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VICTORIA ALENCAR – 7º SEMESTRE – UNIFTC – 2021.2 13 dermato aula 06 – micoses superficiais e infestações MICOSES SUPERFICIAIS Infecções fúngicas que acometem as camadas superficiais da pele, pelos e unhas: 1. Superficiais propriamente ditas – restritas a camada córnea ou cutícula do pelo (ficam apenas na queratina, não conseguem aprofundar na infecção) → resposta imune celular mínima ou ausente favorecendo ausência de sintomas e infecção crônica (o paciente pode ficar anos ou até a vida inteira sem sintomas e infecção crônica): · Pitiríase versicolor; · Piedra branca e Piedra preta; · Tinha negra. 2. Micoses superficiais cutâneas e cutâneo-mucosas – conseguem passar da camada córnea: · Dermatofitoses; · Candidíase cutâneo-mucosa; · Dermatomicoses (não iremos adentrar nessas patologias, pois são diagnósticos diferenciais feitos em pesquisas dos fungos. Por exemplo: suspeitamos de uma doença fúngica, tratamos e o paciente não melhora, assim, pediremos uma cultura e identificamos que não era uma dermatofitose e sim outra classe de fungo. Mas a clínica será bem parecida com as dermatofitoses). Superficiais propriamente ditas pitiríase versicolor (pano branco) · Muito prevalente. · Agente etiológico: leveduras do gênero Malassezia: · Antropofílica lipodependente de forma oval ou cilíndrico só infecta humanos e coloniza e infecta áreas do organismo que tenham produção de lipídeos, como: dorso superior, colo, couro cabeludo, região centro facial, mas não impede que ocorra em MMII (pois é uma região de menos glândulas), porém é raro de ver; · São inúmeras espécies, as Isoladas com mais frequência: M. furfur e M. globosa; · Membro da biota normal da pele manifestação clínica ocorre em condições que permitem a pseudofilamentação da levedura e, assim, cause a doença. · Ptiríase versicolor (PV): infeção crônica da camada córnea: · Assintomática (em geral não haverão queixas de prurido, ardor e nem outros sintomas); · Distribuição universal: · Porém, maior prevalência em climas tropicais e subtropicais; · Ambos os sexos; · Todas as etnias. · Mais prevalente em adultos jovens e pós-púberes (justamente pelo aumento da produção de lipídios); · Fatores que levam ao rompimento do equilíbrio entre Malassezia-hospedeiro e à ocorrência da PV: · Idade – maior produção de sebo em adultos jovens e pós-púberes; · Predisposição genética – não é de senso comum em todas as literaturas, mas em geral quem possui PV tende a ter mais crises durante a vida do que o indivíduo que não tem; · Hiperoleosidade e hiperidratação – produtos oleosos aumentariam o desequilíbrio Malassezia-hospedeiro e favoreceriam a produção endógena de um sebo diferente; · Má nutrição; · Avitaminoses; · Gravidez; · Diabetes mellitus descompensado; · Síndrome de Cushing; · Corticoterapia prolongada; · Contraceptivo oral; · Imunodeficiência. · Clínica: · Lesões maculares múltiplas, inicialmente perifoliculares (máculas puntiformes apenas ao redor dos folículos plosos); · Descamação fina na superfície como alteração secundária; · Estiramento da pele onde estão as máculas facilita visualização da descamação fina (furfurácea): sinal de Zileri positivos (diagnóstico de PV); · Coloração variável (por isso versicolor): · Apesar do nome “Pano Branco” (lesões hipocrômicas), podem ser de qualquer cor: acastanhadas, hipocrômicas, eritematosas; · Quando eritematosas podem ser pruriginosas (resposta inflamatória envolvida); · Muito mais comuns serem hipocrômicas, pois causam a Inibição da reação dopa-tirosinase por frações lipídicas produzidas pelo fungo (o fungo produz lipídeos que vão efetar essa reação e inibir a produção de melanina). OBS: orientamos o paciente que ele vai melhorar da PV, mas vai continuar com a mácula hipocrômica por um tempo. Isso porque, é o tempo que há a produção novamente da melanina para pigmentar a região. Isso não