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EMERGÊNCIAS OBSTÉTRICAS Profa Maria Luiza C. Galletti Molari Enfermeira Obstetra e Pediatra Mestre em Terapia intensiva (SOBRAT) Mestre em Ciências da Saúde (IAMSP-SP) Docente da Universidade Paulista – UNIP Diretora da Clinica Femmina As emergências obstétricas podem ocorrer nas três fases do ciclo gravídico puerperal. Embora muitas delas sejam peculiares à gestação, ao parto e / ou ao puerpério, algumas podem ocorrer em mais de uma destas fases Molari, MLCG. SP, 2016 MORTE MATERNA Mais de 800 mulheres morrem todos os dias devido a complicações na gravidez e no parto,mostra a OMS. Destaca que 289 mil mulheres morreram em 2013 devido a complicações relacionadas à gravideze ao parto. Em 1990, foram 523 mil mortes. A taxa de mortalidade materna nos países em desenvolvimento, em 2013, foi 230 por 100 milnascimentos, enquanto nos países desenvolvidos foi 16 por 100 mil nascidos vivos. A revista The Lancet Global Health revela que uma em cada quatro mortes se deve acomplicações previamente existentes, como diabetes, HIV, malária ou obesidade, cujos impactossão agravados pela gravidez. Um quarto das mortes deve-se a hemorragia severa e as outras causas são: a hipertensãoinduzida pela gravidez (14%), as infeções (11%), obstruções e outras complicações no parto (9%),complicações relacionadas com o aborto (8%) e coágulos sanguíneos (3%). A taxa anual de declínio é metade do que é necessário para atingir o Objetivo de Desenvolvimentodo Milênio (ODM) Deveria ser 75% entre 1990 e 2016. Isso exigiria um declínio anual de 5,5%, enquanto a queda de 34% desde 1990 representa umadiminuição média anual de apenas 2,3% Molari, MLCG. SP, 2016 Predominantes são as obstétricas diretas (80%), Resultantes de complicações obstétricas do estado gestacional De intervenções Omissões Tratamento incorreto Com destaque para as hemorragias e as crises hipertensivas especificas da gravidez (eclâmpsia e pré-eclâmpsia) As causas obstétricas indiretas responsáveis por apenas 15 ou 20% das mortes resultantes de doenças preexistentes mas agravadas pelos efeitos fisiológicos da gravidez. A maioria desses óbitos é evitável mediante uma boa assistência no pré-natal, parto, puerpério e bom atendimento nas emergências Obstétricas. CAUSAS DE MORTE MATERNA Molari, MLCG. SP, 2016 DEFINIÇÕES Urgência é a ocorrência de agravo à saúde com ou sem risco de vida cujo portador necessita de assistência médica imediata. Emergência é a constatação da condição de agravo à saúde que implique em risco iminente de vida ou sofrimento intenso, exigindo portanto, tratamento imediato Óbito materno é a morte da mulher durante a gestação ou até 42 dias após o seu término, independentemente da duração ou localização da gravidez, por qualquer causa relacionada com ou agravada pela gravidez ou por medidas tomadas em relação a ela, porém não por causas acidentais ou incidentais. (Manual de Urgências e Emergências Maternas Ministério da Saúde,2000) MEDIDAS NECESSÁRIAS PARA A REDUÇÃO DA MORTALIDADE MATERNA NO BRASIL Planejamento familiar: prevenção da gravidez indesejada Assistência pré-natal: maior acesso e mais qualidade Do pré-natal ao parto: a responsabilidade dos serviços e dos profissionais de saúde Assistência ao parto: melhor acompanhamento e menos intervenção Consulta puerperal: a identificação de complicações tardias Assistência às urgências e emergências maternas: atendimento pronto e eficaz Molari, MLCG. SP, 2016 ACOLHIMENTO COM CLASSIFICAÇÃO DE RISCO (ACCR) Acolhimento traduz-se como: a recepção da gestante ao serviço de saúde, desde sua chegada(responsabilidade integral) ouvindo suas queixas permitindo que expresse suaspreocupações prestando um atendimento e com resultados orientando paciente e família garantindo articulações com outros serviços de saúde para acontinuidade da assistência. ACCR é um dispositivo técnico-assistencial que permite identificação dasprioridades para atendimento Atender segundo a necessidade de saúde/ gravidade/ risco ouvulnerabilidade de cada caso. Molari, MLCG. SP, 2016 A portaria 2.048 de 5 de novembro de 2002 do Ministério da Saúde o ACCR “... deve ser realizado por profissional de saúde de nível superior, mediantetreinamento específico e utilização de protocolos pré-estabelecidos e tem por objetivoavaliar o grau de urgência das queixas dos pacientes colocando-os em ordem de prioridadepara o atendimento” OBJETIVOS Humanizar o atendimento mediante escuta qualificada da mulher no ciclogravídico puerperal que busca os serviços de emergência dos hospitais Organizar o processo de trabalho e ambiência hospitalar. Melhorar a informação para as usuárias e seus familiares sobre sua situação desaúde e sua expectativa de atendimento e tempo de espera Classificar, mediante protocolo, as queixas das usuárias que demandam osserviços de emergência, visando identificar as que necessitam de atendimentomédico mediato ou imediato Molari, MLCG. SP, 2016 QUEM FAZ Habilidades importantes Capacidade de comunicação Interagir com a paciente e familiares Paciência Habilidade organizacional Agilidade Julgamento crítico Ética O ACCR deve ser feito por uma equipe multiprofissional composta por: Enfermeiros, técnicos de enfermagem, serviço social, equipe médica, profissionais da portaria, recepção e estagiários Molari, MLCG. SP, 2016 COMO SE APLICA O ACCR Esse processo se dá mediante escuta qualificada e tomada de decisão baseada em protocolos A paciente ao chegar na unidade demandando necessidade aguda ou urgente, será recebida pelo funcionário da recepção Após sua identificação será encaminhada ao sala da enfermagem onde será aferido os sinais vitais e acolhida pela enfermeira Vai seguir um fluxo de classificação Molari, MLCG. SP, 2016 1º Grupo - Prioridade Máxima Emergência Atendimento imediato Encaminhar diretamente para o enfermeiro, médico, no Pré-parto ou Bloco Obstétrico ou sala de emergência. FLUXOGRAMA DO ATENDIMENTO EM OBSTETRÍCIA Molari, MLCG. SP, 2016 Convulsão em atividade. Hipotensão (PAS ≤ 80 mmHg). Taquicardia (≥ 120 bpm). Bradicardia (≤ 45 bpm). Pele fria, palidez acentuada / perfusão limítrofe, sudorese, pulso fino Insuficiência respiratória Incapacidade de falar / Fala entrecortada. Cianose. FR ≤ 10 irpm. FR ≥ 32 irpm. Respiração agônica / Dispneia extrema / Fadiga muscular. Alteração do estado de consciência Letargia / Agitação / Paralisia. Trabalho de parto em período expulsivo. Gestante com hemorragia genital e / ou dor aguda (≥ 8 / 10). Prolapso de cordão. Exteriorização de partes fetais pelos genitais. Pós parto imediato (mãe e criança): parto no trajeto ou domiciliar. Molari, MLCG. SP, 2016 2º Grupo - Prioridade I Muito Urgente Atendimento em até10 minutos Encaminhar para consulta priorizada. Gravidez > 20 semanas Trabalho de parto (contrações a cada 2 minutos). Queixa de ausência de movimentos fetais nas últimas 24h. Gestante ou puérpera com Hipertensão com PA ≥ 160 x 100 mmHg. Hipertensão com PA ≥ 140 x 100 mmHg Queixa de: cefaléia, epigastralgia e/ou alterações