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Linguística - Aula 2

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Características da Linguagem Humana
Arbitrariedade - Independência de Estímulo - Dupla Articulação - Produtividade
Arbitrariedade 
O termo ‘arbítrio’ está sendo utilizado aqui em um sentido um tanto especial, significando algo como “inexplicável em termos de algum princípio mais geral”. O caso mais óbvio de arbitrariedade da língua – que é mencionado na maioria das vezes – diz respeito à relação entre forma e significado, entre sinal e mensagem. A conexão entre forma e significado é arbitrária visto que, dada a forma, é impossível prever o significado, e dado o significado é impossível prever a forma.	
Onomatopéias - uma questão para reflexão.
A arbitrariedade, no que diz respeito à língua, não se restringe, não se restringe à ligação entre forma e significado, aplica-se também, consideravelmente, a grande parte da estrutura gramatical das línguas, na medida em que estas diferem gramaticalmente umas das outras. Se assim não fosse, seria muito mais fácil aprender uma língua estrangeira do que realmente é.
Independência de Estímulo
	
Não há, em geral, qualquer conexão entre as palavras e as situações em que são utilizadas, de tal forma que a ocorrência de determinados vocábulos seja previsível, como se prevê um comportamento habitual, a partir das próprias situações. 
Não temos o hábito de produzir a palavra pássaro a cada vez que nos encontramos em uma situação na qual vemos um pássaro; na realidade nossa probabilidade de usar a palavra “pássaro” não é maior do que a de utilizá-la em qualquer outro contexto. Exatamente porque a linguagem não depende de estímulos externos para se manifestar.
Dupla Articulação
Martinet (1978) afirma que a linguagem é duplamente articulada. O que quer dizer articulação? Em latim, a palavra articulus significa “parte, subdivisão, membro”. 
Quando se diz que a língua é articulada o que se quer dizer é que as unidades linguísticas são suscetíveis de ser divididas, segmentadas, recortadas em unidades menores. Todo enunciado da língua articula-se em dois planos. 
Primeira articulação da linguagem
Neste plano articulam-se as unidades dotadas de sentido. A menor dessas unidades é o morfema. Nela, as unidades são dotadas de matéria fônica e de sentido, ou seja, são compostas de significante e significado. 
Ex. A frase os lobos andavam pode ser segmentada nos seguintes morfemas: o, artigo definido; -s, morfema de plural; lob-, radical que significa “grande mamífero da família dos canídeos”; -o, morfema de masculino; and-, radical que significa “dar passos, caminhar”; -a, significa que o verbo pertence a primeira conjugação; -va, morfema modo-temporal que indica pretérito imperfeito do indicativo; -m, morfema número-pessoal que indica a terceira pessoa do plural. 
Segunda articulação da linguagem
Cada morfema pode, por seu turno, articular-se, dividir-se em unidades menores desprovidas de sentido. Essas unidades são os fonemas. 
Ex. O morfema lob- pode articular-se nos fonemas /l/, /o/ e /b/. 
Produtividade
A produtividade de um sistema de comunicação é a propriedade que possibilita a construção e interpretação de novos sinais: isto é, de sinais que não tenham sido anteriormente encontrados e que não constam de alguma lista – seja qual for a dimensão da mesma – de sinais pré-fabricados, à qual o usuário tenha acesso. 
A maior parte dos sistemas de comunicação animal parece ser altamente restrita no tocante ao número de sinais que seus usuários podem enviar e receber. 
Todos os sistemas linguísticos, por outro lado, possibilitam a seus usuários construir e compreender um número indefinido de enunciado que jamais ouviram ou leram antes.
GRAMÁTICA
PRESCRITIVA x DESCRITIVA 
Gramática tradicional, normativa, ou prescritiva são os termos usados para referir-se a todo estudo de cunho gramatical anterior ao advento da ciência linguística. Como o próprio nome define, a gramática prescritiva é uma tentativa de estabelecer um ordenamento lógico em um determinado idioma e definir normas que vão determinar o que é apropriado no uso desse idioma 
Daí surge a noção de certo e errado. Aquilo que não estiver de acordo com as normas, com as regras gramaticais, é classificado como inadequado. Esta teoria predominou desde meados do século 18 até o início deste século, e é ainda encontrada no currículo de muitas escolas hoje.
A partir das décadas de 1920 e 1930, a teoria do estruturalismo em linguística (Ferdinand de Saussure na Europa e Leonard Bloomfield nos EUA) passou a questionar a visão prescritiva. No estruturalismo, o fenômeno existente é o ponto de partida. Observar o fenômeno da linguagem de fato e descrevê-lo passou a ser mais importante do que prescrever como esse fenômeno deveria ser.
Nos anos 60, a partir do trabalho do norte-americano Noam Chomsky, a teoria linguística gerativo-transformacional revolucionou conceitos e trouxe um elemento novo: o de que a linguagem humana é criativa, e de que a capacidade (competence) de um native speaker com bom grau de instrução, através da qual ele consegue produzir um número ilimitado de frases, é que determina a "gramaticalidade" ou a "aceitabilidade" da língua.
Por um lado a nova gramática gerativo-transformacional representou um movimento em oposição ao então predominante estruturalismo, mas por outro lado ambos se opõem radicalmente à rigidez da linguística prescritiva. 
Isto coloca o estudo da gramática, quanto a seu aspecto funcional, no papel de descritiva e não normativa. Levando nosso raciocínio ao extremo, poderíamos dizer que se gramática fosse prescritiva, devêssemos talvez voltar a usar o latim vulgar em vez do português.
O fato é que regras gramaticais são úteis se dinâmicas, se relativas e não absolutas. Devem acompanhar com agilidade as transformações que inexoravelmente ocorrem em todos os idiomas, ao sabor de fenômenos sociais, culturais, econômicos, etc.

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