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Lúria Niemic Onofre, turma XXXIV PROBLEMA 5 DESENVOLVIMENTO NEUROPSICOMOTOR Do ponto de vista biológico, o sucesso do desenvolvimento depende da integridade dos vários órgãos e sistemas que concorrem para lhe condicionar, principalmente o SN, que participa de toda ordenação funcional que o indivíduo irá experimentar. Neste aspecto, é importante lembrar que o tecido nervoso cresce e amadurece, sobretudo nos 1ºs anos de vida, portanto, nesse período, é mais vulnerável aos agravos de natureza e às adversidades das condições ambientais que podem ocasionar prejuízos relacionados aos processos em desenvolvimento. O estudo do desenvolvimento compreende alguns domínios de função interligados, são: sensorial, motor (subdividido em habilidades motoras grosseiras e finas), da linguagem, social, adaptativo, emocional e cognitivo. Influenciam entre si e têm como eixo integrador a subjetividade, função de dimensão psíquica que se particulariza e possibilita a singularidade de cada um dos seres humanos. Deve ser um processo contínuo de acompanhamento das atividades relativas ao potencial de cada criança, com vistas à detecção precoce de desvios ou atrasos. Essa verificação pode ser realizada de forma sistematizada por meio de alguns testes e/ou escalas elaboradas para tal finalidade. Sendo um processo dinâmico, as avaliações do desenvolvimento devem acontecer em todas as visitas de puericultura, de forma individualizada e compartilhada com a família. É fundamental o conhecimento do contexto familiar e social no qual a criança está inserida: desde quando foi gerada, se planejada ou não; as fantasias da mãe durante a gestação; quem é o responsável pelos seus cuidados; como é a rotina da criança; e quais mudanças ocorreram nas relações familiares após o seu nascimento. Além disso, é importante obter dados relacionados a possíveis fatores de risco para distúrbios do desenvolvimento, como ausência de pré-natal, dificuldades no nascimento, PIG, prematuridade, intercorrências neonatais, uso de drogas ou álcool, infecções e depressão durante a gestação. Também é fundamental indagar sobre a opinião da mãe em relação ao processo de desenvolvimento de seu filho. A análise processa-se por toda a duração do atendimento, observando o comportamento da família e da criança: quem traz a criança, como ela é carregada, sua postura, o seu interesse pelo ambiente e a interação com as pessoas. Além disso, como um dos fatores mais importantes para o desenvolvimento da criança é a reciprocidade estabelecida na relação com sua mãe, é interessante observar o vínculo entre ambas. Quanto às aquisições motoras, reconhece-se no RN um padrão motor muito imaturo, com a presença do reflexo tônico cervical assimétrico, que lhe confere uma postura assimétrica, com predomínio do tônus flexor nos membros e intensa hipotonia na musculatura paravertebral. Seus movimentos são reflexos, controlados por partes primitivas do cérebro. Assim, reflexos como sucção, preensão palmar, plantar e da marcha passarão em poucos meses a serem atividades voluntárias. Outros, como o de Moro e o tônico cervical assimétrico, desaparecerão em breve, sendo que, dentro do padrão de desenvolvimento normal, não devem persistir no 2º semestre de vida. Durante os 1ºs meses, há uma diminuição progressiva do tônus flexor e substituição pelo padrão extensor. Esse amadurecimento se faz na direção craniocaudal, sendo o quadril e os membros inferiores os últimos a adquiri-lo. A partir do 2º semestre, não ocorre mais predomínio de padrão flexor ou extensor, e assim, a criança, por meio de alternância entre os tônus, consegue, primeiramente, rolar e, posteriormente, já tendo separado os movimentos entre as cinturas escapular e pélvica, consegue mudar da posição deitada para sentada. A regra do desenvolvimento motor é que ocorra no sentido craniocaudal e proximodistal e, por meio de aquisições mais simples para mais complexas. Assim, a 1ª musculatura a ser controlada é a ocular. Depois, há o controle progressivo da musculatura para a sustentação da