Buscar

A atividade física para a 3ª idade_envelhecimento ativo uma proposta para a vida!

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 3, do total de 152 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 6, do total de 152 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 9, do total de 152 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Prévia do material em texto

1
A ATIVIDADE FÍSICA PARA A 3ª IDADE
 “Envelhecimento ativo: uma proposta para a vida”
segunda edição
revisada e ampliada
Londrina
2001
Rosemary Rauchbach
Rosemary
Nota
É com Carinho que disponibilizo esse livro na web. Aqui está registrado meu diário de campo, todas as descobertas vivenciadas na prática profissional ao longo de muitos anos. Parece meio velhinho, mas com certeza existem muitos detalhes que nunca serão considerados ultrapassados. Um grande abraço, Rosemary!
2
 Foto da capa: Kiko Feliciano
Criação da capa e fotos do capítulo quatro:Ayrton
Scorsato Neto
Revisão: Janaina R. Gomes e Laiza D. de Souza
Dados internacionais de catalogação na publicação
Bibliotecária responsável: Mara Rejane Vicente Teixeira
Rauchbach, Rosemary
 A atividade física para a 3ª idade : envelhe-
cimento ativo, uma proposta para a vida / Rose-
mary Rauchbach. – 2ª ed. rev e ampl. – Londri-
na : Midiograf, 2001.
 150p. : il. ; 22cm.
 Inclui bibliografia.
 1. Educação física para idosos. 2. Idosos –
Psicologia. 3. Envelhecimento. I. Título.
 CDD (29ª ed.)
 613.7
3
Agradecimento
A todos os profissionais, alunos e
amigos que direta ou indiretamen-
te contribuíram para que o presen-
te trabalho chegasse ao estágio
atual, através de comentários, crí-
ticas, e incentivo. A Janaina e Laisa
pela dedicação ao trabalho de re-
visão e na seriedade que assumi-
ram a proposta de colaboração no
capítulo quatro.
Dedicatória
Aos meus filhos, Ayrton, Fabiana
e Anderson, razão pela qual me
leva cada vez mais a galgar no-
vos degraus no auto – aperfeiço-
amento e de novas realizações.
A Eunice Rauchbach minha mãe,
por seu incentivo e compreensão.
Em memória Oliviér, Maria Rosa
e vovô Costinha – que mesmo lá
no plano em que se encontram,
continuam a torcer pelas minhas
realizações.
4
5
Sumário
Prefácio ..................................................................................... 7
Introdução ................................................................................. 9
Capítulo 1
Envelhecimento ....................................................................... 13
Envelhecimento Populacional .................................................. 13
Envelhecimento Social ............................................................ 14
Envelhecimento Psicológico .................................................... 16
Envelhecimento Biológico........................................................ 17
Envelhecimento Funcional ....................................................... 20
Etapas do Envelhecimento ...................................................... 25
Capítulo 2
 O Idoso e o exercício ............................................................. 27
Fatores que interferem na resposta solicitada pelo exercício
físico .................................................................................... 28
O que trabalhar! ...................................................................... 32
Sinais de Alerta ....................................................................... 34
Capítulo 3
Dicas e orientações para um programa
de atividades físicas ................................................................ 37
O que observar e como orientar! ............................................. 38
Exercícios ................................................................................ 43
Capítulo 4
Avaliação ................................................................................. 73
Dimensão da observação e avaliação do idoso. ...................... 73
Entrevista inicial. ..................................................................... 78
Avaliação física...................................................................... 80
Uma nova proposta, o saber observar ..................................... 87
6
Avaliação da capacidade funcional......................................... 96
Capítulo 5
Outras atividades .................................................................. 103
Atividades que Devem Ser Cultivadas................................... 108
Capítulo 6
Uma visão holística do envelhecimento ................................. 113
Desenvolvimento do ser corporal .......................................... 115
Corpo emocional ................................................................... 118
Centros corporais .................................................................. 119
Bem estar x doença............................................................... 122
Ritmo, música e o despertar corporal .................................... 124
Capítulo 7
Sessão de aula ...................................................................... 127
Uma aula de ginástica ........................................................... 127
Uma aula de dança. .............................................................. 133
Capítulo 8
Refletindo o envelhecer ......................................................... 139
Envelhecer com qualidade de vida! ....................................... 140
Envelhecer em harmonia.......................................................142
Envelhecer com saúde? ........................................................ 143
O amor na terceira idade! ...................................................... 146
Lidando com as perdas ......................................................... 147
7
Prefácio
Tudo teve início em agosto de 1978, na formação do meu pri-
meiro grupo de ginástica para senhoras com mais de 50 anos, no
salão paroquial da Igreja Nossa Senhora das Mercês, em uma época
que falar sobre envelhecimento era estranho e ao mesmo tempo ino-
vador, pois o Brasil era considerado um país de jovens. Veio então o
lançamento da primeira edição desse livro em 1990, que teve sua
origem em uma monografia elaborada como requisito para a aprova-
ção no curso de Especialização em Educação Física – Exercício e
Saúde, na Universidade Federal do Paraná e da necessidade de ex-
por uma experiência vivenciada durante anos de trabalho com a 3ª
idade, cujo objetivo era contribuir com os profissionais interessados
em atuar com idosos e que utilizavam o exercício físico como meio de
promoção para um envelhecimento saudável. Alguns anos se passa-
ram até surgir à oportunidade de reeditar novamente essa obra, com
nova cara, abordando novos conteúdos e ampliando a visão do enve-
lhecimento dentro de uma ótica moderna; holística do humano. Mas
ao longo desses anos de estudos sobre o envelhecimento, o que mais
me trouxe alegria na vida profissional foi ver que os jovens profissio-
nais estão despertando com entusiasmo para essa nova área de atu-
ação. Observei que a primeira edição serviu de instrumento não só
para os professores de educação física, que foram meu objetivo inici-
al, mas também para diversos outros profissionais da área da saúde e
social que tiveram a necessidade de atuar ou entender o movimento
corporal no idoso. Assim sendo, chego ao entendimento que meu
trabalho está sendo vitorioso, transformando pensamentos, orientan-
do novos caminhos. E espero que nessa nova edição, outras pers-
pectivas venham a se abrir para aqueles que buscam o conhecimento
sobre o envelhecimento e a atividade física.
8
9
Introdução
 “A sabedoria está em saber envelhecer feliz”.
No início, o que motivou a elaboração da primeira edição foi
à dificuldade em encontrar subsídios para a organização de um
programa de atividades físicas voltado para o idoso. Na época,
foram 10 anos de pesquisa dentro das diferentes áreas: socioló-
gica, psicológica e biológica. Hoje já se completam 23 anos com
a participação em cursos de especialização, simpósios e con-
gressos, que contribuíram para a maturação das idéias aqui de-
positadas e o que para o meu ver é o mais importante, durante
esses anos todos, sempre ministrei aulas para grupos de idosos,
observando de perto asdiferentes realidades sociais e sua repre-
sentação corporal. O que aqui está escrito pode-se considerar
meu diário de campo. A preocupação inicial foi: através de um
levantamento bibliográfico, delinear o envelhecimento sob todos
os seus aspectos, principalmente voltado à realidade brasileira.
Dentro desse contexto, procurei enfatizar que o idoso ativo vive
“Envelhecimento ativo: uma proposta para a vida!”
10
melhor. As observações feitas no decorrer deste tempo, durante
a prática diária, vieram a ressaltar que os problemas que mais
angustiam o idoso são os da saúde, porque a partir do momento
em que esta é debilitada vem o temor de tornar-se dependente;
isto o transforma em um ser apático e sem perspectiva. O ho-
mem que leva uma vida ativa com o chegar dos anos vê-se im-
possibilitado de manter o mesmo ritmo, seja em relação ao corpo
físico ou as suas capacidades intelectuais, torna-se frágil e doen-
te. Outro ponto importante a salientar nesse livro é a necessida-
de de direcionar o professor para que trace objetivos compatíveis
com o grupo, ou seja, dar boa orientação para que os exercícios
sejam executados de forma natural, facilitando o processo de as-
similação. Espero que essa nova edição continue despertando
no profissional toda a sua criatividade e a capacidade de análise
crítica, que será posta a prova, de aluno para aluno, nas diversas
regiões desse país, e respeitando as inúmeras etnias pelos quais
ele é formado.
Nesse intervalo entre as edições, houve grandes avanços ci-
entíficos que transformaram a vida dos indivíduos, mas o envelhe-
cer continua sendo uma preocupação. Nesse momento as tentati-
vas em deter ou regredir o processo de envelhecimento não são
tão enfáticos como a prevenção, é através do exercício físico
criterioso que a ciência encontrou a fórmula para um envelheci-
mento saudável. A base para um bom trabalho continua sendo a
observação do idoso que se apresenta para a atividade e a orien-
tação individualizada dos movimentos. Por esse motivo, foi incluí-
do um capítulo sobre como observar e avaliar o idoso, principal-
11
mente aquele caracteristicamente envelhecido. Levantando ques-
tões quanto à adaptação de testes de aptidão física, utilizados para
a população adulta no idoso frágil e comparando os resultados
com outras populações. Com que objetivos e quais são os benefí-
cios para o idoso?
E como mencionei na primeira edição, isso tudo é a
materialização do que via com os olhos; sentia com o coração,
mais que não se conseguia expressar com as palavras, e essa é
a razão de ter abusado das imagens, pois só através delas é que
meu pensamento poderá ser expresso. A opinião sobre tudo o
que foi feito é que ainda há a necessidade de estudar cada vez
mais, divisar novos horizontes, formar novos parâmetros a cada
ano que passa, principalmente no que diz respeito à população
brasileira.
Os caminhos estão sendo abertos: muitos são os profissio-
nais que se interessam pelo envelhecimento e suas conseqüên-
cias; novas propostas surgem a cada momento; e o jovem de
hoje já não olha com tanto desdém para o idoso que o ajudou na
sua formação.