significa que o paciente não está tratado, um parâmetro de cura que podemos usar é o estiramento da pele: se estiramos e não descamou, não houve alteração além da cor é só dar um tempo, pois a cor vai voltar com o tempo... o paciente não possui mais PV. · Locais preferenciais da PV: tronco, ombros, parte superior de braços, pescoço, face (principalmente região centrofacial) e dobras flexurais; · Tendem a crescer e coalescer; · Sempre evoluem em surtos e recidivas nas pessoas com predisposição. NOTE QUE NAS LESÕES ESXISTEM UMA "FARINHA", CULMINANDO NO ZIRELI POSITIVO NAS LESÕES. A E B: LESÃO HIPOCRÔMICA; C : LESÃO ERITEMATOSA; D: FUNGO NA CAMADA CÓRNEA, BEM SUPERFICIAL (SETA PRETA) E IMAGEM MAIS APROXIMADA DEMONSTRA AS PSEUDOHIFAS NA CAMADA CÓRNEA (SETAS ROSAS). · Diagnóstico: · Clínico; · Exame micológico (muito raro, pois o diagnóstico clínico é bem direto, somente se dúvida) – raspar a lesão e mandar para pesquisa de microscópio. · Tratamento: · Evitar hábitos que contribuem para transformação do fungo de sapróbio (membro da microbiota normal) para parasita – manter região seca, evitar muita sudorese (enxugar), evitar hidratantes e óleos em regiões comumente acometidas; · Limpeza diária com sabonetes queratolíticos, com: ácido salicílico, shampoos com cetoconazol (pode ser usado também como sabonete líquido), piritionato de zinco, sulfeto de selênio; · Antifúngicos tópicos associados aos cuidados de higiene: cetoconazol (aliado ao shampoo), terbinafina, ciclopirox olamina o cetoconazol normalmente é o de escolha, pois é acessível, encontramos no SUS e possui pouca reação adversa; · Tratamento é longo, normalmente dura 30 dias. Orienta-se o paciente de utilizar os shampoos diariamente em toda a pele e deixa-los agir por cerca de 5min em contato com a pele e depois enxaguar, logo depois do banho colocar os cremes nos locais acometidos de 12/12h, depois da crise podemos manter 3x por semana esses cuidados como manutenção por mais 1 mês; · Exposição solar para acelerar repigmentação onde houve as máculas por 10-15 min por dia; · Consideramos PV recidivante: até 4 episódios por ano → nesses casos, podem associar o tratamento sistêmico com antifúngico (em geral com imidazólicos, como o itraconazol) e manter tópico 1 a 3x/semana por 6 semanas (depois do tratamento de 1 mês de manutenção); · Consideramos PV crônica: mais de 4 episódios por ano, sem resposta ao tratamento e deverá utilizar o cetoconazol ad eternum (por toda vida) e quando pior, utilizar cetoconazol sistêmico e ficar controlando a doença. Infelizmente é comum, não significa imunodeficiência é apenas uma tendência da interação do fungo com o microorganismo. piedra branca · Infecção crônica superficial e assintomática da cutícula do pelo (cabelo) → leveduras do gênero Trichosporon: · Parte da biota normal da pele. · Muito mais comum em regiões temperadas e tropicais: · Habitat natural do fungo é o solo, água e vegetais, além de ser parte da biota em algumas pessoas; · Não se relaciona com má higiene, nem é transmitido pelo contato com indivíduos contaminados; · Pode ser muito comum, em geral em meninas, após contato com areia da praia (fungo está colonizando o solo). · Clínica: · Nódulos firmes e irregulares de coloração esbranquiçada a castanho-claro aderidos a haste do pelo; · É relatado na literatura que é mais frequente em área genital e barba e menos frequência em couro cabeludo (professora refere que em sua prática clínica sempre viu o contrário). Muitas pessoas inclusive pensam que são lêndeas e tentam tratar como piolho, só que são nódulos muito aderidos e não conseguem retirar. · Diagnóstico: · Clínico – examinando não encontramos o piolho e sim um nódulo “abraçando” a haste do pelo; · Micológico direto, se dúvida. · Tratamento: · Cortar fios do cabelo; · Antifúngicos tópicos de longo período – não adiantam antifúngicos sistêmicos, pois não possui relação com a raiz