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Unidade 3 Seção 2 iStock 2018 Direito Penal – LegislaçãoDireito Penal – Legislação Extravagante e Execução PenalExtravagante e Execução Penal Caro aluno, como vai? Na Unidade 2 do nosso ensino, conseguimos abordar três legislações extravagantes que cuidavam respectivamente dos idosos, crianças e da sociedade em geral ao restringir ou proibir posse/porte de armas e munições. Agora, na Unidade 3, teremos a oportunidade para estudar o Código de Trânsito Brasileiro que vem sofrendo sucessivas alterações pelos nossos legisladores. O objetivo do Congresso Nacional é reduzir os altos índices de acidentes em vias públicas. Vamos ver se essa reação legislativa é própria e adequada? 1 2 Unidade 3 Crimes de trânsito Se for beber, não dirija! Joana, médica recém-formada, descobre que foi aprovada na prova da residência em Pediatria em um dos hospitais mais renomados de sua cidade. Muito feliz, resolve sair para comemorar com suas amigas. Três garrafas de espumante depois, Joana se despede e entra em seu carro para ir embora para casa. Como mora a dois quarteirões do bar, acredita não ter problema em conduzir seu próprio veículo, mesmo com os apelos de suas amigas para que deixasse o carro lá e fosse de carona com uma delas. 3 4 Webaula 2 Omitir-se do dever, fugir da obrigação... Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa Clique aqui para saber mais 5 Joana decidiu conduzir o veículo, por considerar que tinha condições psicomotoras. De fato, ela havia respeitado todas as normas de trânsito quando atropelou uma criança que se desgrudou da mãe e correu até o meio da rua. Desesperada com o ocorrido e sabendo que havida ingerido bebida alcoólica (mesmo acreditando estar no pleno gozo de suas capacidades), Joana, temendo ser presa, acaba acelerando seu carro e fugindo do local sem prestar qualquer assistência à criança e sua mãe, que gritava, desesperada, por socorro. A criança conseguiu sobreviver porque outras pessoas a ajudaram. Conduta pode ser crime no trânsito 6 Fugir dos problemas não é a melhor forma para resolvê-los. iStock 20187 8 Webaula 2 Crimes de trânsito: parte II Omissão de socorro Art. 304. Deixar o condutor do veículo, na ocasião do acidente, de prestar imediato socorro à vítima, ou, não podendo fazê-lo diretamente, por justa causa, deixar de solicitar auxílio da autoridade pública: Penas – detenção, de seis meses a um ano, ou multa, se o fato não constituir elemento de crime mais grave. Parágrafo único. Incide nas penas previstas neste artigo o condutor do veículo, ainda que a sua omissão seja suprida por terceiros ou que se trate de vítima com morte instantânea ou com ferimentos leves. 9 Sujeito ativo Clique aqui para saber mais 10 É um dos condutores do acidente que não tenha provocado a morte ou a lesão à vítima, a mesma que carecia de atendimento. Aquele que vier a praticar um crime mais grave e evadir-se do local (homicídio e lesão corporal) responderá por estes crimes com as respectivas majorantes (omissão de socorro). Vale ressaltar que a responsabilidade é imputada independentemente de ter a vítima sido salva por outrem. O condutor que se envolveu no acidente tem o dever de prestar socorro ainda que outra pessoa tome essa iniciativa. iStock 201811 Fuga do local de acidente Clique aqui para saber mais 12 Art. 305. Afastar-se o condutor do veículo do local do acidente, para fugir à responsabilidade penal ou civil que lhe possa ser atribuída: Penas – detenção, de seis meses a um ano, ou multa. Trata-se de crime de menor potencial ofensivo sujeito ao Juizado Especial Criminal. Ocorre quando o condutor provoca acidente de trânsito e evade do local para evitar ser preso ou mesmo para não pagar eventual indenização civil patrimonial. Embriaguez ao volante Art. 306. Conduzir veículo automotor com capacidade psicomotora alterada em razão da influência de álcool ou de outra substância psicoativa que determine dependência: Penas – detenção, de seis meses a três anos, multa e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor. § 1o As condutas previstas no caput serão constatadas por: I – concentração igual ou superior a 6 decigramas de álcool por litro de sangue ou igual ou superior a 0,3 miligrama de álcool por litro de ar alveolar; ou II – sinais que indiquem, na forma disciplinada pelo Contran, alteração da capacidade psicomotora. § 2o A verificação do disposto neste artigo poderá ser obtida mediante teste de alcoolemia ou toxicológico, exame clínico, perícia, vídeo, prova testemunhal ou outros meios de prova em direito admitidos, observado o direito à contraprova. § 3o O Contran disporá sobre a equivalência entre os distintos testes de alcoolemia ou toxicológicos para efeito de caracterização do crime tipificado neste artigo. 13 Embriaguez ao volante Natureza do crime de embriaguez ao volante pode ser de três tipos. Clique nas abas para conhecê-los. Crime de perigo abstrato Crime de perigo concreto Crime de perigo abstrato de perigosidade real Entendimento tanto do STJ quanto do STF. Para configurar o crime, é suficiente apenas que o motorista seja flagrado em estado de embriaguez enquanto conduz o automóvel. Nesse sentido, é desnecessária a comprovação de qualquer atitude perigosa. iStock 201814 O legislador sentiu a necessidade de enrijecer o tratamento penal para a matéria devido aos inúmeros acidentes no Brasil ocorridos após o consumo de substâncias psicoativas, como álcool e drogas ilícitas. Em 2012, o legislador inaugurou a política de tolerância zero contra o hábito de beber (álcool) e dirigir logo em seguida. Diante da pressão social, o legislador alterou os meios para a comprovação do estado de embriaguez. 