12
13
Capítulo 1
Envelhecimento
Envelhecimento Populacional
O envelhecimento é uma decorrência direta do bem-estar soci-
al. Hoje a maior expectativa de vida no país é a da região Sul (Paraná,
Santa Catarina e Rio Grande do Sul); 70,4 anos, e a menor é a do
Nordeste; 64,8 anos. Segundo o Plano Integrado de Ação Governa-
mental para o Desenvolvimento da Política Nacional do Idoso de
1997, o principal impacto na composição etária na sociedade brasi-
leira, nesta Segunda metade de século, tem sido proporcionado pelo
aumento absoluto e relativo da população adulta e idosa, a faixa
etária de 60 anos ou mais é a que mais cresce em termos proporci-
onais. Segundo as projeções estatísticas da Organização Mundial
de Saúde, entre 1950 e 2025 a população de idosos no Brasil cres-
cerá 16 vezes contra cinco vezes da população total.Este cresci-
mento populacional é o mais acelerado no mundo. Estas projeções
estatísticas demonstram que a proporção de idosos no país passará
de 7,5% em 1991 (11 milhões) para cerca de 15% em 2025, que é a
“O que a vida me ensinou, ninguém apaga”.
14
atual proporção de idosos da maioria dos países europeus. Tal au-
mento colocará o Brasil, em termos absolutos, como sexta popula-
ção de idosos no mundo, com mais de 32 milhões de pessoas com
60 anos ou mais. Estas projeções são baseadas em estimativas
conservadoras de fecundidade e mortalidade, sendo que se houver
uma melhora acentuada nas condições sociais nas zonas mais mi-
seráveis, como o Nordeste, o envelhecimento da população brasilei-
ra ocorrerá numa proporção muito maior.
Muito embora o Brasil esteja posicionado entre as primeiras
economias do mundo, ainda apresenta indicadores sociais equipa-
rados aos da sociedade afro-asiáticas, sendo um país caracterizado
por marcantes contrastes. Assim, é comum, para um grande
percentual da população brasileira, a acumulação sucessiva de de-
ficiências sociais ao longo do ciclo de vida, com agravamento subs-
tancial com o avançar da idade.
Envelhecimento Social
A preocupação antológica do homem para com o seu futuro não é
do mundo moderno, vem de milênios. A idéia fixa do ser humano com
relação à incerteza do porvir, com a ameaça de faltar bens materiais
que garantam sua subsistência até o final da vida, pode ser detectada
no código de Hamurábi, de 23 séc.a.C. no código de Manu, do séc. XIII
a.C., e nas leis das doze tábuas, de 300 anos a.C. Dentro de todos os
agrupamentos sociais o estado de velhice foi tomado como elemento
de valorização, graduado conforme a condição social, desde o simples
anonimato até a posição mais dignificante. Em algumas tribos esqui-
mós, o envelhecimento só chegava para os indivíduos no momento em
15
que não mais conseguiam, pôr si sós, proverem suas próprias necessi-
dades e colaborarem no trabalho geral do grupo. Sentindo-se, então,
pesados aos demais, recorriam ao suicídio, solução indicada pela pró-
pria cultura para aqueles que, incapacitados para a vida normal, eram
considerados velhos e deviam desaparecer. As sociedades da Anti-
güidade, em geral, consideravam o estado de velhice altamente
dignificante e acatavam como um sábio todo aquele que atingia essa
etapa.
Para entender melhor a questão dos idosos no Brasil, é preciso
conhecê-los nos dois brasis: o do nordeste e o do sul. No nordeste
ainda predomina a família patriarcal, onde é muito forte a presença
da cultura indígena, em que o velho desempenha papel de desta-
que, de transferir para os jovens a cultura da tribo, seu folclore, suas
crenças, suas histórias, sendo o mais respeitado de todos os indiví-
duos, justamente pela experiência acumulada ao longo da vida. No
sul, predomina a sociedade industrial, marcada pelo acirramento da
competição entre as pessoas, na busca de promoção social e hu-
mana, resultante direta da estrutura de produção. Dentro deste qua-
dro, os inabilitados são reduzidos socialmente. Da mesma maneira,
esta sociedade extremamente competitiva, segrega e discrimina a
pessoa que ingressa na terceira idade.Em muitas cidades onde es-
tão funcionando grupos organizados de idosos, com programas que
incluem diferentes atividades sociais, culturais e esportivas, tem sido
observado que a atividade física é um excelente caminho para que
as pessoas se libertem de preconceitos, percam complexos e re-
descubram a alegria e a espontaneidade, reintegrando-se à socie-
dade.
16
Envelhecimento Psicológico
Na velhice, o equilíbrio psicológico se torna mais difícil, pois a
longa história da vida acentua as diferenças individuais, quer pela
aquisição de um sistema de reivindicações e desejos pessoais, quer
pela fixação de estratégias de comportamento. Atrás de uma barrei-
ra de isolamento social, pessimismo face à existência, passividade e
queixas somáticas, que têm sido erroneamente consideradoscomo
parte do processo normal de envelhecimento, mascara-se a ansie-
dade a depressão e a insônia, precursoras comuns de infarto do
miocárdio. No decorrer dos anos, certas modificações se processam
no íntimo do indivíduo, de forma que ficam alterados seus valores e
atitudes. Os entusiasmos são menores, a motivação tende a dimi-
nuir e são necessários, ao idoso, estímulos bem maiores para fazê-
lo empreender uma nova ação. É como se ele carecesse da reserva
de força física ou psicológica para lutar contra fatores, tanto exter-
nos como internos, que ameacem a vida. Perdendo o diálogo har-
monioso com seu corpo, apresenta problemas de postura, rigidez,
Para aqueles que participam dos gru-
pos de convivência, a vida possui
outro sabor. Cooperação, determina-
ção e iniciativa passam a fazer parte do seu dia a dia. O idoso reduzido socialmente
fecha-se para o mundo à sua volta. É comum encontrar nos asilamentos idosos
alheios às atividades que se desenvolvem no seu ambiente.
17
coordenação motora comprometida e medo de caminhar, aumen-
tando dessa forma, as tensões psíquicas. Por não manter mais uma
relação dos movimentos corporais, se voltam para dentro. Por isso,
o utilização da atividade física como forma de expressão corporal é
bastante importante, pois proporciona o funcionamento normal do
organismo, fonte de satisfação elementar que contribui para produ-
zir eutonia. Além disso, com a atividade física regular procura-se
eliminar a ociosidade e estimular o indivíduo. O fato de se fazer uso
do corpo de forma correta aumenta a disposição para participação
nas atividades do dia a dia. Entretanto, a motivação para a atividade
física depende muito de características comportamentais e de expe-
riências vivenciais. As pessoas mais saudáveis possuem uma con-
dição maior de adaptação. No Brasil, onde as pessoas das classes
desfavorecidas são em maior número, observam-se, nos ambulató-
rios de hospitais e postos de saúde, a manifestação dos sentimen-
tos desagradáveis acumulados, através de uma “linguagem física”
que evidencia sintomatologias diversas. A atividade física atua de for-
ma benéfica nessa fase, contribuindo para a liberação das tensões e
estados de insegurança através da aquisição de novos valores.
Envelhecimento Biológico
As mutações de ordem biológica verificáveis no declínio do
organismo humano decorrem, fundamentalmente, do processo
de senescência, responsável por perdas orgânicas e
funcionais.Tais modificações são caracterizadas por uma tendên-
cia geral à atrofia e por diminuição da eficiência funcional. Entre-
tanto, um organismo pode também decair, em sua força e função,
18
por moléstias, por uma utilização inadequada de sua capacidade,
ou mesmo por má nutrição. Assim, nas considerações sobre o
decréscimo funcional do organismo humano, devem-se introduzir
questões que estabeleçam e distingam condições naturais e con-
dições patológicas do processo, a fim de se conhecerem as redu-
ções irreversíveis e as que podem ser evitadas.
De particular interesse primariamente é a maior tendência a
erros na réplica do DNA, RNA e proteínas, ou na redução na capa-
cidade de reconhecimento e reparação destes erros. Durante o cur-
so da evolução humana, o desenvolvimento de linhagens celulares
altamente diferenciadas, tais como as células do sistema nervoso,
cardiovascular e imunitário, propiciou uma vantagem seletiva. Toda-
via, estas células altamente especializadas são mitostáticas, tendo
perdido a capacidade de regeneração. A partir da idade de 30 anos,
uma diminuição progressiva do número de células nervosas (desa-
parecem cerca de 100.000 por dia) é evidenciada e acentuada em
algumas zonas do sistema nervoso central. Células menos
especializadas, como as da mucosa intestinal, mostram menos efei-
tos de envelhecimento, portanto são capazes de reproduzir-se cons-
tantemente antes que ocorra qualquer degeneração das células
mães, sendo gradualmente substituídas por tecido conjuntivo. Modi-
ficações das estruturas da membrana ocasionam alterações de
permeabilidade e flutuações no ambiente intracelular. Lipofucsina,
um pigmento que se desenvolve com o avançar da idade e predomi-
na em neurônios e células miocárdicas, é considerado como resulta-
do de uma degradação oxidativa de lípides insaturados e estruturas
de membranas intercruzadas. Em seguida a essas alterações, acres-
19
centam-se as atrofias celulares, que representa a expressão mais
evidente do envelhecimento. Apresentando-se de forma desigual e
desarmônica, resulta em um aspecto desordenado e irregular dos
vários tecidos.
As células do tecido conjuntivo também apresentam uma re-
dução numérica e diminuição da capacidade mitótica, mas readquirem
a capacidade proliferativa para dar solução de continuidade aos te-
cidos. A substância fundamental mostra uma diminuição dos
mucopolissacarídeos ácidos e da glucosamina. As modificações do
colágeno são devidas à formação de ligações cruzadas intra e
intermoleculares, ocasionando um endurecimento, com alterações
estruturais e físico-químicas. Há uma diminuição da elastina nas fi-
bras elásticas e um aumento da elastase, degeneração granular e
hialina, adelgaçamento, desfibrilação, encolhimento, com menor re-
sistência aos álcalis. Não há modificações significativas nas fibras
reticulares. Os sinais de sofrimento e degeneração do tecido colágeno
são considerados como indicadores da idade biológica dos organis-
mos. Como a velocidade do envelhecimento não é a mesma para
todos os organismos da espécie humana, é possível que indivíduos
da mesma idade apresentem situações biológicamente diferencia-
das por maiores ou menores capacidades. Com efeito, essa veloci-
dade, que ocorre, sobretudo no interior do organismo, determina for-
mas diferentes de declínio para cada órgão. É possível que, apesar
da alta idade, existam em um organismo velho um ou alguns órgãos
com funcionamento típico de jovens. Segundo Hollmann, (Citado
em Baur & Egeler, 1984) a idade biológica de uma pessoa com 50
anos podem variar em até 30 anos.