cabeça e depois do tronco. Durante o 3º trimestre, a criança adquire a posição ortostática. O apoio progressivo na musculatura dos braços permite o apoio nos antebraços e as 1ªs tentativas de engatinhar. No entanto, algumas crianças andam sem ter engatinhado, sem que isso indique algum tipo de anormalidade. O desenvolvimento motor fino se dá no sentido proximodistal. Ao nascimento, a criança fica com as mãos fechadas na maior parte do tempo. Por volta do 3º mês, em decorrência da redução do tônus flexor, as mãos ficam abertas por período maior de tempo, e as crianças conseguem agarrar os objetos, embora ainda sejam incapazes de soltá-los. Entre o 5º e o 6º mês, Lúria Niemic Onofre, turma XXXIV conseguem apreender um objeto voluntariamente e iniciam o movimento de pinça, que será aprimorado progressivamente até se tornar completo, polpa com polpa. A avaliação do sistema sensorial, principalmente da audição e da visão, deve ser feita desde os 1ºs atendimentos. É importante indagar os familiares se a criança focaliza objetos e os segue com o olhar, e também se prefere o rosto materno. Isto porque, desde os 1ºs dias de vida, o RN é capaz de focalizar um objeto a poucos centímetros de seu campo visual e detém nítida preferência pelo rosto humano. A audição inicia por volta do 5º mês de gestação, portanto, ao nascimento, a criança já está familiarizada com os ruídos do organismo materno e com as vozes de seus familiares. Deve-se perguntar se o bebê se assusta, chora ou acorda com sons intensos e repentinos, se é capaz de reconhecer e se acalmar com a voz materna e se procura a origem dos sons. Quanto à interação social, o olhar e o sorriso, presentes desde o nascimento, representam formas de comunicação, mas, entre a 4ª e a 6ª semana de vida surge o “sorriso social” desencadeado por estímulo, principalmente pela face. Já no 2º semestre de vida, não responde mais com um sorriso a qualquer adulto, pois passa a distinguir o familiar do estranho. Assim, pode manifestar um amplo espectro de comportamentos que expressam o medo e a recusa de entrar em contato com o estranho. Quanto à linguagem, durante os 1ºs meses de vida, se expressa por meio de sua mímica facial e, principalmente, pelo choro. Entre o 2º e o 3º mês, inicia a emissão de arrulhos e, por volta do 6º mês, de balbucio ou sons bilabiais, cujas repetições são realizadas pelo simples prazer de se escutar. Entre 9 e 10 meses, emite balbucios com padrão de entonação semelhantes à linguagem de seu meio cultural. A 1ª palavra, na maioria dos idiomas, corresponde a um encontro silábico reconhecido que se inicia com sons de m, n, p, d ou t, como “mama”, “papa” e “dada”. A linguagem gestual também aparece no 2º semestre de vida e é fruto da significação dada pelos adultos do seu meio. Nessa fase, é comum a criança apontar e obedecer aos comandos verbais como bater palmas, acenar e jogar beijos. Por volta dos 12 meses, surgem as 1ªs palavras denominadas palavras-frase. Aos 18 meses, inicia frases simples e, a partir daí, ocorre um grande aumento em seu repertório de palavras. Nessa fase, também começa o diálogo com troca de turnos, isto é, fala e depois aguarda a resposta do outro para nova interferência. Lúria Niemic Onofre, turma XXXIV TESTES DE DESENVOLVIMENTO TESTE DE GESELL É um teste de referência, envolvendo a avaliação direta e a observação da qualidade e da integração de comportamentos. Pode ser aplicado em crianças de 4 semanas até 36 meses de idade. As categorias de análise desta escala referem-se às seguintes áreas: comportamento adaptativo (organização e adaptação sensório-motora, cognição); comportamento motor grosseiro e delicado (sustentação da cabeça, sentar, engatinhar, andar, manipulação de objetos com as mãos); comportamento de linguagem (expressiva ou receptiva);comportamento pessoal-social (relação com o meio-ambiente). Os comportamentos descritos são observados nas idades-chave de: 4 semanas, 16 semanas, 28 semanas, 40 semanas, 12 meses, 18 meses, 24 meses e 36 meses. Quando a criança é prematura deve ser usada a idade corrigida. ESCALA DE DESENVOLVIMENTO