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Como já sabemos, Machado de Assis, autor altamente consagrado em nossa literatura, é conhecido por suas histórias recheadas de fatos curiosos e sociais, altamente crítico e irônico, nos presenteia com grandes personagens humanamente verdadeiros em suas essências. Machado sempre deixa para seu público um “gosto” de quero mais, nos fazendo refletir em todos os seus textos, e, com esse conto, não é diferente.
“...Vivia, por assim dizer, dos remanescentes divinos, dos descuidos e obséquios humanos. Nada fixo, nada regular. Por que não teria ele a sua igreja? Uma igreja do Diabo era o meio eficaz de combater as outras religiões, e destruí-las de uma vez.”
O conto machadiano “A igreja do diabo”, uma crítica a sociedade e religiosidade, baseia-se em um velho manuscrito beneditino e nos remete a história do dia em que o diabo, cansado e humilhado com o papel que exercia, sem regras e organização, durante todos os séculos, embora seus lucros fossem extremamente contínuos, resolve fundar uma igreja onde não existiriam regras.
“...-Vá, pois, uma igreja, concluiu ele. Escritura contra Escritura, breviário contra breviário. Terei a minha missa, com vinho e pão à farta, as minhas prédicas, bulas, novenas e todo o demais aparelho eclesiástico. O meu credo será o núcleo universal dos espíritos, a minha igreja uma tenda de Abraão. E depois, enquanto as outras religiões se combatem e se dividem, a minha igreja será única; não acharei diante de mim, nem Maomé, nem Lutero. Há muitos modos de afirmar; há só um de negar tudo..”
Como imaginar uma igreja do diabo, quando entendemos que igreja é uma instituição religiosa e o diabo não possui religião. Entendemos, que ele pode até tentar combater as religiões, porém jamais destruí-las. Segundo ele, sua igreja não possuiria regras, para que seus seguidores pudessem desrespeitar todas as leis, inclusive as divinas. Sua igreja seria única, um núcleo universal, pois seu objetivo era conquistar os adeptos das religiões de todo o mundo. 
Com isso, o diabo resolve ir até Deus para expor suas ideias. E faz comparações entre pessoas de boa índole a mantos de veludo e os bons atos a franjas de seda, e ainda compara o céu como um alto preço a ser pago, fazendo uma alusão às leis da igreja e diz que irá oferecer uma hospedaria barata. 
“Não tarda muito que o céu fique semelhante a uma casa vazia, por causa do preço, que é alto.”
Segundo ele, a prática do bem seria inaceitável. E nesse debate com Deus, ele faz imperar a falsidade, a inveja e o desrespeito. Deus, por priorizar o livre arbítrio, em nenhum momento se opôs a vontade do diabo.
Como crítica a humanidade, trazendo para nossa realidade, o conto mostra que nossas características humanas estão totalmente ligadas ao pecado e muitas das vezes não nos damos conta disso. 
Após, descer a terra, ele não perde nem um minuto e começa a sua obra de construção, ou melhor dizendo, “destruição”, espelhando uma nova doutrina a toda a humanidade e se auto-retratando como verdadeiro e único. Dizendo ser o novo “pai da humanidade”, o diabo, desde então, vem tentando impor como virtudes legítimas, em suas pregações, com bastante ênfase, a inveja, a soberba, a luxúria, a preguiça, a avareza, a ira, enfim, ele estava aplicando grandes golpes nos seres humanos, trocando a noção de todas as coisas, fazendo com que as pessoas amassem o que é perverso e detestassem as coisas sãs.
Por toda a leitura, percebemos que a bíblia é a referência principal do texto, embora a religião não seja o tema central, e sim a humanidade e suas contradições. Fazendo uma analogia aos dias de hoje, percebemos que a humanidade está perdendo o amor ao próximo e com isso se distanciando de Deus.
Ao final desse conto, o diabo volta ao céu e pedi para que Deus revelasse o porquê das pessoas estarem voltando para suas antigas religiões, com isso, podemos perceber a ironia do autor ao descrever o desapontamento do diabo que, depois de obter sucesso absoluto com sua igreja, que estimulava o pecado humano foi gradativamente perdendo forças, e, consequentemente seus seguidores. E, com muita raiva, ouviu de Deus o seguinte:
 “...– Que queres tu, meu pobre Diabo? As capas de algodão têm agora franjas de seda, como as de veludo tiveram franjas de algodão. Que queres tu? É a eterna contradição humana.”
Como já vimos antes, Machado nos mostrou que o diabo tentou fundar sua religião, prometendo as pessoas liberdade para praticarem impiedades, todavia a tendência humana de se contradizer levam seus seguidores a praticarem o bem. 
É visto sua “fome e sede” em enganar as pessoas, em algumas vezes, de forma sutil, em outras, cínica e deslavada. Observamos também, os artifícios que ele utiliza para o sucesso do seu plano de ataque contra a humanidade, mas entendemos que jamais conseguirá, pois mesmo que convivamos com os crimes, as crises, os roubos, as matanças, as guerras, as drogas, as injustiças, a falta de amor, o ódio, a maldade.
O conto nos mostra, de certa forma, com um pouco de ironia, que Deus tem um plano que está acima disso tudo, para aquele que está disposto a se libertar das investidas do diabo.

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