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AVALIAÇÃO TEÓRICA ALVENARIA ESTRUTURAL

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1. Apresente as vantagens e as desvantagens do sistema construtivo em 
alvenaria estrutural, enfatizando as duas linhas de blocos mais adotadas 
no Brasil, concreto e cerâmica. 
 
O sistema construtivo em alvenaria estrutural caracteriza-se por se um 
sistema onde as cargas verticais e horizontais são suportadas por paredes 
estruturais, constituídas por blocos e argamassa de assentamento, não havendo 
a necessidade do emprego de vigas e pilares. A alvenaria estrutural pode ser 
armada, não armada ou protendida. 
As grandes vantagens da alvenaria estrutural são: 
• Economia, se comparada ao sistema construtivo convencional em 
concreto armado; 
• Execução simplificada, proporcionando rapidez na execução; 
• Redução do uso de formas, pois não necessita de vigas e pilares; 
• Redução em consumo de aço e concreto; 
• Facilidade para obter mão de obra qualificada ou para efetuar o 
treinamento da mão de obra; 
• Redução da mão de obra; 
• Eliminação de rasgos para embutir as instalações, pois utiliza os 
próprios furos da alvenaria para embutir instalações elétricas, e 
executa shafts para as instalações hidrossanitárias; 
• Redução de quebras, desperdícios e entulho na obra; 
• Redução das espessuras dos revestimentos, pois a geometria dos 
blocos é regular; 
• Bom isolamento térmico e acústico; 
• Facilidade de integração com outros subsistemas; 
• Racionalização na execução. 
As desvantagens do sistema são: 
• Exige um controle de qualidade mais trabalhoso, se comparado ao 
sistema construtivo convencional em concreto armado, pois 
demanda mais ensaios de todos os componentes da alvenaria 
(bloco, prisma, argamassa, graute); 
 
• Arquitetura restringida pela modulação dos blocos estruturais; 
• Não permite improvisações relacionadas a arquitetura, como por 
exemplo retirada de paredes para aumento de cômodo; 
• Limitação de grandes vãos e balanços; 
• Não permite paredes muito esbeltas. 
Os blocos estruturais mais utilizados no Brasil são os cerâmicos e os de 
concreto. E esses blocos também apresentam vantagens e desvantagens se 
comparados entre si. 
Os blocos de concreto são mais vantajosos se comparados aos blocos 
cerâmicos pois: exigem menos gasto com revestimento; proporcionam melhor 
desempenho acústico; apresentam maior regularidade geométrica, devido ao 
processo de fabricação; permitem projetar estruturas com mais pavimentos, pois 
é possível alcançar maiores resistências; propiciam menos desperdício causado 
por quebras devido às maiores resistências obtidas; proporcionam maior 
aderência à argamassa. 
Consequentemente, as desvantagens do bloco cerâmico são: exigem 
mais gasto com revestimento; possuem isolamento acústico inferior; apresentam 
menor regularidade geométrica; alcançam menores resistências; quebram com 
mais facilidade; proporcionam menos aderência à argamassa; 
Já os blocos cerâmicos são mais vantajosos se comparados aos blocos 
de concreto quanto ao: melhor desempenho térmico; leveza do bloco, facilitando 
a execução da alvenaria; menor absorção de água; 
Consequentemente, as desvantagens do bloco de concreto são: é 
termicamente menos eficiente; é mais pesado, o que atrasa mais o processo de 
execução da alvenaria; absorve mais água. 
 
2. Cite, conceituando e explicando as funções, a seguir, dos quatro 
componentes básicos da alvenaria estrutural. 
 
Os quatro componentes básicos da alvenaria estrutural são: bloco, 
argamassa, graute e armadura. 
 