dos fios e nem a estrutura vascularizada dos fios. Localiza-se no comprimento dos fios e, por isso, é necessário cortar. · Muito difícil de tratar e é um diagnóstico diferencial importante da pediculose. NOTE OS NÓDULOS "ABRAÇANDO" OS FIOS. piedra preta · Infecção crônica superficiale assintomática da cutícula do pelo → fungo Piedraia hortae; · Típico de regiões tropicais: aqui no Brasil comum na população indígena da Amazônia: · Isso porque o habitat natural do fungo são florestas úmidas e águas paradas em margens de rios; · Clínica: · Nódulos firmes e irregulares de coloração preta; · É relatado na literatura que é mais frequente nos cabelos do couro cabeludo. · Diagnóstico: · Clínico; · Micológico direto, se dúvida. · Tratamento: · Cortar fios; · Antifúngicos tópicos. tinha negra · Infecção crônica superficial e assintomática da camada córnea → fungo Hortaea werneckii; · Mais comum em regiões tropicais e temperadas: · É um fungo geofílico, de solo. Então, nos afetados conseguimos coletar uma história de manipulação de jardim, de atividades em zona rural e férias em zona rural onde teve contato com o solo. · Atinge ambos os sexos e todas as idades: porém, mais comum em torno dos 20 anos e mais em mulheres; · Hiperidrose (sudorese excessiva) é fator de risco; · Clínica: · Máculas acastanhadas assintomáticas; · Crescimento centrífugo (progride para periferia), limites precisos e escurecimento progressivo; · Mais comum em superfície palmar, plantar, pescoço e tórax; · O principal diagnóstico diferencial é com melanoma, pois são lesões acastanhadas. · Diagnóstico: · Clinico; · Micológico direto, se dúvida. · Tratamento: · Agentes queratolíticos, como ácido salicílico; · Antifúngicos tópicos; · Tende a ter uma boa resposta ao tratamento. micoses superficiais cutâneas e cutâneo-mucosas dermatofitoses (tinha) · Grupos de fungos queratinofílicos → invadem tecidos queratinizados do homem e de animais, três tipos principais (importante para diferenciar a resposta inflamatória e para orientar o paciente de onde se infectou): · Vivem no solo = geofílicos; · Parasitam animais = zoofílicos; · Preferencialmente parasitam homem = antropofílico. · Cresce de modo centrífugo → aspecto circular – conforme o fungo vai invadindo a queratina, o organismo se defende alterando a camada córnea e deixando o ambiente inóspito para o fungo, então ele vai migrar para a periferia da lesão de forma centrífuga, pois vai em busca da queratina boa para ele (pois o corpo como defesa realiza uma queratinização anormal na região das lesões). Por isso, a lesão tende a cura central e progressão na periferia; · Possui diversas nomenclaturas tinea = tinha = dermatofitose = micose causada por dermatófitos (grupo de fungos queratinofílicos); · Causadas por 3 gêneros de fungos (alguns preferem mais pele ou unhas ou cabelos, mas é algo muito específico do qual não precisamos focar): · Microsporum; · Trichophyton; · Epidermophyton. · Distribuição: · Mais comum no sexo masculino; · Couro cabeludo: mais comum em crianças; · Pé e virilha: mais comum em adultos. · Outros fatores que influenciam: · Imunidade (quanto mais baixa, mais infeções); · Hábitos: má higiene, calçados úmidos e pouco expostos à luminosidade (colonização do fungo); · Populações fechadas; · Sazonalidade: verão e outono. · Contágio: contato direto com o fungo (seja no solo, de ser humano para ser humano, ou com animais contaminados) ou com fômites; · Progressão da doença (lesão isolada extensa, reação inflamatória ou não) depende de fatores do fungo e do hospedeiro: · Fungos geofílicos e zoofílicos: menos adaptados ao humano e causam maior reação inflamatória (eritema, prurido, exudato); · Quando o fungo é antropofílico tendem a estarem mais adaptados aos seres humanos e, por isso, causam menos infeção; · Integridade da barreira cutânea natural é importante; · Umidade local é pré-requisito para inoculação