INFANTIL DE BAYLEY É uma avaliação padronizada das habilidades mentais e motoras de crianças entre 2 meses e 3 anos. Os principais aspectos avaliados por cada sub-escala são: mental (funcionamento das capacidades sensoriais e perceptivas); motora (motricidade fina e ampla); comportamental (avaliação qualitativa da interação da criança com objetos e pessoas). TESTE DE TRIAGEM SOBRE O DESENVOLVIMENTO DE MILANICOMPARETTI O objetivo é avaliar o nível funcional da criança e detectar precocemente algum atraso ou déficit neuromotor. Avalia o desenvolvimento motor desde o nascimento até 24 meses. Pode ser administrado de 4 a 8min. Observa tanto comportamentos espontâneos (controle postural e padrões de movimentos ativos) quanto respostas evocadas (reflexos primitivos, reações de endireitamento e equilíbrio). Portanto, o desenvolvimento motor é avaliado com base na correlação entre as aquisições funcionais motoras da criança e as estruturas reflexas. A construção do teste depende de observações objetivas além de declarações dos pais, o que constitui em alguns casos prejuízo quanto à fidedignidade das informações. TESTE DE DENVER É uma escala de triagem que verifica o atraso no desenvolvimento infantil. Composto por 125 itens distribuídos na avaliação de 4 áreas distintas do desenvolvimento neuropsicomotor: motricidade ampla, motricidade fina-adaptativa, comportamento pessoal-social e linguagem. Esses itens são registrados através da observação direta da criança e, para alguns deles, solicita-se que a mãe informe se o filho realiza ou não determinada tarefa. EXAME NEUROLÓGICO DO BEBÊ A TERMO Tem finalidade de identificar sinais neurológicos anormais no período neonatal. Foi o 1º a utilizar os 5 estados comportamentais (sono quieto, sono ativo, despertar quieto, despertar ativo e choro) como parte integrante da avaliação neurológica do RNT, mostrando a importância da sua relação com vários reflexos do neonato. O padrão de exame inclui um período de observação e outro de análise. É realizado um exame geral de 10min para determinar se é necessária a avaliação completa de 30min com 63 itens ao total, os quais avaliam a postura, tono, reflexos e movimentos espontâneos. ALIMENTAÇÃO 10 Passos para a Alimentação Saudável de crianças menores de 2 anos: PASSO 1 – Dê somente o leite materno até os 6 meses, sem oferecer água, chás ou qualquer outro alimento. PASSO 2 – A partir dos 6 meses, introduza de forma lenta e gradual outros alimentos, mantendo o leite materno até os 2 anos de idade ou mais. A introdução dos alimentos complementares deve ser lenta e gradual. No inicio, a criança pode rejeitar as 1ª ofertas, porque tudo para ela é novidade (colher, sabor e a consistência do alimento). Nesta fase, é necessário oferecer água tratada, filtrada e fervida, nos intervalos das refeições. Lúria Niemic Onofre, turma XXXIV PASSO 3 – Após 6 meses, dar alimentos complementares (cereais, tubérculos, carnes, leguminosas, frutas e legumes) 3x ao dia, se a criança estiver em AM. A papa principal deve ser oferecida no horário de almoço ou jantar, conforme o horário que a família estiver reunida, completando-se a refeição com o LM até que a criança se mostre saciada apenas com a papa. A papa principal deve conter um alimento de cada grupo: legumes e/ou verduras, cereal ou tubérculo, feijões e carne ou vísceras ou ovo. Se a criança mama no peito, ao completar 6 meses ofereça: 1 papa de frutas e 1 papa principal. Ao completar 7 meses, ofereça: 2 papas principais e 1 papa de frutas. A criança que não estiver em AM corre maior risco nutricional, portanto é recomendado que receba 5 refeições ao dia (2 papas principais e 3 porções de leite, além das frutas). Ao completar 8 meses, a criança já pode receber a alimentação básica da família desde que não sejam utilizados temperos industrializados, pimenta, alimentos gordurosos como bacon, banha, linguiça, entre outros. Opções: Cereais e tubérculos: Arroz, milho, aipim, batata-doce, macarrão, batata, cará, farinhas, batata baroa, cará e inhame. Hortaliças e frutas Folhas