BLOCOS: 
Os blocos são os principais elementos da alvenaria estrutural, e 
caracterizam-se pela industrialização e modulação, sendo responsáveis por 
resistir aos esforços de compressão e cargas acidentais, garantindo ainda 
isolamento térmico e acústico para a edificação. Podem ser classificados de 
acordo com o material empregado para a sua confecção em blocos cerâmicos, 
blocos de concreto e blocos sílico-calcários, sendo o último o menos utilizado no 
Brasil. O processo de fabricação dos dois tipos de blocos mais utilizados no 
Brasil é totalmente diferente, sendo um dos fatores que tem feito os blocos de 
concreto ganhar cada vez mais espaço, visto que ele é produzido de forma mais 
controlada através de vibroprensa por indústrias de pré-fabricação de concreto 
e pode alcançar maiores resistências à compressão, enquanto os blocos 
cerâmicos são produzidos por extrusão através de queima em fornos em altas 
temperaturas, e a matéria-prima não proporciona a possibilidade de adquirir 
resistências tão altas quanto os blocos de concreto. 
Os blocos devem obedecer a padrões impostos em Normas Brasileiras, de forma 
a apresentarem propriedades físicas de aspecto, absorção de água, esquadro, 
planeza, dimensões e resistência à compressão de acordo com o que é 
recomendado. 
Os blocos podem apresentar diferentes dimensões, sendo divididos em 
famílias de acordo com a sua modulação. E devem ser assentados com os furos 
na vertical. Os blocos possuem diferentes formas: inteiros ou padrão, meio bloco, 
bloco e meio, canaleta (utilizados para verga, contraverga e viga de cintamento) 
e os blocos compensadores (destinados a ajustes de modulação). 
ARGAMASSA: 
A argamassa de assentamento possui como funções: proporcionar a 
união dos blocos, gerando uma estrutura mista única chamada de alvenaria; 
vedar a parede contra a ação de água e outros agentes agressivos; uniformizar 
as ações atuantes entre as unidades da alvenaria absorvendo as deformações 
naturais sem romper. A resistência característica da argamassa de 
assentamento deve ser de no mínimo 1,5 MPa e no máximo 70% da resistência 
característica do bloco. 
As argamassas de assentamento de blocos estruturais podem ser de cal, 
de cimento, de cal e cimento e argamassas industrializadas. As argamassas que 
 
utilizam aditivos incorporadores de ar e superplastificantes devem receber 
atenção especial caso sejam utilizadas, pois criam mais poros na argamassa, 
causando a circulação de água no seu interior e consequente redução da 
resistência. A mais indicada é a argamassa de cimento e cal, pois a cal diminui 
a retração e melhora a trabalhabilidade e a retenção de água, enquanto o 
cimento proporciona maior resistência em menos tempo, assim a união de 
cimento e cal proporciona melhor comportamento da argamassa tanto no estado 
fresco quanto no endurecido. 
As principais propriedades da argamassa no estado fresco são 
trabalhabilidade, consistência, retenção de água, coesão da mistura e 
exsudação. Enquanto no estado endurecido as principais propriedades são 
resistência à compressão, aderência à superfície, durabilidade e capacidade de 
acomodar deformações e fissuras. 
A resistência da argamassa é de fundamental importância na resistência 
ao cisalhamento. 
GRAUTE: 
O graute é um concreto fluido, com função de preenchimento dos vazios 
dos blocos de alvenaria estrutural e canaletas, sem permitir a separação dos 
componentes. Os componentes do graute são: cimento, água, agregado e cal. A 
quantidade de cal deve ser dosada de acordo com a quantidade de cimento, de 
forma a não provocar a corrosão da armadura no interior do graute. O graute 
possui alta relação água/cimento, de forma a proporcionar alto valor de slump, 
de maneira a facilitar a sua aplicação nos vazios. As principais funções do graute 
são: solidarizar as armaduras; e aumentar a resistência da alvenaria em pontos 
localizados, como verga, contraverga, cintas de amarração, e em furos verticais 
dos blocos. Por isso o graute deve ser dosado de forma a garantir a resistência 
à compressão especificada em projeto, e ainda deve apresentar consistência na 
mistura e proporcionar aderência com as paredes dos blocos, de forma a não 
haver a separação dos componentes. A resistência mínima do graute estipulada 
em norma é de 15 Mpa. 
O lançamento do graute em furos verticais deve ser feito no máximo a 
1,60 m, ou seja, a cada 8fiadas de blocos, de maneira que não haja separação 
dos componentes do concreto fluido. E ainda devem ser previstas janelas de 
 