visuais. Febre Tax ≥ 40 °C ; toxemia Relato de convulsão Dor abdominal aguda, de forte intensidade (8-10/10) na suspeita de gravidez associada a náusea e/ou vômito e/ou sudorese e/ou sangramento genital. Molari, MLCG. SP, 2016 3º Grupo - Prioridade II Urgente Atendimento em até 30 minutos Encaminhar para consulta priorizada. Reavaliar periodicamente Hipertensão em gestante ou puérpera. PA ≥ 140 x 90 mmHg Gestante com sangramento genital e/ou dor. Dor (≥ 4 / 10 e ≤ 8 / 10) Êmese ou hiperemese. Sinais de desidratação como: letargia,mucosas secas, turgor pastoso. Febre (Tax ≥ 38,5 °C e < 40 °C). Queixa ligada à amamentação. Hiperemia, dor e febre. Sinais de abscesso. Referenciadas de outras unidades deatendimento, já avaliadas por outro médicoou enfermeira e com diagnóstico deurgência. Vítima de violência. Paciente não grávida com corrimentogenital associado a dor e febre. Molari, MLCG. SP, 2016 4º Grupo - Prioridade III Pouco urgente Atendimento até 120 minutos Encaminhamento para a consulta médica e ou de enfermagem Informar a expectativa do tempo de espera Reavaliar Periodicamente Gestantes com febre: Tax < 38,5 °C. Êmese ou hiperemese (sem sinais dedesidratação). Dor abdominal aguda: De moderada a leveintensidade (< 4 / 10). Sem contrações -avaliar dinâmica uterina. Queixas urinárias: algúria, disúria,febre. Sintomas gripais (sem dispneia). Avaliação de ferida operatória (comsuspeita de infecção superficial). Sinais de Bartholinite. Gestante do pré-natal de alto risco. Sem queixas que demandematendimento de urgência. Ingurgitamento mamário. Gestantes com queixa de perdas delíquido. Molari, MLCG. SP, 2016 AS EMERGÊNCIAS OBSTÉTRICAS PODEM OCORRER NAS TRÊS FASES DO CICLO GRAVÍDICO PUERPERAL I I – Emergência obstétrica na Gestação 1. Hemorragias Prenhez ectópica, Placenta prévia, Descolamento Prematuro da placenta (DPP) 2. Abortamento 3. Prenhez molar 4. Infecção 5. Pré- eclâmpsia grave 6. Eclâmpsia II – Emergências obstétrica – Parto 1. Hemorragia - Rotura uterina, Patologia da dequitação 2. Infecção - embolismo 3. Distócias 4. Prolapso de cordão 5. Sofrimento fetal aguda 6. Situações fetais anômalas 7. Acidentes tococirúrgicos Molari, MLCG. SP, 2016 III- Emergências obstétrica – Pós-parto (puerperal) 1. Hemorragia pós-parto 2. Infecção puerperal 3. Tromboflebite 4. Choque Séptico Molari, MLCG. SP, 2016 ATENDIMENTO DAS PRINCIPAIS EMERGÊNCIAS OBSTÉTRICAS SÍNDROMES HIPERTENSIVAS NA GRAVIDEZ Hipertensão arterial Hipertensão Gestacional (>= 20 semanas) Hipertensão Arterial Crônica (< 20 semanas) Pré - Eclâmpsia Hipertensão Arterial + Proteinúria Molari, MLCG. SP, 2016 PRÉ - ECLÂMPSIA Leve Proterinúria >= 300mg/24h Paciente assintomático Grave Proteinúria >= 3g/24h e/ou Sintomatologia iminente de eclâmpsia e/ou Oligúria e/ou plaquetopenia Evolução da Pré-eclâmpsia Crise hipertensiva Síndrome Hellp (hemólise e elevação das enzimas hepáticas) Iminência Eclâmpsia Eclâmpsia (convulsão) Molari, MLCG. SP, 2016 ASSISTÊNCIA À GESTANTE HIPERTENSA CONDUTA EM REGIME HOSPITALAR Primeiro atendimento - peso, aferição de PA, sinais vitais, BCF, sintomatologia Gestante Internada - peso diário, controle de diurese em ml , sintomatologia, aferição de PA, sinais vitais, BCF, coleta de exames, medicação. Conduta de acordo com o quadro clínico e gravidade Atentar para prescrição, dose, diluição dos medicamentos Terapia Anti-hipertensiva (a Hidralazina – sobre controle pressórico e BCF) Corticoterapia (maturação pulmonar entre 26 e 34 semanas) Profilaxia de Eclâmpsia (Esquema