verdes, laranja, abóbora, banana, beterraba, abacate, quiabo, mamão, cenoura, melancia, tomate e manga. Carne e ovos Frango, codorna, peixes, pato, boi, vísceras (miúdos) e ovos. Grãos Feijões, lentilha, ervilha seca, soja e grão-de-bico. PASSO 4 – A alimentação complementar deve ser oferecida de acordo com os horários de refeição da família, em intervalos regulares e de forma a respeitar o apetite da criança. Não ofereça comida ou insista para a criança comer quando ela não está com fome. Procure oferecer os alimentos de maneira regular, mas sem rigidez de horários e os intervalos entre as refeições devem ser fixos. PASSO 5 – A alimentação complementar deve ser espessa desde o início e oferecida de colher. Começar com consistência pastosa e, gradativamente, aumentar a consistência até chegar à alimentação da família. No início, os alimentos complementares devem ser especialmente preparados para a criança. Os alimentos devem ser cozidos em água suficiente para ficarem macios, ou seja, deve sobrar pouca água na panela. A consistência dos alimentos deve ser pastosa (papa ou purê), não há necessidade de passar na peneira. Coloque os alimentos no prato e amasse com o garfo. Não bata os alimentos no liquidificador, para que a criança possa experimentar novas consistências, sabores e cores e aprenda a mastigar. PASSO 6 – Ofereça à criança diferentes alimentos ao dia. Uma alimentação variada é uma alimentação colorida. Ofereça 2 frutas diferentes por dia, selecionando as frutas da estação principalmente ricas em vitamina A, como as amarelas ou alaranjadas e que sejam cultivadas localmente. Para que o ferro presente nos vegetais folhosos e feijão seja melhor absorvido, eles devem ser consumidos com algum alimento rico em vitamina C (limão, acerola, tomate, goiaba, laranja). Sempre que possível, ofereça carne nas refeições; e uma vez na semana ofereça vísceras ou miúdos que são boas fontes de ferro. Os sucos naturais devem ser evitados, mas se forem administrados que sejam dados no copo, de preferência após as refeições principais, e não em substituição a estas, em dose máxima de 100 mL/dia. PASSO 7 – Estimule o consumo diário de frutas, legumes e verduras nas refeições. Para aceitar um novo alimento a criança precisa experimentá-lo, pelo menos de 8-10 vezes. No 1º ano, evite oferecer os alimentos misturados para que a criança tenha a oportunidade de conhecer os novos sabores e texturas. Lúria Niemic Onofre, turma XXXIV Quando a criança já se senta à mesa, o consumo desses alimentos pela família irá incentivá-la a experimentar. Estar presente junto às refeições, mesmo que a criança já coma sozinha e ajudá-la, se necessário. Não apressar a criança. É necessário ter paciência e bom humor, sem forçar a criança a comer, isso aumenta o estresse e diminui o apetite. PASSO 8 – Evite açúcar, café, enlatados, frituras, refrigerantes, balas, salgadinhos e outras guloseimas nos 1º anos de vida. Use sal com moderação. Prefira alimentos naturais, sem adição de açúcar. Escolha frutas que não precisam ser adoçadas (laranja, caju, maçã, pêra, mamão, banana, melancia, goiaba, manga). Não deixe a criança pequena “experimentar” de tudo, como, iogurtes industrializados, macarrão instantâneo, bebidas alcoólicas, salgadinhos, refrigerantes, frituras, cafés, embutidos, enlatados, chás e doces. Oriente os irmãos maiores para não oferecer doces, sorvetes e refrigerantes à criança pequena. Leia o rótulo dos alimentos paraevitar oferecer à criança aqueles que contem aditivos e conservantes artificiais. OBS: Sal não deve ser adicionado às refeições da criança no 1º ano de vida, sendo suficiente o conteúdo de sódio intrínseco aos alimentos utilizados no preparo. PASSO 9 – Cuide da higiene no preparo e manuseio dos alimentos. Garanta o seu armazenamento e conservação adequados. Lavar as mãos em água corrente e sabão antes de preparar e oferecer a alimentação para a criança. Usar água fervida e filtrada para oferecer à criança e também para o preparo das refeições. Não oferecer à criança sobras de alimentos da refeição anterior. Prepare apenas a quantidade de alimentos que a criança