzidas no Regulamento Aduaneiro. Por tudo isso, havemos de concordar que o Regulamento Aduaneiro se presta a um importante papel de unificação de normas tratando de comércio exterior no Brasil. Quanto à sua divisão, o Regulamento Aduaneiro está subdivido em 7 (sete) “livros”: Livro I: Jurisdição Aduaneira e do Controle Aduaneiro de veículos Livro II: Dos Impostos de Importação e de Exportação Livro III: Dos Demais Impostos, Taxas e Contribuições de Melhoria Livro IV: Dos Regimes Aduaneiros Especiais e dos aplicados em áreas especiais. Livro V: Do Controle Aduaneiro de Mercadorias Livro VI: Das Infrações e Penalidades Livro VII: Do Crédito Tributário, do Processo Fiscal e do Controle Administrativo específico. O Decreto nº 6759/2009- Novo Regulamento Aduaneiro- possui nada mais nada menos do que 820 artigos! É, é muita coisa mesmo... Por isso, nós separamos somente o que é mais importante para a prova. Nesta aula trataremos de assuntos atinentes ao Livro I e Livro V, que versam mais especificamente do controle aduaneiro. Em aulas futuras falaremos da tributação e dos regimes aduaneiros especiais – Livro II, III e IV. Sobre os outros dois capítulos, não são muito cobrados em prova. Então, vocês podem deixar para estudá-los quando CURSO ON-LINE – COMÉRCIO EXTERIOR EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL PROFESSOR: RICARDO VALE www.pontodosconcursos.com.br 3 estiverem fazendo o Curso de Formação da RFB, combinado? Então vamos logo para nossas questões! QUESTÕES COMENTADAS 1-(AFRF 2002.1) - Despacho aduaneiro de importação é o procedimento fiscal mediante o qual se processa: a) o desembaraço aduaneiro de mercadoria procedente do exterior e entrada no território aduaneiro a título definitivo. b) o desembaraço aduaneiro de mercadoria procedente do exterior, quando esta é destinada ao consumo interno. c) a conferência-documental aduaneira de mercadoria procedente do exterior e que tenha entrado no território aduaneiro a título definitivo ou temporário. d) a conferência-documental aduaneira de mercadoria procedente do exterior e que tenha entrado no território aduaneiro a titulo temporário. e) o desembaraço aduaneiro de mercadoria procedente do exterior, seja ela importada a título definitivo ou temporário. Uma operação de comércio exterior brasileira passa por três tipos de controle: controle administrativo, aduaneiro e cambial. O controle aduaneiro é a fase do procedimento de importação ou exportação em que a Aduana verifica e atesta ou não a regularidade da operação. O objetivo do controle aduaneiro não se resume à arrecadação tributária. Longe disso, o controle aduaneiro tem uma finalidade extrafiscal, em que o bem juridicamente tutelado é a segurança da sociedade ou do Estado. Assim, ele não se presta somente a verificar a entrada e saída de mercadorias do país, mas também a circulação de veículos e pessoas. Ele se presta a verificar a licitude da mercadoria que está entrando no país. Logicamente, quando há a circulação de mercadorias entre as fronteiras de países, há a incidência tributária. No entanto, esta não é o ponto central do controle aduaneiro. Existem certas situações em que há isenção ou CURSO ON-LINE – COMÉRCIO EXTERIOR EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL PROFESSOR: RICARDO VALE www.pontodosconcursos.com.br 4 ainda suspensão de impostos na importação. Mesmo tais operações estão sujeitas ao controle aduaneiro. Quando as mercadorias chegam ao país e são devidamente armazenadas, elas passam a estar disponíveis para que seja procedido o despacho aduaneiro de importação, que inicia com o registro da D.I (Declaração de Importação) no SISCOMEX. O despacho aduaneiro de importação é o procedimento pelo qual a Receita Federal do Brasil irá atestar a regularidade da importação com vistas a que se proceda à entrada da mercadoria no país. No registro da D.I, o importador irá prestar uma série de informações, as quais serão cotejadas pela Receita Federal do Brasil. Podemos entender o despacho aduaneiro como um processo administrativo, compondo-se, portanto, de uma seqüência de atos administrativos, cujo objetivo final é o desembaraço aduaneiro da mercadoria. Art. 542. Despacho de importação é o procedimento mediante o qual é verificada a exatidão dos dados declarados pelo importador em relação à mercadoria importada, aos documentos apresentados e à legislação específica. Art. 543. Toda mercadoria procedente do exterior, importada a título definitivo ou não, sujeita ou não ao pagamento do imposto de importação, deverá ser submetida a despacho de importação, que será realizado com base em declaração apresentada à unidade aduaneira sob cujo controle estiver a mercadoria Parágrafo único. O disposto no caput aplica-se inclusive às mercadorias reimportadas e às referidas nos incisos I a V do art. 70. Conforme nos afirma o art. 543 do Novo Regulamento Aduaneiro, todas as mercadorias procedentes do exterior, sujeitas ou não ao pagamento do imposto de importação, deverão ser submetidas a despacho de importação. O controleaduaneiro ocorre, portanto, por meio desse procedimento administrativo que é o despacho aduaneiro. a)ERRADO. A assertiva está errada porque ela é restritiva ao afirmar que o despacho aduaneiro de mercadoria é procedimento fiscal por meio do qual se processa o despacho aduaneiro de mercadoria que entra no território aduaneiro a título definitivo. Na verdade, o despacho aduaneiro também é realizado em relação a mercadorias que adentram o país sem o caráter de definitividade. CURSO ON-LINE – COMÉRCIO EXTERIOR EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL PROFESSOR: RICARDO VALE www.pontodosconcursos.com.br 5 b)ERRADO. O despacho aduaneiro de mercadorias não se processa somente em relação a mercadorias que serão consumidas no interior do país. Independente se a mercadoria é um bem de consumo ou um bem de capital, esta sofrerá o controle aduaneiro, materializado pelo despacho de importação. c)ERRADO. O despacho aduaneiro é uma seqüência de atos administrativos muito mais complexa do que somente a conferência documental de mercadoria procedente do exterior. d) ERRADO. A assertiva apresenta dois erros. O primeiro deles quando afirma que o despacho aduaneiro consiste simplesmente na conferência documental. O segundo quando afirma que somente as mercadorias que entram a título temporário no país sofrerão esse procedimento fiscal. e) CERTO. Perfeita a assertiva! O despacho aduaneiro de importação é procedimento fiscal que independe de a mercadoria estar entrando a título definitivo ou temporário ou ainda, acrescentando, independe se a mercadoria é objeto de um contrato de compra e venda ou doação. Em todos os casos ele ocorrerá. Gabarito: Letra E 2- (AFRF 2002.1) - Estão dispensadas de despacho aduaneiro de importação: a) mercadorias que tendo sido exportadas em regime de consignação retornem ao País. b) mercadorias que tendo sido exportadas são devolvidas ao País para efeitos de reparo ou restauração. c) mercadorias que tendo sido exportadas são devolvidas ao País por motivo de guerra ou calamidade pública. d) malas diplomáticas, sempre que contenham sinais exteriores visíveis que indiquem seu caráter e que sejam entregues a pessoa formalmente credenciada por Missão Diplomática. CURSO ON-LINE – COMÉRCIO EXTERIOR EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL PROFESSOR: RICARDO VALE www.pontodosconcursos.com.br 6 e) mercadorias que tendo sido exportadas são devolvidas ao País por fatores alheios à vontade do exportador, devidamente comprovados por laudo pericial firmado por autoridade competente. Na questão anterior afirmamos que todas as mercadorias estão sujeitas ao controle aduaneiro, ou seja, todas sofrem o procedimento fiscal de despacho aduaneiro. Entretanto, excetua-se dessa regra a mala diplomática, que está dispensada do controle aduaneiro e, por analogia, a mala consular. Essa exceção origina-se de um acordo internacional e está explicitada no art. 547 do Regulamento Aduaneiro, Decreto nº 6759/2009: Art. 547. Está dispensada de despacho de importação a entrada, no País, de mala diplomática, assim considerada a que contenha tão- somente documentos diplomáticos e objetos destinados a uso oficial § 1o A mala diplomática deverá conter sinais exteriores visíveis que indiquem seu caráter e ser entregue a pessoa formalmente credenciada pela Missão Diplomática. § 2o Aplica-se o disposto neste artigo à mala consular. Gabarito: Letra D. 3-(AFRF-2002.2)- Considerando que o regime especial de drawback em uma de suas modalidades é suspensivo de tributação, identifique nas opções abaixo aquela que corresponde ao despacho aduaneiro a ele aplicável na importação. a) Despacho de admissão ao regime (DA). b) Despacho de trânsito aduaneiro conjugado com despacho de admissão (DTA/DA). c) Despacho antecipado de importação em drawback (DAI-DRAWBACK). d) Ato concessório do drawback (AC). e) Despacho de importação para consumo. Amigo concurseiro, o despacho aduaneiro de importação apresenta-se em três modalidades diferenciadas: despacho para consumo, despacho para admissão e despacho para internação, conforme estabelecido no art 2º da IN SRF no 680/2006: Art. 2o- O despacho aduaneiro de importação compreende: CURSO ON-LINE – COMÉRCIO EXTERIOR EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL PROFESSOR: RICARDO VALE www.pontodosconcursos.com.br 7 I - despacho para consumo, inclusive da mercadoria: a) ingressada no País com o benefício de drawback; b) destinada à ZFM, à Amazônia