padrão de sulfato de magnésio) Molari, MLCG. SP, 2016 É a separação da placenta normalmente implantada no corpo uterino em gestação acima de 20 semanas e antes da expulsão fetal. Fatores predisponentes: Síndromes hipertensivas , traumas abdominais externos, tumor e malformação uterina, uso de drogas, fumo, descompressão uterina abrupta (após o esvaziamento do polidrâmnio , expulsão do primeiro feto na gestação múltipla). Diagnóstico: Dor abdominal abrupta de forte intensidade, sangramento vaginal, parada dos movimentos fetais, associado a sinais de hipovolemia , aumento do tônus uterino, alteração dos batimentos cárdio fetais. Conduta: feto vivo - Cesariana de emergência . Óbito fetal: Acelerar o parto vaginal Reposição volêmica e controle do choque hipovolêmico DESCOLAMENTO PREMATURO DA PLACENTA Molari, MLCG. SP, 2016 DESCOLAMENTO PREMATURO DA PLACENTA Molari, MLCG. SP, 2016 Diagnóstico : sangramento genital vermelho vivo, indolor, sem causa aparente, que tende a ser de forma repetida e que vai se agravando, e por USG Conduta: obstrução total do canal do colo do útero: cesariana obstrução parcial do canal do colo do útero: normal. É a implantação de qualquer parte da placenta em segmento inferior do útero após 28 semanas de idade gestacional PLACENTA PREVIA Molari, MLCG. SP, 2016 PLACENTA PREVIA Molari, MLCG. SP, 2016 GRAVIDEZ ECTÓPICA Classificação Tubária (90% dos casos) Abdominal Ovariana Cervical Mixta (extra e intra-uterina concomitantemente) É um óvulo fertilizado implantado fora da cavidade uterina Molari, MLCG. SP, 2016 Deve-se suspeitar de gravidez ectópica, quando a paciente apresentar hemorragia ou dor com 7 ou 8 semanas de amenorreia A ruptura geralmente ocorre dentro das 12 primeiras semanas Náuseas, vômitos e desmaios Massa pélvica palpável, posterior ou lateral do útero Choque (40% dos casos) – palidez, sonolência, pulso rápido e filiforme Molari, MLCG. SP, 2016 HEMORRAGIA PUERPERAL Perdas sanguíneas acima de 500 ml nas primeiras 24 hs após o parto e podem causar instabilidade hemodinâmica na mulher Causas: Atonia uterina Traumas (lacerações cervicais e ou vaginais, hematomas pélvicos, inversão uterina, ruptura uterina) Retenção de tecidos ( placentário) Trombina (coagulopatias) Molari, MLCG. SP, 2016 ABORTAMENTO Interrupção da gravidez Expulsão prematura de um embrião ou feto do útero Existem duas formas de aborto: Aborto espontâneo também pode ser chamado de aborto involuntário ou "falso parto". Calcula-se que 25% das gestações terminam em aborto espontâneo, sendo que 3/4 ocorrem nos três primeiros meses de gravidez. A causa do aborto espontâneo no primeiro trimestre, são distúrbios de origem genética. Aborto provocado é a interrupção deliberada da gravidez; pela extração do feto da cavidade uterina. Molari, MLCG. SP, 2016 REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria da Atenção a Saúde . Departamento de Ações programáticas Estratégicas. Area técnica de saúde da mulher. Pré-natal e puerpério: atenção qualificada e humanizada – Manual técnico. Brasilia: Ministério da Saude; 2006. 2. RezendeJ, Montenegro ABC. Obstetricia fundamental. 11 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2008 3. Neme B. Obstetricia básica. 3 a Ed. São Paulo: Sarvier; 2005 4. Barros SMO, Marin HF, Abrão ACFV (Org). Enfermagem Obstétrica e ginecológica: guia para a prática assistencial. São Paulo: Roca; 2002 www.cursodebaba.com.br profamarialuiza@gmail.com luizanurse@Hotmail.com
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