inspeção e limpeza nos pontos de graute, para retirar as rebarbas de argamassa 
de assentamento e outras sujeiras eventuais do interior do furo. 
É recomendado o ensaio de resistência à compressão do graute em 
corpos de prova cilíndricos para garantir o valor característico especificado em 
projeto. 
Para a correta execução da alvenaria estrutural os blocos, prismas (corpo-
de-prova obtido pela superposição de blocos unidos por junta de argamassa, e 
que podem ser grauteados ou não), argamassas e grautes devem ser ensaiados 
de acordo com o especificado em Normas Brasileiras, de forma a comparar os 
resultados com o que foi especificado em projeto. 
ARMADURA: 
As armaduras na alvenaria estrutural são responsáveis por resistir à 
esforços de tração e cisalhamento. São usualmente utilizadas barras de CA 50 
nos furos verticais dos blocos e nas aberturas horizontais das canaletas. Além 
dos vergalhões em pontos verticais e horizontais, podem ser utilizadas: treliças 
em vergas e cintas; treliças planas na junta de assentamento horizontal, para 
distribuir tensões próximas de aberturas; telas metálicas galvanizadas para 
distribuir tensões entre elementos diferentes, como alvenaria estrutural e 
alvenaria de vedação; grampos para proporcionar a amarração indireta entre as 
paredes (sendo mais indicado efetuar a amarração direta através da 
sobreposição dos próprios blocos). 
 
3. Explique as razões da necessidade das plantas de fiadas, paginações de 
parede na alvenaria estrutural, sob o contexto da integração e do 
conceito BIM na indústria da construção. 
 
A fase de projeto é indispensável para todos os sistemas construtivos, 
mas principalmente para o sistema em alvenaria estrutural, pois essa fase é 
responsável por prever e solucionar os problemas que poderiam surgir na fase 
de execução. Diante disso, o projeto de alvenaria estrutural deve contemplar 
todas as informações necessárias para evitar que sejam tomadas decisões no 
momento da execução, de forma a evitar retrabalho, desperdícios e 
principalmente proporcionar a execução de uma obra racionalizada e 
 
econômica. Nesse sentido, as plantas de fiadas e paginações de parede são 
essenciais para o processo de execução da alvenaria e para a integração com 
os outros projetos, que se faz fundamental nesse sistema construtivo, visto que 
o sistema não permite improvisações como rasgos e remoção de paredes 
estruturais. 
A partir do projeto arquitetônico é possível escolher a medida modular 
compatível do bloco e assim efetuar a coordenação modular através da 
execução das plantas de 1ª e 2ª fiada, que devem ser elaboradas com os blocos 
íntegros, sem a possibilidade de quebra. As plantas de fiadas determinam a 
localização dos blocos, dos pontos de graute, das aberturas de porta e ainda as 
medidas dos vãos. Assim os profissionais de execução terão uma representação 
exata do que deve ser efetuado, e os projetistas das instalações poderão avaliar 
a localização dos pontos de graute e aberturas que inviabilizam a execução da 
instalação. É importante citar que a elaboração das plantas de fiada deve 
proporcionar a amarração direta entre as paredes. 
Através das plantas de fiada sobrepostas até o pé-direito desejado, gera-
se as paginações das paredes, que permitem perceber o local em que serão 
executadas as aberturas de janelas e também a necessidade de colocação de 
vergas, contravergas e vigas de cintamento. Assim, as paginações de cada 
parede serão essenciais para a correta execução dos elementos que não podem 
ser visualizados nas plantas de fiada. Enquanto para os projetistas as 
paginações contribuem para a avaliação da localização das aberturas, e 
previsão dos pontos de instalações em uma perspectiva vertical. Os projetistas 
de instalações elétricas, por exemplo, terão a facilidade em definir a localização 
vertical das tomadas, os furos de passagem de conduítes, a necessidade de 
utilização de blocos especiais, previamente cortados para instalação das caixas 
elétricas ou quais blocos devem ser furados para essa instalação. Enquanto os 
projetistas de instalações hidrossanitárias podem determinar a localização das 
peças hidráulicas e sanitárias, bem como a adoção de carenagens e shafts, e 
quando estes últimos forem de alvenaria de vedação, é possível prever a 
necessidade da utilização de telas metálicas galvanizadas para proporcionar 
distribuição de tensões entre as alvenarias. As paginações ainda são 
responsáveis pelo detalhamento das armaduras em cada ponto de graute. 
 
