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PROBLEMA 1 DOENÇAS EMERGENTES E REEMERGENTES - Doenças infecciosas emergentes e reemergentes são as doenças cuja incidência em humanos vem aumentando nas últimas duas décadas ou que ameaça aumentar em um futuro próximo. Existem 2 focos principais de atenção: O surgimento ou identificação de novos problemas de saúde e novos agentes infecciosos Mudança no comportamento epidemiológico de doenças já conhecidas >> Isso inclui a introdução de agentes já conhecidos em novas populações de hospedeiros suscetíveis. Doença emergente: surgimento ou identificação de um novo problema de saúde ou um novo agente infeccioso >> Por exemplo, febre hemorrágica pelo vírus Ebola Doença reemergente: indica uma mudança no comportamento epidemiológico de uma doença já conhecida que havia sido controla, mas que voltou a apresentar ameaça à saúde humana >> Por exemplo retorno da dengue e cólera. TEORIA DA TRANSIÇÃO EPIDEMIOLÓGICA - Fundamenta a questão da mudança no perfil de adoecimento populacional, sendo que a transição epidemiológica, em conjunto com a demográfica, a qual é representada pela queda da taxa de mortalidade e natalidade e aumento da expectativa de vida, busca demonstrar que estaria ocorrendo um processo de mudança nos padrões de adoecimento e morte das populações. Doenças degenerativas e causadas pelo homem (p.ex. hipertensão) estão ocupando o lugar de principais causas de mortalidade, que até então pertencia às doenças infecciosas. - A teoria da transição epidemiológica se baseia em 05 proposições básicas: 1. Mortalidade como sendo o fator fundamental na dinâmica das populações: acredita-se que o crescimento populacional era decorrente da queda de mortalidade 2. Durante a transição, ocorreu a substituição das doenças infecciosas e parasitárias pelas doenças degenerativas 3. Durante a transição, as mudanças mais profundas no padrão de morbimortalidade seriam em mulheres jovens e crianças 4. As mudanças na transição epidemiológica estariam muito ligadas a transição demográfica e socioeconômica >> Constitui o complexo de modernização 5. A transição possui variações no padrão, ritmo, determinantes e consequências e isso diferencia a transição em 03 modelos básicos: Modelo clássico: As doenças degenerativas haviam substituídos as doenças infecciosas como as principais causas da mortalidade já nas duas primeiras décadas do século XX Exemplo: Reino Unido, Suécia e EUA Modelo acelerado: É o mesmo processo do clássico, porém, um pouco mais tardiamente e com maior rapidez Exemplo: Japão Modelo contemporâneo: A transição epidemiológica é ainda mais recente ou ainda nem se completou. - Posteriormente, foi admitido um quarto modelo de transição, o qual chamamos de “modelo transitório” e seria uma variante do terceiro e representado em especial por países asiáticos. Esses países, recentemente, estariam passando de uma forma muita rápida por um momento de superação de diferença entre as doenças No caso do Brasil, admite- se que o país possui o que chamam de “novo modelo de transição – polarizado prolongado”, que possui 03 características: 1) Doenças infecto-parasitárias e crônico- degenerativas com grande importância 2) Movimento de contra transição: ressurgimento de doenças como malária, cólera e dengue que possuem grande interferência na morbidade, porém, pouca na mortalidade 3) Transição prolongada FATORES DETERMINANTES - Os fatores que influenciam na emergência e reemergência são agrupados em 7 grandes grupos. FATORES DEMOGRÁFICOS Países subdesenvolvidos: apresentam um crescimento populacional associado a crescente urbanização: Populações grandes em pequenos espaços >> Habitação precária Saneamento inadequado >> Abastecimento de água, sistema de esgoto e destinação de resíduos sólidos Falta de infraestrutura urbana Agressão ao meio ambiente - Esses fatores criam as condições adequadas para a proliferação e disseminação de determinados agentes, vetores e reservatórios. Países desenvolvidos: Possui um quadro de aumento da expectativa de vida que faz com que uma população cada vez mais idosa seja mais suscetível a determinados