20
Envelhecimento Funcional
No envelhecimento do organismo as alterações morfológicas
e funcionais dos órgãos e tecidos não são patológicas no seu senso
estrito, mas não se encontram numa normalidade fisiológica. O sis-
tema respiratório, entre todos os sistemas orgânicos, é o que sofre
as maiores perdas funcionais fisiológicas condicionadas pela idade.
A expansibilidade do tórax é reduzida pela ossificação da parte ante-
rior das costelas, cuja função é garantir sua mobilidade com relação
ao esterno e permitir as variações de diâmetro da caixa torácica. A
redução do vigor dos músculos respiratórios acessórios contribui com
o processo. O aparecimento de fibras cruzadas do tecido pulmonar
caracteriza envelhecimento do colágeno e, somando-se à diminui-
ção do número de capilares alveolares, desenvolve um “enfisema
dav elhice”. O volume residual não-mobilizável e a capacidade resi-
dual funcional aumentam. Com o aumento do volume pulmonar to-
tal, há redução progressiva da pressão de O
2 
no sangue arterial,
com pressão de CO
2
 inalterada.
Esse aumento de volume gasoso intratorácico, que corresponde
à capacidade residual funcional, é a mais significante expressão da
diminuição da elasticidade pulmonar, tendo estreita relação com o
aumento da resistência brônquica ao fluxo respiratório. A determina-
ção dos valores dos volumes pulmonares é influenciada pela super-
fície corporal, pelo sexo, peso, grupo étnico, grupo social e hábito de
fumar.
As alterações do esqueleto cardíaco compreendem as estru-
turas do tecido conjuntivo e válvulas. No miocárdio, o colágeno é
esclerosado, aumentando a sua espessura. Entre as fibras muscu-
21
lares formam-se pequenos focos de calcificação. Processos
esclerosantes semelhantes são encontrados no endocárdio atrial e
na superfície das válvulas AV, havendo um espessamento que con-
siste de colágeno adicional e de fibras elásticas,caracterizando, pela
deposição de lipofucsina, o processo de senescência. O sistema de
estimulação e condução não é excluído destas alterações senis ge-
rais. No nódulo sino-auricular, no feixe de His e em suas ramifica-
ções encontra-se aumento do tecido conjuntivo e adiposo e perda
de fibras funcionais.
A elasticidade da aorta diminui com a idade e seu calibre au-
menta. As alterações de grandes vasos baseiam-se em modifica-
ções na camada média, onde o colágeno aumenta e onde as textu-
ras elásticas apresentam interrupções. O resultado é o aumento da
velocidade das ondas de pulso e da pressão dependente do pulso,
resultando em aumento da pressão sistólica com discreta alteração
da diastólica. A redução global do volume e peso cardíacos está
relacionada com a baixa massa corporal total na senilidade.
A redução da massa total a partir dos 40 anos de idade se faz
acompanhar de uma redução no consumo de oxigênio sob condi-
ções basais e sob condições de sobrecarga. As alterações fisiológi-
cas refletem as anatômicas e acometem principalmente a capacida-
de do sistema cardiovascular de responder a maiores exigências.
As ações do trabalho físico sobre a função cardíaca na senilidade
provocam a diminuição do volume sistólico máximo e da freqüência
cardíaca, significando uma redução da capacidade máxima de cap-
tação de oxigênio, para qualquer tipo de trabalho.
A distribuição do volume-minuto cardíaco é influenciada pelo
22
aumento da resistência nas diferentes regiões do fluxo. Há uma di-
minuição no fluxo renal pela perda de néfrons, assim como no
esplâncnico, hepático, coronariano, cerebral, musculares e cutâneos
de repouso. À medida que as reservas de redistribuição são limita-
das pelos baixos valores do débito esplâncnico e renal no repouso, a
redução dos débitos musculares durante o exercício é relativamente
mais significativa do que a do débito cardíaco. Combinada com a
redução do número de fibras musculares, de sua vascularização e
capacidade oxidativa, a redução dos débitos musculares contribui
para a queda do volume máximo de oxigênio.
Na involução sofrida pelo sistema nervoso, há uma diminuição
do volume do encéfalo e da medula espinhal. O peso do cérebro
alcança seu máximo por volta dos 14 anos nos homens e dos 25
anos nas mulheres. Aos 80 anos, o peso do cérebro médio declina
ao nível típico de uma criança de três anos de idade. Os neurônios
se atrofiam, as ramificações dendríticas se tornam menos densas e
as fibras perdem sua mielina, o que reduz as diferenças de aparên-
cia entre as substâncias cinza e branca. Ao nível do sistema nervo-
so periférico, há uma diminuição da velocidade de condução do es-
tímulo e do central a um retardamento na compreensão das situa-
ções. Essas modificações afetam as funções cognitivas e afetivas,
mas não necessariamente o declínio das faculdades intelectuais,
que possuem como fatores primordiais os meios sociais, psíquicos,
pedagógicos e antecedentes pessoais. São da mesma forma os defits
sensoriais que afetam, sob o aspecto motor, a visão e a sensibilida-
de proprioceptiva, alterada pelas modificações do sistema nervoso.
Em particular, as alterações proprioceptivas modificam a atitude na-
23
tural do indivíduo, e sobre este fundo proprioceptivo vêm se enxertar
as modulações afetivas, porque a atitude é também um comporta-
mento; um comportamento social e um modo de expressão da per-
sonalidade profunda.
Contrariamente ao que se observa em outras regiões do siste-
ma nervoso, no tecido muscular não parece haver diminuição no
número de motoneurônios alfa dos cornos medulares anteriores;
entretanto, há desnervação de um certo número de fibras muscula-
res, em conseqüência da degeneração de sua placa motora, cau-
sando uma atrofia das mesmas. São parcialmente substituídas por
tecido conjuntivo fibroso e adiposo, sendo que as demais sofrem
uma hipertrofia compensatória, não deixando de diminuir o volume
total muscular. A transmissão do comando motor às fibras ainda em
funcionamento se altera devido à redução do fluxo axônico. As pla-
cas motoras que subsistem são mais finas e estão distribuídas irre-
gularmente no músculo.
Há uma redução da quantidade de proteínas contráteis e,
consequentemente, de estriação transversal. As alterações no teci-
do muscular da pessoa idosa são concordes com a redução de sua
força muscular e de sua capacidade aeróbica e anaeróbica. Obser-
va-se que a atividade física habitual facilita a manutenção dos níveis
de proteína corporais e dessa forma, retarda a redução da força
observada com o envelhecimento. A atrofia dos fusos
neuromusculares, que acompanham a do músculo todo, desempe-
nha sem dúvida um papel nos déficits da sensibilidade proprioceptiva
e do controle motor na rapidez de reação e da capacidade de contro-
lar novos movimentos, especialmente aqueles que exigem, pela sua
24
complexidade, maior habilidade. A fibrose do tecido conjuntivo de
apoio, que aumenta de importância com relação ao tecido muscular,
também contribui para reduzir a flexibilidade.
A partir da Quarta década de vida, o peso do esqueleto diminui
com a osteoporose nos ossos do tronco e dos segmentos, e se
manifesta por diminuição da sua espessura. O tecido ósseo está em
constante transformação, à ossificação periostal prossegue durante
a vida toda, acarretando um aumento do diâmetro externo, mas a
reabsorção medular é mais rápida, resultando no alargamento do
canal e adelgamento das paredes, tendo como causas problemas
relacionados à nutrição e absorção e modificações das funções
endócrinas. As alterações que ocorrem no tecido conjuntivo da cáp-
sula articular levam ao espessamento e ao conseqüente aumento
do tempo de trânsito das substâncias metabólicas e distúrbio na
nutrição da cartilagem articular. Observam-se alterações paralelas
no osso subcondral, danos nos condrócitos devido a impactos repe-
tidos, e perturbações anatômicas; alteração do metabolismo do
colágeno e proteoglicanos. A microarquitetura do colágeno torna-se
desorganizada e a matriz extracelular, superidratada; há fibrilação e
ruptura das camadas superficiais. O aparelho musculotendinoso al-
tera-se com armazenamento intersticial de gordura e perda da elas-
ticidade. A perda generalizada da elasticidade do aparelho de sus-
tentação e locomoção provoca uma diminuição da capacidade coor-
denadora e da habilidade motora. A forma de andar modifica a fim
de manter um equilíbrio cada vez mais incerto, o comprimento dos
passos diminui, o tempo de apoio no chão é maior, e a amplitude de
movimento dos tornozelos e quadris se reduz, bem como o movi-
25
Etapas do Envelhecimento
Segundo Nicola, 1986, existem quatro etapas de envelheci-
mento, diferenciadas da seguinte forma:
-Idade do meio ou crítica – dos 45 aos 60 anos, aproximada-
mente – Encontram-se os primeiros sinais de envelhecimento, que
representam freqüentemente uma tendência ou predisposição ao
aparecimento de doenças.
-Senescência gradual – dos 60 aos 70 anos, aproximadamente
– É caracterizada pelo aparecimento de alterações fisiológicas e fun-
cionais instaladas, típicas da idade avançada.
-Velhice – Nesta idade, que se inicia por volta dos 70 anos,
está-se frente ao velho ou ancião no sentido estrito.
-Longevo – ou grande velho – Aquele com mais de 90 anos.
