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REVISÃO ESTRUTURAL A via aérea pode ser dividida em superior e inferior. A separação ocorre na região das cordas vocais, glote – acima é via aérea superior, abaixo é via aérea inferior. A via aérea inferior também é dividida em de condução, até o bronquíolo terminal, e funcional, depois do bronquíolo terminal (bronquíolos respiratórios, ductos alveolares, sacos alveolar, alvéolos – troca gasosa). DOENÇA PULMONAR OBSTRUTIVA CRÔNICA “Obstrução prevenível, crônica e recorrente do fluxo de ar nas vias respiratórias, geralmente progressiva e acompanhada de reação inflamatória a partículas ou gases nocivos.” A DPOC é constituída por duas principais doenças / síndromes: enfisema pulmonar (síndrome de hiperinsuflação) e a bronquite crônica (síndrome brônquica). Compartilham o mesmo nexo causal. Uma das principais causas de morbidade e mortalidade no mundo – quase 40.000 óbitos anuais, aumentando enormemente no futuro. Extremamente relacionado com fumaça de tabaco e outros gases nocivos (produto da combustão da queima de lenha, poluição ambiental atmosférica). FATORES PREDISPONENTES – tabagismo, poeiras e produtos químicos ocupacionais, poluição do ar intradomicilar proveniente da combustão de lenha e deficiência de alfa1- antitripsina (raro). PATOGÊNESE – se manifesta na via aérea inferior, causando problemas diferentes na parte condutiva e na parte funcional (troca). Inflamação e fibrose da parede brônquica; Hipertrofia de glândulas submucosas e hipersecreção de muco; Perda de fibras elásticas pulmonares; Perda de tecido pulmonar, destruição do leito capilar – interface alvéolo capilar é destruída. A inflamação que ocorre na via inferior de condução vai causar a bronquite crônica. E a inflamação a partir do bronquíolo respiratório vai causar o enfisema pulmonar. Porém, ambos geram o processo inicial de recrutamento de células inflamatórias. FISIOPATOLOGIA DA SÍNDROME DE HIPERINSUFLAÇÃO “Aumento irreversível dos espaços aéreos distais aos bronquíolos terminais, devido a sua destruição das paredes.” – enfisema pulmonar. Destruição dos septos interalveolares e das paredes dos alvéolos. Sem a “septação” dos alvéolos forma-se uma grande bolsa de ar, redução da superfície alvéolo-capilar, perda desse leito e consequentemente de superfície de troca. Aumento grande da aeração e redução da perfusão – efeito espaço-morto. No enfisema não há fibrose – não existe área para que ocorre esse processo. O tecido é completamente destruído. O espaço aéreo distal ao bronquíolo terminal apresenta os ácinos ou lóbulo pulmonar primário, regiões morfofuncionais (menor unidade morfofuncional do pulmão) – união da região funcional forma um ácino. O enfisema pulmonar pode ser de 3 tipos, dependendo do local de maior destruição: Centrolobular: destruição predomina na porção proximal do ácino; Panacinar: destruição de todo ácino; Parasseptal: destruição na porção distal do ácino, próximo ao septo. Nos pulmões existe a enzima alfa1- antitripsina, que é uma anti-protease e inibe a ação das proteases – elastase, metaloproteinases, peptidases. Esse sistema deve existir em equilíbrio. Porém, a inflamação gerada pela fumaça de tabaco, produtos da combustão de lenha e etc, leva a redução da síntese e da atividade da enzima alfa1-antitripsina – aumentando a ação das proteases, enzimas proteolíticas. As enzimas proteolíticas degradam a elastina, assim, vão destruir as paredes alveolares e diminuição do contato dessa parede com o leito capilar – formam-se os grandes espaços aéreos, grande espaço morto. Gera aumento do volume residual (quantidade de ar que não sai do pulmão por mais que haja esforço), hiperinsuflação, perda de elasticidade do tecido de sustentação pulmonar, brônquios perdem sustentação e colabam na fase expiratória, dificuldade ao fluxo aéreo por perda de elasticidade. Inspiração processo ativo, expiração processo passivo. Se perde fibra elástica, a respiração é prejudicada. Aumento de volume residual, perda de elasticidade. Grande área de aprisionamento aéreo por onde quase não passa sangue – efeito do espaço-morto. Perda do interstício, destruição do contato vascular. Se há redução da superfície de troca, há prejuízos na oxigenação do sangue. Aumento de pressão intratorácica prejudica o retorno venoso já diminuído. Menos leitos gera aumento da resistência vascular, diminui o débito cardíaco, hiperventilação compensatória – trabalho inclusive para expirar. Hipertrofia de musculatura respiratória. Aumento do estresse oxidativo, indivíduos hiper metabólicos e catabólicos. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS – sopradores rosados ou pink-puffer (respiram com os lábios semicerrados); Dispneia progressiva aos esforços; Tosse discreta / expectoração escassa; Emagrecimento acentuado; Não tem cianose – hipoxemia não tanto acentuada, consegue “compensar”; Taquipneia; Fácies angustiada e tórax em tonel; Lábios semicerrados – prolonga a expiração ao máximo; Uso de músculos acessórios. FISIOPATOLOGIA DAS SÍNDROMES BRÔNQUICAS As síndromes brônquicas são: bronquite crônica, bronquite aguda, bronquiolite, asma e bronquiectasia. A diferença é que ocorre em qualquer local da via aérea inferior de condução – até o bronquíolo terminal. BRONQUITE CRÔNICA – tosse produtiva durante três meses em dois anos consecutivos associada a história de exposição ao cigarro, poluição ambiental ou produtos da combustão de lenha. Acomete os brônquios e bronquíolos, até o bronquíolo terminal. Recrutamento de células inflamatórias -> reação a nível de parede brônquica -> metaplasia de células escamosas (lesão pré-maligna) -> hiperplasia/hipertrofia das glândulas mucosas -> perda e disfunção dos cílios -> edema/hiperemia de mucosa. Esse processo gera obstrução da passagem de ar nos brônquios e bronquíolos. Como não há destruição, ocorre fibrose, gerando obstrução irreversível – desequilíbrio ventilação / perfusão (shunt ou espaço morto de área para área). MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS – pletórico / inchado azul, cianótico ou blue bloater. Tosse produtiva acentuada frequente; Dispneia; Fáscies pletóricas, inchadas; Edema de membros inferiores – sobrecarga no coração direito, vasoconstricção; Cianose – ventilação reduzida. BRONQUITE AGUDA – processo inflamatório agudo e transitório da mucosa brônquica. Há acometimento de traqueia, laringe e faringe. Causado por vírus em 90% dos casos (influenza) ou por bactérias (10% como strepto, staphylo... Invasão e destruição de células epiteliais ciliadas e células produtoras de muco. Extensa e intensa descamação de células da mucosa brônquica – grande produção de muco, tosse produtiva (com expectoração). Ocorre redução das defesas e facilitação para a adesão de bactérias (quadro secundário a infecção viral). MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS – algumas características: Início abrupto, súbito; Evolução aguda (7-10 dias); Sintomas gerais: febre, mal estar, cefaleia, mialgias, disfonia (rouquidão) e tosse (permanece até por 2 meses devido à desepitelização que expõe terminações nervosas, mantendo a tosse até que haja repitelização). Complicações: sinusite, otite média e pneumonias. BRONQUIOLITE – processo inflamatório dos bronquíolos terminais e respiratórios geralmente causado por vírus (VRS, parainfluenza 3, adenovírus). Acomete principalmente crianças até 2 anos (pico entre 3 a 6 meses) – redução da luz que é pior em crianças devido ao tamanho do brônquio. Infecção -> processo inflamatório -> edema da mucosa do bronquíolo -> obstrução -> aprisionamento aéreo (pode até levara insuficiência respiratória). MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS – algumas características são: Dispneia; Tosse; Sibilância; Cianose. ASMA – doença inflamatória crônica da vias aéreas inferiores. Caracterizada por obstrução variável e difusa (todos os brônquios) ao fluxo aéreo, reversível totalmente ou parcialmente (inflamação gera fibrose, irreversibilidade), espontaneamente ou após tratamento. 10% da população brasileira é asmática. Intensidade e duração variáveis. Broncoespasmo (contrição da musculatura lisa do brônquio), edema e hipersecreção na luz – redução da luz brônquica. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS – alguma características são: Dispneia; Sibilância – chiado no peito; Tosse; Aperto no peito – sufocamento. O que diferencia um asmático de um indivíduo sem asma é a hiper-reatividade brônquica. Resposta da via aérea a estímulos é exagerada, resposta anormal a mediadores inflamatórios (histamina, PGF-2, TNF-alfa, IL-4 e IL- 5) liberados por mastócitos, que atraem e ativam eosinófilos e neutrófilos. Alguns fatores desencadeantes são: agentes infecciosos, agentes químicos, agentes físicos, alérgenos... Na inflamação crônica não há mais reversibilidade. BRONQUIECTASIA – dilatação brônquica anormal e irreversível. Brônquios são deformados e tortuosos ocasionada por destruição da musculatura, cartilagens e do tecido elástico de suporte aos brônquios. Podem ser congênitas ou adquiridas (infecções). Podem ser classificadas como: cilíndricas, varicosas ou císticas/saculares. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS – algumas são: Tosse crônica – mais de 3 meses; Expectoração purulenta; Hemoptise – eventualmente pode sangrar;
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