Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Embasamento Teórico De acordo com a resolução do CFP nº 007/2003, a avaliação psicológica é entendida como o processo técnico-científico de coleta de dados, estudos e interpretação de informações a respeito dos fenômenos psicológicos, que são resultantes da relação do indivíduo com a sociedade, utilizando-se, para tanto, de estratégias psicológicas – métodos, técnicas e instrumentos. A cartilha Avaliação Psicológica (2013) do CFP ainda salienta que está área compreende um amplo processo de investigação, no qual se conhece o seu avaliado e sua demanda, com o intuito de programar a tomada de decisão mais apropriada do psicólogo. Ademais, este processo consiste na coleta e interpretação de dados, que serão obtidos através de um conjunto de procedimento confiáveis, o que requer preparo e conhecimento do profissional que irá realizar a avaliação. A avaliação psicológica de um paciente se dá através de quatro etapas, sendo elas: levantamento dos objetivos da avaliação e particularidades do sujeito, coleta de informações através da integração de técnicas e instrumentos, análise de dados e desenvolvimento de hipóteses, e por fim, resultados com indicações das respostas à situação que motivou o processo e encaminhamentos necessários (CFP, 2013). Para tanto, é necessário que o avaliador envolvido no processo seja capaz de orientar suas atitudes para a compreensão do que está sendo avaliado e possuir habilidades para identificar a demanda, escolher instrumentos adequados a ela, e ter domínio sobre eles durante a aplicação – incluindo conhecimento dos manuais, condições de aplicação e correção de dados – de maneira objetiva (Alchieri & Cruz, 2003; Anastasi & Urbina, 2000; Simões, 1999). Um dos principais objetivos para a realização de uma avaliação psicológica é a elaboração de um psicodiagnóstico do paciente. O psicodiagnóstico se diferente dos demais diagnósticos pois pressupõe a utilização de testes e tem como finalidade descrever e compreender a personalidade total do paciente e ser capaz de estimar um prognóstico do caso e a estratégia e/ou abordagem terapêutica mais adequada (Arzeno, 1995). Contudo, o psicodiagnóstico é um processo científico, limitado no tempo, no qual o sujeito deve ser visto como um ser mutável e dinâmico, dentro de um contexto familiar, cultural e social, com uma prática fundamentada em um referencial teórico e técnico, seguindo todas as recomendações do CFP (Cunha, 2003). O instrumento mais do completo e adaptável da avaliação psicológica é a entrevista psicológica (Tavares, 2007). Podem ser utilizadas em caráter inicial na avaliação ou variar de acordo com o objetivo proposto (diagnóstica, psicoterápica, encaminhamento, seleção). As técnicas da entrevista podem ajudar na manifestação das particularidades do sujeito e permitir com que o psicólogo tenha acesso a personalidade do entrevistado, mais do os outros métodos disponíveis, além de se caracterizam como um modo de conversação dirigida com um propósito definido anteriormente, desde que o entrevistador esteja apto e possua as competências necessárias para este fim (Bleger, 2011). O uso de testes, de acordo com a resolução CFP nº 002/2003, são de uso privativo do psicólogo e caracterizam-se como instrumentos de avaliação ou mensuração de características psicológicas. Para que os testes estejam habilitados para uso, é necessário que eles se adequem aos requisitos técnicos e científicos da resolução, bem como aos princípios éticos e de defesa dos direitos humanos. Além disso, devem estar dentro dos parâmetros para atender aos conceitos de validade, precisão, fidedignidade, padronização e normatização, que são utilizados para avaliar a qualidade de um teste psicológico (Pasquali, 2001). O psicólogo deverá levar em conta às diferenças dos testes em relação ao método e ao atributo medido no momento em que for escolher qual instrumentos irá utilizar, de modo que, atenda a demanda do paciente de maneira completa. O processo de avaliação psicológica resultará em documentos psicológicos a serem elaborados pelo