Ocidental ou a ALC; c) contida em remessa postal internacional ou expressa ou, ainda, conduzida por viajante, se aplicado o regime de importação comum; e d) admitida em regime aduaneiro especial ou aplicado em áreas especiais, na forma do disposto no inciso II, que venha a ser submetida ao regime comum de importação; e II - despacho para admissão em regime aduaneiro especial ou aplicado em áreas especiais, de mercadoria que ingresse no País nessa condição. . As mercadorias despachadas para consumo são aquelas submetidas ao regime de importação comum ou, de maneira simplificada, importadas a título definitivo. Interessante lembrarmos que as mercadorias submetidas ao regime aduaneiro especial de drawback também são despachadas para consumo. Guarde isso! As bancas examinadoras gostam dessa assertiva! Aliás, era essa a chave da nossa questão: saber que as mercadorias submetidas ao regime de drawback sofrem despacho para consumo. Como se pode verificar, o drawback se apresenta aí como uma grande exceção, já que as mercadorias submetidas a regimes aduaneiros especiais ou aplicados em áreas especiais sofrem o chamado despacho para admissão. Agora observe caro amigo, o que estabelece o art 2º, inciso I, alínea d! O que ele quer dizer é que se uma mercadoria foi submetida a despacho de admissão em um regime aduaneiro especial e depois deixa esse status, entrando no país com o ânimo de definitividade, esta sofrerá o despacho para consumo. Se, por exemplo, uma determinada mercadoria sofreu despacho para admissão no regime de entreposto aduaneiro - ela adentrou o território aduaneiro e permanece em um recinto alfandegado em consignação- e depois esta é adquirida, ela sofrerá um novo despacho aduaneiro, desta vez um despacho para consumo. “Ricardo, mas e o despacho para internação? Onde ele entra nisso tudo?” Boa pergunta! Se em linhas gerais as mercadorias que são importadas a título definitivo estão sujeitas a despacho para consumo e as mercadorias submetidas a regimes aduaneiros especiais e aplicados em áreas especiais estão sujeitas a despacho para admissão, onde entra o despacho para internação? É o CURSO ON-LINE – COMÉRCIO EXTERIOR EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL PROFESSOR: RICARDO VALE www.pontodosconcursos.com.br 8 seguinte: as mercadorias que entram na Zona Franca de Manaus ou Áreas de Livre Comércio gozam de benefícios fiscais na importação. Nesse caso diz-se que a mercadoria está submetida a um regime aduaneiro aplicado em áreas especiais. No momento em que esta entra no país pela ZFM, sofre despacho para admissão. No entanto, quando uma mercadoria sai da ZFM destinada a outro lugar do país esta sofre fiscalização, no que se procede ao despacho para internação. “Ah, entendi, Ricardo! Mas me diga uma coisa: por que quando as mercadorias saem da ZFM ou de Áreas de Livre Comércio elas sofrem o despacho para internação?” Mais uma excelente pergunta! Quando o legislador brasileiro previu que as mercadorias que adentrassem a ZFM ou as Áreas de Livre Comércio obteriam benefícios fiscais na importação, ele o fez com o intuito de desenvolver aquela região, e não para que um industrial de outra região brasileira adquirisse esta mercadoria por intermédio de uma triangulação comercial. Assim, ao dispor sobre a necessidade do despacho para internação, o legislador pátrio visou coibir o famigerado “jeitinho brasileiro”. Gabarito: Letra E.4- (AFRF-2003)- Assinale a opção correta. a) O importador pode verificar as mercadorias recebidas do exterior, previamente ao início da conferência aduaneira, para dirimir dúvidas quanto à sua perfeita identificação, na presença da autoridade aduaneira e do representante do depositário. b) A verificação da mercadoria compreende o exame documental e a conferência física e será realizada por Auditor-Fiscal ou por Técnico da Receita Federal, sob supervisão do AFRF. c) A conferência aduaneira é feita de acordo com a seleção da declaração de importação para os canais verde (desembaraço automático) ou vermelho (verificação pela fiscalização), sendo feito exame de valor no canal cinza. CURSO ON-LINE – COMÉRCIO EXTERIOR EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL PROFESSOR: RICARDO VALE www.pontodosconcursos.com.br 9 d) Havendo indícios de fraude na importação, o despacho será interrompido e a declaração encaminhada ao setor incumbido das consultas e registros no RADAR (Ambiente de Registro e Rastreamento da Atuação dos Intervenientes Aduaneiros). e) A verificação prévia da mercadoria efetuada a pedido do importador, realizada sob acompanhamento da fiscalização aduaneira, não dispensa a verificação física por ocasião do despacho aduaneiro. . A IN SRF no 680/2006 descreve passo a passo todas as fases do despacho aduaneiro de importação, as quais passaremos a comentar uma por uma a partir de agora. 1- Registro da D.I e respectiva parametrização. 2- Instrução da Declaração com os documentos pertinentes. 3- Distribuição para conferência aduaneira. 4- Conferência Aduaneira 5- Desembaraço Aduaneiro O registro da D.I no SISCOMEX marca o início do despacho aduaneiro de importação, consistindo na sua numeração pela Receita Federal do Brasil. Como veremos em aulas futuras, o fato gerador do imposto de importação considera-se realizado justamente no momento em que a D.I é registrada no SISCOMEX. Este é chamado de fato gerador temporal do I.I, momento em que se realiza o cálculo do imposto de importação. “Mas em que implica o registro da D.I marcar o início do despacho aduaneiro de importação?” Excelente questão! Para respondermos essa pergunta vamos entrar na seara do Direito Tributário. Vejamos o que dispõe o Código Tributário Nacional em seu art. 138: Art. 138. A responsabilidade é excluída pela denúncia espontânea da infração, acompanhada, se for o caso, do pagamento do tributo devido e CURSO ON-LINE – COMÉRCIO EXTERIOR EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL PROFESSOR: RICARDO VALE www.pontodosconcursos.com.br 10 dos juros de mora, ou do depósito da importância arbitrada pela autoridade administrativa, quando o montante do tributo dependa de apuração. Parágrafo único. Não se considera espontânea a denúncia apresentada após o início de qualquer procedimento administrativo ou medida de fiscalização, relacionados com a infração. Sobre o artigo acima transcrito, podemos dizer que se o contribuinte tiver cometido alguma infração à legislação tributária e vier espontaneamente a denunciá-la, acompanhando essa atitude do pagamento do tributo devido, antes de iniciado qualquer procedimento de fiscalização, sua responsabilidade será excluída. Esse procedimento de fiscalização será considerado iniciado, no caso do despacho aduaneiro de importação, com o registro da D.I no SISCOMEX. A partir daí, não será considerada espontânea qualquer denúncia efetuada pelo sujeito passivo do imposto de importação e ele será responsabilizado pela infração. Concluindo, o registro da Declaração de Importação tem o condão de excluir o benefício da espontaneidade, porque iniciado nesse momento o procedimento de fiscalização. Outro efeito provocado pelo registro da Declaração de Importação é o de recolher os tributos devidos na operação de importação. Com a modernização tecnológica dos meios de comunicação, no exato momento em que o importador registra a D.I, o valor dos tributos devidos já é debitado em sua conta-corrente. Resumindo, o registro da D.I pelo importador no SISCOMEX tem três efeitos principais: 1- O registro da D.I é considerado o momento da ocorrência do fato gerador do I.I para fins de cálculo. Art. 73. Para efeito de cálculo do imposto, considera-se ocorrido o fato gerador: I - na data do registro da declaração de importação de mercadoria submetida a despacho para consumo. ( Decreto nº 6759/2009) 2- O registro da D.I exclui o benefício da espontaneidade. 3- O valor dos tributos devidos na operação é automaticamente debitado da conta-corrente do importador. CURSO ON-LINE – COMÉRCIO EXTERIOR EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL PROFESSOR: RICARDO VALE www.pontodosconcursos.com.br 11 Art. 11. O pagamento dos tributos e contribuições federais devidos na importação de mercadorias, bem assim dos demais valores exigidos em decorrência da aplicação de direitos antidumping, compensatórios ou de salvaguarda, será efetuado no ato do registro da respectiva DI ou da sua retificação, se efetuada no curso do despacho aduaneiro, por meio de Documento de Arrecadação de Receitas Federais (Darf) eletrônico, mediante débito automático em conta-corrente bancária, em agência habilitada de banco integrante da rede arrecadadora de receitas federais. (IN SRF 680/2006) O registro da Declaração de Importação somente poderá ser efetivado se atendidas certas exigências da legislação, relacionadas no art.15 da IN SRF 680/2006: Art. 15. O registro da DI caracteriza o início do despacho aduaneiro de importação, e somente será efetivado: I - se verificada a regularidade cadastral do importador; II - após o licenciamento da operação de importação, quando exigível, e a verificação do atendimento às normas cambiais, conforme estabelecido pelos órgãos e agências da administração pública federal competentes; III - após a chegada da carga, exceto na modalidade de registro antecipado da DI, previsto no art. 17; IV - após a confirmação pelo banco da aceitação do débito relativo aos tributos, contribuições e direitos devidos, inclusive da Taxa de Utilização do Siscomex; V - se não for constatada