De maneira geral, os estudiosos em gerontologia são unânimes
em salientar que a idade cronológica não corresponde à idade bioló-
gica, e essa classificação é utilizada como uma orientação para o
profissional quanto à maneira de se abordar a problemática apre-
sentada pelo indivíduo: se preventiva, de reabilitação ou paliativa.
mento da cintura pélvica, tronco e membros superiores, que se afas-
tam para auxiliar o equilíbrio.
“A ciência e a tecnologia têm o propósito de criar condições
para uma existência mais prolongada. Não basta simplesmente so-
breviver: é necessário viver e participar da civilização. Não basta
simplesmente prolongara existência: é necessário dar maior vida há
estes anos. A capacidade de mover-se, andar e atuar está ligada a
esta percepção corporal; o estar consciente e presente no corpo!”
26
Bibliografia
1. Baur, R. & Egeler, R. (1984). Ginástica, jogos e esportes para
idosos. Rio de Janeiro: Livro Técnico.
2. Hullemann. K. D. (1978) Medicina esportiva clínica e prática. São
Paulo: EPU. EDUSP.
3. Lapierre, A.(1982). A reeducação física. São Paulo: Manole.
4. Lorda Paz, C. R. (1987). Educacion física y recreacion para la
tercera edad. Montevideo, Uruguay: Dipal.
5. Mazzeo, R. S, et al.(1998). Exercise and physical activity for older
adults. Medicine & sciense in sports & exercise, 30(6).http://
www.wwilkins.com/msse/0195-91316-98p992.html. [Acessada em 04/
08/2001].
6. McArdle, et al.(1985). Fisiologia do Exercício, energia, nutrição e
desempenho humano. Rio de Janeiro: Interamericana.
7. Nadeau, M & Péronnet F. et al.(1985). Fisiologia aplicada na
atividade física. São Paulo: Manole.
8. Nahemow, L. & Pousada, L. (1987).Diagnóstico Geriátrico. São
Paulo: Andrei.
9. Nicola, P. de. (1986).Geriatria. Porto Alegre: B. C. Luzzato.
10. Passarelli, Maria C. G. (1997). O Processo de Envelhecimento em
uma perspectiva geriátrica. O Mundo da Saúde, 21(4), 208 – 212.
11. Plano integrado de ação governamental para o desenvolvimento
da política nacional do idoso. (1997). Brasília: MPAS, SAS.
12. Salgado, M. A. (1982). Velhice: uma nova questão social. São
Paulo: SESC.
13. Schneider. J. (1985). Manual de Geriatria. São Paulo: Roca.
14. Silva, J. A. C. & Versiani, M. Doenças Afetivas, diagnóstico e
tratamento. Biogalênica, Ciba-Geigy: 7-17.
15. Vargas, H. S. (1988). Tratamento não - medicamentoso das
depressões nos idosos. Geriatria em síntese, SBGG, 5(2), 46-51.
16. World Health Organization. (1996). The Heidelberg guidelines for
promoting physical activity among older persons. Guidelines series
for healthy ageing – I. http://www.who.int/hpr/ageing/
heidelberg_eng.pdf. [Acessada em 04/08/2001].
27
Capítulo 2
 O Idoso e o exercício
Na elaboração da primeira edição, o que se encontrava na
literatura sobre os benefícios da atividade física limitava-se as
observações diretas com relatos de experiências, pesquisas na
área da reabilitação cardíaca, estudos sobre as patologias do
envelhecimento, e o que se conseguiu da literatura estrangeira
foram pouco e sempre na área médica ou da aptidão física rela-
cionada ao esporte; qualidade de vida e envelhecimento era algo
a se pesquisar. Mas em suma, verificou-se na literatura da época,
que o tempo altera o desempenho físico, mas a prática regular de
atividades físicas restringe tal alteração e, nesse sentido, mesmo
que não assegure o prolongamento do tempo de vida, ela garan-
te o aumento do tempo da juventude, oferecendo proteção à saú-
de nas fases subseqüentes da vida, contribuindo para a recupe-
ração de determinadas funções orgânicas interdependentes, le-
“O modo como se vive até a idade madura determina a qualidade de
vida no envelhecimento”.
28
vando consequentemente a uma organização fisiológica sistêmica,
sendo um dos melhores remédios para combater as doenças
hipocinéticas, geradas pela inatividade da vida moderna.
A partir da metade da década de 90 houve um implemento
nas pesquisas e uma grande preocupação mundial sobre o enve-
lhecimento populacional, mais em síntese a fundamentação é a
mesma; o modo como se vive até a idade madura determina a
qualidade de vida no envelhecimento e um programa de exercíci-
os só vem a contribuir para uma velhice independente.
Fatores que interferem na resposta solicitada pelo
exercício físico
Para que o idoso desempenhe satisfatoriamente a atividade
física, seja ela relacionada a um programa de exercícios orientados
ou as atividades de vida diária, é necessário observar os diferentes
fatores, tanto internos quanto externos, que interferem na resposta
ao estímulo solicitado.
O fator nutricional tem relação direta na disposição do idoso
para a atividade, pois uma alimentação correta na terceira idade,
deve-se considerar não somente a quantidade e a qualidade de
alimento ingerido, mas o que os órgãos digestivos efetivamente
podem absorver e utilizar.Uma dentição falha ou mesmo uma den-
tadura artificial desconfortável contribuem grandemente para a
subnutrição do idoso; ao evitarem alimentos que requerem
mastigação intensa ou demorada ocorre uma desativação da mus-
culatura bucofacial e uma sensação de repleção no estômago
devido à ingestão de ar, com conseqüentes sintomas de flatulência,
29
azia, além da sensação de fome. A distribuição alimentar deverá
ser subdividida em quatro ou cinco pequenas refeições para não
sobrecarregar o aparelho digestivo que apresenta sinais de insu-
ficiência funcional. A utilização de antiácidos à base de sais de
magnésio, alumínio e bicarbonato impedem a absorção de ferro,
aumentando dessa forma a debilidade geral e enfraquecendo ainda
mais a capacidade digestiva. Como conseqüência ao uso desses
produtos, há uma dificuldade funcional do intestino e a constipa-
ção ou a prisão de ventre se acentua.
A atividade física vem contribuir através de exercícios que
facilitam a funcionalidade dos órgãos abdominais assim como a
circulação porta, responsável pela metabolização dos alimentos.
Através de estímulos pode-se conscientizar o esquema facial,
recuperar as possibilidades gestuais expressivas e funcionais.
Os fármacos podem modificar as respostas ao exercício fí-
sico e, em caráter especial, os parâmetros hemodinâmicos e
eletromiográficos. Assim como este pode provocar uma altera-
ção básica no metabolismo, com efeitos indesejáveis diferentes
daqueles apresentados pelo efeito comum destes fármacos. O
envelhecimento leva a uma diminuição da absorção intestinal,
acompanhada da redução da excreção dos catabólitos. A água
total do corpo sofre uma redução de até 17 por cento, reduzindo
o volume de distribuição e acarretando altas concentrações
plasmáticas dos fármacos. Agentes lipossolúveis permanecem
por períodos mais longos no organismo, ocasionando efeitos sub-
seqüentes mais duradouros. A concentração sérica de albumina
acarreta um aumento significativo da taxa de drogas sob forma
30
livre, que também possuem afinidade e ligam-se as proteínas.
Alguns órgãos ou tecidos apresentam uma sensibilidade especial
frente a ações medicamentosas e efeitos colaterais. Um deles é
o sistema nervoso central, ocorrendo o perigo sempre iminente
de super dosagens. Podem passar desapercebidos os efeitos
colaterais ototóxicos, que passam a serem considerados como
hipoacusia senil.
Muitas das drogas são eliminadas pelos rins e podem al-
cançar rapidamente níveis tóxicos devido à diminuição do
clerance; depuração renal. Há uma queda de aproximadamen-
te 40 por cento na taxa de filtração glomerular entre os 20 e os
80 anos de idade. Os que são eliminados pelo fígado sofrem
transformações metabólicas, que podem servir para tornar o
fármaco ativo melhor tolerável ou desintoxicar o organismo.
Essas funções são alteras pelo envelhecimento do parênquima
hepático.
Existem numerosas circunstâncias através das quais a
reação do organismo senil diante dos fármacos pode ser modi-
f icada. Fatores endogenosos, como hormonais,
neurovegetativos, imunitários e disreacionais, e exógenos, tais
como; climáticos, psicossociais e a atividade física.
Os idosos são particularmente suscetíveis a influências
ambientais, seja na forma de temperatura, de um obstáculo
físico, ou de um lar com que estão familiarizados.
Os desequilíbrios provenientes das alterações ambientais
levam a um mau funcionamento homeostático que abrange uma
série de mecanismos fisiológicos que regulam e estabilizam o
31
meio interno. Com o envelhecimento há um crescimento con-
siderável de defeitos homeostáticos e de inadaptações orgâni-
cas. Essas se manifestam especialmente em relação ao con-
trole da temperatura normal do corpo,quando exposto ao frio
– levando-o a uma hipotermia – ou ao calor, e às dificuldades
de recomposição – após a prática de um esforço físico ou após
uma tensão de ordem psicossocial. Opondo-se a essas afir-
mações, Peronnet, 1985, afirma que: ”as modificações na
termorregulação e no metabolismo são limitadores do desem-
penho físico apenas em condições ambientais extremas ou em
exercícios de potência elevada”.
Todavia, à volta a um estado de equilíbrio após um esfor-
ço ou uma tensão é mais lenta para os idosos do que para os
jovens, evidentemente por serem aqueles mais suscetíveis aos
efeitos negativos do desequilíbrio fisiológico. Não só a tempe-
ratura, mas também a umidade do ar, pressão atmosférica,
vento, radiação, íons, eletricidade e poluição influenciam o meio
interno em diferentes graus, criando diferentes reações. Os
fenômenos biológicos correlatos com fatores meteorológicos
são denominados meteorotropismo. Eles aparecem em deter-
minadas condições ambientais, em um mesmo indivíduo e mani-
festam-se em forma de um mal-estar ou estados de ansiedade. A
sua maior freqüência se dá numa pessoa de meia-idade, ou na
idade crítica, entre os 45 e 60 anos, onde os sinais do primeiro
envelhecimento predispõem ao aparecimento de várias doenças.