agentes infecciosos. Também possui um quadro de queda de natalidade que leva à necessidade da vinda de imigrantes para o mercado de trabalho e a imigração contribui para a emergência de doenças infecciosas e contribui para a disseminação de doenças FATORES SOCIAIS E POLÍTICOS - Guerras políticas levam a grandes deslocamentos populacionais e à criação de condições adequadas à emergência e reemergência tendo em vista que as populações de refugiados sobrevivem em condições degradantes. No Zaire, em 1994, cerca de 50 mil refugiados da guerra de Ruanda morreram nos primeiros meses nos campos de refugiados, de cólera e diarréia por Shigella dysenteriae. - Em relação ao desenvolvimento socioeconômico, ele pode estimular tanto emigração como imigração interna e externa, o que gera um quadro que pode propiciar a disseminação e surgimento de novas doenças. FATORES ECONÔMICOS - Quando se aborda os fatores econômicos, possui-se uma atenção especial para o comercio internacional, por exemplo: Comércio entre a Ásia e a Europa, pela rota da seda, trouxe os ratos e a peste. Atualmente, dada a rapidez das viagens internacionais e o grande incremento do comércio internacional, a disseminação de doenças por esta via é muito mais fácil e rápida Reemergência da cólera: Na América do Sul em 1990 foi relacionada à água de lastro de navios fazendo a rota Ásia –>Peru - Além do comércio internacional, a produção e comercialização de alimentos está associada à emergência de doenças, isso porque a ocupação agrícola de novas áreas tem sido associada à emergência das hantaviroses com síndrome pulmonar (SPH). Brasil: a ocorrência da SPH está associada às culturas de cana de açúcar (em São Paulo) e arroz (no Maranhão). FATORES AMBIENTAIS - Projetos de engenharia, como a construção de represas, rodovias e até expansão da fronteira agrícola, são de forma frequente associados à emergência e reemergência de doenças. Brasil: A construção da represa de Itaipu propiciou as condições necessárias à emergência da malária no sul do país. Seca, inundações, desmatamento e mudanças climáticas (aquecimento global) contribuem para a emergência e disseminação de doenças como o cólera e a leptospirose. FATORES RELACIONADOS AO SETOR SAÚDE - pessoas nascem → - pessoas economicamente ativas → poucas pessoas trabalhando→ deficiência no mercado de trabalho → oportunidade de trabalho para imigrantes → + imigração - Expansão da cobertura de serviços de saúde e a incorporação de novas tecnologias de diagnóstico permite a identificação de novos agentes infeccioso e quadros sindrômicos associados a eles. Nesse sentido, a falência da saúde pública em muitos países, notadamente na Europa Oriental, vem contribuindo para a reemergência de várias doenças, como difteria, coqueluche e tuberculose. Assim como falhas em programas de vacinação levaram à reemergência da poliomielite no Continente Americano. FATORES RELACIONADOS À ADAPTAÇÃO DOS MICRORGANISMOS - Variações naturais e mutações podem levar à emergência de doenças. Em relação aos hospitais, eles possuem 03 características que os tornam sítios vulneráveis à emergência de novos agentes resistentes às drogas disponíveis: Vítimas de infecções graves Pessoas mais suscetíveis Uso generalizado de antibióticos >> A pressão seletiva gerada pelo uso dos antibióticos e de outros agentes antimicrobianos favorece a sobrevivência dos mutantes, que resistem às drogas. - Além disso, o uso de sondas e cateteres são os veículos que causam grande parte das infecçõesnosocomiais. Por outra visão, falhas na adesão ao tratamento também são as responsáveis pela seleção de linhagens resistentes do Micobacterium tuberculosis, do HIV e de outros microrganismos. MANIPULAÇÃO DE MICRORGANISMOS PARA ARMAS BIOLÓGICAS - Usar doenças transmissíveis como armas de guerra não é algo novo, sendo assim, alguns desenvolvem microrganismos como arma de guerra. Por exemplo Caso da União Soviética: a agência governamental, chamada Biopeparat, desenvolveu um programa de larga escala de pesquisa, desenvolvimento, produção, armazenamento e “distribuição” de armas biológicas As doenças e agentes infecciosos