qualquer irregularidade impeditiva do registro. § 1o Entende-se por irregularidade impeditiva do registro da declaração aquela decorrente da omissão de dado obrigatório ou o seu fornecimento com erro, bem assim a que decorra de impossibilidade legal absoluta. § 2o Considera-se não chegada a carga que, no Mantra, esteja em situação que impeça a vinculação da DI ao conhecimento de carga correspondente. (IN SRF 680/2006) Chamamos a atenção para os incisos II e III do art.15 acima transcrito. Segundo estes, para que seja registrada a D.I, será necessário que já tenha sido procedido o licenciamento da importação e ainda que a carga tenha chegado ao país e já esteja armazenada. Como se pode ver, o SISCOMEX faz uma série de verificações prévias ao registro da D.I. Ao importador também é permitido verificar a carga, após sua chegada ao país e antes do registro da D.I. “Ricardo, pra quê o importador vai querer ver a carga antes do registro da D.I? Qual a vantagem dele fazer tal procedimento?” Amigo concurseiro, imagine que o importador comprou batatas e a carga que chegou é de feijão! O que será que você, futuro AFRFB, vai fazer? CURSO ON-LINE – COMÉRCIO EXTERIOR EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL PROFESSOR: RICARDO VALE www.pontodosconcursos.com.br 12 “Eu não sei muito bem não, mas acho que essa é uma infração e ele será multado.” É isso mesmo, o importador será multado! É lógico que eu exagerei – falando de batatas e feijão - para que você entendesse melhor, mas se o importador houver classificado erroneamente a mercadoria quanto à NCM (Nomenclatura Comum do MERCOSUL), ele estará cometendo uma infração punida com multa de 1% sobre o valor aduaneiro. Assim, ele poderá requerer, previamente ao registro da D.I, a verificação das mercadorias efetivamenterecebidas do exterior a fim de retirar dúvidas porventura existentes. Importante ressaltar que essa verificação poderá ser realizada com o acompanhamento pela fiscalização aduaneira. Este acompanhamento pela autoridade aduaneira não dispensa a verificação física que porventura venha a ser realizada em fase posterior do despacho aduaneiro, mais especificamente na conferência aduaneira. Vejamos o que diz a letra da IN SRF 680/2006: Art. 10. O importador poderá requerer, previamente ao registro da DI, a verificação das mercadorias efetivamente recebidas do exterior, para dirimir dúvidas quanto ao tratamento tributário ou aduaneiro, inclusive no que se refere à sua perfeita identificação com vistas à classificação fiscal e à descrição detalhada. § 1o O requerimento deverá ser instruído com o conhecimento de carga correspondente e dirigido ao chefe do setor responsável pelo despacho aduaneiro, o qual poderá ainda decidir pela necessidade de acompanhamento do ato pela fiscalização aduaneira. § 2º A verificação da mercadoria pelo importador nos termos deste artigo, ainda que realizada sob acompanhamento da fiscalização aduaneira, não dispensa a verificação física pela autoridade aduaneira, por ocasião do despacho de importação, se for o caso. Amigo concurseiro, hoje você já me fez várias perguntas, agora é minha vez. Você acha que a Receita Federal do Brasil confere nos mínimos detalhes todas as importações brasileiras? Será que este órgão faz a conferência documental e física de todas as importações? A resposta para as duas perguntas é não. Eu sabia que você ia acertar. Seria muito difícil, praticamente impossível, que se verificasse todas as CURSO ON-LINE – COMÉRCIO EXTERIOR EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL PROFESSOR: RICARDO VALE www.pontodosconcursos.com.br 13 importações. Seriam necessários muito mais AFRFB, o que seria bom para os concurseiros, mas... Vamos então à explicação! Após o registro da D.I no SISCOMEX, esta é parametrizada. A parametrização da D.I se refere ao grau de profundidade em que a mesma será analisada pela Receita Federal do Brasil. São quatro os “canais” para os quais pode ser direcionada uma D.I: verde, amarelo, vermelho e cinza. Art. 21. Após o registro, a DI será submetida a análise fiscal e selecionada para um dos seguintes canais de conferência aduaneira: I - verde, pelo qual o sistema registrará o desembaraço automático da mercadoria, dispensados o exame documental e a verificação da mercadoria; II - amarelo, pelo qual será realizado o exame documental, e, não sendo constatada irregularidade, efetuado o desembaraço aduaneiro, dispensada a verificação da mercadoria; III - vermelho, pelo qual a mercadoria somente será desembaraçada após a realização do exame documental e da verificação da mercadoria; e IV - cinza, pelo qual será realizado o exame documental, a verificação da mercadoria e a aplicação de procedimento especial de controle aduaneiro, para verificar elementos indiciários de fraude, inclusive no que se refere ao preço declarado da mercadoria, conforme estabelecido em norma específica. Quando a D.I é direcionada para o canal verde, o importador já pode abrir o champagne e começar a comemorar. O desembaraço é automático e a operação fica dispensada do exame documental e da verificação física. No canal amarelo, o AFRFB fará somente uma conferência documental da D.I. Essa situação é típica de situações em que se necessita verificar se uma entidade beneficente que pleiteia uma isenção realmente faz jus a esta ou então verificar se uma operação está instruída com um certificado de origem. No canal vermelho, a conferência será documental e física e no canal cinza serão aplicados procedimentos especiais de fiscalização. O canal cinza é típico de operações em que haja indícios de fraude. A seleção do canal para o qual será direcionada a D.I vai depender de uma série de fatores, tais como a regularidade fiscal e habitualidade do importador; natureza, volume ou valor da importação; valor dos impostos incidentes ou que incidiriam na importação; origem, procedência e destinação da mercadoria; tratamento tributário; características da mercadoria; capacidade CURSO ON-LINE – COMÉRCIO EXTERIOR EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL PROFESSOR: RICARDO VALE www.pontodosconcursos.com.br 14 operacional e econômico-financeira do importador; e ocorrências verificadas em outras operações realizadas pelo importador. Outro aspecto interessante com relação à parametrização da D.I é que, mesmo que esta tenha sido direcionada para o canal verde, se houverem indícios de irregularidade na importação, a Receita Federal do Brasil poderá submeter a mercadoria à conferência física ou documental. Registrada a D.I, o importador deverá apresentar à RFB todos os documentos necessários para que proceda ao despacho aduaneiro. Os documentos-base a serem apresentados são o conhecimento de carga, a fatura comercial e o romaneio de carga, além de outros específicos à importação. Chegamos agora à fase central do despacho aduaneiro de importação: a conferência aduaneira procedida por um Auditor Fiscal da Receita Federal do Brasil. Esta divide-se em três etapas: exame documental, verificação da mercadoria e aplicação de procedimento especial de despacho aduaneiro. A conferência aduaneira tem por objetivo apurar a regularidade da importação. Nesse momento, o AFRFB efetivamente analisa a operação de importação que está sendo efetuada. O nível de profundidade da conferência aduaneira será determinado pelo canal para o qual foi direcionada a D.I. Se ela tiver sido direcionada, por exemplo, para o canal vermelho, será necessário proceder-se ao exame documental e físico da mercadoria. Lembramos mais uma vez que se a D.I tiver sido direcionada para o canal verde, a autoridade aduaneira poderá agravar o nível de verificação. O que não poderá em momento algum acontecer é a suavização de um procedimento de verificação. Vamos supor que uma D.I tenha sido direcionada para o canal vermelho e esteja sujeita, portanto, ao exame documental e físico. A autoridade aduaneira não poderá, nessa situação, determinar que a operação se submeterá somente ao exame documental. Entendido isso aí? Resumindo: agravar pode, suavizar jamais. CURSO ON-LINE – COMÉRCIO EXTERIOR EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL PROFESSOR: RICARDO VALE www.pontodosconcursos.com.br 15 No exame documental, a Receita Federal do Brasil verifica se os dados constantes da fatura comercial, conhecimento de carga e outros documentos pertinentes são os mesmos que constam da Declaração de Importação. Art. 25. O exame documental das declarações selecionadas para conferência nos termos do art. 21 consiste no procedimento fiscal destinado a verificar: I - a integridade dos documentos apresentados; II - a exatidão e correspondência das informações prestadas na declaração em relação àquelas constantes dos documentos que a instruem, inclusive no que se refere à origem e ao valor aduaneiro da mercadoria; III - o cumprimento dos requisitos de ordem legal ou regulamentar correspondentes aos regimes aduaneiros e de tributação solicitados; IV - o mérito de benefício fiscal pleiteado; e V - a descrição da mercadoria na declaração, com vistas a verificar se estão presentes os elementos necessários à confirmação de sua correta classificação fiscal. Parágrafo único. Na hipótese de descrição incompleta da mercadoria na DI, que exija verificação física para sua perfeita identificação, com vistas a confirmar a correção da classificação fiscal ou da origem declarada, o AFRF responsável pelo exame poderá condicionar a conclusão da etapa à verificação da mercadoria. (IN SRF 680/2006) A verificação