Assim, dispondo do projeto de alvenaria estrutural e de todos os outros 
projetos de engenharia, executados de maneira coordenada, deve-se preparar 
o projeto executivo com todos os detalhamentos essenciais para a execução da 
obra. 
Dessa forma, fica evidente que as plantas de fiadas e paginações são 
essenciais não só no momento da execução da alvenaria estrutural, mas 
também para propiciar a integração de projetos e aplicação do conceito BIM, que 
nada mais é do que o fornecimento de informações detalhadas da construção e 
que podem ser utilizadas por todos os envolvidos nos processos, evitando 
problemas na execução da obra. 
 
4. Apresente as famílias de blocos adotadas no Brasil para alvenaria 
estrutural. Discuta esse conceito de “família de blocos” no contexto do 
termo modulação. 
 
A alvenaria estrutural é um sistema construtivo modular, devido a 
utilização de famílias de blocos modulares. A dimensão modular das famílias é 
o comprimento real do bloco mais a espessura de uma junta de argamassa de 
assentamento, que geralmente é de 1 cm, ou seja, na família de 29 cm o módulo 
que deve ser considerado para a elaboração de projetos é o de 15 cm, devendo 
os vãos e aberturas serem múltiplos desta medida. 
As principais famílias de blocos adotadas no Brasil para alvenaria 
estrutural são a família de 39 (módulo de 20 cm), família de 29 cm (módulo de 
15 cm) e a família de 24 (módulo de 12,5 cm). 
A Figura 1 apresenta as dimensões de fabricação das famílias de blocos 
cerâmicos estruturais. Algumas dessas famílias necessitam de blocos especiais 
para solucionar problemas modulares nos encontros de parede, como é o caso 
da família com dimensões de 39x19x14, que possui também blocos com 
dimensão de 34x19x14 e 54x19x14, afim de solucionar tais problemas. Outros 
blocos especiais, independentes de famílias, são os blocos compensadores com 
4cm e 9cm, ou seja, com modulação de 5cm, e que servem para contornar 
problemas modulares na arquitetura, há ainda, os blocos canaleta, que podem 
 
ser do tipo “J”, “U” ou “C”, e normalmente são fabricadas com 19cm e 39cm, e 
são utilizados em vergas, contravergas e vigas de cintamento. 
Figura 1 - Dimensões de fabricação de blocos cerâmicos estruturais 
 
 Fonte: ABNT NBR 15270-2 (2005). 
 
A escolha da modulação (horizontal e vertical) a ser utilizada deve ser 
aquele que acarrete em menos mudanças na arquitetura inicial, mas o ideal é 
que o projetista arquitetônico no momento da concepção da arquitetura já utilize 
as medidas modulares de blocos de alvenaria estrutural. A escolha do tipo de 
bloco também depende de fatores como: existência de fornecedores locais, os 
blocos vendidos no local, custo, qualidade, tradição da construtora. 
Para a obtenção de um projeto de alvenaria mais simplificado o ideal é a 
adoção de famílias que não necessitem a utilização de blocos não modulares 
para proporcionar a amarração entre paredes, de forma que a possibilidade de 
confusão no momento da execução é minimizada e ainda gera uma economia 
para a obra, visto que os blocos especiais são mais caros. 
A adoção de modulação é o que confere a racionalização ao sistema 
construtivo em alvenaria estrutural,pois garante que o projeto seja executado 
 
sem necessidade de quebras e adaptações, proporcionando rapidez e limpeza 
para o processo. 
 
5. Apresente uma discussão sobre a problemática da integração e 
coordenação de projetos nos sistemas de AE. 
 
O sistema construtivo em alvenaria estrutural não permite improvisos 
durante a execução da obra, ou seja, não é possível rasgar os blocos ou retirar 
paredes. Por isso é de extrema importância a perfeita integração entre os 
projetos que irão compor a obra, de maneira a formarem um só projeto. 
A integração deve iniciar desde o projeto arquitetônico, elaborando-o a 
partir da medida modular do bloco a ser utilizado no projeto de alvenaria 
estrutural, proporcionando que no momento da concepção da planta de fiadas 
não seja necessário fazer adaptações das medidas arquitetônicas, e de forma 
que também não precise utilizar os elementos compensadores (mais caros). 
O projeto de instalações elétricas, de telefone e TV, por exemplo, deve 
propor soluções em que os tubos corrugados de pvc sejam distribuídos pela laje 
e pelos furos verticais dos blocos, enquanto para a instalação das caixinhas 
elétricas de tomadas e interruptores é possível optar por duas soluções: utilizar 
blocos especiais que já apresentam o recorte necessário ou efetuar o recorte na 
obra, seja antes ou após o assentamento dos blocos. Enquanto o projeto de 
instalações hidrossanitárias, por sua vez, deve prever a utilização de shafts ou 
carenagens, de forma que as tubulações nunca sejam inseridas nos furos dos 
blocos, e/ou ainda propor tubulações embutidas no piso, seja abaixo da laje e 
sobre o forro, ou no solo. O projeto de cobertura por sua vez deve prever, de 
preferência, que as cargas sejam distribuídas sobre as projeções das paredes. 
Diante disso, a compatibilização dos projetos é traçada de forma ideal 
quando há a coordenação entre todos os projetistas desde o início, 
desenvolvendo os projetos em conjunto, de forma que os profissionais consigam 
sanar possíveis incompatibilidades entre os projetos durante a elaboração dos 
mesmos, de maneira a propiciar facilidade e assertividade na execução da obra. 
 
A coordenação de projetos também permite que os projetistas padronizem 
os detalhamentos do projeto executivo, facilitando a leitura e visualização da mão 
de obra. Além disso, a coordenação se faz essencial também para o layout e 
logística do canteiro de obras. 
Nesse contexto, o BIM apresenta-se como plataforma indispensável, pois 
oferece a prática de projetos integrados desde as primeiras etapas de 
concepção, facilitando o trabalho colaborativo entre todos os projetistas 
(arquitetura, estrutura, instalações, fundações). 
 
6. Quando chegamos à parte do dimensionamento da compressão simples, 
teremos no final, os valores de fpk (resistência de prismas) necessários, 
para cada grupo de paredes, para cada pavimento. Considerando essa 
condição, faça a interpretação de como verificar os resultados e que tipo 
de informação esses mesmos resultados vão mostrar a respeito de cada 
grupo de paredes. 
 
Para que a execução de uma obra em alvenaria estrutural atenda às 
normas brasileiras, é necessário que sejam efetuados os ensaios de resistência 
à compressão das unidades que compõem o sistema construtivo, devendo os 
resultados ensaiados serem iguais ou superiores ao que foi especificado em 
projeto. 
A resistência à compressão simples é propriedade imprescindível para o 
sistema construtivo em alvenaria estrutural, pois é a principal ação que a 
alvenaria está submetida. Diante disso, a resistência à compressão para cada 
grupo de paredes de para cada pavimento, deve ser dimensionada e verificada 
através de ensaios de resistência de prisma (corpo-de-prova obtido pela 
superposição de blocos unidos por junta de argamassa, e que podem ser 
grauteados ou não). Sendo importante que os prismas sejam confeccionados 
com o lote de materiais a ser utilizado no pavimento, e também pela mão de obra 
que executa a alvenaria estrutural. O ensaio de prisma é normatizado pelas NBR 
15812-2:2010 (bloco cerâmico) e NBR 15961-2:2011 (bloco de concreto), mas 
atualmente entrou em vigor a nova NBR 16868-3:2020, que determina os 
métodos de ensaio para os blocos cerâmicos e de concreto, e foi elaborada para 
substituir as outras duas normas citadas inicialmente. 
 
Os prismas para a determinação da resistência a compressão devem ser 
executados com dois blocos sobrepostos e com argamassa em toda a face do 
bloco, de acordo com a norma. 
Dessa forma o relatório de ensaio à compressão do prisma apresenta os 
resultados para que seja possível verificar se o executado atenderá ao projetado. 
Diante disso, a Figura 2 mostra um relatório de ensaio. 
Figura 2 - Relatório de ensaio de resistência à compressão de prismas 
 
 Fonte: Concreto Engenharia (2018). 
 
O valor da resistência característica à compressão simples do prisma (fpk) 
de 3,2 MPa foi obtido através de recomendações da ABNT NBR 15812 – 2:2010, 
expostas na Figura 3. O fpk ensaiado deve então ser comparado com o valor 
especificado em projeto. 
 
Devido à resistência do prisma ser sempre maior que a resistência da 
parede, por conta da quantidade de juntas na parede, inclusive juntas verticais 
que não aparecem nos prismas, as Normas Brasileiras recomendam que a 
resistência característica à compressão simples da parede de alvenaria (fk) seja 
estimada em projeto como 70% do fpk. Sendo assim, para os prismas ensaiados 
na Figura 2, o valor de fk de projeto deve ser de no máximo 2,24 MPa. 
Figura 3 - Critérios para o cálculo do Fpk 
 
Fonte: ABNT NBR 15812-2 (p.10, 2010). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
7. Como as lajes do último pavimento devem ser tratadas na alvenaria 
estrutural, a partir da premissa de que as cargas da cobertura são 
menores e os fatores externos presentes vão exercer algum tipo de 
influência? Faça uma discussão sobre a questão. 
 
As lajes do último pavimento na alvenaria estrutural devem receber 
atenção especial, pois acima delas haverá apenas a presença da cobertura, e 
consequentemente estará mais exposta aos fatores externos e 
consequentemente a variação de temperatura, atingindo maiores temperaturas 
em relação à outras lajes do mesmo edifício (caso seja um edifício de múltiplos 
pavimentos). As maiores temperaturas provocarão a movimentação térmica da 
laje e consequentemente acarretarão em surgimento de fissuras na alvenaria, 
caso a laje seja engastada na alvenaria, não havendo a presença de um 
elemento que absorva tal movimentação. Por isso, as lajes do último pavimento 
devem ser apenas apoiadas na alvenaria estrutural, devendo ser utilizado na 
interface laje-alvenaria manta asfáltica ou borracha de dilatação térmica. É 
necessário ainda, prever janelas de ventilação entre a laje e o telhado, de forma 
a permitir a circulação de vento e diminuir a movimentação térmica da laje. Outra 
opção para diminuir a movimentação da laje é a utilização de isolamento térmico. 
Outro fator determinante para permitir que a laje do último pavimento 
movimente mais que as lajes de pavimentos inferiores, é a falta de confinamento 
do último pavimento, visto que a carga da cobertura é menor, se comparada a 
carga oriunda de um pavimento acima do outro, não sendo suficiente para 
impedir a movimentação da laje. 
Figura 4 - Detalhamento da laje apoiada e com camada de manta asfáltica 
 
 Fonte: Autora (2020). 
 
Figura 5 - Manta asfáltica aplicada em laje apoiada do último pavimento 
 
 Fonte: Autora (2020). 
 
8. Apresente uma discussão sobre a importância da relação prisma/bloco 
na alvenaria estrutural. 
 
A razão prisma/ bloco nada mais é do que eficiência do prisma em relação 
ao bloco no quesito resistência à compressão. Essa razão é essencial para 
definiçãoda resistência do bloco a ser utilizado, visto que o dimensionamento à 
compressão simples da parede apresenta como resultado apenas a resistência 
característica do prisma, sendo necessário relacionar prisma/bloco para definir 
qual a resistência do bloco para utilizar no projeto. 
Sabe-se que a resistência do bloco é maior que a do prisma, que por sua 
vez é maior que a das pequenas paredes, maiores também que as das paredes 
inteiras, isso se dá devido a existência ou as maiores quantidades de juntas de 
argamassa de um elemento ensaiado para o outro. 
Como dito na questão 6, as Normas Brasileiras preconizam o fator de 
eficiência de 0,70 na relação parede/prisma, entretanto não determinam o fator 
de eficiência prisma/bloco, deixando a critério do projetista estrutural e dos 
fabricantes dos blocos estruturais, que devem deter de tal informação. 
 
A relação prisma/bloco é muito variável, pois depende do material, da 
forma e da uniformidade do bloco, e também da mão de obra que executou os 
prismas e ainda depende do responsável pelos ensaios. De acordo com 
Parsekian e Soares (2010), em geral o bloco cerâmico é de 30% a 50% mais 
resistente que o prisma. 
 