e sobrevivência; · Muita umidade local e perda da barreira cutânea são fatores que predispõem a inoculação do vírus e a sua sobrevivência do vírus no ambiente. · Manifestações clínicas dependem, além das interações fungo-hospedeiro, da topografia do acometimento (onde ele colonizou); · Diagnóstico: · Clínico; · Micológico direto (se quiser determinar a espécie do fungo); · Cultura (se quiser determinar a espécie do fungo); · Histopatológico (biópsia) excepcionalmente (entra como diferencial em doenças inflamatórias, principalmente em lesões tratadas e mexidas antes de chegar até nós). tinha do couro cabeludo · Alta incidência: locais de pobreza e hábitos precários de higiene; · Mais prevalente em crianças: · Adultos são portadores subclínicos e assintomáticos (fonte de infecção para as crianças); · Transmissão por fômites: escovas, travesseiros, brinquedos, telefones. · Quando lesão é por Microsporum (microspórica) – tende a ser lesão única, mas com muita inflamação: · M. canis , T. tonsurans; · Animais infectados; · Placa única com descamação no couro cabeludo e cotos pilosos (cabelo todo cortado, de diferentes tamanhos) pela atividade do fungo – “pelo tonsurado”; · Processo inflamatório agudo: lesão de Kerion celsi (placa com muito exsudato, crosta e atividade inflamatória intensa) → se não diagnosticada e tratada corretamente pode levar a destruição do folículo e uma alopecia cicatricial, que vai determinar para o resto da vida que naquela região não nascerá mais pelos. · Quando lesão é por Trichophyton (tricofítica) tendem a ser mais antropofílicos, assim formam múltiplas lesões, com menos atividade inflamatória. O FUNGO PODE INFECTAR A HASTE DO PELO DE 3 FORMAS: APENAS POR FORA (ECTOTHRIX), POR DENTRO E POR FORA (ENDOTHRIX) E CRIAR VÁRIOS ESPAÇOS DE AR DENTRO DO FIO (FAVUS). 3 2 1 1: LESÕES TRICOFÍTICAS (VÁRIAS PLACAS DE ALOPÉCIA); 2: ÁREA DE BASTANTE DESCAMAÇÃO ADERIDA; 3: MÚLTIPLAS PLACAS DE ALOPÉCIA, QUANDO APROXIMAMOS PODEMOS NOTAR OS FIOS QUEBRADOS (TONSURADOS) E ATIVIDADE INFLAMATÓRIA, TAMBÉM OBSERVADOS NAS FIGURAS A, B, C E D; tinha do couro cabeludo – kerion celsi · Área com intensa reação inflamatória, por fungos Microsporum (zoofílicos), com exsudato, prurido, crostas e secreção purulenta; · Muito comum imaginar que é uma infeção bacteriana, mas o paciente não melhorará com o tratamento e voltará ainda pior. Devemos tratar esse tipo de lesão para fungo urgentemente, pois a região pode não mais nascer cabelo. tinha da barba · Forma clássica é a que forma as placas eritematosas, anulares, com tendência a cura central e descamação - imagem 1; · Forma sicosiforme: semelhante à foliculite bacteriana (aprofunda no folículo piloso e causa foliculite, com edema, eritema e secreção melicérica) – imagem 2; · Forma inflamatória: lembra kerion celsi, porém mais delimitada e com pústulas - imagem 3.3 2 1 1: LESÃO COM CURA CENTRAL E BORDAS ATIVAS, COM DESCAMASSÃO. EM GERAL ISSO QUE VEMOS NA CLÍNICA: ÁREAS DE DESCAMAÇÃO, ÁREAS SEM FIOS DE CABELO, ÁREAS DE ALOPÉCIA BEM DELIMITADAS E FIOS QUEBRADOS EM DIFERENTES TAMANHOS (TONSURADOS); E: VEMOS PLACA, LESÃO ÚNICA, TENDENDO A TER BASTANTE RESPOSTA INFLAMATÓRIA (FUNGOS NÃO ADAPTADOS AO SER HUMANO). tinha da facE3 1 4 2 1: LESÃO SEM FORMATO ANULAR COM ERITEMA E DESCAMAÇÃO; 2: LESÃO COM TENDÊNCIA A CURA CENTRAL; 3: LESÃO COM ALTERAÇÃO DE COR, ACASTANHADA (INDEPENDENTE DO FOTOTIPO); 4: LESÃO CONHECIDA COMO IMPINGE, PLACA ANULAR COM BORDA ATIVA E CURA CENTRAL. tinha do corpo/ CORPORIS · Qualquer região pode ser afetada: · Forma Vesiculosa (vesículas); · Forma Anular; · Forma em Placas (diagnostico diferencial com psoríase). tinha inguinocrural · Mais comum em homens adultos; · Acomete virilha, região de períneo e região glútea; · A lesão não se modifica das demais anteriores. tinha da unha · Onicomicose: dermatófitos + leveduras + não dermatófitos termo utilizado quando ainda não isolamos