física da mercadoria é procedimento fiscal que ocorre posteriormente ao exame documental para confirmar se os dados relacionados documentalmente são compatíveis com o que seapresenta na prática. A verificação física será realizada exclusivamente por AFRFB ou por ATRFB sob a supervisão de AFRFB responsável pelo procedimento fiscal. Todo esse procedimento de verificação deve ser realizado na presença do importador ou de seu representante. Este deverá comparecer ao recinto em que se encontra a mercadoria a ser verificada, na data e horário previstos, conforme a regra de agendamento ou escalonamento estabelecida. Art. 29. A verificação física é o procedimento fiscal destinado a identificar e quantificar a mercadoria submetida a despacho aduaneiro, a obter elementos para confirmar sua classificação fiscal, origem e seu estado de novo ou usado, bem assim para verificar sua adequação às normas técnicas aplicáveis. § 1o O importador prestará à fiscalização aduaneira as informações e a assistência necessárias à identificação da mercadoria. § 2o A fiscalização aduaneira, caso entenda necessário, poderá solicitar a assistência técnica para a identificação e quantificação da mercadoria. CURSO ON-LINE – COMÉRCIO EXTERIOR EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL PROFESSOR: RICARDO VALE www.pontodosconcursos.com.br 16 A conferência aduaneira pode implicar ainda na aplicação de procedimento especial de controle aduaneiro. Estão submetidas a esse tratamento as Declarações de Importação direcionadas para o canal cinza, as quais normalmente são aquelas em que há elementos indiciários de fraude. Concluída a conferência aduaneira, passamos ao desembaraço aduaneiro, que é a fase final do despacho aduaneiro de importação, caracterizando-se por ser o ato administrativo que atesta a regularidade da operação de importação. Muitas vezes, em questões de provas, as bancas tentam confundir os candidatos trocando o uso de termos semelhantes. É comum a confusão ser feita entre conferência aduaneira e desembaraço aduaneiro. A seguir listamos algumas diferenças: 1- O desembaraço aduaneiro atesta a regularidade da importação; a conferência aduaneira apura a regularidade da importação. 2- O desembaraço aduaneiro é ato posterior à conferência aduaneira. Concluída esta, a mercadoria será imediatamente desembaraçada. 3- A conferência aduaneira pode abranger a inspeção documental, verificação física e aplicação de procedimentos especiais de controle aduaneiro; no desembaraço aduaneiro o procedimento é simples: o AFRFB acessa o SISCOMEX e atesta a regularidade da operação. Ufa! Achei que eu não ia parar de falar mais! Vamos agora comentar cada um dos itens da questão. a)ERRADO. Realmente o importador poderá verificar a mercadoria recebida do exterior antes mesmo da conferência aduaneira. Essa verificação, conforme já comentamos anteriormente, pode ocorrer com o acompanhamento da autoridade aduaneira. No entanto, este acompanhamento pela autoridade aduaneira não é obrigatório, dependendo de decisão do chefe do responsável pelo despacho aduaneiro. Não há na legislação qualquer previsão para que o representante do depositário acompanhe essa verificação anterior à conferência aduaneira. CURSO ON-LINE – COMÉRCIO EXTERIOR EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL PROFESSOR: RICARDO VALE www.pontodosconcursos.com.br 17 b)ERRADO. Na conferência aduaneira, a verificação poderá ocorrer em três níveis diferenciados: exame documental, verificação física e aplicação de procedimento especial de despacho aduaneiro. A questão está errada porque restringe a verificação da mercadoria a dois procedimentos- exame documental e verificação física- esquecendo-se da possibilidade de aplicação de procedimento especial de despacho aduaneiro. c)ERRADO. A assertiva está incompleta porque se esquece que existe também o canal amarelo, em que há o exame documental. Destacamos aqui a alusão que o examinador faz ao canal cinza, afirmando que neste há exame de valor. Realmente, um dos motivos que pode levar uma mercadoria a ser direcionada para o canal cinza é a dificuldade de se determinar o seu valor aduaneiro. d)ERRADO. Se houver indícios de fraude em uma importação esta será direcionada para o canal cinza e aplicado procedimento especial de despacho aduaneiro. e) CERTO. Como dissemos anteriormente, é permitido que o importador verifique a mercadoria anteriormente à conferência aduaneira. Essa verificação poderá ser efetuada com o acompanhamento fiscal e, de forma alguma, dispensa a verificação física por ocasião do despacho aduaneiro. Gabarito: Letra E 5- (AFRF-2002.1)- Assinale a opção correta. a) Avaria - Em Direito Aduaneiro corresponde ao prejuízo que venha a sofrer o veículo transportador, em razão de sinistro. b) Avaria - Em Direito Aduaneiro corresponde ao prejuízo que venha a sofrer o expedidor da carga, por desídia ou negligência. c) Avaria - Em Direito Aduaneiro corresponde ao prejuízo que decorra, exclusivamente, de "força maior". d) Avaria - Em Direito Aduaneiro corresponde ao prejuízo que venha a sofrer o transitário internacional em razão de acidentes ou sinistros, ainda que provocados por terceiro subcontratado. CURSO ON-LINE – COMÉRCIO EXTERIOR EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL PROFESSOR: RICARDO VALE www.pontodosconcursos.com.br 18 e) Avaria - Em Direito Aduaneiro corresponde ao prejuízo que venha a sofrer a mercadoria ou o seu envoltório, independentemente de quem lhe der causa. A letra E descreve exatamente o conceito de avaria. Como se pode perceber, esta é um prejuízo que sofre a mercadoria e que independe de quem a ela deu causa. “Ricardo, mas que questão mais conceitual! Será que isso é mesmo importante?” Concordo com você que esta é uma questão muito conceitual e que não deve se repetir. No entanto, eu a coloquei aqui para que pudesse introduzir um assunto de fundamental importância: a vistoria aduaneira. Vou começar aqui então com algumas perguntas! O que acontece se a mercadoria que está sendo importada sofrer uma avaria ou for extraviada? Será que haverá cobrança de tributos? É isso mesmo, ainda que a mercadoria importada tenha sofrido avaria ou tiver sido extraviada, incidirão os tributos na operação normalmente, como se nada tivesse ocorrido. “Ricardo, mas não é injusto que o importador pague imposto referente a uma mercadoria extraviada ou danificada?” Calma amigo, não é ele quem irá pagar esses tributos! A Receita Federal do Brasil irá cobrar os tributos daquele que foi o responsável pela falta ou avaria: o depositário ou o transportador. A vistoria aduaneira é justamente o procedimento pelo qual se apura a responsabilidade pela falta ou avaria de mercadoria. Vejamos o que nos descreve o Decreto nº 6759/2009: Art. 650. A vistoria aduaneira destina-se a verificar a ocorrência de avaria ou de extravio de mercadoria estrangeira entrada no território aduaneiro, a identificar o responsável e a apurar o crédito tributário dele exigível. § 1o A vistoria será realizada a pedido, ou de ofício, sempre que a autoridade aduaneira tiver conhecimento de fato que a justifique, devendo seu resultado ser consubstanciado no termo de vistoria. CURSO ON-LINE – COMÉRCIO EXTERIOR EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL PROFESSOR: RICARDO VALE www.pontodosconcursos.com.br 19 “Mas Ricardo, como a Receita Federal do Brasil vai descobrir quem foi o responsável pela avaria ou extravio da mercadoria?” Simples! Quando o transportador chega ao país, ele irá repassar a carga ao depositário. Qualquer ocorrência com a carga deverá, portanto, ser registrada pelo depositário. Vamos supor, por exemplo, que no recebimento da carga o depositário verifique que algumas mercadorias encontram-se avariadas. Ele registra a ocorrência em termo próprio, o que irá comprovar que quando recebeu a carga ela já estava defeituosa. A responsabilidade será nesse caso do transportador. Se ao contrário, o depositário não registrar nenhuma ocorrência e depois for verificado que a mercadoria está avariada, a responsabilidadeserá a ele transferida. Art. 652. Cabe ao depositário, logo após a descarga de volume avariado, ou a constatação de extravio, registrar a ocorrência em termo próprio, disponibilizado para manifestação do transportador, na forma e no prazo estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal do Brasil. A Receita Federal do Brasil, encerrado o procedimento de vistoria aduaneira, irá lavrar uma notificação de lançamento sobre aquele que foi considerado responsável – o transportador ou o depositário. O importador poderá dispensar a realização da vistoria aduaneira, assumindo, no entanto, a responsabilidade pelo pagamento do imposto de importação. (Art 655 – Decreto nº 6759/2009) Assistirão à vistoria aduaneira, em data e hora fixada pela autoridade aduaneira, o importador, o depositário e o transportador. Outra pessoa que possua legítimo interesse também poderá acompanhar a vistoria aduaneira. (Art. 656- Decreto nº 6759/2009). Gabarito: Letra E. 6-(AFTN 1998) – Sobre a fatura comercial, emitida por compra e venda internacional, é correto afirmar-se que: a) tem força contratual e é documento, em regra, obrigatório para instrução do despacho aduaneiro, possuindo valor para fins de tributação. CURSO ON-LINE – COMÉRCIO EXTERIOR EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL PROFESSOR: RICARDO VALE www.pontodosconcursos.com.br 20 b) tem força contratual, e embora não componha o processo de despacho aduaneiro, dela