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Peça indígena da sandra

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Bom dia, gente. Nosso grupo ficou responsável por representar a situação do indígena no atendimento à saúde.
(Paciente entra no consultório)
CENA 1:
Doutor: Bom dia
Paciente: Bom dia.
Doutor : o que você está sentindo, Gabriel? (olhando para a ficha da triagem claramente sem fazer a inspeção inicial - olhar o paciente ao entrar na sala)
Narrador: Antes do paciente ter a oportunidade de responder, ao avistá-lo, a médica atenta para a ficha e diz, em tom de ironia:
Doutor: Pois bem, Gabriel, estou aqui com a sua ficha: 17 anos…, estudante…, INDÍGENA? :o (Ana Laura olha para o Gabriel com um aspecto de “tô te julgando, flor”). Só um instante, acho que a secretária confundiu sua ficha, vou buscar a correta.
Paciente: Não, doutora. A ficha está correta. Sou mesmo indígena. 
Doutora: Oxente?! Indígena?! Mas você é branco, não está caracterizado. Fale sério, rapazinho! 
Nesse momento, a cena é paralisada (isso mesmo, brincar de estátua) e o narrador intervém
Narrador: Nessa cena que acabou de acontecer aqui, nós temos um exemplo claro de como a ignorância e o senso comum podem afetar o atendimento médico, fazendo com que o médico não pratique o acolhimento de maneira adequada e acabe constragendo o paciente, que se submete a situações negativas que interferem negativamente em sua auto-estima e processo saúde doença.
CENA 2:
Doutora: Certo, coletei uns dados aqui e volto já.
Doutor sai da sala e se encontra com a psicóloga no corredor e começam a dialogar:
Médica 2: Mulher, já são 9h e vc ja ta aqui. geralmente tu chega pra mais de 10h kkkkkkkk. 
Doutora: né isso! Mas o pessoal aqui não liga pro ponto mesmo. Inclusive, eu chegar cedo não é a única coisa inusitada de hoje. Acredita que tem um branco na minha sala, mais branco do que os dentes do Firmino, jurando de pés juntos que é indígena? 
Médica 2: Nossa, sério?! E ele alega o quê? Já sei: só pode estar dizendo isso para conseguir algum benefício do governo mesmo. Deve ter algum “bolsa índio” por aí. Volta lá e não deixa ele se aproveitar dessa mamata não kkkk 
Doutora: berro. nega o auge. 
Narrador: Aqui, nós podemos observar um grande furo ético por parte da médica, extrapolando os limites da ética de sua classe e quebrando o sigilo médico-paciente, tão importante para que ambos se sintam confortáveis e as informações extraídas possam ser produtivas no tratamento… (fala em tom de decepção)
CENA 3:
Paciente: Então, doutora, agora que a senhora confirmou que é a minha ficha msm, eu posso dizer que vim aqui com objetivo de conseguir um acompanhamento. Eu ouvi falar que aqui tem um programas para várias doenças. E, assim, é bem comum na minha tribo o problema de obesidade porque …
Doutora: Obesidade?
Paciente: Sim, porque a gente não tem instrução sobre a dieta e acaba exagerando no consumo dos enlatados e derivados.
Doutora: Enlatados? Obesidade? Como assim índio tem obesidade? Eu, sinceramente, não entendo mais o que é o que não é. Sim, porque, pelo que eu sei, índio sobrevive das coisas que a natureza dá, anda pelado e é preguiçoso. Aí, hoje em dia, você vem aqui me dizer que índio é branco, que come enlatado, que quer fazer programa de acompanhamento para obesidade… E só é índio como convém? Assim qualquer um pode dizer que é negro para entrar por cotas na universidade sem precisar ter pele escura. aí tá ótimo. 
Paciente fica constrangido e tenta remediar a situação
paciente: então doutora, pra ser classificado como índio, precisa de um certificado da Funai e….
Doutora: ah, a funai num é aquela fundação que o presidente disse que tá corrompida por interesses? 
Paciente constrangido
Doutora: Ok então..
Narradora: O que a Médica não sabe, é que os certificados emitidos pela Funai servem mais do que qualquer estereótipo indígena atual e ele é válido em todo o território nacional. por isso, a atitude dela não está adequada com a norma ética médica atual. 
