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LINGUI SINCRÔNICO E DIACRÔNICO

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LINGUÍSTICA I
OS PONTO DE VISTA SINCRÔNICO E DIACRÔNICO DOS ESTUDOS LINGUÍSTICOS
Como Saussure lidou com o fator tempo? Para ele é importante que sejam distinguidos os eixos sobre os quais se situam os fatos que uma ciência estuda.
Sincronia e Diacronia
Assim Saussure considera que se devam distinguir os fenômenos de duas maneiras.
1°) do ponto de vista de sua configuração sobre o eixo AB das simultaneidades. Relações entre os fenômenos existentes ao mesmo tempo num determinado momento do sistema linguístico, que pode ser tanto no presente como no passado.
2°) de acordo com a posição do fenômeno sobre o eixo CD das sucessividades. Relação entre um dado fenômeno e outros fenômenos anteriores ou posteriores, que o precederam ou lhe sucederam.
syn – simultaneidade + chronos – tempo
dia – movimento através de + chronos
Assim teríamos o eixo AB, no qual os fatos da língua são estudados nas relações que contarem, uns em relação aos outros, sincronicamente.
No eixo CD, temos a interferência do fator tempo e o estudo da mudança linguística. Podemos perceber que as linhas se cruzam. Por que será? Isso ocorre porque num estado da língua, temos formas atuais e formas que vão caindo em desuso.
Exemplos:
“A gente vai ao cinema”
“Nós vamos ao cinema”
“Vossa mercê”
“Você”
Numa tentativa de distinguir fatos sincrônicos da língua de fatos diacrônicos, Saussure estabelece o ponto em que começam uns e terminam outros: “É sincrônico tudo quanto se relaciona com o aspecto estático da nossa ciência, diacrônico tudo que diz respeito às evoluções. Do mesmo modo sincronia e diacronia designarão respectivamente um estado da língua e uma fase de evolução.” (CLG, p.96)
Saussure acreditava que existia duas linguísticas: a linguística evolutiva e linguística estática.
Linguística sincrônica
A linguística sincrônica se ocupará das relações lógicas e psicológicas que unem os termos coexistentes e que formam sistema, tais como percebidos pela consciência coletiva.
Linguística diacrônica
A linguística diacrônica estudará, ao contrário, as relações que unem termos sucessivos não percebidos por uma mesma consciência coletiva e que se substituem uns aos outros sem formar sistema entre si.
Saussure priorizou os estudo sincrônicos, diferenciando-se dos estudos diacrônicos da Escola Comparativista – diacrônico é, desse modo, tudo o que diz respeito às evoluções. Antes de Saussure havia estudos histórico-comparativos: esses estudos reconstruíram o passado da língua.
Para Saussure a prioridade deve ser para a pesquisa descritiva, ou seja, estudar a língua sincronicamente, deixando de se preocupar com o processo pelo qual as línguas se modificam.
Método sincrônico
Sobre os métodos de abordagem, temos que a sincronia opera a partir de uma única perspectiva: a dos falantes, consistindo o seu método em “observar-lhes o testemunho”(CLG 106). 
O objetivo da sincronia é observar e descrever o funcionamento do sistema linguístico “num lapso de tempo suficientemente curto para, na prática, se poder considerar um ponto no eixo do tempo”.
Método diacrônico
As técnicas da linguística diacrônica distinguem duas perspectivas, segundo o caráter dos dados em que opera (CLG, 106): “uma prospectiva, que acompanhe o curso do tempo, e outra retrospectiva, que faça o mesmo no sentido contrário”.
Método retrospectivo
Mais conhecido como comparativo – estuda estados de língua que tenham parentesco entre si tentando-se chegar (até onde seja possível) ao estado do último antepassado comum a todos os estados conhecidos.
Método prospectivo
Estuda e compara dois ou mais estados da língua, cada um antepassado ou descendente do outro. Método usado principalmente na linguística histórica.
Por que optar pelo método sincrônico?
1- O falante nativo não tem consciência da sucessão dos fatos da língua no tempo: ele pode utilizar a língua sem saber nada sobre a sua história. O indivíduo que usa a língua como veículo de comunicação e interação social não percebe essa sucessão de fatos.
O falante só percebe a língua que ele utiliza, ou seja, o estado sincrônico da língua, porque a língua possui uma lógica interna.
2- Língua como sistema de valores: o linguísta só pode realizar a abordagem desse sistema estudando, analisando e avaliando suas relações internas (sintagmáticas e paradigmáticas), isto é, estudando sua estrutura sincronicamente.
Como a língua é um sistema de valores, seu estudo deveria partir da estrutura como se apresenta num estado momentâneo, a qual é a única perceptível pelos falantes, visto que os mesmos não percebem a sucessão de fatos linguísticos no tempo, que constituem a diacronia.
Sincronia e arbitrariedade do signo
Porque a relação do signo é arbitrária, ela pode ser afetada pelo tempo. Se essa relação fosse natural e lógica, o signo linguístico teria condições de resistir à atuação transformadora do tempo, mantendo-se imutáveis os seus dois constituístes.
“Uma língua é radicalmente incapaz de se defender dos fatores que se deslocam, minuto a minuto, a relação entre significante e significado. (CGL, p.90)
Portanto, é exatamente por ser uma entidade eminentemente histórica que a língua exige, prioritariamente, uma análise a-histórica, isto é, sincrônica.
O Estruturalismo Lingüístico
Ainda que Saussure não tenha usado a palavra ‘estruturalismo’, deixou um importante estudo sobre o sistema da língua e sobre sua estrutura. A partir do conceito de sistema, Saussure propõe o estudo da língua em suas relações internas, observando-se a organização das unidades que compõem esse sistema e dos princípios e regulamentos que o regem.

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