psicólogo, de acordo com as normas dispostas na resolução CFP 006/2019. Dentre a modalidade de documentos, está a declaração, o atestado psicológico, relatório (psicológico e/ou multiprofissional), laudo psicológico e parecer psicológicos. Todos devem ser redigidos levando questão princípios técnicos, de linguagem científica e éticos, desde a estrutura dos mesmos, bem como envio e prazo de validade do conteúdo dos documentos. A partir dos pressupostos apontados ao longo do texto, justifica-se o ensino da disciplina de Avaliação Psicológica para alunos do curso de psicologia, visto que, é necessário o conhecimento e domínio das técnicas e instrumentos utilizados ao longo do processo, além de algumas serem de uso exclusivo do psicólogo. Ademais, a avaliação psicológica poderá ser empregada em diversas áreas da psicológica (clínica, organizacional, escolar e educacional) e por diferentes linhas teóricas (teoria cognitivo comportamental, psicanálise, desenvolvimento). A disciplina tem como objetivo capacitar os alunos a realizarem uma avaliação psicológica, sendo capazes de escolheres e aplicarem as técnicas e instrumentos que julgarem necessário, além de estarem aptos a elaborarem os documentos psicológicos ao final do processo. Sua metodologia consiste em aulas expositivas, tarefas práticas, apresentação de vídeos e discussões dirigidas. A disciplina também se encontra ancorada teoricamente nas Diretrizes Curriculares Nacionais para os Cursos de Graduação em Psicologia (Brasil, 2018) que salienta no Art. 9º, item VIII, dentre as competências e habilidades profissionais, que o discente deve ser capaz de "avaliar fenômenos humanos de ordem cognitiva, comportamental, afetiva, perceptiva, comunicacional, cultural e social, em diferentes contextos de sua atuação." (p.6) e no item XV "elaborar registros documentais decorrentes da prestação de serviços psicológicos, tais como pareceres técnicos, laudos, relatórios e evolução em prontuários, de acordo com os preceitos éticos e legais." (p.6). Por fim, a disciplina cumpre com os pressupostos do Art. 19º, que orientam sobre o envolvimento do estudante em atividades como no item VII “aplicação e avaliação de estratégias, técnicas, recursos e instrumentos psicológicos; ” (p.9). REFERÊNCIAS Alchieri, J. C., & Cruz, R. M. (2003). Avaliação psicológica: Conceito, métodos e instrumentos. São Paulo, SP: Casa do Psicólogo. Anastasi, A., & Urbina, S. (2000). Testagem psicológica. (7a.ed.). Porto Alegre: Artes Médicas. Arzeno, M.E.G. (1995). Psicodiagnóstico clínico: novas contribuições. (B. A. Neves, trad.). Porto Alegre: Artes Médicas. (Original publicado em 1993). Bleger, José. (2011). Temas de Psicologia – Entrevistas e Grupos. São Paulo, WMF Martins Fontes. Brasil. Ministério da Saúde. Conselho Nacional de Saúde (2018). Resolução nº 597, de 13 de setembro de 2018. Diário Oficial da União. Disponível em: https://www.in.gov.br/materia/-/ Conselho Federal de Psicologia – CFP (2003). Resolução CFP n° 002/2003. Define e regulamenta o uso, a elaboração e a comercialização de testes psicológicos e revoga a Resolução CFP n° 025/2001. Conselho Federal de Psicologia – CFP (2009). Resolução CFP n° 007/2009. Revoga a Resolução CFP nº 012/2000, e institui normas e procedimentos para a avaliação psicológica no contexto do trânsito. Conselho Federal de Psicologia. (2013b). Cartilha avaliação psicológica. Brasília, DF: Autor. Conselho Federal de Psicologia. (2013a). Relatório do Ano Temático da Avaliação Psicológica 2011/2012. Brasília, DF: Autor. Conselho Federal de Psicologia – CFP (2019). Resolução CFP n° 006/2019. Institui regras para a elaboração de documentos escritos produzidos pela (o) psicóloga (o) no exercício profissional e revoga a ResoluçãoCFP nº 15/1996, a Resolução CFP nº 07/2003 e a Resolução CFP nº 04/2019. Cunha, J. A. (2003). Psicodiagnóstico – V. Porto Alegre: Artes Médicas. Pasquali, L. (2001). A medida e sua prática em Psicologia. Em Conselho Regional de Psicologia (13a. região PB/RN). A diversidade da Avaliação Psicológica: considerações teóricas e práticas. João Pessoa, PB: Ideia.
Compartilhar