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Aula PEC III TCC

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Os TCC (Teóricos do Crescimento do Conhecimento) – Kuhn, Lakatos e Feyerabend
A filosofia da ciência depois dos anos 1960
Prof. Emmanoel 
27.03.2012
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Thomas Kuhn (1922-1996) e “A Estrutura das Revoluções Científicas” (1962, 1970) 
Thomas Kuhn foi um dos 1os filósofos da ciência da tradição anglo-americana a desafiar a ideia de que o contexto da descoberta estava separado do contexto da justificação.
Ou seja, seria possível explicar, ao menos em parte, as transformações no conhecimento científico fazendo referência a fatores que vão além da lógica interna do próprio problema (como fatores históricos, sociais e culturais que influenciariam a comunidade científica). 
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Thomas Kuhn (1922-1996) e “A Estrutura das Revoluções Científicas” (1962, 1970)
Seu trabalho, diferentemente de Popper e dos filósofos da “visão adquirida”, é histórico:
Ele procura analisar concretamente como se deu a transformação na visão do sistema solar, por exemplo, desde Ptolomeu (90 – 168 d.C.) até Copérnico (1473-1543). 
Também analisa como se deu a passagem da física de Newton (1642 – 1727) para a física de Einstein, afirmando que as ideias de Einstein (1879 – 1955) levaram a uma concepção de mundo totalmente nova, incompatível com a visão de Newton. 
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Thomas Kuhn (1922-1996) e “A Estrutura das Revoluções Científicas” (1962, 1970)
Mas como Kuhn explica estas passagens de Ptolomeu a Copérnico, de Newton a Einstein? 
Ele afirma que a ciência não progride necessariamente rumo a uma evolução permanente, nem busca uma verdade final sobre o mundo, na prática (embora os cientistas possam afirmar teoricamente que a buscam). 
A atividade científica visa, antes de mais nada, resolver certos problemas que certa comunidade de pesquisadores considera relevantes.
Neste processo, esta comunidade usa determinados instrumentos, uma linguagem específica e procedimentos que são regulados pela comunidade. 
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Thomas Kuhn (1922-1996) e “A Estrutura das Revoluções Científicas” (1962, 1970)
Para Kuhn, podemos verificar que a ciência evolui historicamente através de revoluções nos paradigmas de pesquisa. 
Mas atenção! A noção de “paradigma” é confusa na 1a edição do livro de Kuhn (de 1962): há 22 diferentes significados para este termo!
Daí, no posfácio da 2a edição, em 1970, Kuhn prefere substituir a ideia de “paradigma” pela ideia de “matriz disciplinar”. 
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Thomas Kuhn (1922-1996) e “A Estrutura das Revoluções Científicas” (1962, 1970)
Mas em que consistiriam as “matrizes disciplinares”? 
Elas consistiriam de: 
1. crenças e visão de mundo da comunidade científica (ou seja, a comunidade científica possui certa “visão de mundo”; 
2. Valores da comunidade científica (p. ex., uma boa teoria deve ser formal, útil, simples, geral etc.)
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Thomas Kuhn (1922-1996) e “A Estrutura das Revoluções Científicas” (1962, 1970)
3. Generalizações simbólicas (ou seja, modos de fazer generalizações sobre os eventos captados nos experimentos concretos); e, finalmente
4. Um conjunto de exemplares clássicos de soluções para problemas concretos que o paradigma consegue resolver. 
Quando o paradigma funciona adequadamente, resolvendo os problemas a que se propõe, podemos dizer que estamos numa fase de ciência normal: neste período, o desenvolvimento da ciência parece ocorrer de acordo com a visão adquirida de ciência e de Popper. 
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Thomas Kuhn (1922-1996) e “A Estrutura das Revoluções Científicas” (1962, 1970)
Note que não dissemos nada sobre a importância prática dos problemas resolvidos pela ciência: o que interessa é que os cientistas conseguem solucionar os problemas a que se propõem e que todos seguem as regras estabelecidas de como resolvê-los. 
P.ex., o que mudaria na vida da maioria das pessoas se os cientistas mostrarem que o bóson de Higgs possui, afinal de contas, massa? Muito pouco, provavelmente. 
Ou seja, é um problema que, embora seja de relevância teórica indiscutível, não tem imediatamente nenhuma aplicação prática. 
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Thomas Kuhn (1922-1996) e “A Estrutura das Revoluções Científicas” (1962, 1970)
Os problemas aparecem para a ciência normal quando ela se defronta com uma anomalia: um resultado inesperado para um problema que os métodos tradicionais não conseguem resolver. 
Desta forma, diferentes tentativas são feitas pela comunidade científica para tentar chegar a uma solução para resolve-la. 
Se a anomalia resiste aos métodos tradicionais, gerando cada vez mais resultados que contradizem a visão de mundo adotada pela comunidade científica, o que aconteceria? 
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Thomas Kuhn (1922-1996) e “A Estrutura das Revoluções Científicas” (1962, 1970)
Idealmente, segundo Popper, a comunidade racionalmente abandonaria o paradigma antigo, pois ele está sendo falsificado. 
Mas, de acordo com Kuhn, não é isso que ocorre: na maior parte das vezes, os cientistas se agarram às suas crenças e sua visão de mundo.
Ou seja, parece haver um forte fator de psicologia social no fato de os cientistas se agarrarem a suas crenças e valores, apesar de os testes mostrarem que suas teorias são falsas. 
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Thomas Kuhn (1922-1996) e “A Estrutura das Revoluções Científicas” (1962, 1970)
O que pode haver aí é uma cisão na comunidade científica: surge uma “velha guarda” (os cientistas antigos que se agarram às velhas teorias) e uma “jovem guarda” (que propõem uma nova visão de mundo, valores, procedimentos, linguagem, crenças etc.). 
Com o tempo, uma das duas facções vence a batalha e chegamos a um novo paradigma. 
Se a jovem guarda vence, temos uma revolução científica. 
Mas há um grande problema aí, segundo Kuhn: é que os paradigmas novo e velho podem não ser comensuráveis. 
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Thomas Kuhn (1922-1996) e “A Estrutura das Revoluções Científicas” (1962, 1970)
Ou seja, a visão de mundo proposta pelo paradigma antiga pode ser totalmente distinta da visão de mundo do paradigma novo, o que geraria uma incompreensão radical entre as novas e velhas ideias. 
Ora, isto para quem busca conhecimento sério e rigoroso é muito perigoso!
E por que? 
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Thomas Kuhn (1922-1996) e “A Estrutura das Revoluções Científicas” (1962, 1970)
Por que sugere que pode não haver medida comum para avaliar teorias de paradigmas diferentes!
E isto leva ao relativismo das teorias: não necessariamente haveria evolução delas, mas apenas diferentes visões de mundo. Uma teoria é verdadeira relativamente ao seu paradigma – e não verdadeira no geral. 
Ora, então aqui podemos estar enterrando uma parte muito importante do sonho positivista que nasceu no século XIX: a ideia de que a ciência progride racionalmente, que nosso conhecimento aumenta no tempo de forma a chegarmos a uma verdade unificada sobre o mundo. 
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Thomas Kuhn (1922-1996) e “A Estrutura das Revoluções Científicas” (1962, 1970)
Veja, no quadro, como podemos compreender a visão de Kuhn sobre a estrutura das revoluções científicas.

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