pesquisadas para uso enquanto armas incluem a varíola (Orthopoxvirus), o antraz (Bacillus antracis); a tularemia (Francisella tularensis). BRASIL AIDS - Apresentou seu pico em meados da década passada e vem se mantendo em um patamar elevado nos últimas anos. A história natural da AIDS vem sendo alterada, consideravelmente, pela terapia anti- retroviral (ARV) que retarda a evolução da infecção, até o seu estágio final. Surgiu no Brasil na década de 80 com uma concentração de casos nas regiões metropolitanas do Sudeste e Sul do país, tendo como principais vias de transmissão a sexual e a sanguínea. - O índice de mortalidade era elevado, tornando-se necessário a implantação de medidas dirigidas controle do sangue e seus derivados >> Colabora para que haja uma redução no número de casos de AIDS. A partir de 1996 com a distribuição gratuita de antiretrovirais, observou-se uma redução no aumento da incidência e taxas de mortalidade da doença. CÓLERA - Chega ao Brasil no verão de 1991 e 1992 (pico em 1993). A partir de 1995 apresenta um declínio acentuado e adquire acontecimentos restritos a alguns estados do nordeste brasileiro e eventualmente em outras regiões. Agente etiológico: Vibrio cholerae Transmissão: Ingestão de água contaminada por fezes e/ou vômitos de doente ou portador, alimentos e utensílios contaminados pela água, pelo manuseio ou por moscas. A propagação ocorre por contato direto. - Foi observado que durante a seca o número de casos de cólera aumenta de maneira significativa, principalmente pela redução do volume de água nos reservatórios e mananciais, o que proporciona maior proliferação do agente etiológico. DENGUE - Emergiu 1982 no Brasil, com uma epidemia localizada em Boa Vista, Roraima, possivelmente trazida da Venezuela, país que faz fronteira com aquele estado brasileiro (primeira epidemia documentada). Houve um período de “silêncio” de 04 anos e após isso uma nova epidemia voltou a ocorrer, desta vez no Rio de Janeiro, e daí por diante espalhou-se por quase todo o país. Agente etiológico: Arbovírus do gênero Flavivirus, pertencente à família Flaviviridae, com quatro sorotipos conhecidos: DENV1, DENV2, DENV3 e DENV4. Transmissão: Através da picada da fêmea do mosquito Aedes aegypti no ciclo homem contaminado para o homem sadio. MALÁRIA - Embora um problema localizado, restrito quase que integralmente à Região Amazônica, a malária reemerge com vigor nas últimas duas décadas. Hoje a malária ocorre em zonas periurbanas e continua a ter uma grande importância nos novos assentamentos rurais naquela região. Agente etiológico: Protozoários do gênero Plasmodium, com três espécies conhecidas no Brasil, que são Plasmodium vivax, Plasmodium falciparum e Plasmodium malariae. Transmissão: Através da picada da fêmea do mosquito Anopheles, infectada por Plasmodium. - O inseto tem hábito crepuscular, que é ao entardecer e ao amanhecer. A influência de fatores ambientais e antropogênicos têm dificultado muito o controle da epidemia >> A ocupação da Amazônia e a intensa urbanização da população daquela região, levaram à reversão da tendência de queda na ocorrência de malária que se vinha observando até a década de setenta. FEBRE AMARELA - Doença infecciosa, mas não contagiosa que se mantém endêmica em todas as regiões do Brasil, causando epidemias de maior ou menor impacto em saúde pública. Transmitida através da picada de insetos hematófagos Haemagogus janthinomys - A febre amarela tem maior incidência durante os meses de janeiro a abril e geralmente acomete com maior frequência o sexo masculino e a faixa etária acima dos 15 anos, devido maior exposição profissional e relacionada à penetração em zonas silvestres da área endêmica. LEPTOSPIROSE - Entre as doenças bacterianas deve-se ressaltar a emergência da leptospirose como um problema nacional, com a ocorrência de epidemias em quase todas as grandes cidades brasileiras -> Em 2019, houver 3.448 casos confirmados de leptospirose confirmados no estado brasileiro DESAFIOS NO COMBATE - Infelizmente, a noção simples e equivocada fornecida pela teoria da transição epidemiológica foi hegêmonica durante boa parte do