15 Atenção O legislador alterou o CTB para aferir embriaguez por meio de dois exames técnicos distintos de alcoolemia: concentração igual ou superior a 6 decigramas de álcool por litro de sangue. Neste caso, atesta-se por meio de testes no sangue do condutor; concentração igual ou superior a 0,3 miligrama de álcool por litro de ar alveolar. Já nesta hipótese, o condutor assopra o aparelho medidor de quantidade de álcool presente no organismo pelo ar (etilômetro). 16 Fases da embriaguez Primeira: de acordo com Ricardo Fazzini Bina, o indivíduo embriagado, neste estágio, demonstra certa extroversão, euforia, agitação. Já nesta segunda fase, o agente demonstra irritação, agressividade e raciocínio confuso. Por fim, o sujeito entra numa fase de desequilíbrio e desenvolve uma fala desconexa. O corpo adormece ou entra em estado de coma. 17 Racha Art. 308. Participar, na direção de veículo automotor, em via pública, de corrida, disputa ou competição automobilística ou ainda de exibição ou demonstração de perícia em manobra de veículo automotor, não autorizada pela autoridade competente, gerando situação de risco à incolumidade pública ou privada: Penas – detenção, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos, multa e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor. § 1o Se da prática do crime previsto no caput resultar lesão corporal de natureza grave, e as circunstâncias demonstrarem que o agente não quis o resultado nem assumiu o risco de produzi-lo, a pena privativa de liberdade é de reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, sem prejuízo das outras penas previstas neste artigo. § 2o Se da prática do crime previsto no caput resultar morte, e as circunstâncias demonstrarem que o agente não quis o resultado nem assumiu o risco de produzi-lo, a pena privativa de liberdade é de reclusão de 5 (cinco) a 10 (dez) anos, sem prejuízo das outras penas previstas neste artigo. 18 Racha Após alteração legislativa em 2014 e em 2017, o crime popularmente conhecido como “ racha ” ou “disputa não autorizada” passou a ser tratado como crime de médio potencial ofensivo, inadmitindo-se por conseguinte transação penal. (Disponível em: <https://goo.gl/at5Udn>.Acesso em: 16 fev. 2018). É lítico disputar corrida, desde que tal evento seja autorizado por órgãos do Estado. A ausência dessa permissão, em eventual disputa, caracteriza o crime. Com a nova redação dada em 2017, este dispositivo agora prevê expressamente como criminosa a conduta de realizar manobras de perícia em vias públicas. Exemplo: cavalo de pau. 19 https://goo.gl/at5Udn Atenção! É uma conduta dolosa, isto é, o condutor deve estar ciente quanto à ausência de autorização para a disputa. Além disso, a via deve ser aberta à circulação. Mas não é só. Necessário também que a conduta provoque dano potencial à incolumidade pública ou privada. Segundo Rogério Sanchez, trata-se de crime de perigo concreto de vítima difusa. 20 Agora você deve ler a Seção 3.2 do roteiro de estudos para aprofundar os seus conhecimentos e realizar as questões diagnósticas, disponíveis em seu ambiente virtual, para testar seus conhecimentos antes da aula. iStock 201821 22 Webaula 2 Omitir-se do dever, fugir da obrigação... Resolução da situação- problema Fugir para quê? Após atropelar a pequena pedestre que conseguiu se soltar dos braços de sua mãe, Joana fugiu para não se pega e ter que se submeter ao exame que poderia verificar o consumo ou não de bebida alcoólica. Apesar de não ter configurado nenhum dos crimes de homicídio ou lesão corporal culposa, Joana agora praticou nova conduta sujeita a uma avaliação diversa. Qual crime ela praticou? 23 Não tendo praticado o crime de lesão corporal ou homicídio culposo, tendo em vista que Joana não violou qualquer dever de cuidado objetivo, a condutora deverá ser responsabilizada pelo crime omissão de socorro. Embora a finalidade fosse evadir de responsabilidade penal, não se poderia criminalizar a mesma conduta de duas formas diversas, sob o risco de se aplicar dupla apenação para a mesma conduta. 24 Nesse sentido, os tribunais têm interpretado que, ao se absolver o condutor pelo crime de lesão ou homicídio, aquele que evadir do local do acidente ficará sujeito à pena de omissão de socorro, conforme jurisprudência a seguir: Se o agente, em rodovia, após atropelar ciclista (crime pelo qual foi absolvido) e não sabendo se ele havia falecido ou não, mesmo instado por testemunha para que socorresse aquele, abandona o local e, por isso, vem a ser condenado por omissão de socorro (art. 304 do CTB), não pode o mesmo ato dar causa à condenação pela fuga do local do crime, para evitar a responsabilidade civil ou penal (art. 305 do CTB), por implicar em dupla apenação pela mesma conduta (São Paulo, 2000). Disponível em: <https://goo.gl/r6s3c3>. Acesso em: 16 fev. 2018. 25 https://goo.gl/r6s3c3 Android: https://goo.gl/yAL2Mv iPhone e iPad - IOS: https://goo.gl/OFWqcq Aqui você tem na palma da sua mão a biblioteca digital para sua formação profissional. Estude no celular, tablet ou PC em qualquer hora e lugar sem pagar mais nada por isso. Mais de 450 livros com interatividade, vídeos, animações e jogos para você. Você já conhece o Saber? 0:00 26 https://play.google.com/store/apps/details?id=br.com.kroton.saber https://goo.gl/yAL2Mv https://itunes.apple.com/br/app/saber/id1030414048?mt=8 https://itunes.apple.com/br/app/saber/id1030414048?mt=8 Bons estudos! 27
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