a espécie e não sabemos diferenciar qual elemento está causando a infecção no local, se é um dos fungos dermatófitos, leveduras ou fungos não dermatófitos; · Quando a onicomicose é causada pelos dermatófitos (Microsporum, Trichophyton e Epidermophyton) chamamos de tinha da unha; · Acometimento: · Subungueal distal e/ou lateral (imagem 1); · Subungueal proximal – tende significar imunossupressão importante e deve ser investigada; · Superficial branca - unha toda branca (imagem 2); ·Distrófica parcial ou total – destruição total ou parcial da unha (qualquer uma das acima podem evoluir para distrofia). 3 2 1 tinha da mão · Rara; · Mais comum em pessoas com trabalhos que entram em contato terra e flores (jardinagem); · Diagnostico diferencial com dermatite de contato – as lesões de mão são mais comuns serem dermatite de contato do que tinha de mão; · Quando o paciente apresenta tinha de mão em geral também possui tinha dos pés, por isso sempre é adequado olhar ambos – não é comum encontrar (“tinha mano”). TINHA DA MÃO E DOS PÉS. tinha do pé · Muito frequentes, pode ser de forma: · Vesiculosa - resposta inflamatória intensa (imagem 1); · Interdigital – “pé de atleta”, lesão macerada, com destruição de tecido e porta de entrada importante para erisipela e celulite, principalmente em diabéticos (imagem 2 e 3); · Crônica – “lesão em mocassim”, eritemo-descamação que circunda o pé em formato de mocassim (imagem 4); · Em placa – bem delimitadas (imagem 5 e 6) . 6 5 4 3 2 1 tinha imbricada · Mais comum em população indígena, muito raro aqui no Brasil; · Causada pelo Trichophyton concentricum; · Gera lesões bem desenhadas tinha incógnita · Causada pela modificação de uma dermatofitose após tratamento com imunossupressores; · Mascara as suas características típicas; · Progressão e agravamento da infecção fúngica original; · Dificulta o diagnóstico e ela vai progredindo; · Tende a ser mais profunda e formar mais pápulas; · Diagnosticada por biópsia e exame micológico. dermatofitoses – tratamento · Tratamento: · Agente de amplo espectro – em geral não iremos isolar espécie e chegar a um grupo exato; · Tópicos: derivados imidazólicos, terbinafina, ciclopirox olamina (principalmente em unhas) → para lesões isoladas; · Sistêmica: griseovulvina (fármaco de escolha), itraconazol, terbinafina → lesões difusas, em couro cabeludo (sempre necessita o sistêmico) e em imunodeprimidos sempre associa tópico com sistêmico; · A terapia tende a ser combinada, pois são organismos resistentes; · Duração - longa: · Unha de pé 9 a 12 meses; · Unha de mão 6 a 9 meses; · Couro cabeludo: 2 meses; · Corpo: 1 mês; · Recidivante: esquema de manutenção. candidíase · Infecção cutânea, mucosa ou sistêmica causada por leveduras do gênero Candida, de modo geral a mais comum é a albicans; · Muito comum; · Aumento em imunodeprimidos; · Distribuição ampla: está no ambiente e na biota normal: · Boca, dobras da pele, orofaringe, intestino, vagina e escarro de via aérea; · Solo e água contaminados por dejetos humanos. · Maioria das infecções tem origem endógena – o próprio individuo sofreu desequilíbrio em sua flora e gerou as manifestações; · Como saímos do comensalismo com a cândida para uma doença sistêmica fatal (como a candidíase sistêmica no imunossuprimidos)? · Aumento da colonização inicialmente, podendo ser secundária a: · Antibioticoterapia prolongada, quebra da barreira normal da pele e mucosas, diminuição da imunidade (HIV, quimioterapia); · Maior virulência da cândida, existem espécies com maior aderência, formação de pseudomicélios (como um biofilme na bactéria, dificultando a ação de antifúngicos), produção de enzinas e toxinas (facilitam sua dispersão no tecido). · Manifestações clínicas dependem da localização que a cândida infecta; · Diagnóstico: clínico + exame micológico direto + provas morfológicas (para determinar a espécie); · Tratamento: · Infecções superficiais: derivados imidazólicos; · Infecções extensas: sistêmico com itraconazol ou fluconazol 150 mg – 300 mg/semana. candidíase cutâneo-mucosa · Mais frequente; · Acomete principalmente imunocompetentes; · Pode até simular a tinha pedis, principalmente a maceração em mãos. “Mão de lavadeira” e pessoas que trabalham com muita água e ficam om umidade nas mãos (imagem 1). 