se extraem elementos para tributação. c) compõe o processo de despacho aduaneiro para fins exclusivos de controle administrativo. d) não possui valor para fins de controle e não instrui o processo de despacho aduaneiro. e) dela não se extraem elementos para fins de tributação, por não se tratar de documento equivalente a um contrato comercial. Os documentos-base que devem instruir a declaração de importação são a fatura comercial, o conhecimento de carga e o romaneio de carga. A fatura comercial, como o próprio nome já nos ajuda a deduzir, descreve os principais aspectos comerciais da operação. O art. 557 do Novo Regulamento Aduaneiro discrimina quais dados deverá possui a referida fatura: Art. 557. A fatura comercial deverá conter as seguintes indicações: I - nome e endereço, completos, do exportador; II - nome e endereço, completos, do importador e, se for caso, do adquirente ou do encomendante predeterminado; III - especificação das mercadorias em português ou em idioma oficial do Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio, ou, se em outro idioma, acompanhada de tradução em língua portuguesa, a critério da autoridade aduaneira, contendo as denominações próprias e comerciais, com a indicação dos elementos indispensáveis a sua perfeita identificação; IV - marca, numeração e, se houver, número de referência dos volumes; V - quantidade e espécie dos volumes; VI - peso bruto dos volumes, entendendo-se, como tal, o da mercadoria com todos os seus recipientes, embalagens e demais envoltórios; VII - peso líquido, assim considerado o da mercadoria livre de todo e qualquer envoltório; VIII - país de origem, como tal entendido aquele onde houver sido produzida a mercadoria ou onde tiver ocorrido a última transformação substancial; IX - país de aquisição, assim considerado aquele do qual a mercadoria foi adquirida para ser exportada para o Brasil, independentemente do país de origem da mercadoria ou de seus insumos; X - país de procedência, assim considerado aquele onde se encontrava a mercadoria no momento de sua aquisição; XI - preço unitário e total de cada espécie de mercadoria e, se houver, o montante e a natureza das reduções e dos descontos concedidos; XII - custo de transporte a que se refere o inciso I do art. 77 e demais despesas relativas às mercadorias especificadas na fatura; XIII - condições e moeda de pagamento; e XIV - termo da condição de venda (INCOTERM). Parágrafo único. As emendas, ressalvas ou entrelinhas feitas na fatura deverão ser autenticadas pelo exportador. CURSO ON-LINE – COMÉRCIO EXTERIOR EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL PROFESSOR: RICARDO VALE www.pontodosconcursos.com.br 21 No fluxo de uma importação brasileira, antes de qualquer coisa, o que ocorre é um contato preliminar entre o importador brasileiro e o fornecedor estrangeiro. Nesse primeiro contato, ambos estão na fase da negociação e verificam como podem atender melhor suas vontades. Ao final dessas negociações, o exportador emite um documento de nome Fatura Proforma Invoice,, que nada mais é do que a fatura comercial. Caso a importador com ela concorde mediante a aposição de sua assinatura, ela terá o efeito de vincular as partes, ou seja, ela terá efeito contratual. Da fatura comercial serão retirados dados a serem utilizados no processo de importação. Quando o importador registra a L.I no SISCOMEX ele deverá preenchê-la com os dados integrantes da fatura comercial. Da mesma maneira acontece com a Declaração de Importação. O AFRFB responsável pela conferência aduaneira irá, então, comparar os dados comerciais da D.I com os existentes na fatura comercial. Essa proposição nos leva a crer que a fatura comercial tem valores para fins de tributação. “Ricardo, então a fatura comercial é elemento obrigatório do processo de instrução do despacho aduaneiro?” Boa pergunta! Em regra, a fatura comercial é obrigatória em um despacho aduaneiro. Entretanto, esta poderá ser substituída pelo conhecimento de carga aéreo, desde que este possua os dados do valor da mercadoria, da espécie e quantidade, que são os dados principais de uma fatura comercial. Gabarito: Letra A. 7- (AFTN-1998)- O despacho aduaneiro de importação é procedimento fiscal ao qual está/ estão sujeita(s): a)apenas as mercadorias que venham a ser redestinadas para outro regime aduaneiro. CURSO ON-LINE – COMÉRCIO EXTERIOR EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL PROFESSOR: RICARDO VALE www.pontodosconcursos.com.br 22 b) apenas a mercadoria que, após submetida a despacho aduaneiro de exportação, retorne ao País. c) apenas as mercadorias destinadas à Zona Franca de Manaus, à Amazônia Ocidental e à Área de Livre Comércio. d) todas as mercadorias que ingressem no país, importadas a título definitivo ou não. e) apenas as mercadorias importadas a título definitivo. Como já vimos anteriormente, o despacho aduaneiro de importação é aplicável a todas as mercadorias que ingressem no país, independente se esta entrada é ou não decorrente de um contrato de compra e venda ou ainda se a mercadoria está sendo importada a título definitivo ou temporário Gabarito: Letra D. 8- (TRF-2002.2)- A jurisdição dos serviços aduaneiros, exercida atualmente, compreende: a) os portos, os aeroportos e os pontos de fronteira. b) a zona primária e a zona secundária. c) a Zona Franca de Manaus, as Zonas de Processamento das Exportações e o restante do território nacional. d) os enclaves e os exclaves aduaneiros. e) os recintos alfandegados situados nas zonas de vigilância aduaneira. Em seu artigo 2º, o Regulamento Aduaneiro estabelece que “o território aduaneiro compreende todo o território nacional”. Esta afirmação é importante e pode ser entendida da seguinte forma: já que o território aduaneiro compreende todo o território nacional, as normas da legislação aduaneira aplicam-se igualmente em todos os lugares do país. O artigo 3º é enfático nesse sentido, ao determinar que a jurisdição dos serviços aduaneiros estende-se por todo o território nacional. Art. 2o O território aduaneiro compreende todo o território nacional. CURSO ON-LINE – COMÉRCIO EXTERIOR EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL PROFESSOR: RICARDO VALE www.pontodosconcursos.com.br 23 Art. 3o A jurisdição dos serviços aduaneiros estende-se por todo o território aduaneiro e abrange: I - a zona primária, constituída pelas seguintes áreas demarcadas pela autoridade aduaneira local: a) a área terrestre ou aquática,contínua ou descontínua, nos portos alfandegados; b) a área terrestre, nos aeroportos alfandegados; e c) a área terrestre, que compreende os pontos de fronteira alfandegados; e II - a zona secundária, que compreende a parte restante do território aduaneiro, nela incluídas as águas territoriais e o espaço aéreo. § 1o Para efeito de controle aduaneiro, as zonas de processamento de exportação, referidas no art. 534, constituem zona primária. O território aduaneiro pode ser dividido em duas áreas diferenciadas: a Zona Primária e a Zona Secundária. A Zona Primária caracteriza-se por ser o ponto pelo qual entram e saem do Brasil os veículos e mercadorias procedentes ou destinados ao exterior. Assim, uma mercadoria que esteja sendo importada para o Brasil, deverá entrar pela zona primária. Da mesma forma, se um determinado produto estiver sendo exportado, ele deverá sair do país por um porto, aeroporto ou ponto de fronteira alfandegado. Art. 5o Os portos, aeroportos e pontos de fronteira serão alfandegados por ato declaratório da autoridade aduaneira competente, para que neles possam, sob controle aduaneiro: I - estacionar ou transitar veículos procedentes do exterior ou a ele destinados; II - ser efetuadas operações de carga, descarga, armazenagem ou passagem de mercadorias procedentes do exterior ou a ele destinadas; e III - embarcar, desembarcar ou transitar viajantes procedentes do exterior ou a ele destinados. ... Art. 8o Somente nos portos, aeroportos e pontos de fronteira alfandegados poderá efetuar-se a entrada ou a saída de mercadorias procedentes do exterior ou a ele destinadas. É importante ressaltarmos que existem portos e aeroportos que operam somente em viagens domésticas e que não são alfandegados. Somente portos e aeroportos alfandegados podem, entretanto, operar com viagens internacionais. Da mesma forma, existem pontos da faixa de fronteira em que não se permite o tráfego de pessoas e mercadorias. A circulação de mercadorias, pessoas e veículos deverá ocorrer sempre por pontos alfandegados, ou seja, aeroportos, portos e pontos de fronteira onde haja a presença de repartição alfandegária. CURSO ON-LINE – COMÉRCIO EXTERIOR EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL PROFESSOR: RICARDO VALE www.pontodosconcursos.com.br 24 Quanto à Zona Secundária, o Regulamento Aduaneiro determina que ela compreende o restante do território aduaneiro, excluída a zona primária. Existe a possibilidade de que pontos localizados na zona secundária também sejam alfandegados, para que nele possa se proceder ao despacho aduaneiro. São os chamados portos secos. Os portos secos são pontos alfandegados na zona secundária, onde se pode proceder ao controle aduaneiro de mercadorias na importação e exportação, bem como operações de movimentação e armazenagem de mercadorias. Art. 11. Portos secos são recintos alfandegados de uso público nos quais são executadas operações de movimentação, armazenagem e despacho aduaneiro de mercadorias e de bagagem, sob controle aduaneiro. § 1o Os portos secos não poderão ser instalados na zona primária de portos e aeroportos alfandegados. § 2o Os portos secos poderão ser autorizados a operar com carga de importação, de exportação ou ambas, tendo em vista as necessidades e condições locais. Após esses comentários fica fácil notar que a resposta de questão é a letra B, pois: 1) A jurisdição dos serviços aduaneiros abrange todo o território nacional. 