costuma comer, para evitar sobras. Se não tiver um refrigerador em boas condições, os alimentos da criança devem ser preparados próximo ao horário da refeição. OBS: Utensílios da criança, frutas e verduras, devem ser lavadas em água corrente, e colocados em imersão em água com hipoclorito de sódio a 2,5% por 15 minutos (20 gotas de hipoclorito para 1 litro de água). Para reduzir o risco de contaminação dos alimentos por agrotóxicos, preconiza-se a utilização de bicarbonato de sódio a 1% (imergir as frutas e verduras por 20min em solução de 1cs de bicarbonato para 1 litro de água). PASSO 10 – Estimule a criança doente e convalescente a se alimentar, oferecendo sua alimentação habitual e seus alimentos preferidos, respeitando sua aceitação. Se a criança mama só no peito, aumente a frequência das mamadas. Ofereça os alimentos que a criança preferir, desde que sejam saudáveis. Ofereça quantidades pequenas por refeição e com maior frequência. Se a criança estiver com febre ou diarréia ofereça líquidos mais vezes por dia. Esses líquidos devem ser oferecidos após as refeições ou nos intervalos. Recomendações nutricionais para crianças a partir de 12 meses: acrescentar às 3 refeições mais 2 lanches ao dia, com fruta ou leite. Deve ser incentivada a ingestão média de 600mL de leite de vaca (preferencialmente fortificado com ferro e vitamina A), assim como de outros derivados (iogurtes caseiros, queijos), para garantir correta oferta de cálcio. Lúria Niemic Onofre, turma XXXIV Oferecer frutas como sobremesa é importante, após as refeições principais, para melhorar a absorção do ferro não heme presente nos alimentos como feijão e folhas verde-escuras. Deve-se evitar a ingestão de açúcar e produtos que o contenham, pois favorecem a formação de cáries e obesidade. DIFERENÇA DOS LEITES Diante da impossibilidade do AM, deve-se utilizar uma fórmula infantil que satisfaça as necessidades do lactente. Todas as fórmulas (infantis para lactentes e de seguimento para lactentes) disponíveis no Brasil são consideradas seguras, pois seguem as resoluções da ANVISA RDC nº 43 e 44/2011, que segue as quantidades de nutrientes do leite materno. Antes do 6º mês, deverá ser utilizada uma fórmula infantil para lactentes (1º semestre); a partir do 6º mês, recomenda-se uma fórmula infantil de seguimento para lactentes (2º semestre). Para as crianças que utilizam fórmulas infantis, a introdução de alimentos não-lácteos deverá seguir o mesmo preconizado para aquelas em AME (a partir dos 6 meses). CARACTERÍSTICAS GERAIS DAS FÓRMULAS INFANTIS Gordura: mistura de óleos vegetais que fornecem os ácidos graxos essenciais (AGE), dentre eles ácido lineico e o alfa- linolênico. Carboidratos: as fórmulas contêm lactose apenas ou associação de lactose com polímeros de glicose (maltodextrina). Proteínas: polimérica (soro do leite /caseína) ou parcialmente hidrolisada (soro). Minerais: há modificação nos teores dos minerais, tentando aproximar os seus teores aos do leite materno. A relação cálcio/fósforo é adequada. Oligoelementos: atendem às necessidades da criança sadia. Nucleotídeos: papel fundamental na estrutura do DNA e RNA; também são essenciais para o metabolismo celular. Oligossacarídeos do Leite Humano (OLH): são carboidratos naturalmente presentes no leite humano, prolongamentos do açúcar do leite, a lactose, com combinações de galactose, N-acetilglicosamina, fucose e/ou ácido siálico. São componentes biologicamente ativos que modulam de forma benéfica a microbiota do lactente, assim como o desenvolvimento do intestino, do sistema imunológico e do sistema neurológico. O leite humano contém +200 HMO diferentes. Destes, cerca de 20 estão presentes em concentrações mais elevadas. Prebióticos (GOS/FOS) são carboidratos não-digeríveis que estimulam o crescimento e/ou atividade de um grupo de bactérias no cólon que traz benefícios à saúde do indivíduo. Probióticos são microorganismos vivos capazes de alcançar o TGI e alterar a composição da microbiota, produzindo efeitos benéficos à saúde quando consumidos em quantidades adequadas. LC-PUFAS são ácido graxos