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Produção de Texto (1a. aula)

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PRODUÇÃO TEXTUAL – TEORIA E EXERCÍCIOS
ALGUNS CONCEITOS TEÓRICOS
Qual a fórmula para escrever bem?
O que é necessário para escrever um bom texto, que tenha qualidade e prenda a atenção do nosso leitor? O essencial já temos: nós pensamos. Mas também é necessário que nosso pensamento se desenvolva coerentemente, com clareza, para que possamos comunicar nossas idéias de forma convincente para quem nos lê. Precisamos, portanto, ter algumas orientações básicas de como organizar e estruturar nossas idéias.
LÍNGUA ORAL E LÍNGUA ESCRITA
Língua é um código que possibilita a comunicação. È um sistema de signos, combinações e de sons, de caráter abstrato, utilizado na comunicação verbal. 
Há duas variantes principais da Língua Portuguesa: o português falado e o escrito. A primeira é livre, sem grande preocupação gramatical; a segunda é presa às regras da gramática a ao padrão considerado culto. Uma é criativa e espontânea; outra cuidada, elaborada. 
Na língua falada há o contato ente os falantes, enquanto na escrita o contato entre quem escreve e quem lê é indireto, por isso, ainda que utilizado o mesmo nível de linguagem, ambas as variantes não apresentam as mesmas formas, a mesma gramaticalidade, os mesmos recursos expressivos. 
Na verdade, tanto a língua oral como a escrita apresentam níveis ou registros. A situação, como a condição social, a profissão, o grau de instrução, o ambiente, o momento, a região geográficas e outras circunstâncias que envolvem o processo de comunicação (falado e escrito) interferem na escolha desta ou daquela variante lingüística..
O registro é o modo peculiar da utilização da língua: como selecionamos as palavras e como as arrumamos nas frases. O registro culto é o mais importante num curso jurídico. Ele obedece a todas as orientações da gramática (que estabelece uma norma culta para a língua) e escolhe as palavras legitimadas pela tradição da língua (evitam-se, assim, coloquialismos, gírias etc.). O registro coloquial é próximo ao de nossa língua falada informalmente: não se caracteriza pela correção gramatical nem faz uso único das palavras cultas.
Tanto o registro coloquial como o culto são legítimos. O ambiente é que os determina. Num bar, conversando com amigos, será estranho o registro culto; já numa audiência com um juiz ou numa petição, será o registro culto, obrigatoriamente, que marcará a voz do emissor. Abaixo, exemplos de conversão de registro coloquial para culto:
	Registro coloquial
	Registro culto
	Eu vi ela ontem.
	Eu a vi ontem.
	Isso é muito bom pra gente.
	Isso é muito bom para nós.
	O trabalho era uma parada sinistra.
	O trabalho era dificílimo.
	Cê tira o negocinho da torneira e conserta ela.
	Tire a carrapeta da torneira e conserte-a.
	Todo mundo sabe esse negócio.
	Todos têm conhecimento dessa questão.
	Se retire daqui.
	Retire-se daqui.
	O cara veio pra cima de mim berrando.
	O homem interpelou-me aos gritos.
	Falta cinco minutos pra acabar a aula.
	Faltam cinco minutos para acabar a aula.
	O diretor pediu pra mim vim aqui.
	O diretor pediu para eu vir aqui.
TEXTUALIDADE
Textualidade é o que faz de uma seqüência lingüística um texto e não um amontoado aleatório de frases ou palavras. A seqüência é percebida como um texto quando aquele que a recebe é capaz de percebê-la como uma unidade significativa global.
O que garante a textualidade de uma seqüência? