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1. Apresente as vantagens e as desvantagens do sistema construtivo em alvenaria estrutural, enfatizando as duas linhas de blocos mais adotadas no Brasil, concreto e cerâmica. O sistema construtivo em alvenaria estrutural caracteriza-se por se um sistema onde as cargas verticais e horizontais são suportadas por paredes estruturais, constituídas por blocos e argamassa de assentamento, não havendo a necessidade do emprego de vigas e pilares. A alvenaria estrutural pode ser armada, não armada ou protendida. As grandes vantagens da alvenaria estrutural são: • Economia, se comparada ao sistema construtivo convencional em concreto armado; • Execução simplificada, proporcionando rapidez na execução; • Redução do uso de formas, pois não necessita de vigas e pilares; • Redução em consumo de aço e concreto; • Facilidade para obter mão de obra qualificada ou para efetuar o treinamento da mão de obra; • Redução da mão de obra; • Eliminação de rasgos para embutir as instalações, pois utiliza os próprios furos da alvenaria para embutir instalações elétricas, e executa shafts para as instalações hidrossanitárias; • Redução de quebras, desperdícios e entulho na obra; • Redução das espessuras dos revestimentos, pois a geometria dos blocos é regular; • Bom isolamento térmico e acústico; • Facilidade de integração com outros subsistemas; • Racionalização na execução. As desvantagens do sistema são: • Exige um controle de qualidade mais trabalhoso, se comparado ao sistema construtivo convencional em concreto armado, pois demanda mais ensaios de todos os componentes da alvenaria (bloco, prisma, argamassa, graute); • Arquitetura restringida pela modulação dos blocos estruturais; • Não permite improvisações relacionadas a arquitetura, como por exemplo retirada de paredes para aumento de cômodo; • Limitação de grandes vãos e balanços; • Não permite paredes muito esbeltas. Os blocos estruturais mais utilizados no Brasil são os cerâmicos e os de concreto. E esses blocos também apresentam vantagens e desvantagens se comparados entre si. Os blocos de concreto são mais vantajosos se comparados aos blocos cerâmicos pois: exigem menos gasto com revestimento; proporcionam melhor desempenho acústico; apresentam maior regularidade geométrica, devido ao processo de fabricação; permitem projetar estruturas com mais pavimentos, pois é possível alcançar maiores resistências; propiciam menos desperdício causado por quebras devido às maiores resistências obtidas; proporcionam maior aderência à argamassa. Consequentemente, as desvantagens do bloco cerâmico são: exigem mais gasto com revestimento; possuem isolamento acústico inferior; apresentam menor regularidade geométrica; alcançam menores resistências; quebram com mais facilidade; proporcionam menos aderência à argamassa; Já os blocos cerâmicos são mais vantajosos se comparados aos blocos de concreto quanto ao: melhor desempenho térmico; leveza do bloco, facilitando a execução da alvenaria; menor absorção de água; Consequentemente, as desvantagens do bloco de concreto são: é termicamente menos eficiente; é mais pesado, o que atrasa mais o processo de execução da alvenaria; absorve mais água. 2. Cite, conceituando e explicando as funções, a seguir, dos quatro componentes básicos da alvenaria estrutural. Os quatro componentes básicos da alvenaria estrutural são: bloco, argamassa, graute e armadura. BLOCOS: Os blocos são os principais elementos da alvenaria estrutural, e caracterizam-se pela industrialização e modulação, sendo responsáveis por resistir aos esforços de compressão e cargas acidentais, garantindo ainda isolamento térmico e acústico para a edificação. Podem ser classificados de acordo com o material empregado para a sua confecção em blocos cerâmicos, blocos de concreto e blocos sílico-calcários, sendo o último o menos utilizado no Brasil. O processo de fabricação dos dois tipos de blocos mais utilizados no Brasil é totalmente diferente, sendo um dos fatores que tem feito os blocos de concreto ganhar cada vez mais espaço, visto que ele é produzido de forma mais controlada através de vibroprensa por indústrias de pré-fabricação de concreto e pode alcançar maiores resistências à compressão, enquanto os blocos cerâmicos são produzidos por extrusão através de queima em fornos em altas temperaturas, e a matéria-prima não proporciona a possibilidade de adquirir resistências tão altas quanto os blocos de concreto. Os blocos devem obedecer a padrões impostos em Normas Brasileiras, de forma a apresentarem propriedades físicas de aspecto, absorção de água, esquadro, planeza, dimensões e resistência à compressão de acordo com o que é recomendado. Os blocos podem apresentar diferentes dimensões, sendo divididos em famílias de acordo com a sua modulação. E devem ser assentados com os furos na vertical. Os blocos possuem diferentes formas: inteiros ou padrão, meio bloco, bloco e meio, canaleta (utilizados para verga, contraverga e viga de cintamento) e os blocos compensadores (destinados a ajustes de modulação). ARGAMASSA: A argamassa de assentamento possui como funções: proporcionar a união dos blocos, gerando uma estrutura mista única chamada de alvenaria; vedar a parede contra a ação de água e outros agentes agressivos; uniformizar as ações atuantes entre as unidades da alvenaria absorvendo as deformações naturais sem romper. A resistência característica da argamassa de assentamento deve ser de no mínimo 1,5 MPa e no máximo 70% da resistência característica do bloco. As argamassas de assentamento de blocos estruturais podem ser de cal, de cimento, de cal e cimento e argamassas industrializadas. As argamassas que utilizam aditivos incorporadores de ar e superplastificantes devem receber atenção especial caso sejam utilizadas, pois criam mais poros na argamassa, causando a circulação de água no seu interior e consequente redução da resistência. A mais indicada é a argamassa de cimento e cal, pois a cal diminui a retração e melhora a trabalhabilidade e a retenção de água, enquanto o cimento proporciona maior resistência em menos tempo, assim a união de cimento e cal proporciona melhor comportamento da argamassa tanto no estado fresco quanto no endurecido. As principais propriedades da argamassa no estado fresco são trabalhabilidade, consistência, retenção de água, coesão da mistura e exsudação. Enquanto no estado endurecido as principais propriedades são resistência à compressão, aderência à superfície, durabilidade e capacidade de acomodar deformações e fissuras. A resistência da argamassa é de fundamental importância na resistência ao cisalhamento. GRAUTE: O graute é um concreto fluido, com função de preenchimento dos vazios dos blocos de alvenaria estrutural e canaletas, sem permitir a separação dos componentes. Os componentes do graute são: cimento, água, agregado e cal. A quantidade de cal deve ser dosada de acordo com a quantidade de cimento, de forma a não provocar a corrosão da armadura no interior do graute. O graute possui alta relação água/cimento, de forma a proporcionar alto valor de slump, de maneira a facilitar a sua aplicação nos vazios. As principais funções do graute são: solidarizar as armaduras; e aumentar a resistência da alvenaria em pontos localizados, como verga, contraverga, cintas de amarração, e em furos verticais dos blocos. Por isso o graute deve ser dosado de forma a garantir a resistência à compressão especificada em projeto, e ainda deve apresentar consistência na mistura e proporcionar aderência com as paredes dos blocos, de forma a não haver a separação dos componentes. A resistência mínima do graute estipulada em norma é de 15 Mpa. O lançamento do graute em furos verticais deve ser feito no máximo a 1,60 m, ou seja, a cada 8fiadas de blocos, de maneira que não haja separação dos componentes do concreto fluido. E ainda devem ser previstas janelas de inspeção e limpeza nos pontos de graute, para retirar as rebarbas de argamassa de assentamento e outras sujeiras eventuais do interior do furo. É recomendado o ensaio de resistência à compressão do graute em corpos de prova cilíndricos para garantir o valor característico especificado em projeto. Para a correta execução da alvenaria estrutural os blocos, prismas (corpo- de-prova obtido pela superposição de blocos unidos por junta de argamassa, e que podem ser grauteados ou não), argamassas e grautes devem ser ensaiados de acordo com o especificado em Normas Brasileiras, de forma a comparar os resultados com o que foi especificado em projeto. ARMADURA: As armaduras na alvenaria estrutural são responsáveis por resistir à esforços de tração e cisalhamento. São usualmente utilizadas barras de CA 50 nos furos verticais dos blocos e nas aberturas horizontais das canaletas. Além dos vergalhões em pontos verticais e horizontais, podem ser utilizadas: treliças em vergas e cintas; treliças planas na junta de assentamento horizontal, para distribuir tensões próximas de aberturas; telas metálicas galvanizadas para distribuir tensões entre elementos diferentes, como alvenaria estrutural e alvenaria de vedação; grampos para proporcionar a amarração indireta entre as paredes (sendo mais indicado efetuar a amarração direta através da sobreposição dos próprios blocos). 3. Explique as razões da necessidade das plantas de fiadas, paginações de parede na alvenaria estrutural, sob o contexto da integração e do conceito BIM na indústria da construção. A fase de projeto é indispensável para todos os sistemas construtivos, mas principalmente para o sistema em alvenaria estrutural, pois essa fase é responsável por prever e solucionar os problemas que poderiam surgir na fase de execução. Diante disso, o projeto de alvenaria estrutural deve contemplar todas as informações necessárias para evitar que sejam tomadas decisões no momento da execução, de forma a evitar retrabalho, desperdícios e principalmente proporcionar a execução de uma obra racionalizada e econômica. Nesse sentido, as plantas de fiadas e paginações de parede são essenciais para o processo de execução da alvenaria e para a integração com os outros projetos, que se faz fundamental nesse sistema construtivo, visto que o sistema não permite improvisações como rasgos e remoção de paredes estruturais. A partir do projeto arquitetônico é possível escolher a medida modular compatível do bloco e assim efetuar a coordenação modular através da execução das plantas de 1ª e 2ª fiada, que devem ser elaboradas com os blocos íntegros, sem a possibilidade de quebra. As plantas de fiadas determinam a localização dos blocos, dos pontos de graute, das aberturas de porta e ainda as medidas dos vãos. Assim os profissionais de execução terão uma representação exata do que deve ser efetuado, e os projetistas das instalações poderão avaliar a localização dos pontos de graute e aberturas que inviabilizam a execução da instalação. É importante citar que a elaboração das plantas de fiada deve proporcionar a amarração direta entre as paredes. Através das plantas de fiada sobrepostas até o pé-direito desejado, gera- se as paginações das paredes, que permitem perceber o local em que serão executadas as aberturas de janelas e também a necessidade de colocação de vergas, contravergas e vigas de cintamento. Assim, as paginações de cada parede serão essenciais para a correta execução dos elementos que não podem ser visualizados nas plantas de fiada. Enquanto para os projetistas as paginações contribuem para a avaliação da localização das aberturas, e previsão dos pontos de instalações em uma perspectiva vertical. Os projetistas de instalações elétricas, por exemplo, terão a facilidade em definir a localização vertical das tomadas, os furos de passagem de conduítes, a necessidade de utilização de blocos especiais, previamente cortados para instalação das caixas elétricas ou quais blocos devem ser furados para essa instalação. Enquanto os projetistas de instalações hidrossanitárias podem determinar a localização das peças hidráulicas e sanitárias, bem como a adoção de carenagens e shafts, e quando estes últimos forem de alvenaria de vedação, é possível prever a necessidade da utilização de telas metálicas galvanizadas para proporcionar distribuição de tensões entre as alvenarias. As paginações ainda são responsáveis pelo detalhamento das armaduras em cada ponto de graute. Assim, dispondo do projeto de alvenaria estrutural e de todos os outros projetos de engenharia, executados de maneira coordenada, deve-se preparar o projeto executivo com todos os detalhamentos essenciais para a execução da obra. Dessa forma, fica evidente que as plantas de fiadas e paginações são essenciais não só no momento da execução da alvenaria estrutural, mas também para propiciar a integração de projetos e aplicação do conceito BIM, que nada mais é do que o fornecimento de informações detalhadas da construção e que podem ser utilizadas por todos os envolvidos nos processos, evitando problemas na execução da obra. 4. Apresente as famílias de blocos adotadas no Brasil para alvenaria estrutural. Discuta esse conceito de “família de blocos” no contexto do termo modulação. A alvenaria estrutural é um sistema construtivo modular, devido a utilização de famílias de blocos modulares. A dimensão modular das famílias é o comprimento real do bloco mais a espessura de uma junta de argamassa de assentamento, que geralmente é de 1 cm, ou seja, na família de 29 cm o módulo que deve ser considerado para a elaboração de projetos é o de 15 cm, devendo os vãos e aberturas serem múltiplos desta medida. As principais famílias de blocos adotadas no Brasil para alvenaria estrutural são a família de 39 (módulo de 20 cm), família de 29 cm (módulo de 15 cm) e a família de 24 (módulo de 12,5 cm). A Figura 1 apresenta as dimensões de fabricação das famílias de blocos cerâmicos estruturais. Algumas dessas famílias necessitam de blocos especiais para solucionar problemas modulares nos encontros de parede, como é o caso da família com dimensões de 39x19x14, que possui também blocos com dimensão de 34x19x14 e 54x19x14, afim de solucionar tais problemas. Outros blocos especiais, independentes de famílias, são os blocos compensadores com 4cm e 9cm, ou seja, com modulação de 5cm, e que servem para contornar problemas modulares na arquitetura, há ainda, os blocos canaleta, que podem ser do tipo “J”, “U” ou “C”, e normalmente são fabricadas com 19cm e 39cm, e são utilizados em vergas, contravergas e vigas de cintamento. Figura 1 - Dimensões de fabricação de blocos cerâmicos estruturais Fonte: ABNT NBR 15270-2 (2005). A escolha da modulação (horizontal e vertical) a ser utilizada deve ser aquele que acarrete em menos mudanças na arquitetura inicial, mas o ideal é que o projetista arquitetônico no momento da concepção da arquitetura já utilize as medidas modulares de blocos de alvenaria estrutural. A escolha do tipo de bloco também depende de fatores como: existência de fornecedores locais, os blocos vendidos no local, custo, qualidade, tradição da construtora. Para a obtenção de um projeto de alvenaria mais simplificado o ideal é a adoção de famílias que não necessitem a utilização de blocos não modulares para proporcionar a amarração entre paredes, de forma que a possibilidade de confusão no momento da execução é minimizada e ainda gera uma economia para a obra, visto que os blocos especiais são mais caros. A adoção de modulação é o que confere a racionalização ao sistema construtivo em alvenaria estrutural,pois garante que o projeto seja executado sem necessidade de quebras e adaptações, proporcionando rapidez e limpeza para o processo. 5. Apresente uma discussão sobre a problemática da integração e coordenação de projetos nos sistemas de AE. O sistema construtivo em alvenaria estrutural não permite improvisos durante a execução da obra, ou seja, não é possível rasgar os blocos ou retirar paredes. Por isso é de extrema importância a perfeita integração entre os projetos que irão compor a obra, de maneira a formarem um só projeto. A integração deve iniciar desde o projeto arquitetônico, elaborando-o a partir da medida modular do bloco a ser utilizado no projeto de alvenaria estrutural, proporcionando que no momento da concepção da planta de fiadas não seja necessário fazer adaptações das medidas arquitetônicas, e de forma que também não precise utilizar os elementos compensadores (mais caros). O projeto de instalações elétricas, de telefone e TV, por exemplo, deve propor soluções em que os tubos corrugados de pvc sejam distribuídos pela laje e pelos furos verticais dos blocos, enquanto para a instalação das caixinhas elétricas de tomadas e interruptores é possível optar por duas soluções: utilizar blocos especiais que já apresentam o recorte necessário ou efetuar o recorte na obra, seja antes ou após o assentamento dos blocos. Enquanto o projeto de instalações hidrossanitárias, por sua vez, deve prever a utilização de shafts ou carenagens, de forma que as tubulações nunca sejam inseridas nos furos dos blocos, e/ou ainda propor tubulações embutidas no piso, seja abaixo da laje e sobre o forro, ou no solo. O projeto de cobertura por sua vez deve prever, de preferência, que as cargas sejam distribuídas sobre as projeções das paredes. Diante disso, a compatibilização dos projetos é traçada de forma ideal quando há a coordenação entre todos os projetistas desde o início, desenvolvendo os projetos em conjunto, de forma que os profissionais consigam sanar possíveis incompatibilidades entre os projetos durante a elaboração dos mesmos, de maneira a propiciar facilidade e assertividade na execução da obra. A coordenação de projetos também permite que os projetistas padronizem os detalhamentos do projeto executivo, facilitando a leitura e visualização da mão de obra. Além disso, a coordenação se faz essencial também para o layout e logística do canteiro de obras. Nesse contexto, o BIM apresenta-se como plataforma indispensável, pois oferece a prática de projetos integrados desde as primeiras etapas de concepção, facilitando o trabalho colaborativo entre todos os projetistas (arquitetura, estrutura, instalações, fundações). 6. Quando chegamos à parte do dimensionamento da compressão simples, teremos no final, os valores de fpk (resistência de prismas) necessários, para cada grupo de paredes, para cada pavimento. Considerando essa condição, faça a interpretação de como verificar os resultados e que tipo de informação esses mesmos resultados vão mostrar a respeito de cada grupo de paredes. Para que a execução de uma obra em alvenaria estrutural atenda às normas brasileiras, é necessário que sejam efetuados os ensaios de resistência à compressão das unidades que compõem o sistema construtivo, devendo os resultados ensaiados serem iguais ou superiores ao que foi especificado em projeto. A resistência à compressão simples é propriedade imprescindível para o sistema construtivo em alvenaria estrutural, pois é a principal ação que a alvenaria está submetida. Diante disso, a resistência à compressão para cada grupo de paredes de para cada pavimento, deve ser dimensionada e verificada através de ensaios de resistência de prisma (corpo-de-prova obtido pela superposição de blocos unidos por junta de argamassa, e que podem ser grauteados ou não). Sendo importante que os prismas sejam confeccionados com o lote de materiais a ser utilizado no pavimento, e também pela mão de obra que executa a alvenaria estrutural. O ensaio de prisma é normatizado pelas NBR 15812-2:2010 (bloco cerâmico) e NBR 15961-2:2011 (bloco de concreto), mas atualmente entrou em vigor a nova NBR 16868-3:2020, que determina os métodos de ensaio para os blocos cerâmicos e de concreto, e foi elaborada para substituir as outras duas normas citadas inicialmente. Os prismas para a determinação da resistência a compressão devem ser executados com dois blocos sobrepostos e com argamassa em toda a face do bloco, de acordo com a norma. Dessa forma o relatório de ensaio à compressão do prisma apresenta os resultados para que seja possível verificar se o executado atenderá ao projetado. Diante disso, a Figura 2 mostra um relatório de ensaio. Figura 2 - Relatório de ensaio de resistência à compressão de prismas Fonte: Concreto Engenharia (2018). O valor da resistência característica à compressão simples do prisma (fpk) de 3,2 MPa foi obtido através de recomendações da ABNT NBR 15812 – 2:2010, expostas na Figura 3. O fpk ensaiado deve então ser comparado com o valor especificado em projeto. Devido à resistência do prisma ser sempre maior que a resistência da parede, por conta da quantidade de juntas na parede, inclusive juntas verticais que não aparecem nos prismas, as Normas Brasileiras recomendam que a resistência característica à compressão simples da parede de alvenaria (fk) seja estimada em projeto como 70% do fpk. Sendo assim, para os prismas ensaiados na Figura 2, o valor de fk de projeto deve ser de no máximo 2,24 MPa. Figura 3 - Critérios para o cálculo do Fpk Fonte: ABNT NBR 15812-2 (p.10, 2010). 7. Como as lajes do último pavimento devem ser tratadas na alvenaria estrutural, a partir da premissa de que as cargas da cobertura são menores e os fatores externos presentes vão exercer algum tipo de influência? Faça uma discussão sobre a questão. As lajes do último pavimento na alvenaria estrutural devem receber atenção especial, pois acima delas haverá apenas a presença da cobertura, e consequentemente estará mais exposta aos fatores externos e consequentemente a variação de temperatura, atingindo maiores temperaturas em relação à outras lajes do mesmo edifício (caso seja um edifício de múltiplos pavimentos). As maiores temperaturas provocarão a movimentação térmica da laje e consequentemente acarretarão em surgimento de fissuras na alvenaria, caso a laje seja engastada na alvenaria, não havendo a presença de um elemento que absorva tal movimentação. Por isso, as lajes do último pavimento devem ser apenas apoiadas na alvenaria estrutural, devendo ser utilizado na interface laje-alvenaria manta asfáltica ou borracha de dilatação térmica. É necessário ainda, prever janelas de ventilação entre a laje e o telhado, de forma a permitir a circulação de vento e diminuir a movimentação térmica da laje. Outra opção para diminuir a movimentação da laje é a utilização de isolamento térmico. Outro fator determinante para permitir que a laje do último pavimento movimente mais que as lajes de pavimentos inferiores, é a falta de confinamento do último pavimento, visto que a carga da cobertura é menor, se comparada a carga oriunda de um pavimento acima do outro, não sendo suficiente para impedir a movimentação da laje. Figura 4 - Detalhamento da laje apoiada e com camada de manta asfáltica Fonte: Autora (2020). Figura 5 - Manta asfáltica aplicada em laje apoiada do último pavimento Fonte: Autora (2020). 8. Apresente uma discussão sobre a importância da relação prisma/bloco na alvenaria estrutural. A razão prisma/ bloco nada mais é do que eficiência do prisma em relação ao bloco no quesito resistência à compressão. Essa razão é essencial para definiçãoda resistência do bloco a ser utilizado, visto que o dimensionamento à compressão simples da parede apresenta como resultado apenas a resistência característica do prisma, sendo necessário relacionar prisma/bloco para definir qual a resistência do bloco para utilizar no projeto. Sabe-se que a resistência do bloco é maior que a do prisma, que por sua vez é maior que a das pequenas paredes, maiores também que as das paredes inteiras, isso se dá devido a existência ou as maiores quantidades de juntas de argamassa de um elemento ensaiado para o outro. Como dito na questão 6, as Normas Brasileiras preconizam o fator de eficiência de 0,70 na relação parede/prisma, entretanto não determinam o fator de eficiência prisma/bloco, deixando a critério do projetista estrutural e dos fabricantes dos blocos estruturais, que devem deter de tal informação. A relação prisma/bloco é muito variável, pois depende do material, da forma e da uniformidade do bloco, e também da mão de obra que executou os prismas e ainda depende do responsável pelos ensaios. De acordo com Parsekian e Soares (2010), em geral o bloco cerâmico é de 30% a 50% mais resistente que o prisma. 9. Apresente uma discussão sobre os aspectos relacionados à mão de obra na execução do sistema em alvenaria estrutural. A qualidade da execução de obras no sistema construtivo em alvenaria estrutural está diretamente ligada à mão de obra empregada. Visto que a mão de obra é necessária em todas as etapas de execução da alvenaria estrutural, desde o recebimento dos blocos até a elevação das paredes. Portanto para assegurar que a alvenaria seja executada conforme o projetado é necessário efetuar a capacitação/treinamento da mão de obra, visando qualidade e economia para a obra. As boas práticas determinantes para a qualidade de execução da alvenaria, relacionados à mão