poli-insaturados de cadeia longa que participam na estrutura da membrana celular da retina e do SNC. CARACTERÍSTICAS GERAIS DO LEITE DE VACA O leite de vaca (in natura, integral, pó ou fluido), por não contemplar as características da fórmula infantil, não é considerado alimento apropriado para crianças <1 ano. As inadequações do leite de vaca são: Qualidade das Gorduras: contém baixos teores de ácidos graxos essenciais, como o ácido linoleico (10x inferior às fórmulas infantis), sendo necessário o acréscimo de óleo vegetal para que atenda ás necessidades nutricionais do RN. Quantidade e qualidade dos Carboidratos: a sua quantidade é insuficiente quando o leite é diluído a 2/3, sendo necessário o acréscimo de outros açúcares, frequentemente mais danosos à saúde, como a sacarose, com elevado poder cariogênico. Lúria Niemic Onofre, turma XXXIV Proteínas: fornece alto teor proteico com consequente elevação da carga renal de soluto. O excesso proteico aumenta o risco de doenças crônicas não transmissíveis como HAS, além da qualidade da proteína contribuir para adiposidade no futuro. Apresenta relação caseína/proteínas do soro inadequada, comprometendo a digestibilidade e absorção de nutrientes. Minerais e eletrólitos: fornece altas taxas de sódio, contribuindo para a elevação da carga renal de soluto, deletéria principalmente para os RN de baixo peso. Vitaminas: baixos níveis de vitaminas D, E e C. Oligoelementos são fornecidos em quantidades insuficientes, com baixa biodisponibilidade de todos os oligoelementos, salientando-se o ferro e o zinco. COMPARAÇÕES SAÚDE BUCAL ERUPÇÃO DENTÁRIA A estrutura dentária é composta de 4 tecidos diferentes: esmalte, dentina, cemento e polpa. O esmalte envolve completamente a dentina coronária, é o tecido mais duro do organismo e desempenha importante papel na mastigação. A dentina representa o verdadeiro esqueleto do dente, encontrando contornada na coroa e na raiz de maneira contínua. No interior da dentina, há uma cavidade mais ampla nos dentes jovens, que reproduz de forma muito aproximada a anatomia externa do dente, que é a cavidade pulpar. A polpa é uma massa mole de tecido embrionário fundamental onde se encontram vasos e nervos, dando ao órgão dental sua condição de elemento vivo e de capacidade de reno- vação da dentina. Funções dos dentes de leite: Conduzir os dentes permanentes em formação abaixo deles a uma correta posição; Manter a integridade das arcadas dentárias para que se estabeleça o adequado desenvolvimento e crescimento orofacial da criança; Permitir que a criança fale, mastigue e degluta alimentos corretamente; Favorecer a estética, dando a criança um sorriso bonito e saudável. CRONOLOGIA: Incisivos centrais inferiores: 6-10 meses; Incisivos centrais superiores: 7-12 meses; 1º molares inferiores: 12-18 meses; Caninos superiores: 16-22 meses; Caninos inferiores: 16-23 meses; 2º molares inferiores: 20-31 meses; 2º molares superiores: 25-33 meses. Lúria NiemicOnofre, turma XXXIV Incisivos laterais superiores: 9-13 meses; Incisivos laterais inferiores: 7-16 meses 1º molares superiores: 13-19 meses; Os dentes natais ou neonatais podem ocorrer por uma posição superficial do germe dentário, por hereditariedade ou estar associados à fenda palatina, síndrome de Ellis-van Creveld, síndrome de Hallermann-Streiff, síndrome de Pierre Robin e outras anomalias. Geralmente, apresentam forma normal ou conoide e tamanho normal ou menor. Podem causar dor e recusa do RN em alimentar-se e desconforto materno durante a amamentação. Além disso, a língua do RN pode apresentar uma ulceração traumática na superfície ventral, denominada doença de Riga-Fede. Contudo, se apresentar boa implantação, deve ser mantido na cavidade bucal, realizando-se polimento da borda incisal para evitar que tanto a criança quanto a mãe se machuquem durante a amamentação. Entretanto, se o dente apresentar mobilidade e suporte apenas de tecidos moles, deve ser removido por causa da possibilidade de aspiração. HIGIENE BUCAL A presença do biofilme bacteriano (placa dental) visível está associada ao desenvolvimento de cáries. Por isso, a adoção de práticas de higiene bucal deve se iniciar na infância. Os pais e os cuidadores devem ser orientados a realizar a higiene da seguinte forma: PARA BEBÊS SEM DENTES: a limpeza da cavidade bucal do bebê deve ser iniciada a partir dos 1º dias de vida, com a finalidade de remover o leite estagnado em seu interior e nas comissuras labiais, massagear a gengiva e acostumá-lo à manipulação da boca. A limpeza pode ser realizada com uma gaze ou fralda limpa – embebida em água potável ou solução com uma colher de água oxigenada (vol. 10) em ½ copo de água potável (fria) –, que deve ser passada delicadamente na gengiva e em toda a mucosa oral do bebê pelo menos 1x/dia. PARA BEBÊS EM FASE DE ERUPÇÃO DOS INCISIVOS (6 a 18 meses): gaze ou fralda umedecida em água potável, 2x/dia. PARA BEBÊS EM FASE DE ERUPÇÃO DE MOLARES (18 a 36 meses): deve-se iniciar o uso da escova dental macia, 2x/dia. O uso do fio dental está indicado quando os dentes estão juntos, sem espaços entre eles, 1x/dia. USO DE FLUORETOS A fluoretação das águas de abastecimento público tem sido uma importante medida de promoção de saúde, sendo responsável pela queda nos índices de cárie tanto no Brasil como no mundo. Sendo esta a fonte principal de ingestão de flúor, não se recomenda o uso de suplementação de flúor no pré-natal nem na puericultura em locais onde exista água de abastecimento fluoretada. Em relação ao flúor tópico, deve-se tomar o cuidado para que ele não seja ingerido (fluorose). Recomenda-se que o creme dental fluoretado somente seja usado com a supervisão dos pais e/ou cuidadores, na última escovação do dia, em quantidade mínima (1 grão de arroz cru) após a erupção dos 1ºs molares, com o incentivo para a criança cuspir a pasta após a escovação. Caso a criança demonstre que gosta de ingerir o creme dental, este não deve ser usado até os 3 anos. Caso a criança de 0-3 anos já apresente atividade de cárie, ela deve ser encaminhada o quanto antes à equipe de saúde bucal, para tratamento e aplicação de verniz com flúor. PREVENÇÃO DE ACIDENTES 6m-1ª: Nesta faixa de idade, a criança começa a se locomover sozinha e está mais ativa e curiosa. Choques: Colocar protetores nas tomadas e nos fios elétricos, deixando-os longe do alcance de crianças. Quedas: Colocar nas janelas, redes de proteção ou grades que possam ser abertas em casos de incêndio. Instale barreiras de proteção nas escadas. Certifique-se de que o tanque de lavar roupas está bem fixo, para evitar acidentes. Queimaduras: Use as bocas de trás do fogão e mantenha os cabos das panelas voltadas para o centro do fogão. Mantenha as crianças longe do fogo, de aquecedores e ferros elétricos. Sufocação: Afaste sacos plásticos, cordões e fios. Lúria Niemic Onofre, turma XXXIV Afogamentos: Não deixe as crianças sozinhas perto de baldes, tanques, poços e piscinas. Intoxicação: Mantenha produtos de limpeza e medicamentos fora do alcance das crianças, em locais altos e trancados. Acidentes no trânsito: O Código de Trânsito Brasileiro determina que, nesta fase, a criança deve ser transportada no bebê- conforto ou no assento infantil conversível para carros e veículos de trânsito automotivo (uma cadeira especial em forma de concha, levemente inclinada, que deve ser colocada no banco de trás, voltada para o vidro traseiro, conforme as orientações do fabricante). 1-2a: A criança já anda sozinha e gosta de mexer em tudo. Quedas: Colocar proteções nas escadas e janelas. Proteger os cantos dos móveis. Segurança em casa: Colocar obstáculo na porta da cozinha e manter fechada a porta do banheiro. Outros cuidados: Não deixar ao alcance das crianças objetos pontiagudos, cortantes ou que possam ser engolidos. Colocar longe do alcance das crianças objetos que se quebrem, detergentes, medicamentos e outros produtos com substâncias corrosivas, pois as crianças gostam de explorar o ambiente onde vivem. Acidentes no trânsito: O CTB determina que, nesta fase, a criança deve ser transportada em cadeira especial no banco de trás, voltado para frente, corretamente instalada, conforme as orientações