1 candidíase oral · Faz a estomatite cremosa; · Mais frequente em RN: · Aleitamento materno é fator protetor (aumenta imunidade e também evita contato com mamadeiras e chupetas que possam estar contaminadas pela cândida). · Encontrada também em adultos diabéticos, idosos e imunodeprimidos (indicador de AIDS quando oral e definidor quando esofágica, por exemplo); · Comum em pessoas que usam próteses dentárias e chupetas (quando recidivante suspeitar da necessidade do uso de aparelhos dendários, pois a mordida errada pode estar favorecendo o acúmulo de saliva nos cantos da boca e o aparecimento da candidíase) → queilite angular (imagem 1 e 2); · Clínica: placas cremosas, esbranquiçadas e com eritema difuso sobre a língua e mucosa orofaríngea (quando raspadas, essas placas saem com facilidade e expõem ainda mais o eritema). 2 1 candidíase intertriginosa · Ocorre nas dobras de pele; · Por conta da umidade, má higiene, obesidade, gestação, diabetes; · Clínica: lesões com áreas eritematosas com exulceração e maceração, fissuras e lesões satélites na periferia (setas). paroníquia e onicomicose · Paroníquia: inflamação dos tecidos periungueais por irritantes primários, hábitos de manicure, levando a colonização secundária de bactérias e leveduras; · Cronifica com hipertrofia das dobras ungueais (destruição da cutícula, perdendo o fator de proteção na unha e favorecendo a piora na infecção local por bactérias e fungos): · Única indicação de combinações tópicas de antifúngico + antibiótico + corticoterapia. 4 32 2 1 1: LESÃO AGUDA; 2, 3 E 4: LESÃO CRONIFICADA. INFESTAÇÕES ESCABIOSE (sarna) · Agente etiológico: ácaro Sarcoptes scabiei: · Parasita obrigatório de mamíferos e aves, mas também parasita seres humanos. · Infestação de homem para homem → contato pessoal: · Infestação por fômites é excepcional, mas acontece. · Fora do hospedeiro em condições ambientais normais sobrevive por apenas 24 a 36 horas; · Após acasalamento o macho morre e a fêmea começa a pôr ovos e depositar fezes no sulco causado por ela através do estrato córneo e granuloso da epiderme. · Infecção dura 4 a 6 semanas: a fêmea não abandona o sulco e põe cerca de 40 a 50 ovos; · Larvas deixam ovos em 3 a 4 dias → amadurecem em adulto emergindo após 5 a 6 dias saindo do túnel através de sulcos escavados; · Número de ácaros em um indivíduo com escabiose é de cerca de 12 parasitas. · Clínica: · Prurido importante e pior à noite (momento em que há movimento dos parasitas nos sulcos, quando o corpo está mais aquecido); · O prurido se inicia 3 a 4 semanas após infecção e coincide com surgimento de pápulas eritematosas (momento do ciclo onde há eclosão de larvas, escavação de túneis e de maturação para vida adulta); · O paciente reinfestado (que já teve escabiose e tem de novo) tende a ter lesões e sintomas imediatos (resposta inflamatória e imune já identifica o agente infeccioso, por memória imune); · Lesões papulovesiculares nos locais dos sulcos e prurido pode ser localizado nas pápulas e vesículas ou generalizado, mesmo onde não visualizamos as lesões (por conta da resposta imunológica); · Lesão patognomônica: visualização do sulco com pequena saliência linear que mede cerca de 1 cm e em uma das extremidades há uma vesíco-pápula perlácea (brilhosa, perolada) onde se encontra a fêmea do ácaro; · Distribuição clássica: axila, mamas, pênis, nádegas, espaços interdigitais de mãos, pés e cintura. LESÕES PÁPULOVESICULOSAS, INTERDIGITAIS (BEM COMUNS E ATÉ ESTÃO NECRÓTICAS DEVIDO A INTENSA COÇEIRA E ESCORIAÇÃO). PODEMOS