9. Apresente uma discussão sobre os aspectos relacionados à mão de 
obra na execução do sistema em alvenaria estrutural. 
 
A qualidade da execução de obras no sistema construtivo em alvenaria 
estrutural está diretamente ligada à mão de obra empregada. Visto que a mão 
de obra é necessária em todas as etapas de execução da alvenaria estrutural, 
desde o recebimento dos blocos até a elevação das paredes. 
Portanto para assegurar que a alvenaria seja executada conforme o 
projetado é necessário efetuar a capacitação/treinamento da mão de obra, 
visando qualidade e economia para a obra. 
As boas práticas determinantes para a qualidade de execução da 
alvenaria, relacionados à mão de obra estão citados a seguir: 
• A correta marcação, esquadro e nivelamento da base de 
assentamento da primeira fiada; 
• Assentamento de blocos estratégicos nos cantos, encontros de 
paredes e aberturas de portas; 
• Verificação da posição de todas as instalações e eventuais 
armaduras; 
• Promover a limpeza da base de assentamento da alvenaria e 
também dos blocos e peças; 
• Utilização de escantilhões como elemento auxiliar na elevação das 
paredes; 
• Executar as elevações conforme o projeto; 
• Verificar a qualidade da argamassa de assentamento produzida, e 
utilizá-la até 2h e 30 min após a sua produção; 
• Executar juntas de assentamento horizontais e verticais com a 
espessura de projeto; 
 
• Após a argamassa espalhada no bloco e/ou na base de 
assentamento, não demorar para assentar as unidades de 
alvenaria; 
• Realizar a limpeza dos furos de ponto de graute, retirando rebarbas 
de argamassa, através de janelas de inspeção previamente 
concebidas e executadas; 
• Lançar o graute no mínimo 24 horas após o assentamento dos 
blocos; 
• Respeitar a altura máxima de lançamento do graute (1,60 m): 
• Utilizar a régua prumo-nível constantemente para verificar o 
alinhamento, prumo e planicidade das paredes; 
• Posicionar as tubulações elétricas nos furos verticais dos blocos, 
conforme projetado; 
• Manter o local limpo e com espaço para a circulação; 
 
10. No dimensionamento da alvenaria estrutural, explique toda a lógica dos 
grupos de paredes, apontando a importância da sua consideração 
perante a normalização brasileira atual, assim como o nível de impacto 
desta consideração no comportamento do edifício. 
 
Os grupos de parede caracterizam-se pelo conjunto de paredes 
totalmente solidárias entre si, propiciando a distribuição de ações verticais. A 
solidarização é obtida através da amarração direta, sem junta prumo entre 
paredes. As aberturas de portas e janelas caracterizam a interrupção das 
paredes. 
 A uniformização das cargas verticais ao longo da altura da edificação, 
através dos grupos de paredes, acarreta em redução das resistências dos blocos 
a serem utilizados, se comparado com a resistência dos blocos calculadas 
considerando paredes isoladas, afetando diretamente na economia da obra. 
Os grupos de paredes isoladas, apresentados na Figura 8, caracterizam-
se pela interação através de amarrações diretas em “L” e em “T”. As Normas 
Brasileiras ainda adotam interação entre amarrações em “X”. Para o caso de 
grupos de paredes isoladas a uniformização das cargas é efetuada através da 
 
determinação da carga de cada parede, seguido do somatório das cargas de 
todas as paredes do grupo, obtendo uma carga total a ser distribuída ao longo 
do comprimento total das paredes, para finalmente poder definir a resistência do 
bloco a ser utilizado. 
 
Figura 6 - Grupos de paredes isoladas 
 
 Fonte: Notas de aula (2020). 
 
Os grupos de parede podem interagir entre si, se forem consideradas as 
forças de interação existentes nas aberturas, conforme a Figura 9. Devendo ser 
definido pelo projetista essa taxa de interação. Entretanto, as Normas Brasileiras 
indicam que as interações de paredes através de aberturas sejam 
desconsideradas, a menos que haja comprovação experimental da sua 
eficiência. 
Figura 7 - Interação nas aberturas 
 
 Fonte: Notas de aula (2020). 
 
REFERÊNCIAS 
 
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS - ABNT. NBR 15270-2: 
Componentes cerâmicos – Blocos cerâmicos para alvenaria estrutural: 
Terminologia e requisitos. Rio de Janeiro: ABNT, 2005. 
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS - ABNT. NBR 15812-2: 
Alvenaria estrutural – Blocos cerâmicos: Execução e controle de obras. Rio de 
Janeiro: ABNT, 2010. 
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS - ABNT. NBR 15961-2: 
Alvenaria estrutural – Blocos de concreto: Execução e controle de obras. Rio de 
Janeiro: ABNT, 2011. 
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS - ABNT. NBR 16868-3: 
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