O ambiente terá um impacto maior sobre um indivíduo de compe-
tência reduzida, independentemente da causa.
32
O que trabalhar!
-Reeducação postural – Através de estímulos proprioceptivos
e esteroceptivos, educando as sensações, leva a uma boa integração
do esquema corporal e de atitude, facilitando as atividades diárias
com menos gasto energético, mudando consequentemente o com-
portamento social e afirmando a personalidade.
-Força muscular – Facilita a manutenção dos níveis de
proteínas corporais e a reconstrução em casos de hipotrofia
por inatividade, com melhor conservação da massa e de toda
a musculatura do corpo, aumentando também sua resistência.
Os exercícios antigravitacionais prestam-se muito bem para
esse objetivo. Lembrando que na época os exercícios
isométricos foram muito discutidos, quanto à segurança e exe-
cução. Euwanger, Erhard – in Baur, R.(1984) – e Kisner, Cardyn
(1987) não o recriminaram, pois quando graduados e isolados
quanto ao segmento corporal, at ivam as funções
proprioceptivas necessárias para um melhor controle motor
durante as atividades diárias com menos solicitações e gastos
energéticos, sem sobrecarga a nível cardiovascular. As pes-
quisas atuais sobre a atividade com pesos no envelhecimento
vieram a comprovar a proposta aqui sugerida na primeira pu-
blicação.
-Mobilidade articular – Exercícios articulares levam o indi-
víduo a desenvolver a amplitude das articulações capacitando
músculos e tendões a uma tensão maior, dotando o indivíduo de
condição elementar de uma execução qualitativa e quantitativa.
33
-Equilíbrio – Exige uma boa integração do esquema corpo-
ral e um esquema de atitude, tornando o indivíduo mais seguro
na sua locomoção e assumindo em suas tarefas diárias, uma po-
sição mais simétrica, facilitando o desempenho de suas funções
orgânicas de forma mais eficaz.
-Coordenação – É a base do movimento homogêneo e efici-
ente, que exige uma extensa organização do sistema nervoso,
com utilização dos músculos certos, no tempo certo e intensida-
de correta, sem gastos energéticos.
-Capacidade aeróbica – Aumentando a função cardiovascular
e respiratória, impede que os sinais do primeiro envelhecimento se
estabeleçam. Há muitas divergências entre os autores quanto à
forma de aquisição da resistência aeróbica. Muitos são os pro-
gramas de “condicionamento físico do idoso” e a maneira de
controlá-los. Segundo Schneider,J.(1985), o ECG de esforço en-
contra-se limitado devido a patologias do trato respiratório, do
sistema nervoso e do aparelho locomotor. Existe uma certa
indeterminação e consenso no cálculo da FC submáxima, sendo
adotadas as seguintes fórmulas: 195 menos a idade, e 180 me-
nos a idade. Sendo que os programas de “atividade física para a
terceira idade” sofrem variações entre os povos e seus costu-
mes. O indivíduo deve estar apto na execução dos movimentos
para poder ser trabalhado aerobicamente.
-Respiração – Exercícios respiratórios envolvem o
retreinamento de padrões respiratórios através de exercícios de
propriocepção da musculatura envolvida, sem condução rítmica
do movimento de inspiração e expiração.
34
-Relaxamento – Evitando esforço consciente para aliviar a
tensão de um segmento muscular, devendo o indivíduo controlar
ou inibir tensões, através da conscientização corporal.
Sinais de Alerta
Certos sintomas podem sobrevir durante uma sessão de ati-
vidades físicas, devendo ser considerados como sinais de alerta
para um estado de desequilíbrio orgânico. Arritmias, angina,
lipotimia, recuperação prolongada, náuseas ou vômitos, falta de
ar e fadiga, podem se caracterizar como um sinal de infarto do
miocárdio para o idoso. Outro sintoma como cãibra, deve-se di-
minuir a intensidade do exercício, pois é ocasionada por falta de
treinamento ou efeito colateral de um medicamento ou dieta. Na
artrite, gota, ou durante o período inflamatório, não se devem
executar exercícios, sendo recomendado o repouso. Não permi-
tir que o idoso pratique uma atividade se estiver em jejum ou que
essa ocasione algum desconforto
Bibliografia
1. Baur, R. & Egeler, R. (1984). Ginástica, jogos e esportes para
idosos. Rio de Janeiro: Livro Técnico.
2. Cardoso, J. R. (1984). Relato de experiência. Atividade física e
terceira idade. Corpo & Movimento, I (2).
3. Hullemann. K. D. (1978). Medicina esportiva clínica e prática. São
Paulo: EPU. EDUSP, 301-8.
4. Katz de Armoza, M. (1981). Técnicas Corporales para la Tercera
edad. Buenos Aires, Argentina: SRL Warnes.
5. KIisner C. & Colby, L. A. (1987). Exercícios Terapêuticos,
fundamentos e técnicas. São Paulo: Manole.
6. Krusche, M. (1984). A Alimentação do Idoso. Vida e Saúde,8, 28-30.
35
7. Lapierre, A. (1982). A reeducação física.São Paulo: Manole.
8. Lorda Paz, C. R. (1987). Educacion física y recreacion para la
tercera edad. Montevideo, Uruguay: Dipal.
9. Mazzeo, R. S, et al.(1998). Exercise and physical activity for older
adults. Medicine & sciense in sports & exercise, 30(6).http://
www.wwilkins.com/msse/0195-91316-98p992.html. [Acessada em 04/
08/2001].
10. McArdle, et al. (1985). Fisiologia do Exercício, energia, nutrição e
desempenho humano. Rio de Janeiro: Interamericana.
11. Nadeau, M & Péronnet F. et al. (1985). Fisiologia aplicada na
atividade física. São Paulo: Manole.
12. Nahemow, L. & Pousada, L. (1987). Diagnóstico Geriátrico. São
Paulo: Andrei.
13. Nicola, P. de. Geriatria. Porto Alegre. B. C. Luzzato. 1986.
14. Schneider. J. (1985). Manual de Geriatria. São Paulo: Roca.
15. Segre, L. (1984). Ginástica só para jovens. Vida e saúde, 5 (maio), 6-7.
16. Vargas, H. S. (1988). Tratamento não - medicamentoso das
depressões nos idosos. Geriatria em síntese, SBGG, 5(2).
17. World Health Organization. (1996). The Heidelberg guidelines for
promoting physical activity among older persons. Guidelines series
for healthy ageing – I. http://www.who.int/hpr/ageing/
heidelberg_eng.pdf. [Acessada em 04/08/2001].
36
37
Capítulo 3
Dicas e orientações para um programa
de atividades físicas
“Se eu parar de caminhar me sentirei improdutivo”
Em um programa de atividade física para a terceira idade, deve-
se dar ênfase ao esquema corporal. O importante é a reeducação
das funções diárias; subir e descer escadas, segurar-se em um ôni-
bus, colocar os sapatos, pentear os cabelos, vestir o casaco, como
também aprender uma coreografia, participar de um jogo, etc, o que
vai determinar as necessidades é a aptidão física do grupo atendido.
Mesmo para aquele idoso atleta há necessidade de um programa
que contemple os grupos musculares não trabalhados pelo esporte
escolhido. Na visão holística, onde se devem observar os indivíduos
como umtodo e respeitar sua história de vida, a adaptação dos
horários sofre alterações dependendo do grupo a ser trabalhado,
dos seus compromissos e agenda de atividades. É muito diferente o
trabalho em comunidades de periferia onde a preocupação com os
afazeres da casa pede que a atividade seja realizada o mais sedo
possível pela manhã liberando o resto do dia para as tarefas costu-
38
meiras; dos grupos de grandes centros onde os idosos têm que divi-
dir seus horários em uma longa lista de compromissos. O mais im-
portante é se respeitar às individualidades e a necessidade de sen-
tir-se bem que o idoso expressa em realizar a atividade.
A duração da aula varia em torno de 60 minutos, mais 15 ou 20
minutos de interação social, palestra, debates ou outra atividades
escolhida pelo próprio grupo. Se esse já realiza outras atividades,
como trabalhos manuais, coral, teatro, etc. não serão necessários
esses minutos extras. O tempo de aula é flexível, obedecendo à
característica de cada núcleo. O número de aulas semanais deverá
ser de três e no mínimo de duas, para que haja benefícios
fisiológicos.Mas não esquecer de orientar para que seus alunos ad-
quiram um estilo de vida ativo que mesmo nos dias de descanso
acumular no mínimo 30 minutos de atividade moderada de forma
contínua ou acumulada. O número de participantes não deverá ul-
trapassar 15 indivíduos, pois a interação aluno – professor deverá
ser individual e pessoal, beneficiando dessa forma as orientações e
sua assimilação. Com o tempo e experiência o profissional vai ad-
quirindo confiança e conhecimento do seu grupo podendo assim
limitar o número de participantes de acordo com seu espaço físico e
sua capacidade de dar atenção individual a todos integrantes.
O que observar e como orientar!
Para os exercícios na posição em pé, é natural considerar
que o equilíbrio geral se organize a partir das articulações
coxofemorais. A pelve estabilizada orienta os segmentos supra e
subjacentes a uma determinada posição em relação à linha de
39
gravidade. No idoso, esse equilíbrio é instável devido às altera-
ções ósseas, dificuldades na percepção das sensações induzidas
pela força gravitária, alterando dessa forma a representação do
esquema de atitude registrado nos centros superiores
ideomotores. As posições em desequilíbrio ou compensatórias
requerem grande gasto energético.
É de vital importância a orientação individual do equilíbrio
na posição ereta através de uma integração do esquema corpo-
ral ao esquema de atitude do corpo envelhecido. As mudanças
de posição nos segmentos corporais necessitam uma nova reor-
ganização do equilíbrio. (Figura 1) Para que essa não se torne de
difícil assimilação ou de gasto energético, é necessário observar
que o alinhamento seja o mais próximo da sua posição de equilí-
brio, permitindo uma adaptação rápida ao gesto dinâmico.