de obra estão citados a seguir: • A correta marcação, esquadro e nivelamento da base de assentamento da primeira fiada; • Assentamento de blocos estratégicos nos cantos, encontros de paredes e aberturas de portas; • Verificação da posição de todas as instalações e eventuais armaduras; • Promover a limpeza da base de assentamento da alvenaria e também dos blocos e peças; • Utilização de escantilhões como elemento auxiliar na elevação das paredes; • Executar as elevações conforme o projeto; • Verificar a qualidade da argamassa de assentamento produzida, e utilizá-la até 2h e 30 min após a sua produção; • Executar juntas de assentamento horizontais e verticais com a espessura de projeto; • Após a argamassa espalhada no bloco e/ou na base de assentamento, não demorar para assentar as unidades de alvenaria; • Realizar a limpeza dos furos de ponto de graute, retirando rebarbas de argamassa, através de janelas de inspeção previamente concebidas e executadas; • Lançar o graute no mínimo 24 horas após o assentamento dos blocos; • Respeitar a altura máxima de lançamento do graute (1,60 m): • Utilizar a régua prumo-nível constantemente para verificar o alinhamento, prumo e planicidade das paredes; • Posicionar as tubulações elétricas nos furos verticais dos blocos, conforme projetado; • Manter o local limpo e com espaço para a circulação; 10. No dimensionamento da alvenaria estrutural, explique toda a lógica dos grupos de paredes, apontando a importância da sua consideração perante a normalização brasileira atual, assim como o nível de impacto desta consideração no comportamento do edifício. Os grupos de parede caracterizam-se pelo conjunto de paredes totalmente solidárias entre si, propiciando a distribuição de ações verticais. A solidarização é obtida através da amarração direta, sem junta prumo entre paredes. As aberturas de portas e janelas caracterizam a interrupção das paredes. A uniformização das cargas verticais ao longo da altura da edificação, através dos grupos de paredes, acarreta em redução das resistências dos blocos a serem utilizados, se comparado com a resistência dos blocos calculadas considerando paredes isoladas, afetando diretamente na economia da obra. Os grupos de paredes isoladas, apresentados na Figura 8, caracterizam- se pela interação através de amarrações diretas em “L” e em “T”. As Normas Brasileiras ainda adotam interação entre amarrações em “X”. Para o caso de grupos de paredes isoladas a uniformização das cargas é efetuada através da determinação da carga de cada parede, seguido do somatório das cargas de todas as paredes do grupo, obtendo uma carga total a ser distribuída ao longo do comprimento total das paredes, para finalmente poder definir a resistência do bloco a ser utilizado. Figura 6 - Grupos de paredes isoladas Fonte: Notas de aula (2020). Os grupos de parede podem interagir entre si, se forem consideradas as forças de interação existentes nas aberturas, conforme a Figura 9. Devendo ser definido pelo projetista essa taxa de interação. Entretanto, as Normas Brasileiras indicam que as interações de paredes através de aberturas sejam desconsideradas, a menos que haja comprovação experimental da sua eficiência. Figura 7 - Interação nas aberturas Fonte: Notas de aula (2020). REFERÊNCIAS ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS - ABNT. NBR 15270-2: Componentes cerâmicos – Blocos cerâmicos para alvenaria estrutural: Terminologia e requisitos. Rio de Janeiro: ABNT, 2005. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS - ABNT. NBR 15812-2: Alvenaria estrutural – Blocos cerâmicos: Execução e controle de obras. Rio de Janeiro: ABNT, 2010. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS - ABNT. NBR 15961-2: Alvenaria estrutural – Blocos de concreto: Execução e controle de obras. Rio de Janeiro: ABNT, 2011. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS - ABNT. NBR 16868-3: Alvenaria estrutural: Métodos de ensaio. Rio de Janeiro: ABNT, 2020. PARSEKIAN, G.A; SOARES, M.M. Alvenaria estrutural em blocos cerâmicos: projeto, execução e controle. São Paulo: O Nome da Rosa,2010. 236p.
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