PERCEBER NAS LESÕES PONTINHOS ESCUROS, COMO SE FOSSEM “OLHINHOS”, AS SALIÊNCIAS E OS SULCOS, ALÉM DISSO É POSSÍVEL PERCEBER O INTENSO ERITEMA, PELO INTENSO PRURIDO. IMAGEM REPRESENTANDO ESCABIOSE NODULAR, TIPO DE ESCABIOSE QUE MESMO APÓS TRATADA AINDA DEIXA UM NÓDULO SECUNDÁRIO AO PRURIDO, SENDO NECESSÁRIO USO DE CORTICÓIDES PARA TRATA-LO (EM GERAL ENCONTRAMOS ESSES NÓDULOS NA GENITÁLIA). · Em RN e jovens: · Lesões se concentram em face e couro cabeludo; · Lesões podem ser eczematizadas (decorrente do prurido intenso e do uso de produtos tópicos para aliviar o prurido, levando a uma dermatite de contato na região), urticadase formarem lesões nodulares (principalmente em genitália). · Sarna crostosa ou norueguesa: · Comum em indivíduos com imunossupressão, principalmente pacientes com HIV com hipercolonização e infestação intensa pelo ácaro; · Lesões hiperqueratóticas crostosas com fissuras na pele; · Unhas espessadas e distróficas; · Prurido intenso. LESÕES POR SARNA NORUEGUESA, DISTROFIA DE UNHAS, CROSTAS, HIPERQUERATOSE IMPORTANTE E DISSEMINADA, PODENDO ACOMETER ATÉ O CORPO INTEIRO. ISSO OCORRE PORQUE O PACIENTE NÃO POSSUI IMUNIDADE PARA COMBATER O ÁCARO, QUE SE PROLIFERA E ESPALHA. · Tratamento: · Voltar às atividades após 24h de tratamento (trabalho, escola); · Tratar todos os habitantes da casa, para não haver recontaminação; · Permetrina: creme ou loção 5% → crianças, adultos, gestantes e lactantes (evitar em bebês com menos de 2 meses, dando preferência ao enxofre nesses pacientes): · Aplicar em todo o corpo incluindo couro cabeludo e orelhas; · Deixar agir pela noite (dormir com o produto) e retirar pela manhã por 2 noites consecutivas; · No 3º dia retirar toda a roupa de cama para lavar. · Formulação de enxofre precipitado 5% em vaselina: · Aplicar em todo o corpo por 4 noites seguidas e deixar agir como a permetrina. · Benzoato de benzila loção a 25%: · Em todo o corpo 4 noites seguidas, repetir após 7 dias; · Irrita muito a pele, pouco utilizado. · Associação com ivermectina sistêmica – acima de 5 anos de idade, D0/D7 (dia 0 e dia 7) 6mg a cada 30kg; · Quando forma crostosa ou norueguesa: tratamos da mesma forma, somente iremos associar a vaselina salicilada a 5% para remover as crostas; · Quando forma fodular: corticóide tópico 12/12h com oclusão no local. PEDICULOSE (piolho) · Parasitas da ordem Phthiraptera: Pediculus humanus (P. humanus humanus e P humanus capitis) → sugadores de sangue; · Hospedeiros altamente específicos: vivem toda a existência no hospedeiro, não migram de hospedeiro; · São insetos cinzas, esbranquiçados, com fêmea medindo 3- 4 mm e é maior que o macho: · Tempo de vida de 3 a 40 dias; · Couro cabeludo - P. Capitis: Fêmeas produzem cerca de 300 ovos (7 a 10 por dia) → ovos se prendem aos cabelos → eclodem em 8 dias → maturidade em 10 dias; · Corpo – P. humanus: habitat são as roupas, ficam presos nos fios da roupa e vão à pele se alimentar e voltam para roupa; · Pubiano – Pthirus pubis: chamada de “chato” ou “piolho carangueijo”. · Clínica: · Do couro cabeludo - intenso prurido secundário a reação de hipersensibilidade à saliva do ácaro: · Lêndeas presas firmemente aos cabelos (retiradas por tração); · Crostículas hemáticas aderidas ao coro cabeludo quando o parasita suga o sangue. · Do corpo - prurido de intensidade variável: · Máculas eritematosas, pápulas, crostas e escoriações decorrentes do prurido; · Em geral em tronco, axilas e nádegas; · Tende a infecção secundária e liquenificação, principalmente pois quem tende a ter piolho de corpo tem higiene precária, como moradores de rua. · Do púbis ou fitiríase (cílios) - prurido: · Parasita no folículo piloso e lêndeas; · Escoriações e manchas cinza-azuladas em coxas e tronco. FITIRÍASE (CÍLIOS) E IMAGEM DO PUBIS (A), VISUALIZAMOS O PIOLHO ADERIDO AOS FOLÍCULOS PILOSOS E PELOS DOS CÍLIOS; IMAGEM DO PARASITA PUBIANO “PIOLHO CARANGUEIJO” POR