Figura1. O reconhecimento corporal
vem contribuir no restabelecimento do
equilíbrio dinâmico.
40
Quando o idoso apresentar hiperextensão de joelhos, deve-
se orientar para que os exercícios sejam realizados com pequena
flexão dos mesmos, evitando assim o estresse postural. Quando
o exercício requer braços erguidos, devem-se respeitar as limita-
ções articulares dos ombros e a curvatura da coluna dorsal, evi-
tando alteração na posição de equilíbrio (Figura 2).
A orientação para o apoio do pé ao descer uma escada ou
um plano elevado é importante para evitar pequenos traumatismos
na coluna vertebral. Observar sempre: ponta – planta – calca-
nhar.
Nos movimentos da cabeça deve-se ter cuidado com a rota-
ção que causa incômodo (tontura) e inclinação para trás, que pre-
judicam e aumentam os desgastes da coluna cervical.
Figura 2. A elevação do braço forma
ângulo com o plano sagital.
41
Nos exercícios com as pernas afastadas, deve-se obedecer
ao alinhamento pés – ombros, devido a ser confortável e não
sobrecarregar a musculatura do baixo – abdômen (Figura 3).
A flexão anterior do tronco deve ocorrer em estágios, com
orientação do olhar, para posterior mudança de posição corporal,
evitando assim problemas de tontura. (Figuras 3 e 4)
Observação: Na orientação do olhar podem-se dar vários
pontos de referência: na parede, janela, chão, etc.
Nas posições sentadas na cadeira, deve-se observar se a
mesma está corretamente apoiada, costa no espaldar; para exer-
cícios que não exijam grande movimentação e transferência do
peso do corpo para trás. Senta-se mais para frente, sem apoio
das costas, para jogos e atividades que exijam grande movimen-
tação. (Figura 5)
Os exercícios realizados com o idoso sentado no chão deve-
rão ser feitos sobre um colchonete, devido à sensibilidade do idoso a
Figura 3 e 4. Alinhamento pés – ombros. Primeiro estágio da
flexão do tronco. Segundo estágio: olhar direcionado para o
bastão.
42
superfícies duras e à perda de temperatura (Figura 6).
A orientação corporal é muito importante; o exercício não de-
verá ocasionar incômodo. Se o idoso não se sentir bem apoiado,
deve ser procurado um apoio para as costas, e se a posição de
pernas unidas for difícil, deixam-se as mesmas afastadas, orientan-
do sempre o olhar para frente. Se o exercício exigir braços para
cima, orientá-los na direção da curvatura da coluna, não deixando
os ombros esconderem a cabeça.
Quando houver a necessidade de apoio das mãos, observar se
não existem articulações comprometidas e se as mesmas não cau-
sam desconforto. As mãos deverão ser apoiadas perto dos quadris.
Observação: a posição com apoio de cotovelos exige força em
demasia, ocasionando bloqueios respiratórios.
Os exercícios em um só pé deverão ter apoio para evitar posi-
ções viciosas e de equilibração (Figura 7).
Os exercícios de joelhos deverão ser dados com muito critério,
com apoios adequados (almofadas). A orientação para ajoelhar-se, sen-
tar ou ficar em pé não deve prejudicar articulações comprometidas. Quan-
Figura 5 e 6. O bom apoio na posição sentada é necessário para a perfeita
execução do exercício, principalmente se a posição for difícil.
43
do houver a posição de seis apoios, deve-se orientar para que a coluna
fique em plano horizontal, evitando a tendência à lordose. Quanto às
mãos, os dedos deverão estar voltados frente a frente; assim há uma
melhor orientação da curvatura dorsal.(Figura 8)
Observação: não é aconselhável, em idosos que não estão acos-
tumados, a execução de exercícios, por um longo período, com o apoio
dos cotovelos na posição de seis apoios, pois a respiração é dificultada e
o envelhecimento articular dos cotovelos não suporta o peso; o mesmo
ocorre com exercícios na posição recostada.
Em decúbito dorsal deve-se observar se a curvatura da coluna
não exige um apoio para a cabeça, pois a posição pode causar tontura e
dificuldade respiratória nos indivíduos predispostos.
Exercícios
Cabeça e pescoço
Flexão lateral e frontal, meia rotação da cabeça (Devido à per-
da de equilíbrio e achatamento de discos intervertebrais cervicais
Figura 7 e 8. A segurança na execução é
indispensável. Sempre proteger as
articulações em apoio.
44
não é aconselhável a flexão posterior da cabeça). Os exercícios po-
dem ser executados nas posições em pé, sentado na cadeira ou no
chão. Com o indivíduo sentado na cadeira, os movimentos são exe-
cutados mais livremente e sem o receio de um mal-estar; no chão os
mesmos exigem mais do organismo devido à força aplicada para
manter a posição. Esses são recomendados para indivíduos já adap-
tados á situação.
Ombros e braços
Rotação escápulo – umeral, circundução dos braços (movimen-
tos amplos e lentos), movimentos de adução e abdução dos braços
nos diferentes ângulos, flexão e extensão do antebraço sobre o bra-
ço. Os movimentos devem ser orientados de maneira que haja um
trabalho muscular tanto na flexão como na extensão, para beneficiar
a tonificação da musculatura e não só a mobilidade articular. O mo-
vimento solto, sem consciência da região a ser trabalhada,traz pou-
cos benefícios e se a articulação apresenta grandes alterações de
envelhecimento, poderá haver danos a essa estrutura.
Figura 9 e 10. Inclinação lateral de cabeça; observar a não -
elevação dos ombros. Olhar por cima dos ombros; observar
a não – rotação do tronco.
45
Figura 11 e 12. Rotação do braço no sentido antero-posterior; pode ser executada
alternadamente, com um ou com dois braços, dependendo da condição do idoso e
de sua capacidade coordenativa. Ex. Com o braço estendido na altura do ombro,
executar movimentos de girar para dentro e para fora ou para cima e para baixo,
utilizando a máxima amplitude da articulação escapulo – umeral. O braço pode ser
posicionado de maneiras variadas.
Figura 13. É importante para o idoso reconhecer
o porque do movimento aplicado. A ação de
enxugar as costas aumenta a mobilidade articular.
Esse mesmo movimento, realizado com o elástico
de câmara de pneu, vem colaborar na força do
grupo muscular envolvido. Não se deve esquecer
da condição fisiológica de cada idoso, evitando
dessa forma agressões desnecessárias as
articulações. Obs. o olhar deve ser orientado para
evitar alterações posturais (cabeça erguida).
46
Punhos, mãos e dedos
Flexão, extensão, rotação e
movimentos laterais das mãos,
abrir e fechar os dedos (com ou
sem tensão). Exercícios para a
coordenação fina, educando
para atividades que exijam
precisão são necessários para o
dia a dia do idoso, beneficiando
o pegar moedas, dobrar e separar papéis e a própria escrita. A
força de preensão vem contribuir para levantar pequenos objetos:
a chaleira de água quente deixa de ser perigo. Ex. Apertar uma
bolinha de borracha (ou meia), alternando polegar e outros dedos,
aumenta a capacidade de preensão.
Figura 14. Dar nós em uma cordinha e depois desatá-los
beneficia a coordenação fina.
47
Tronco
Inclinação, flexão e extensão, precedidos sempre por um alon-
gamento (extensão total do segmento, sem tensão articular). A rota-
ção ampla do tronco não é aconselhável devido aos desgastes da
coluna vertebral. A orientação dos segmen-
tos corporais para os exercícios com o tron-
co é vital devido às alterações na estrutura
de equilibração; braços e cabeça orientam
a direção do movimento; pelve, a inclina-
ção do mesmo. Esses movimentos não po-
dem prejudicar a estrutura organizacional
do equilíbrio, já deficiente no idoso.
Figura 15 (a, b) e 16. Amassar e rasgar
jornal presta-se muito bem como
terapia, beneficiando as articulações e
liberando as tensões. Com o auxílio de
uma câmara de pneu cortada, trabalha-
se força isolada de preensão de cada
dedo.
48
Quadril e pernas
Retroversão e anteversão dos quadris, movimentos de eleva-
ção, flexão, extensão, rotação, movimentos pendulares e
antigravitacionais das pernas para melhorar o retorno venoso e tônus
muscular. E a contração dos glúteos em diferentes posições.
Figura 17 e 18. Na inclinação lateral
do tronco é importante observar a
orientação: tornozelo, joelho, quadril,
ombro, orelha em uma só linha. Os
pés devem estar bem apoiados, e os
braços não podem cobrir o rosto.Na
flexão anterior do tronco, poderão ser
combinados outros movimentos:
balanceios de braços, manuseio de
diferentes materiais, desde que se
observe as etapas de mudança do
olhar, para evitar possíveis tonturas.
Não se deve executar a f lexão
posterior de tronco no idoso devido
às alterações ósseas das vértebras.
Figura 19. Os movimentos com as pernas
podem ser muito explorados; para frente,
para o lado, para trás, esticada ou
flexionada, movimentos soltos ou
controlados. O importante é um bom apoio
na posição em pé, que pode ser um bastão,
uma barra ou simplesmente a parede, mas
deve-se evitar o companheiro, a menos
que esse seja o professor; o perigo está
no desequilíbrio que um pode ocasionar no
outro, principalmente se ambos forem
principiantes. Quando o idoso não se sentir
bem apoiado; pode-se optar pelos
exercícios na cadeira, ou sentados ao
chão, se esse idoso for experiente.
49
Dorso – abdominais
Tonificação da musculatura abdominal e alongamento dos dorsais.
Figura 20. Devem-se observar certos
critérios quanto aos exercícios
abdominais no idoso; os pés devem
estar apoiados e levemente
afastados, cabeça apoiada em uma
almofada. O movimento deverá
começar com o enrolar da cabeça só
até a elevação dos ombros. Observar
se não há bloqueio respiratório.
Figura 21. Para aliviar as
tensões da musculatura
dorsal, aconselha-se segurar
os joelhos o mais próximo do
abdômen. Para indivíduos que
possuam alterações
patológicas nas articulações
do joelho ou sejam obesos,
orienta-se o apoio nas coxas.