tempo do século passado. Isso contribuiu pro despreparo profissional dos profissionais da saúde e serviços de saúde, assim como da sociedade. - É necessário fortificar a capacidade de detecção das doenças emergentes e reemergentes >> Reforço da vigilância epidemiológica O aprimoramento da capacidade de detecção dessas doenças exige a participação dos profissionais da clínica, que deve ser capacitado a iniciar a investigação e conscientes das possíveis implicações da detecção de um caso de uma doença emergente. - Para melhorar a detecção das doenças é necessária investir em uma rede de laboratórios organizados de formas hierarquizadas, com complexidade crescente >> No brasil, esta rede precisa ir além da já existente rede constituída pelos laboratórios de saúde pública (LACEN) de cada estado e os laboratórios federais, e incluir também os laboratórios universitários. Uma estratégia de enfrentamento dessas doenças não estaria completa sem o claro envolvimento das universidades e dos institutos de pesquisa, responsáveis pela pesquisa aplicada e básica. AGENTES DE COMBATE ÀS ENDEMIAS (ACE) - Segundo a FIOCRUZ assim como os agentes comunitários de saúde (ACS), os ACEs trabalham em contato direto com a população, são trabalhadores de nível médio que teve suas atividades regulamentadas em 2006, mas que ainda tem muito o que conquistar, especialmente no que diz respeito à formação. Possuem as seguintes funções: Vistoria de residências, depósitos, terrenos baldios e estabelecimentos comerciais para buscar focos endêmicos. Inspeção cuidadosa de caixas d’água, calhas e telhados. Aplicação de larvicidas e inseticidas. Orientações quanto à prevenção e tratamento de doenças infecciosas. Recenseamento de animais. - Essas atividades são muito importantes para prevenir e controlar doenças como: dengue, chagas. leishmaniose e malária. Eles devem trabalhar de forma integrada com as equipes de atenção básica na Estratégia Saúde da Família, participando das reuniões e trabalhando sempre em parceria com o ACS. Além disso, podem contribuir para promover uma integração entre as vigilâncias epidemiológica, sanitária e ambiental. Como o ACE está em contato permanente com a comunidade onde trabalha, ele conhece os principais problemas da região e pode envolver a população na busca da solução dessas questões. PRECARIZAÇÃO - Durante muito tempo, as ações de controle de endemias foram centralizadas pela esfera federal, que, desde os anos 70, era responsável pelos chamados ‘agentes de saúde pública’. Mas, seguindo um dos princípios básicos do (SUS), em 1999 as ações de vigilância passaram a ser descentralizadas e hoje o município é o principal responsável por elas. O problema é que boa parte dos agentes ficou precarizada, sem um piso salarial comum e trabalhando por contratos temporários. Só em 2006 que foi publicada a lei 11.350,que descreve e regulamenta o trabalho dos ACEs e ACS. Art. 3º: O ACS tem como atribuição o exercício de atividades de prevenção de doenças e de promoção da saúde, mediante ações domiciliares ou comunitárias, individuais ou coletivas, com objetivo de ampliar o acesso da comunidade assistida às ações e aos serviços de informação, de saúde, de promoção social e de proteção da cidadania. Art. 4º: O ACE tem como atribuição o exercício de atividades de vigilância, prevenção e controle de doenças e promoção da saúde. Diz que o trabalho dos agentes deve se dar exclusivamente no âmbito do SUS, que a contratação temporária ou terceirizada não é permitida (a não ser em caso de surtos endêmicos) e que deve ser feita por meio de seleção pública. Além disso, um dos requisitos para o exercício da atividade do agente de endemias é ter concluído um curso introdutório de formação inicial e continuada. - Existe um processo coordenado pelo Departamento de Gestão da Educação na Saúde (Deges), com participação da Secretaria de Vigilância Sanitária (SVS), da Fiocruz e da Anvisa, que pretende: Estabelecer referenciais curriculares para orientarem as escolas técnicas na elaboração de seus cursos. Isso, por conta que o ACE na prática é responsável pelas atividades descritas, mas essas atribuições ainda não estão formalmente delimitadas. As atribuições vão depender do perfil epidemiológico da localidade onde os agentes trabalham e da organização dos serviços de saúde, pois o gestor municipal é soberano na definição de suas prioridades. O problema é que, por um lado, a qualificação é requisito para exercer esse trabalho, por outro, apenas alguns estados oferecem cursos de formação para esses profissionais. - Uma formação ampla atenderia de forma integral às necessidades da comunidade. Quando falamos de endemias, muitos são os fatores que determinam esse problema ou interferem nele e uma formação mais ampla torna possível compreender os problemas e realizar o diagnóstico com clareza, identificando seus determinantes e optando por ações mais eficazes, numa abordagem completa. CONCEITOS EPIDEMIOLÓGICOS - Para se calcular a frequência das doenças em uma população, usamos a prevalência e incidência. PREVALÊNCIA - Implica a magnitude que as doenças prevalecem na população. Ela vai possibilitar realizar comparações e análises do quadro sanitário de diferentes populações. Pode ser definida como a relação entre o número de casos conhecidos de uma dada doença e a população de origem dos casos. Para isso, é preciso ter referência de um lugar definido. A prevalência é proporcional ao tempo de duração da doença. - Medidas de prevalência geram informações valiosas para o planejamento e a administração dos serviços de saúde. É a medida mais adequada para doenças crônicas ou de longa duração. Conhecer a prevalência da HAS entre adultos de determinada área, proporciona orientar o número necessário de consultas de acompanhamento e as reuniões de grupos de promoção de saúde. - Para os estudos epidemiológicos descritivos são igualmente úteis, porém, quando se trata de identificar fatores causadores de doenças, as medidas de prevalência são suplantadas pelas medidas de incidência. Diferente da incidência, a prevalência só considera um evento de determinada doença por pessoa. Ou seja, se você tem gripe por 3 vezes durante o ano, o evento só será contado uma vez. Aumento da prevalência Diminuição da prevalência Maior incidência da doença Melhor tratamento, prolongando a sobrevida do paciente, mas não o levando à cura A imigração de indivíduos doentes ou a emigração de indivíduos sadios. Menor incidência da doença Cura por tratamento (principalmente das doenças infecciosas) Óbitos Imigração de indivíduos sadios ou a emigração de indivíduos doentes INCIDÊNCIA - Significa a noção da intensidade com que a morbidade ocorre em uma população. Pode ser definida como a proporção entre os números de casos novos de uma doença, ocorridos em um intervalo de tempo determinado, e a população exposta ao risco de adquirir a referida doença no mesmo período. - Ela é uma medida típica do risco de adoecer ou de sofrer agravo. Por isso ela é fundamental nos estudos dos fatores de riscos de doenças. Densidade de incidência: A incidência pode ser estimada ainda como uma taxa média de ocorrência de uma doença na população exposta em um período. - A mortalidade e letalidade são entendidas como casos particulares dentro do conceito de incidência, quando o evento de interesse é a morte, e não o adoecimento. Mortalidade: Utilizada como indicador de saúde de uma população. Se calcula dividindo o número de óbitos pela população em risco. Letalidade: Mede a gravidade da doença. Ela expressa o quão essa doença é poderosa no sentido de provocar morte nas pessoas acometidas. Se calcula dividindo-se o número de óbitos por determinada doença pelo número de casos da mesma doença. - É muito usada em investigações etiológicas para elucidar relações de causa e de efeito, e avaliar o impacto de uma política, ação ou serviço de saúde e estudar o prognóstico. Na HAS, verificar o número de casos novos após implementação de medidas de promoção de saúde como incentivo a doenças saudáveis, atividades físicas e combate ao tabagismo. ENDEMIA - É usado em geral a contraposição de uma epidemia, e indica a presença constante de doença, agente infeccioso ou agravo em uma população específica, ou a prevalência usual da doença em um determinado local ou grupo. No caso da malária, diferentes termos são usados para indicar variações nos níveis endêmicos da doença. Holoendêmico: usado em transmissões contínuas e intensas, afetando proporcionalmente mais crianças que adultos. Hiperendêmico: usado para situações de alta transmissão, mas com flutuações sazonais, e afeta de forma similar as faixas etárias. Mesoendêmico e hipoendêmico: usado para caracterizar regiões com grande variabilidade nos níveis de transmissão da doença ou com níveis de transmissão baixos ou irregulares. EPIDEMIA - Sempre estiveram presentes na história, e se intensifica em épocas de transição entre os modos de produção e nos momentos de crise social. O termo tem origem nas palavras gregas, epi= perto, sobre, e demos= povo, pessoas. Mas, somente no século XVII o termo passou a ser usado da forma com que hoje em dia se define epidemia no geral: a ocorrência de uma determinada doença ou evento relacionado com a saúde claramente em excesso em relação ao que seria esperado para uma determinada população. Então, a epidemia não significa muitos casos, mas um número acima do usual, comparando com a frequência esperada para um certo tempo ou local. EPIDEMIAS POR FONTE COMUM - Tem característica a veiculação do agente infeccioso, físico ou químico por meio de uma única fonte de contaminação, e a transmissão de pessoa a outra é inexistente em geral, ou pouco importa para geração de casos da doença. Fonte pontual: é restrita no tempo e espaço, e toda população é exposta simultaneamente. Ex: Um surto de gastrenterite em que a fonte de contaminação é restrita a um local (p. ex., alimentos contaminados pela bactéria Staphylococcus aureus servidos em uma festa) é um exemplo típico de epidemia por fonte comum pontual. Fonte persistente: o veículo ou fonte da epidemia (alimentos, água, ar) permanece no ambiente por um tempo mais longo. Por isso, a duração da epidemia é maior e o declínio dos casos, mais lento. Ex: Um lote de hambúrgueres contaminado pela bactéria toxigênica Escherichia coli distribuído a várias filiais de uma rede de lanchonetes. EPIDEMIA PROGRESSIVA - Tem propagação lenta, e o principal mecanismode transmissão é entre indivíduos e não a partir da exposição simultânea a um agente. A transmissão pode ser: Direta: entre indivíduos da mesma espécie (contato sexual, na sífilis) ou de espécies diferentes (o ato de morder dos animais na raiva). Indireta: entre indivíduos da mesma espécie (vetores do gênero Anopheles na malária) entre indivíduos de espécies diferentes (leishmaniose visceral do cão para humanos por meio de vetores do gênero Ltzomyia, e de veículos (água contaminada com Vibrio cholerae, na cólera). SURTO - O termo é frequentemente utilizado para se referir a um tipo de epidemia em que os casos se restringem a uma área geográfica pequena e bem delimitada ou a uma população institucionalizada (creches, quartéis, escolas etc.). É um aparecimento súbito e representa um aumento não esperado na incidência de uma doença. No geral é a expressão inicial de uma epidemia, e definir um surto é a forma mais precoce de prevenir uma epidemia posterior. É uma atividade básica dos sistemas de vigilância e investigar os surtos propõe implementação de medidas preventivas e de controle oportunas e efetivas no nível local. SAZONALIDADE - É quando um fenômeno é considerado periódico (cíclico) e se repete sempre na mesma estação do ano. As doenças são sujeitas à variação sazonal com aumentos periódicos em determinadas épocas do ano, geralmente relacionados ao seu modo de transmissão. CASO - O diagnóstico de um caso depende da evidência disponível, e deve distinguir níveis com critérios específicos em diferentes graus de certeza diagnóstica, como: Caso suspeito: sinais e sintomas compatíveis com a doença, sem evidência laboratorial (ausente, pendente ou negativa). Caso provável: sinais e sintomas compatíveis com a doença, sem evidência definitiva laboratorial→ um exemplo é a realização de exames não específicos para o caso. Caso confirmado: evidência definitiva laboratorial, com ou sem sinais e/ou sintomas compatíveis com a doença. REGIÕES DE SAÚDE CONTEXTULIZANDO - A Norma Operacional da Assistência à Saúde de 2001 (NOAS/2001) regulamentou as diretrizes gerais para a organização regionalizada da assistência à saúde no Brasil. Com base na NOAS/2002, os convênios entre o Ministério da Saúde (MS) e os demais níveis de governo consideraram as prioridades assistenciais de cada estado, subdividido em regiões e microrregiões definidas no Plano Diretor de Regionalização da Saúde (PDR). Segundo a Portaria nº 373, que regulamentou a NOAS, as secretarias estaduais de saúde possuem papel de conduzir o processo de regionalização de cada estado federado. - A Resolução nº 1, de 2011, estabelece diretrizes gerais para a instituição de Regiões de Saúde no âmbito do SUS, além de trazer uma definição: Considera-se Região de Saúde o espaço geográfico contínuo constituído por agrupamento de Municípios limítrofes, delimitado a partir de identidades culturais, econômicas e sociais e de redes de comunicação e infraestrutura de transportes compartilhados, com a finalidade de integrar a organização, o planejamento e a execução de ações e serviços de saúde. - As Regiões de Saúde são instituídas pelos Estados em articulação com os Municípios, sendo que cada município pode compor apenas um única Região de Saúde. - Essa Resolução ainda traz os principais objetivos desse tipo de organização: Garantir o acesso resolutivo da população, em tempo oportuno e com qualidade, a ações e serviços de promoção, proteção e recuperação, organizados em redes de atenção à saúde, assegurando-se um padrão de integralidade; Efetivar o processo de descentralização de ações e serviços de saúde entre os entes federados, com responsabilização compartilhada, favorecendo a ação solidária e cooperativa entre os gestores, impedindo a duplicação de meios para atingir as mesmas finalidades; Buscar a racionalidade dos gastos, a otimização de recursos e eficiência na rede de atenção à saúde, por meio da conjugação interfederativa de recursos financeiros entre outros, de modo a reduzir as desigualdades locais e regionais. - Existem ainda as 6 diretrizes gerais para a organização desses Regiões, sendo as principais: I. Delimitação das Regiões de Saúde a partir de identidades culturais, econômicas e sociais e redes de comunicação e infraestrutura de transportes compartilhados, de modo a imprimir unicidade ao território regional; II. Reconhecimento de necessidades econômicas, sociais e de saúde da população da região para o processo de pactuação dos fluxos assistenciais; III. Constituição da Comissão Intergestores Regional (CIR) como foro regional de negociação e pactuação de matérias relacionadas à organização e ao funcionamento das ações e serviços de saúde integrados em rede de atenção à saúde, composta por todos os gestores municipais da Região de Saúde e o gestor(es) estadual(is) ou seu(s) representante(s). - A CIR possui funções como: Pactuar sobre os medicamentos que serão ofertados na respectiva Região de Saúde e sobre as responsabilidades individuais de cada ente federativo na Região de Saúde. Incentivar a participação da comunidade. REGIÕES DE SAÚDE NA BAHIA Conceitos importantes do processo de regionalização do SUS-BA: 1. Macrorregiões: compostas por um conjunto de municípios que se localizam no raio de influência de uma ou mais cidades centro(s) polarizador(es) de serviços de saúde de alta complexidade, Unidade de Terapia Intensiva (UTI), projetos de reorganização da atenção de urgência/emergência e atendimento à gestante de alto risco. 2. Microrregiões: constituídas pelos Módulos Assistenciais, com a identificação dos municípios "polos" destas Microrregiões, cujo sistema municipal de saúde disponha dos serviços de média complexidade necessários ao estabelecimento da referência e contra referência de pacientes nos diversos módulos assistenciais. 3. Módulos assistenciais: também estes com a identificação dos municípios "sedes", responsáveis pela atenção "mínima da média complexidade" à população da sua respectiva área de abrangência e englobando um ou mais municípios que atendam aos critérios definidos e aprovados na CIB-BA, para esta composição; 4. Municípios satélites: componentes dos Módulos Assistenciais. - O Plano Diretor de Regionalização de 2007 (PDR 2007) reconhece 28 microrregiões como Regiões de Saúde do Estado da Bahia, sendo que essas microrregiões estão aglutinadas em 9 macrorregiões: 1. Centro-leste: inclui as microrregiões Feira de Santana, Itaberaba, Seabra e Serrinha. 2. Centro-norte: inclui Irecê e Jacobina 3. Extremo Sul: inclui Porto Seguro e Teixeira de Freitas 4. Leste: inclui Camaçari, Cruz das Almas, Salvador e Santo Antônio de Jesus 5. Nordeste: inclui Alagoinhas e Ribeira do Pombal 6. Norte: inclui Juazeiro, Paulo Afonso e Senhor do Bonfim 7. Oeste: inclui Barreiras, Ibotirama e Santa Maria da Vitória. 8. Sudoeste: inclui Brumado, Guanambi, Itapetinga e Vitória da Conquista. 9. Sul: inclui Ilhéus, Itabuna, Jequié e Valença. - É importante ressaltar as diferenças das condições de saúde entre as macrorregiões, inclusive a quantidade de habitantes entre elas, sendo a Leste a mais populosa, com 4.353.829 habitantes e a Extremo Sul a de menor porte populacional, com 760.206 habitantes. A macrorregião Leste concentra 31,7% do total de habitantes, sendo a microrregião de Salvador responsável por 72,7% dos habitantes desta macrorregião. Nas macrorregiões Leste, Centro-Leste, Sudoeste e Sul (as mais populosas) que se encontram 70% do total de residentes baianos. - Esse PDR de 2007 ainda traz os seguintes critérios para a delimitação das regiões: Base populacional média de uma microrregião: 150.000 a 300.000 hab; Número mínimo de habitantes para um MunicípioReferência de Microrregião (MRM) = 70.000 hab; Raio máximo = 100Km -> é a distância de deslocamento dos municípios até o MRM Será município referência de Macrorregião aquele Pólo Microrregional que tiver o maior número de habitantes. - Além das microrregiões serem aglutinadas em 9 macrorregiões já citadas anteriormente, existem 9 Núcleos Regionais de Saúde (NRS), que acompanham as atividades de regulação, de vigilância sanitária, dispensação de medicamentos, e as ações relativas ao monitoramento de prestação de serviços de saúde, contribuindo para o fortalecimento da gestão junto aos Municípios. Em 2016, o Estado definiu através do Decreto nº 16.075 de 14 de maio de 2015, o âmbito de atuação territorial dos NRS, instituídos pela Lei nº 13.204, de 11 de dezembro de 2014. Essa lei instituiu os NRS no lugar das Diretorias Regionais de Saúde (Dires), que foram extintas. Região de Saúde Camaçari - Essa região de Saúde participa do NRS leste, que tem como sede Salvador. Ela abrange os municípios de Camaçari, Conde, Dias D’ávila, Mata de São João, Pojuca e Simões Filho. Os principais dados em relação a essa região são: População da região: 626.537 habitantes Percentual da população da região em relação à Bahia: 4,21 % Região de Saúde Salvador - Essa região é a sede do NRS leste e abrange os municípios de Candeias, Itaparica, Lauro de Freitas, Madre de Deus, Salvador, Santo amaro, São Francisco do Conde, São Sebastião do Passé, Saubara e Vera cruz. Vale ressaltar que o município de Candeias, em 2011, foi transferida da microrregião de Camaçari para a de Salvador através da resolução CIB nº 181/2011. - Os principais dados dessa região são: População da região: 3.400.621 habitantes Percentual da população da região em relação à Bahia: 22,86 % Histórico de alterações na PDR de 2007: 2008: desfaz as microrregiões de Ipirá e Bom Jesus da Lapa e realocando os municípios nas microrregiões de Feira de Santana e Santa Maria da Vitória. 2001: transferência do município de Candeias (já falei lá em cima) 2013: transferência do município de Marau, da Região de Saúde de Valença, para a Região de Saúde de Itabuna; transferência do Município de Canudos, da Região de Saúde de Serrinha, para a Região de Saúde de Juazeiro. 2016: transferência do município de Nova Itarana, da Região de Saúde de Santo Antônio de Jesus, para Região de Saúde de Jequié. 2017: transferência do município de Feira da Mata, da Região de Saúde de Santa Maria da Vitória, para Região de Saúde de Guanambi.
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