CONTA DAS PATINHAS. · Tratamento: · Do couro cabeludo: · Permetrina 1% shampoo, deixar 10 minutos e enxaguar; · Permetrina 5% loção: à noite e remover no dia seguinte (8h); · Repetir em 7 a 10 dias para matar ovo que vai eclodir; · Ivermectina associada, assim como na escabiose D0/D7; · Remover lêndeas com pente fino – solução 1:1 água e vinagre, que ajuda a paralisar as lêndeas para retira-las; · Tratar contactantes para evitar recontaminação. · Do corpo: lavar roupas e higiene; · Do púbis ou fitiríase - tratada como as anteriores, exceto nos cílios: · Cílios: vaselina 2x/dia por 8 dias com remoção manual dos parasitas. TUNGÍASE (“bicho de pé”) · Penetração da pulga Tunga penetrans; · Vive em lugares secos e arenosos – zonas rurais, currais, chiqueiros e areia de praia; · Hospedeiros: homem e porcos; · Hematófagos: · Macho após alimentar-se do sangue deixa o hospedeiro; · Fêmea fecundada penetra na pele introduzindo a cabeça e tórax e deixa estigma respiratório e o orifício ovopositor para fora (o estigma é o buraquinho que vimos – imagem abaixo); · Alimentando-se, os ovos se desenvolvem; · Pulga expulsa ovos em 2 semanas e morre (em geral resolvendo a infecção, a não ser que o ovo recontamine o hospedeiro) · Clínica: · Nódulo amarelado com um ponto enegrecido no meio; · Localizado em mãos e pés; · MUITO prurido (sinal mais importante do paciente); · Dor eventualmente; · Muitas lesões: aspecto de favo. INFECÇÕES DIFÍCIES DE VERMOS NA PRÁTICA, POIS SÃO MÚLTIPLAS INFECÇÕES, QUE FORMAM ASPECTO DE FAVO E VÁRIOS PONTOS DE INFECÇÃO. EM GERAL IREMOS VER UMA LESÃO NOS PÉS (ONDE TEVE CONTATO COM O SOLO) AMARELADA COM UM PONTO ENEGRECIDO NO MEIO. · Tratamento: · Retirar pulga com agulha após antissepsia local; · Tiabendazol 25 mg/kg durante 10 dias; · Profilaxia: usar calçados. MIÍASE · Infestação devido à invasão de tecidos e órgãos de humanos e animais por larvas de dípteros (moscas) · Larvas transmitem várias doenças. · Primária: larva invade obrigatoriamente o tecido sadio para se desenvolver, é parasita obrigatório: · Furunculoide (imagem abaixo, invade a pele); · Cavitária (quando invade cavidade, principalmente nariz e orelha); · Intestinal ocasional (quando ingerida). · Secundária: ovos são colocados por moscas em ferimentos de pele ou mucosas, são parasitas ocasionais, comum em pacientes com higiene precária (moradores de rua, doentes psiquiátricos). A E B: MIÍASE CUTÂNEA (UMA LARVA SÓ EM LESÃO FURUNCULÓIDE); MIÍASE PRIMÁRIA EM COURO CABELUDO; D: MIÍASE SECUNDÁRIA EM ÚLCERAS. · Tratamento: · Retirar a larva após obstruir local com vaselina e esparadrapo; · Retirar larvas após matar com éter (aplicar éter na ferida e retirar larva depois de morta com pinça); · Ivermectina nas formas cavitarias. LARVA MIGRANS (“bicho geográfico”) · Dermatite linear serpiginosa = bicho geográfico ou de praia; · Penetração das formas larvárias de Ancylostoma brasiliensis na pele – não consegue adentrar mais que a pele, pois não é um parasita humano e assim fica restrito a pele, a não ser que haja resposta imune alterada ou hiperinfestação; · Transmissão quando entra em contato com areia ou solo contaminado com fezes de cão e gatos; · Piora em época de chuvas; · Clínica: · Lesões lineares, salientes, eritematosas, serpiginosas (caminho da lar); · Muito pruriginosas: a coçadura favorece eczematização e infecção secundária associada; · Pode formar vesículas e bolhas devido a reação hipersensibilidade ao parasita; · Comuns em pés, pernas e nádegas; · Eosinofilia em hemograma em até 30% dos pacientes; · Infestação intensa pode progredir para síndrome de Loffler (manifestação pulmonar). LESÕES BOLHOSAS POR CONTA DA RESPOSTA INFLAMATÓRIA; EM PÉS PODEM SER CONFUNDIDAS COM TINHA PEDIS. · Tratamento: · Albendazol 400 mg/dia por 3 dias; · OU Ivermectina D0/D7; · Tiabendazol tópico 5%, se lesão pequena.
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