Figura 22. Elevar as pernas em
diferentes condições deve ser
trabalhado; desde que não se
elevem ou abaixem as duas ao
mesmo tempo, sobrecarregando a
coluna vertebral.
50
Tornozelos, pés e dedos
Flexão, extensão, rotação e movimentos laterais dos pés,
movimentos alternados, flexão e extensão dos dedos. Deve-se
dar maior ênfase aos exercícios com os pés; artelhos mal traba-
lhados dificultam o caminhar. O reforço dos ligamentos do torno-
zelo evita torções e ajuda o equilíbrio quando o escorregão for
evidente. O bom apoio dos pés na descida de planos elevados ou
escadas é essencial na integridade da estrutura óssea. A descida
de degraus deve ser explicada etapa por etapa; apoio dos artelhos,
planta do pé, e calcanhar. Se o indivíduo que estiver descendo
uma escada, supostamente tiver um lápis fixo no topo da cabeça,
direcionado para a parede lateral, de forma a desenhar o movi-
mento do corpo descendo, a figura descrita deverá ser uma reta
descendente; se a figura apresentar picos é porque o indivíduo
está oscilando para descer ou propriamente dito socando as arti-
culações, soltando todo o peso do corpo prejudicando não so-
mente os pés, mas também os tornozelos, joelhos, quadril e colu-
na vertebral.
Figura 23. Rolar o quadril de um lado para o
outro, se destina a reforçar a musculatura
abdominal e também a causar um efeito
proprioceptivo da região que está sob pressão.
Deve-se orientar bem o apoio dos braços em
cruz na altura dos ombros para evitar perda do
controle corporal.
51
Exercícios de flexibilidade
Os movimentos deverão ser orientados no sentido de alongar a
região trabalhada, sem insistência ao final do movimento. Essa deve
ser trabalhada desde que se dêem condições ás articulações, libe-
rando-as das tensões localizadas e ampliando-as em sua mobilida-
de. O idoso, por natureza tende a ser rígido, principalmente o ho-
Figura 24. Para trabalhar os artelhos, orienta-
se para que, quando no apoio dos mesmos
todos os dedos deverão estar em contato com
o solo (em forma de leque). Quando possível,
a retirada do calçado deve ser feita. É utilizada
para uma melhor conscientização do próprio
pé, das deformações de sua estrutura e de
como adaptá-las às exigências do dia a dia.
Figura 25. Pisar, esfregar e
amassar um pedaço de espuma
aumenta a sensibilidade táctil dos
pés.Como rolar sob os pés um
objeto sensibiliza o arco plantar.
Figura 26. Trabalhar com jornais
torna a atividade agradável e
divertida; com os pés pode-se dobrar,
desdobrar, amassar e rasgar. O
objetivo é a potencialização de todos
os movimentos das articulações
envolvidas, havendo um aumento da
força exercida pelos pés no solo,
beneficiando dessa forma a
estabilidade.
52
mem, sendo aconselhável o relaxamento, executando muita soltura
de membros, com balanços suaves e massagens para se trabalhar
a flexibilidade. Segundo a escola americana, considera-se flexibili-
dade como sendo mobilidade articular mais elasticidade muscular.
Figura 27. O alongamento do tronco
é um dos exercícios mais importante
devido à própria degeneração das
estruturas com o envelhecimento.
Pode ser executado em diferentes
posições com ou sem elementos.
Figura 28 e 29. O alongamento da musculatura dos
membros deve ser feito com muito cuidado, pois as
estruturas e ligamentos apresentam-se frágeis. O idoso
não deve apresentar dificuldade na execução e tampouco
dor.Se isso estiver ocorrendo, o exercício deverá ser
adaptado. A cadeira é um elemento a qual os idosos se
adaptam bem, pois oferece segurança no apoio e
liberdade do movimento. Esticar o joelho flexionado
deverá ser feito até o limite
da extensão dos grupos
musculares envolvidos
(dorso, braços e perna).
Se a altura da cadeira for
muito alta, procura-se
adaptar com outro plano
elevado. Mas nunca se deve deixar o idoso sem
um exercício, pois perante o grupo isso o afeta
psicologicamente.
53
Exercício de força
Para o aumento gradativo da força muscular no idoso, utiliza-se
como auxílio elementos como: saquinhos de areia, câmara de
pneu, bastões, alteres, exercícios antigravitacionais e isométrico
segmentar. É importante ressaltar que a contração isolada de um
grupo muscular, não apresenta risco, pois a força empregada é
apenas a da estrutura envolvida, não havendo sobrecarga ao nível
de ligamentos e articulações. Quanto ao sistema cardiovascular,
é beneficiado, pois se educa a pequenas elevações de pressão
treinando o organismo idoso a eventuais acasos do cotidiano,
como erguer o neto ou uma sacola, receber uma má notícia, a
qual altera o equilíbrio emocional gerando distúrbio orgânico, como
rigidez muscular, arritmia e elevação da pressão. Evitando assim
o possível infarto do miocárdio.
Figura 30. A ação de empurrar alguma coisa
imaginária, além de aumentar a força, desperta
a criatividade, criando situações que podem ser
aproveitadas no transcurso da aula. Poderão ser
utilizadas as mãos, cotovelo, ombro, testa,
quadril, pé, enfim, todos os segmentos corporais.
Figura 31. Sentar e levantar
sucessivamente de uma cadeira reforça
os grandes grupos musculares e auxilia
na aquisição de resistência. O movimento
deverá ser completo; levantar e deixar o
corpo ereto.
54
Figura 32. Manter os braços paralelos ao
chão, parados ou em movimento, com ou sem
elementos, reforça toda a musculatura
responsável pela inspiração e expiração
forçadas. A duração do movimento depende
do idoso. Poderão ser executados pequenos
círculos na lateral ou movimento de oscilar
para cima e para baixo, etc. O mesmo tipo de
atitude serve para exercícios com as pernas.
Figura 33. Esticar um elástico (câmara
de pneu cortada), além de aumentar a
força no segmento, também auxilia no
aumento da amplitude articular, bastando
mudar a orientação do exercício.
Figura 34. A força na
musculatura da perna decai
sensivelmente com o passar
dos anos; recuperá-la é vital.
Para caminhar, subir para o
ônibus, sentar-se em locais
baixos, até levantar-se do sanitário. Apertar uma bola entre os joelhos reforça
os adutores da coxa. O reforço de toda a musculatura interna, partindo do pé,
perna, coxa e baixo abdômen, vem auxiliar principalmente as senhoras que
apresentam problemas, como bexiga caída. A ativação da circulação na região
anal beneficia aqueles que possuem hemorróidas, estimulando também a função
sexual. A execução do exercício pode ser em diferentes posições, dependendo
do idoso. A ação é a de apertar uma bola, utilizando toda a musculatura interna
simultaneamente.
55
Exercícios de propriocepção
Os exercícios de sensibilização das regiões corporais vêm con-
tribuir na estrutura organizacional corporal, para o reconhecimento
do corpo envelhecido e suas limitações. É importante ressaltar que,
para um aumento dessa sensibilidade, é necessário que não haja
força ou esforço no estímulo inicial. Se esse for grande, será preciso
algo muito maior para ser percebida uma diferença. Os meios utiliza-
dos são; contrações isoladas de grupos musculares, pequenos pe-
sos nas regiões a serem percebidas e massagens.
O idoso necessita reconhecer novamente seu corpo. Através
de movimentos massageadores, pode-se levá-lo a esse reconheci-
mento. São expressões faciais novas: suas rugas, faltam os den-
Figura 35. A atitude de semiflexão dos joelhos
fortalece o quadríceps e simultaneamente os
outros grupos musculares responsáveis pelo
equilíbrio dinâmico. Balancear (para cima e para
baixo) sem extensão completa dos joelhos, com
ou sem apoio ou elemento, é o exercício indicado
para todos os idosos, iniciantes ou não. Gradua-
se intensidade e duração.
Figura 36. Ação de empurrar a corda elástica
com os pés é outra forma de aumentar a
resistência da musculatura da perna a longas
caminhadas e subidas de escadas. Pode ser
executada em diferentes alturas,
dependendo do objetivo ou condição do
idoso.
56
tes, a pele já não é a mesma – está áspera e com alterações. As
articulações doem e estão deformadas; a musculatura flácida não
permite um pequeno esforço ou está tão contraída e tensa que; o
tocar não é permitido devido às dores. Todo esse reconhecimen-
to leva tempo e necessita de muita criatividade por parte do pro-
fessor. Deve-se evitar que o idoso fique constrangido com sua
imagem.
Figura 37. Sentar em cima de um
saquinho de areia de início é
desconfortável, o efeito vem após a
retirada desse, pois a sensação é de que
a cadeira se torna macia. Deve-se
alternar o saquinho, em um dos lados,
no meio e no outro lado, permanecendo
um pequeno período em cada posição.
Auxilia quando o idoso se queixa de
dores ciáticas.
Figura 38. Quando o idoso sente
dificuldade em perceber uma articulação
ou qualquer outro segmento corporal, um
pequeno peso localizado na região ativa
os mecanismos proprioceptivos.
57
Exercícios de coordenação
Os exercícios de coordenação devem visar os padrões de mo-
vimentos da vida diária, não sendo necessários jogos de movimen-
tos complexos, que causaria desconforto pela dificuldade de execu-
ção. Opta-se, então, por movimentos coordenados de braços e per-
nas, como a marcha em diferentes formas e ritmos, mão e mão, mão
e pé, educando dessa forma a ação reflexa dos movimentos nas
ações do dia a dia. O movimento coordenativo complexo só será
trabalhado quando o esquema corporal ti-
ver sido adquirido através da propriocepção
(o idoso fica tenso por não conseguir reali-
zar o movimento, provocando ansiedade).
Figura 39. Massagear-se traz
prazer e reconhecimento
corporal. Com um pequeno
objeto roliço, percorrem-se
braços, pernas, costas, etc.