2) A zona primária abrange os portos, aeroportos e pontos de fronteira alfandegados. 3) A zona secundária abrange todo o território nacional, com exceção da zona primária. 4) Território nacional= zona primária + zona secundária. 5) A jurisdição dos serviços aduaneiros abrange a zona primária e a zona secundária, ou seja, todo o território nacional. Gabarito: Letra B. 9- (TRF-2002.2)- Avalie a correção das afirmações abaixo. Atribua a letra V para as verdadeiras e F para as falsas. Em seguida, marque a opção que contenha a seqüência correta. CURSO ON-LINE – COMÉRCIO EXTERIOR EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL PROFESSOR: RICARDO VALE www.pontodosconcursos.com.br 25 ( ) Nas zonas de vigilância aduaneira demarcadas na faixa de fronteira terrestre é proibida a presença ou circulação de mercadorias, animais e veículos em viagem internacional. ( ) As operações de despacho aduaneiro nos portos, aeroportos e pontos de fronteira alfandegados a título permanente serão efetuados nos horários, locais e condições determinados pela autoridade aduaneira. ( ) A busca aduaneira, para prevenir ou reprimir a ocorrência de extravios ou de acréscimos de volumes ou de mercadorias, deve ser precedida da lavratura do termo de entrada do veículo e da comunicação ao responsável, que poderá ser verbal. a) V, V, V b) V, F, V c) F, V, V d) F, F, F e) F, V, F . I- FALSO. Além da zona primária e zona secundária, o Regulamento Aduaneiro fala ainda sobre as zonas de vigilância aduaneira, que são porções demarcadas do território aduaneiro onde há restrições especiais quanto à permanência e circulação de pessoas, mercadorias e veículos. A delimitação do espaço territorial sujeito à vigilância aduaneira será de competência do Ministro da Fazenda. Art. 4o O Ministro de Estado da Fazenda poderá demarcar, na orla marítima ou na faixa de fronteira, zonas de vigilância aduaneira, nas quais a permanência de mercadorias ou a sua circulação e a de veículos, pessoas ou animais ficarão sujeitas às exigências fiscais, proibições e restrições que forem estabelecidas. § 1o O ato que demarcar a zona de vigilância aduaneira poderá: I - ser geral em relação à orla marítima ou à faixa de fronteira, ou específico em relação a determinados segmentos delas; II - estabelecer medidas específicas para determinado local; e III - ter vigência temporária. § 2o Na orla marítima, a demarcação da zona de vigilância aduaneira levará em conta, além de outras circunstâncias de interesse fiscal, a existência de portos ou ancoradouros naturais, propícios à realização de operações clandestinas de carga e descarga de mercadorias. CURSO ON-LINE – COMÉRCIO EXTERIOR EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL PROFESSOR: RICARDO VALE www.pontodosconcursos.com.br 26 § 3o Compreende-se na zona de vigilância aduaneira a totalidade do Município atravessado pela linha de demarcação, ainda que parte dele fique fora da área demarcada A demarcação de zonas de vigilância aduaneira tem por objetivo prevenir e reprimir a ocorrência de operações clandestinas. Nas zonas de vigilância aduaneira, a alfândega exerce poderes especiais em virtude dos quais aplica ou pode aplicar medidas especiais de controle aduaneiro. Ao contrário do que diz a questão, não há proibição à circulação de mercadorias, animais ou veículos, mas tão somente a aplicação de algumas restrições especiais. II- VERDADEIRO. A autoridade aduaneira é que determina os horários, locais e condições em que serão efetuadas as operações de despacho aduaneiro. III- FALSO. A Receita Federal do Brasil poderá realizar busca em qualquer veículo para prevenir e reprimir a ocorrência de infração à legislação aduaneira, inclusive em momento anterior à prestação das informações constantes do manifesto de carga. Tal procedimento poderá ocorrer desde que precedido de comunicação, que poderá ser verbal ou escrita. Se algum volume em específico despertar a desconfiança da autoridade aduaneira, este poderá ser aberto para a devida verificação, sendo necessário para isso a lavratura de termo de verificação. Não há necessidade, no entanto, ao contrário do que diz a assertiva, de que já tenha sido formalizada a entrada do veículo no território aduaneiro para que seja procedida a busca. Esta poderá ocorrer a qualquer tempo, caracterizando-se por ser uma atividade eminentemente discricionária da autoridade aduaneira. Vejamos o que nos traz o RegulamentoAduaneiro acerca da busca em veículos. Art. 34. A autoridade aduaneira poderá proceder a buscas em qualquer veículo para prevenir e reprimir a ocorrência de infração à legislação aduaneira, inclusive em momento anterior à prestação das informações referidas no art. 31. § 1o A busca a que se refere o caput será precedida de comunicação, verbal ou por escrito, ao responsável pelo veículo. § 2o A Secretaria da Receita Federal do Brasil disporá sobre os casos excepcionais em que será realizada a visita a embarcações, prevista no art. 32 da Lei no 5.025, de 10 de junho de 1966 Art. 35. A autoridade aduaneira poderá determinar a colocação de lacres nos compartimentos que contenham os volumes ou as mercadorias a que CURSO ON-LINE – COMÉRCIO EXTERIOR EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL PROFESSOR: RICARDO VALE www.pontodosconcursos.com.br 27 se refere o § 1o do art. 31 e na situação de que trata o § 1o do art. 37, podendo adotar outras medidas de controle fiscal. Art. 36. Havendo indícios de falsa declaração de conteúdo, a autoridade aduaneira poderá determinar a descarga de volume ou de unidade de carga, para a devida verificação, lavrando-se termo. Gabarito: Letra E 10-(TTN-1997) – A conferência final do manifesto em confronto com os registros de descarga da mercadoria dos veículos transportadores feita pela fiscalização aduaneira tem por finalidade: a) verificar as divergências porventura existentes e intimar o importador a pagar as multas correspondentes. b) constatar a falta ou o acréscimo de volume ou mercadoria entradas no território aduaneiro e a adoção do procedimento fiscal adequado contra o transportador. c) verificar se do manifesto constam todos os conhecimentos de carga, confrontando-se as quantidades de volumes registradas e os respectivos pesos brutos com os totais constantes do manifesto. d) após a descarga do veículo transportador verificar se todos os conhecimentos de carga estão arrolados no manifesto para confronto com os despachos aduaneiros correspondentes. e) proceder às averbações no manifesto das diferenças encontradas após a descarga, entre os dados constantes dos conhecimentos de carga e os dados constantes das folhas de controle de carga para efeito de apurar a responsabilidade pela diferença de tributos. Essa questão, assim como a anterior, diz respeito ao controle aduaneiro de veículos. Em primeiro lugar, ao chegar ao país, o transportador deverá prestar à Secretaria da Receita Federal do Brasil, na forma e no prazo por ela estabelecidos, as informações sobre as cargas transportadas, bem como sobre a chegada de veículo procedente do exterior ou a ele destinado. Após a prestação dessas informações e a efetiva chegada do veículo ao país, será emitido o CURSO ON-LINE – COMÉRCIO EXTERIOR EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL PROFESSOR: RICARDO VALE www.pontodosconcursos.com.br 28 respectivo termo de entrada, que tem o condão de formalizar o ingresso do veículo no país. As informações prestadas pelo importador são basicamente as constantes do manifesto de carga e são registradas por este no MANTRA. “Ih, não entendi nada Ricardo! Não sei o que é manifesto de carga nem MANTRA!” Ah, sim, me esqueci de explicar isso! Quando o exportador estrangeiro formaliza o contrato de frete com o transportador, ele o faz por meio do conhecimento de carga. O conhecimento de carga, que é um título de crédito, tem justamente esse intuito: formalizar o contrato de frete e servir como prova de posse ou propriedade da mercadoria. Entendido isso? Continuando, então! Como conclusão do que apresentamos acima, temos que cada conhecimento de carga está atrelado a um contrato de frete. Agora me responda o seguinte: será que um transportador pode, em uma só viagem, transportar mercadorias referentes a mais de um contrato de frete? Muito bom, concurseiro! É isso mesmo! O transportador pode transportar em um só carregamento mercadorias referentes a mais de um contrato de frete. Nesse caso, como temos vários contratos de frete, teremos também vários conhecimentos de carga. A reunião de todos esses conhecimentos de carga estará consolidada em um documento chamado de manifesto de carga. Nova pergunta: poderá o transportador, na mesma viagem, trazer vários manifestos de carga? Sim, ele poderá. Os manifestos de carga são individualizados por local de origem – local de destino. Assim, em um porto no exterior, se houver carga para ser entregue no Porto de Paranaguá e no Porto do Rio de Janeiro, teremos dois manifestos de carga a serem preenchidos. Um será referente ao trecho exterior- Porto de Paranaguá e outro referente ao trecho exterior- Porto do Rio de Janeiro. CURSO ON-LINE – COMÉRCIO EXTERIOR EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL PROFESSOR: RICARDO VALE www.pontodosconcursos.com.br 29 Detalhe interessante é que a não-apresentação de manifesto ou declaração de efeito equivalente, em relação a qualquer ponto de escala no exterior, será considerada declaração negativa de carga. Entende-se então que não há carga para ser recebida naquele local. Transcrevemos abaixo alguns artigos do Regulamento Aduaneiro que tratam especificamente do manifesto de carga e conhecimento de carga. Art. 41. A mercadoria procedente do exterior, transportada por qualquer via, será registrada em manifesto de carga ou em outras declarações de efeito equivalente Art. 42. O responsável pelo veículo apresentará à autoridade aduaneira, na forma e no momento estabelecidos em ato normativo da Secretaria da Receita Federal do Brasil, o manifesto de carga, com cópia dos conhecimentos correspondentes, e a lista de sobressalentes e provisões de bordo. § 1o Se for o caso, o responsável pelo veículo apresentará, em complemento aos documentos a que se refere o caput, relação das unidades de carga vazias existentes a bordo, declaração de acréscimo de volume ou mercadoria em relação ao manifesto e outras declarações ou documentos de seu interesse. § 2o O conhecimento de carga deverá identificar a unidade de carga em que a mercadoria por ele amparada esteja contida. Art. 43. Para cada ponto de descarga no território aduaneiro, o veículo deverá trazer tantos manifestos quantos forem os locais, no exterior, em que tiver recebido carga. Parágrafo único. A não-apresentação de manifesto ou declaração de efeito equivalente, em relação a qualquer ponto de escala no exterior, será considerada declaração negativa de carga. “Ricardo, você ainda não falou sobre o que é o MANTRA!” O MANTRA – Sistema Integrado de Gerência do Manifesto, do Trânsito e do Armazenamento - constitui parte integrante do SISCOMEX, sendo o meio pelo qual se processa o controle de cargas aéreas procedentes do exterior e de cargas em trânsito pelo território aduaneiro. O que ocorre é o seguinte: quando chega uma mercadoria em um aeroporto, o transportador deverá prestar informações sobre a mesma à Receita Federal do Brasil. Ele o faz através desse sistema MANTRA, que permite a localização física da carga. A localização física da carga é possível através da atribuição de um número a cada conhecimento de carga. Isso permite que a Receita Federal do Brasil, o transportador, o importador ou a INFRAERO possa ter acesso a qual a situação atual da mercadoria. Ele permite, por exemplo, que o importador saiba CURSO ON-LINE – COMÉRCIO EXTERIOR EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL PROFESSOR: RICARDO VALE www.pontodosconcursos.com.br 30 que a mercadoria já chegou no país e encontra-se armazenada. Entendido para que serve o MANTRA? Fazendo um rápido parênteses, a RFB, por meio da IN SRF no 797/2007, criou o SISCARGA, que trata-se de procedimento informatizado de controle das embarcações, de suas cargas e unidades de carga(contêineres) procedentes ou destinadas ao exterior, nos portos alfandegados. Então temos o MANTRA controlando as cargas aéreas e o SISCARGA controlandoas cargas marítimas, entendido? Continuando, após terem sido prestadas as informações acerca das mercadorias no MANTRA e formalizada a entrada do veículo, será procedida a descarga das mesmas. Art. 63. A mercadoria descarregada de veículo procedente do exterior será registrada pelo transportador, ou seu representante, e pelo depositário, na forma e no prazo estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal do Brasil. As mercadorias descarregadas serão registradas em documento conhecido por registro de descarga. Os registros de descarga são assinados pelo transportador e pelo depositário, em que confirmam a transferência de custódia da mercadoria. A finalidade do registro de descarga é justamente esta: relacionar as mercadorias que foram entregues pelo transportador ao fiel depositário das mesmas, função exercida nos aeroportos pela INFRAERO. O próximo passo é a conferência pela RFB se todas as cargas previstas no manifesto de carga efetivamente chegaram ao país. Esse procedimento é conhecido como conferência final de manifesto e consiste na comparação entre o manifesto de carga e os registros de descarga. No manifesto de carga constam todos os volumes incluídos nos conhecimentos de carga e nos registros de descarga constam os volumes efetivamente descarregados. Da comparação entre os dois, a Receita Federal do Brasil poderá verificar uma descarga maior ou menor do que a originalmente prevista. Vejamos o que está disposto no Regulamento Aduaneiro acerca do objetivo da conferência final de manifesto: Art. 658. A conferência final do manifesto de carga destina-se a constatar extravio ou acréscimo de volume ou de mercadoria CURSO ON-LINE – COMÉRCIO EXTERIOR EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL PROFESSOR: RICARDO VALE www.pontodosconcursos.com.br 31 entrada no território aduaneiro, mediante confronto do manifesto com os registros de descarga. A Receita Federal do Brasil apura na conferência final de manifesto se há divergências entre os volumes constantes do manifesto de carga e os constantes nos registros de descarga. Se houver tais divergências, para maior ou menor, caberão penalidades ao transportador. Vejamos as situações em que há responsabilidade imputada ao transportador: Art. 661. Para efeitos fiscais, é responsável o transportador quando houver: I - substituição de mercadoria após o embarque; II - extravio de mercadoria em volume descarregado com indício de violação; III - avaria visível por fora do volume descarregado; IV - divergência, para menos, de peso ou dimensão do volume em relação ao declarado no manifesto, no conhecimento de carga ou em documento de efeito equivalente, ou ainda, se for o caso, aos documentos que instruíram o despacho para trânsito aduaneiro; V - extravio ou avaria fraudulenta constatada na descarga; e VI - extravio, constatado na descarga, de volume ou de mercadoria a granel, manifestados. Parágrafo único. Constatado, na conferência final do manifesto de carga, extravio ou acréscimo de volume ou de mercadoria, inclusive a granel, serão exigidos do transportador os tributos e multas cabíveis. Cabe aqui ressaltar que o manifesto de carga é preenchido com os dados constantes do conhecimento de carga emitidos. Nos conhecimentos de carga não constam informações acerca da natureza da mercadoria que está sendo transportada, mas somente uma relação de volumes. Quando é celebrado um contrato de frete internacional, o transportador não fica abrindo os volumes para verificar o que existe dentro. O seu interesse irá se restringir ao peso da mercadoria. Assim, a conferência final de manifesto é realizada baseando-se em uma comparação de volumes previstos nos conhecimentos de carga e efetivamente existentes quando da descarga. A letra B é perfeita ao descrever a finalidade da conferência final de manifesto: constatar a falta ou o acréscimo de volume ou mercadoria entradas no território aduaneiro e a adoção do procedimento fiscal adequado contra o transportador. CURSO ON-LINE – COMÉRCIO EXTERIOR EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL PROFESSOR: RICARDO VALE www.pontodosconcursos.com.br 32 Gabarito: Letra B. 11- (TTN-1997)- A vistoria aduaneira é o procedimento pelo qual a autoridade aduaneira: a) verifica a mercadoria, identifica o importador, determina seu valor e classificação, e constata o cumprimento de todas as obrigações fiscais e outras, exigíveis em razão da importação. b) processa o desembaraço aduaneiro de mercadoria procedente do exterior, seja ela importada a título definitivo ou não, após verificar o recolhimento pelo importador de todos os tributos exigíveis na operação. c) após o desembaraço aduaneiro, reexamina o despacho aduaneiro, com a finalidade de verificar a regularidade da importação quanto aos aspectos fiscais e outros, inclusive o cabimento do benefício fiscal aplicado. d) verifica todas as dependências e instalações dos armazéns e recintos destinados a depósito e guarda de mercadoria estrangeira quanto à segurança fiscal para o fim de seu alfandegamento. e) verifica a ocorrência de avaria ou falta de mercadoria estrangeira entrada no território aduaneiro, identifica o responsável e apura o crédito tributário dele exigível. . a) ERRADO. Essa alternativa descreve o conceito de despacho aduaneiro. b) ERRADO. Aqui o examinador colocou o conceito de conferência aduaneira. c) ERRADO. O conceito aqui descrito pelo examinador é o de revisão aduaneira. Como não falamos nada até agora sobre esse procedimento, vamos aos comentários! Revisão aduaneira é, segundo a letra do Decreto nº 6759/2009, o ato pelo qual é apurada, após o desembaraço aduaneiro, a regularidade do pagamento dos impostos e dos demais gravames devidos à Fazenda Nacional, da aplicação de benefício fiscal e da exatidão das informações prestadas pelo CURSO ON-LINE – COMÉRCIO EXTERIOR EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL PROFESSOR: RICARDO VALE www.pontodosconcursos.com.br 33 importador na declaração de importação, ou pelo exportador na declaração de exportação. Como nós já vimos anteriormente e nos aprofundaremos ainda mais em aula posterior, o imposto de importação é debitado automaticamente da conta corrente do importador quando este registra a D.I, sendo, portanto, um tributo lançado por homologação. Segundo o CTN, se a