Doutora: Certo, então, já que o senhor quer e é meu papel oferecer né, vamos começar o acompanhamento e tratamento. é preciso que o senhor venha aqui na UBS 3 dias por semana para comparecer no programa e aqui a gente realiza as atividades necessárias
Paciente: Então, doutora, eu moro um pouco afastado dessa região, tenho que pegar 2 barcos pra chegar até aqui etc
Doutora: é, meu querido, mas a vida é feita de escolhas, se você não vier aqui realizar o tratamento fica difícil te ajudar…
Paciente: está bem, doutora… Eu posso tentar...
Doutora:ah, e vou precisar nesse tratamento que o senhor faça uso desse medicamento aqui (aponta para o medicamento).
Paciente: mas doutora, minha cultura não permite que eu utilize dessa medicação.
Doutora: olha, assim fica complicado. Tente me ajudar a te ajudar, é só um remedinho e um acompanhamento na UBS, isso não é nada demais.
Paciente: está certo, doutora, já que não há outra forma, eu posso fazer…
(sai da consulta tribolado)
Narradora: Nesse momento, a médica se mostrou completamente antiética e displicente quanto à realidade epidemiológica de seu paciente, submetendo-o a situações vexatórias que ferem a Política Nacional de Atenção aos povos indígenas e, em última análise, o princípio de universalidade do SUS.
‘’As ações que envolvem, direta ou indiretamente, a assistência farmacêutica no contexto da atenção à saúde indígena, tais como seleção, programação, aquisição, acondicionamento, estoque, distribuição, controle e vigilância - nesta compreendida a dispensação e a prescrição -, devem partir, em primeiro lugar, das necessidades e da realidade epidemiológica de cada Distrito Sanitário e estar orientadas para garantir os medicamentos necessários.’’ (Disposição 4.5 da política nacional de atenção à saúde indígena de 2002)
VI - favorecer o acesso diferenciado e priorizado aos indígenas de recente contato (...)
E agora, vamos explicitar como seria um atendimento adequado:
ÚLTIMA CENA: 
Narradora: Indígena entra no consultório enquanto a médica o observa.
Médica:Bom dia! Tudo bem? O que lhe trouxe até aqui Flávia?(ela já está com a ficha dela na mão)
Narradora: A conduta da médica foi adequada, já que estar com a ficha do paciente ao atendê-lo, principalmente nesse caso, tornará a consulta mais tranquila e com confiança.
Indígena:Bom dia, doutora! Vim por que preciso saber o que fazer pra ajudar a minha tribo, as crianças estão adoecendo muito, vivem com diarréia, desnutridas...
Médica:Ah sim, por isso vi aqui na sua ficha que vc é indígena, mas me conte mais como vcs vivem lá pra eu poder entender melhor como posso ajudar vcs. Lá tem saneamento básico ? Como é a alimentação? 
Indígena:A doutora, lá não tem água encanada,só tem um rio que é de onde a gente pega a água, tem apenas um banheiro para toda a tribo, as crianças comem salsicha, mortadela, mas as vezes não querem comer nada mesmo. 
Médica: Certo, então provavelmente essas condições podem estar diretamente relacionada ao adoecimento da sua comunidade. Devido a falta de saneamento básico sua tribo pode estar sofrendo com alguma parasitose. Vou ter que notificar para um órgão público a respeito disso e lhe ensinar alguns hábitos, como ferver a água que vcs utilizam para beber, para já irmos combatendo algumas coisinhas. 
Narradora: "As prioridades ambientais para uma política de atenção à saúde dos povos indígenas deve contemplar a preservação das fontes de água limpa, construção de poços e de um sistema de esgotamento sanitário(…). As ações deverão ter como base critérios epidemiológicos e estratégicos." - política da saúde indígena 
Médica: Mas me conte mais Flávia, vc tem mais alguma queixa?
índio: Tenho doutora, infelizmente tenho!( bem dramático kkk) Eu ultimamente ando me sentindo angustiada, sem vontade de comer, de ir à escola, choro repentinamente,é uma dor que surge do nada, mas não sei explicar, só sei que é muito ruim. :/
Médica: Entendo, vou te encaminhar para outra médica pq acho que ela vai saber lhe ajudar melhor quanto a isso, pode ser?
índio: Pode doutora!
( Psicóloga da CENA 1): Oi Flavia, tudo bom? a gente poderia conversar, o que vc acha?
cena termina com a consultaentre o indígena e a psicóloga no consultório.

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