Podendo-se variar o material,
utilizando esponja ou as próprias
mãos. O trabalho em duplas
pode ser realizado desde que o
grupo já esteja desinibido, sem
preconceitos, ou seja, formado
por casais.
Figura 40. Marchar em diferentes formas, com
joelhos altos ou pernas esticadas, para frente,
para os lados e para trás, variando os
movimentos dos braços, em um determinado
ritmo ou livremente, é a maneira mais adequada
de se desenvolverem os movimentos
coordenativos do idoso.
58
Exercícios de equilíbrio
Através da reeducação postural, educando as percepções
gravitarias. Caminhar de diferentes formas (ponta, calcanhar), para
diferentes direções (frente, lado, trás), percorrendo trajetos de-
terminados, seguindo ou não linhas traçadas
no chão, como também se desequilibrar em vá-
rias posições, leva o idoso a perceber seu cen-
tro de equilíbrio. E a ação de restabelecer o
equilíbrio torna-se mais fácil quando solicitada.
Figura 41. Movimentos coordenativos isolados
– só braços ou pernas – devem ser aprendidos.
Mas o professor deverá estar consciente de que
o idoso leva mais tempo para assimilar, e que
esses movimentos deverão ser repetidos sem
estressar ou desmotivar o aluno, utilizando-se
tantas aulas quantas forem necessárias para
se atingir o objetivo.
Figura 43. Equilibrar-se em um plano elevado exige
que o idoso possua um bom domínio corporal. Quando
não houver homogeneidade no grupo, utilizam-se linhas
traçadas no chão, ou o professor é utilizado como
instrumento de apoio, mesmo para aqueles que não
necessitem ,evitando assim, constrangimento daqueles
com pouca agilidade.
 Figura 42.
Movimento de desequilíbrio para
frente e para trás (oscilar).
59
Deve-se orientar as alterações do equilíbrio no movimento
de sentar e levantar do chão, os apoios adequados e a maneira
mais fácil e rápida para seficar em pé sem tontura.
Como no equilíbrio estático, no equilíbrio dinâmico toda a
ação se concentra na pelve; a orientação que deve ser dada ao
idoso durante o sentar-se e o levantar-se do chão é a observação
do movimento que o quadril des-
creve. A assimilação da melhor
forma de sentar ao chão será des-
coberta pelo indivíduo. O papel do
professor é o de orientar os apoi-
os das mãos, joelhos e pés, de
maneira a não prejudicar alguma
articulação em desgaste.
Figura 44 e 45. O idoso deve sentir-se seguro
ao iniciar o movimento para sentar-se ao solo.
Qualquer insegurança pode ocasionar o
impacto do corpo no chão.O levantar-se segue
o mesmo princípio: apoio da mão atrás, rotação
do quadril, posicionamento da mão livre,
podendo ou não haver o apoio dos joelhos,
(depende da condição do idoso). Completando
o giro da pelve, o corpo naturalmente buscará
uma atitude de equilíbrio.
Para aqueles com grandes dificuldades, utiliza-se um apoio como
um banco, barras, etc. Idosos mais ágeis deverão seguir o seguinte
esquema: (a) pernas afastadas e joelhos semiflexionados; (b) apoia-se a
mão dominante no chão; (c) deixa-se que o quadril gire em direção ao
60
Exercícios para educação das percepções
A educação das percepções se torna necessária devido às
perdas pelo envelhecimento. Não se pode deixar o idoso isolar-
se do seu meio pela falta de sensações; perceber o que o cerca
tem influência tanto física como psicologicamente. Na vida diária,
sentir o calor de uma chaleira antes de se queimar, ouvir alguém
batendo a porta, sentir o aroma das flores ou o cheiro de algo
queimado, ver as expressões do rosto do companheiro ou o ca-
minho onde pisa, determinam uma vida independente ou não,
para o idoso.
solo; (d) a mão livre deve procurar um apoio logo atrás do quadril; (e) as
pernas vão naturalmente posicionar-se cruzadas à frente do corpo, o
qual estará de frente para o lado oposto ao início do movimento.
Figura 46. Ouvir a vibração que faz os
dedos em contato com um balão ou
diferenciar os sons de diferentes objetos
do dia a dia contribui para que o idoso não
esqueça de perceber o mundo à sua volta.
Figura 47. O tato pode ser estimulado com
materiais de diferentes espessuras, como
tecidos variados (flanela, cetim, feltro),
esponjas, pena; valendo a criatividade do
professor não só quanto ao tipo de material,
mas à maneira de desenvolver a atividade. A
educação das percepções é bem aceita quando
empregada na forma de jogos recreativos.
61
Exercícios de ritmo
O ritmo não deve ser imposto e sim descoberto, manusear
diferentes instrumentos ou elementos similares, criam-se situa-
ções nas quais o idoso pode perceber que seu corpo possui ritmo
próprio. Explorando os diferentes ritmos através do caminhar e
dos movimentos naturais, os gestos tornam-se mais coordena-
dos e harmoniosos.
Observação: Durante a preparação fisiológica, poderá ser dado
todo e qualquer exercício físico, desde que adaptado às dificuldades
individuais de cada pessoa. A observação dos movimentos respira-
tórios pelo professor é muito significativa, pois o idoso expira defici-
entemente e produz bloqueios respiratórios, levando a uma altera-
ção cardíaca. A atitude do professor deverá ser de conduzir o
grupo à conversa, ao canto ou à risada, fazendo dessa forma a
expiração espontânea e regularização da freqüência dos movi-
mentos respiratórios.
Figura 48. Elementos como
pequenos bastões, pequenos potes
com sementes e outros criados pelo
próprio idoso são interessantes para
a descoberta do ritmo. Esse também
pode ser despertado através da
percussão no próprio corpo.
62
Aquisição de Resistência e Atividades Recreativas
Atividades rítmicas, danças e jogos.
Foi comprovado que os programas aplicados na recuperação
de cardiopatias não se adaptam ao idoso por utilizarem a corrida, o
que prejudica as articulações em desgaste. Também o cicloergômetro,
o qual devido à falta de coordenação, alteração ortopédica e à falta
de resistência, não permite um bom desempenho do idoso frágil. Há
preocupação entre os profissionais quanto ao controle da freqüência
cardíaca, sendo vários os fatores que impedem um adequado acom-
panhamento:
-O idoso tem dificuldade em verificar sua própria FC devido á
falta de tato e à interferência dos movimentos respiratórios (quando
essa for medida através das carótidas, o que não é aconselhável).
-A simulação do resultado devido à inibição, por não ter conse-
guido verificar seus dados, ou à indução, por verificar que o colega
está mais bem condicionado.
63
-A interferência de certos medicamentos que alteram o com-
portamento dos batimentos cardíacos durante o exercício, podendo
ocorrer a não alteração da FC no esforço, chegando a haver até
uma bradicardia, dependendo da quantidade do agente químico na
corrente sangüínea.
-O aconselhável seria o controle individual pelo professor, o que
torna de difícil execução quando o objetivo é determinar a FC num
determinado momento do trabalho e sua recuperação, em um grupo
de quinze alunos.
A melhor atitude do professor é a de não querer tornar o seu
idoso um atleta com programas de condicionamento rígidos. Ser
flexível, conhecer seu aluno em todos os aspectos, saber observar
quando é hora de trocar de atividade ou executar uma pausa é o
recomendável. A atitude corporal e a aparência fisionômica, além
dos movimentos respiratórios, são os melhores indicadores do fun-
cionamento orgânico.
O caminhar em uma pista ou parque só é recomendado quan-
do o aluno possui um esquema corporal adequado para a execução
do mesmo, sem compensações corporais de equilibração e gasto
energético desnecessário. Pode ser substituído por movimentos
balanceados ou pela dança.
Os exercícios dirigidos (calistênicos) ou conduzidos com certo
vigor, impedem o idoso de reconhecer o seu próprio ritmo e de
descobrir os diferentes ritmos individuais para as diversas ativi-
dades diárias.
As atividades com música devem ser bem escolhidas, de
forma que, no mínimo, três ritmos legíveis sejam determinados
64
na música, como compasso, divisão do mesmo e melodia, dando
a oportunidade ao idoso de acompanhar o que melhor se adaptar
às suas condições fisiológicas.
Quanto aos jogos, devem possuir poucas regras e dar opor-
tunidade para a criatividade. Petecas se prestam muito para aqui-
sição de resistência a qual cada indivíduo emprega apenas o que
for capaz, não havendo risco de sobrecarga.
Todo e qualquer jogo recreativo pode ser adaptado ao idoso,
pois este se molda quanto à cultura e tradições dos grupos, como a
peteca, tradicional no interior de alguns estados, que além de au-
mentarem a resistência cardiorespiratória, auxiliam os reflexos e au-
mentam a agilidade. O grau de instrução influencia na dificuldade e
compreensão dos jogos quando esses utilizam a leitura e a escrita.
Figura 49.Dançar vem a ser uma das melhores maneiras
de se manter em forma. Principalmente se o idoso estiver
bem acompanhado. Freqüentar bailes para a terceira
idade é uma das atividades preferidas dos idosos que
freqüentam clubes de convivência.
Deixar que a música tome conta dos
movimentos corporais deixando de
lado a opinião de outros e
entregando-se ao prazer, aumenta a
auto estima, prevenindo doenças.
65
Nos jogos de movimentos e ati-
vidades recreativas, observar que as
mudanças de direção bruscas podem
ocasionar mal-estar, podendo levar o
indivíduo a uma queda.
As pausas devem ser respeita-
das; quando o grupo ou o indivíduo
demonstrar cansaço, através da per-
da de coordenação ou irregularidade
dos movimentos respiratórios, é ne-
cessário alterar o ritmo da aula ou exe-
cutar uma pausa para a recuperação
fisiológica.
Quando o grupo de idosos pos-
sui indivíduos com potencialidades
muito diferentes, ou quando o jogo
pode levar os idosos a um grande en-
tusiasmo, uma das medidas que o pro-
fessor pode assumir é a de colocar
uma dificuldade a ser cumprida no decorrer do jogo, por exemplo:
duas ou três colunas,

Outros materiais