lei não fixar prazo à homologação, será ele de cinco anos a contar da data da ocorrência do fato gerador. Expirado esse prazo sem que a Fazenda Pública tenha se manifestado, considera-se homologado o lançamento e definitivamente extinto o crédito. A revisão aduaneira representa justamente a possibilidade que a Fazenda Pública tem de realizar uma conferência da regularidade do pagamento dos impostos, podendo realizar inclusive lançamentos suplementares. Art. 638. Revisão aduaneira é o ato pelo qual é apurada, após o desembaraço aduaneiro, a regularidade do pagamento dos impostos e dos demais gravames devidos à Fazenda Nacional, da aplicação de benefício fiscal e da exatidão das informações prestadas pelo importador na declaração de importação, ou pelo exportador na declaração de exportação § 1o Para a constituição do crédito tributário, apurado na revisão, a autoridade aduaneira deverá observar os prazos referidos nos arts. 752 e 753. § 2o A revisão aduaneira deverá estar concluída no prazo de cinco anos, contados da data: I - do registro da declaração de importação correspondente (Decreto-Lei no 37, de 1966, art. 54, com a redação dada pelo Decreto-Lei no 2.472, de 1988, art. 2o); e II - do registro de exportação d) ERRADO. O que o examinador descreveu aqui não tem nada a ver com vistoria aduaneira. e) CERTO. A vistoria aduaneira é, ressaltando mais uma vez para que você não se esqueça, procedimento tendente a verificar a ocorrência de avaria ou falta de mercadoria estrangeira entrada no território aduaneiro, identificar o responsável e apuraro crédito tributário dele exigível. Gabarito: Letra E CURSO ON-LINE – COMÉRCIO EXTERIOR EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL PROFESSOR: RICARDO VALE www.pontodosconcursos.com.br 34 12- (AFTN/1998)- Caracteriza o início do despacho aduaneiro de importação o: a) licenciamento da importação b) pagamento dos impostos incidentes na importação, comprovado pelo SISCOMEX por meio de DARF eletrônico. c) apresentação das mercadorias ao Fisco para efeito da conferência aduaneira. d) registro da declaração de importação. e) registro dos volumes no sistema MANTRA por ocasião do depósito aduaneiro das mercadorias. O início do despacho aduaneiro de importação tem como marco temporal o registro da declaração de importação no SISCOMEX. Gabarito: LETRA D. 13- (TRF 2002.1)- Identifique a razão que leva o legislador aduaneiro a "alfandegar" determinados portos, aeroportos ou pontos da fronteira terrestre, fixando os locais servidos por repartições aduaneiras onde possam: a) estacionar ou transitar veículos procedentes ou destinados ao exterior; ser efetuadas operações de carga, descarga, armazenagem ou passagem de mercadorias procedentes do exterior ou a ele destinadas; embarcar, desembarcar ou transitar viajantes procedentes do exterior ou a ele destinados. b) estacionar ou transitar veículos procedentes ou destinados ao exterior; ser efetuadas operações de descarga e pesagem de mercadorias procedentes do exterior ou a ele destinadas; embarcar, desembarcar ou transitar viajantes procedentes do exterior ou a ele destinados. c) estacionar ou transitar veículos procedentes do exterior; ser efetuadas operações de carga, descarga, armazenagem ou passagem de mercadorias CURSO ON-LINE – COMÉRCIO EXTERIOR EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL PROFESSOR: RICARDO VALE www.pontodosconcursos.com.br 35 procedentes do exterior ou a ele destinadas; embarcar, desembarcar ou transitar procedentes do exterior ou a ele destinados. d) estacionar ou transitar veículos destinados ao exterior; ser efetuadas operações de carga, ou passagem de mercadorias destinados ao exterior; embarcar, desembarcar ou transitar viajantes procedentes do exterior ou a ele destinados. e) estacionar ou transitar veículos procedentes ou destinados ao exterior; ser efetuadas operações de carga, descarga, armazenagem ou passagem de mercadorias procedentes do exterior ou a ele destinadas; desembarcar ou transitar viajantes procedentes do exterior. A alternativa da letra A é a reprodução literal do art. 5o do Regulamento Aduaneiro, abaixo transcrito: Art. 5o Os portos, aeroportos e pontos de fronteira serão alfandegados por ato declaratório da autoridade aduaneira competente, para que neles possam, sob controle aduaneiro: I - estacionar ou transitar veículos procedentes do exterior ou a ele destinados; II - ser efetuadas operações de carga, descarga, armazenagem ou passagem de mercadorias procedentes do exterior ou a ele destinadas; e III - embarcar, desembarcar ou transitar viajantes procedentes do exterior ou a ele destinados. Importante que saibamos que a entrada ou saída de veículo procedente do exterior ou a ele destinado somente poderá ocorrer por porto, aeroporto ou ponto de fronteira alfandegado. “Ricardo, você falou aí em recintos alfandegados. Mas como ocorre esse processo de alfandegamento?” O alfandegamento deverá ocorrer por ato declaratório de autoridade competente e poderá incidir sobre portos, aeroportos, pontos de fronteira e inclusive sobre recintos localizados na zona secundária. O alfandegamento é condição sine qua non para que possa ocorrer a circulação internacional de pessoas, mercadorias e veículos no porto, aeroporto ou ponto de fronteira. Conforme explicita o próprio Regulamento Aduaneiro- Decreto nº 6759/2009, CURSO ON-LINE – COMÉRCIO EXTERIOR EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL PROFESSOR: RICARDO VALE www.pontodosconcursos.com.br 36 somente nos portos, aeroportos e pontos de fronteira alfandegados poderá efetuar-se a entrada ou a saída de mercadorias procedentes do exterior ou a ele destinadas. Art. 8o Somente nos portos, aeroportos e pontos de fronteira alfandegados poderá efetuar-se a entrada ou a saída de mercadorias procedentes do exterior ou a ele destinadas. Parágrafo único. O disposto no caput não se aplica à importação e à exportação de mercadorias conduzidas por linhas de transmissão ou por dutos, ligados ao exterior, observadas as regras de controle estabelecidas pela Secretaria da Receita Federal do Brasil. Art. 9o Os recintos alfandegados serão assim declarados pela autoridade aduaneira competente, na zona primária ou na zona secundária, a fim de que neles possam ocorrer, sob controle aduaneiro, movimentação, armazenagem e despacho aduaneiro de: I - mercadorias procedentes do exterior, ou a ele destinadas, inclusive sob regime aduaneiro especial; II - bagagem de viajantes procedentes do exterior, ou a ele destinados; e III - remessas postais internacionais. Parágrafo único. Poderão ainda ser alfandegados, em zona primária, recintos destinados à instalação de lojas francas. Como vemos da análise do texto acima, existem recintos alfandegados na zona primária e na zona secundária. Os recintos alfandegados na zona secundária são os chamados portos secos, que são áreas no interior do país em que podem ocorrer operações de movimentação, armazenagem e despacho aduaneiro de mercadorias sobre controle aduaneiro. Os portos secos são instalados com a finalidade de aproximar o despacho aduaneiro do importador ou do exportador. Vamos exemplificar para que você entenda melhor! Imagine que você é gerente de uma montadora de automóveis que funciona em Caruaru, cidade localizada no interior do maravilhoso estado de Pernambuco! Bom, você precisa importar determinadas peças, a fim de incorporá- las ao processo produtivo. Você então celebra um contrato internacional de compra dessas peças e estas chegam pelo Porto de Suape, localizado em Recife. Aí você terá que se deslocar para Recife para proceder ao despacho aduaneiro ou então contratar um despachante aduaneiro que o faça para você. Não seria mais fácil se o despacho aduaneiro fosse realizado em Caruaru? Com certeza seria! CURSO ON-LINE – COMÉRCIO EXTERIOR EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL PROFESSOR: RICARDO VALE www.pontodosconcursos.com.br 37 Logo, se existisse um porto seco em Caruaru isso seria de todo agradável. Entretanto, para a instalação de uma instalação alfandegada na zona secundária é necessário que se verifique se há uma demanda razoável para que isso ocorra. Se houver, será instaurado um processo de licitação com o objetivo que os serviços prestados no porto seco sejam prestados em regime de concessão ou permissão. Art. 12. As operações de movimentação e armazenagem de mercadorias sob controle aduaneiro, bem como a prestação de serviços conexos, em porto seco, sujeitam-se ao regime de concessão ou de permissão. Parágrafo único. A execução das operações e a prestação dos serviços referidos no caput serão efetivadas mediante o regime de permissão, salvo quando os serviços devam ser prestados em porto seco instalado em imóvel pertencente à União, caso em que será adotado o regime de concessão precedida da execução de obra pública. “Tá bom Ricardo, entendi o que você disse! Você explicou o porquê do alfandegamento em recintos na zona primária e na zona secundária. Mas eu tinha te perguntado sobre o processo de alfandegamento!” Calma, aluno! Vamos com calma, seguindo a ordem! Primeiro, como eu já disse em relação aos portos secos, é aberto um processo licitatório para que os serviços prestados nos recintos alfandegados o sejam mediante regime de concessão ou permissão. Essa regra aplica-se tanto aos recintos alfandegados na zona primária quanto aos portos secos. O serviço prestado nesses recintos é similar ao que a INFRAERO presta
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