do fabricante. Atropelamentos: Evite acidentes na rua. Segure a criança pelo pulso. Assim, você impede que ela se solte e corra em direção à rua. Não permita que a criança brinque em locais com trânsito de veículos (garagem e rua) e escolha lugares seguros para as crianças brincarem (parques, ciclovias, praças e outros lugares próprios para o lazer infantil). HIGIENE CORPORAL Outros cuidados que se devem ter com a pele do bebê, no intuito de preservar a sua integridade cutânea, são: As unhas dos bebês devem ser mantidas limpas e curtas, para evitar que machuquem a pele; Deve-se evitar ao máximo o uso de curativos adesivos na pele dos bebês, principalmente, dos prematuros, pelo risco de lacerar a pele, que é muito fina. Se seu uso for realmente necessário, convém utilizar pedacinhos bem pequenos e ter muito cuidado na hora de removê-lo. Para facilitar a remoção, pode-se empregar um emoliente. BANHO Na hora do banho é importante que todos os materiais estejam prontos: água do banho, toalhas e roupas aquecidas, aquecimento do ambiente, lavagem das mãos com água e sabão. A banheira deve conter água morna em quantidade suficiente para cobrir as pernas do bebê; a temperatura deve ser verificada com o cotovelo. Antes de colocar o bebê na banheira seu períneo deve ser limpo com pano umedecido em água morna. O bebê é, então, posicionado perto na água do banho, com o tronco e os membros superiores envoltos com uma toalha de banho macia. A cabeça e as costas da criança ficam apoiadas no braço esquerdo da mãe ou responsável, enquanto a mão esquerda segura o braço esquerdo da criança. O banho é iniciado pela limpeza do rosto, apenas com água. A seguir, faz-se a limpeza dos olhos, do canto interno para o externo e, depois, das pregas das orelhas. Após, será lavada a cabeça com xampu ou sabonete neutro e secada imediatamente ao seu término. Retira-se, então, a toalha e lava-se o restante do corpo. Em seguida, seca-se o bebê cuidadosamente com a toalha macia, sobretudo as dobras, vestindo-o no mesmo ambiente do banho. Recomenda-se que o banho seja diário no horário mais quente do dia ou quando o bebê permanece maior tempo acordado. TROCA DE FRALDAS A cabeça do bebê deve ficar mais elevada do que o corpo. As trocas devem ser frequentes (cada 3h), realizando-se a higiene da pele com água morna (urina) ou com sabonete neutro (evacuado). O local deve permanecer sempre seco. Lúria Niemic Onofre, turma XXXIV Deve-se evitar a fricção exagerada sobre a pele e o uso de talcos e de lenço umedecido, o qual poderá ser utilizado em situações ocasionais (viagens, passeios fora de casa). Quando ele for usado, deve-se dar preferênciaaos não perfumados, sem aditivos e sem álcool. Nos meninos, não se deve retrair com força a pele que recobre a glande, pois pode provocar lesões; na menina, deve-se abrir delicadamente os grandes lábios para retirar os resíduos de fezes e urina que se acumulam, limpando a região da frente para trás com algodão umedecido com água morna. COTO UMBILICAL Deve ser mantido limpo e seco no momento do banho e nas trocas de fraldas, utilizando gaze ou cotonete, enquanto se mantém o coto levemente estirado. Para a retirada de sangue ou secreção ressecada, pode ser utilizado o soro fisiológico para proceder à limpeza da região. Nos RNs, a limpeza regular do cordão umbilical com clorexedine, nos primeiros 10 dias de vida, até o cordão cair, pode reduzir bastante o risco de infecção do mesmo e também o risco de morte neonatal; Deve-se pingar algumas gotas de álcool 70% ou iodado (conforme orientação médica) no coto a cada troca de fralda, cuidando para que não escorra para a genitália. Em torno de 7 a 14 dias ocorre a queda do coto. Ele não deve permanecer coberto com panos ou faixas. Comunicar o pediatra sobre qualquer odor, secreção, inflamação ou vermelhidão na pele ao redor do coto umbilical. LAVAGEM DE ROUPAS As roupas do bebê devem ser lavadas separadamente das roupas dos outros membros da família e com sabão neutro, evitando- se o uso do sabão em pó e do amaciante.
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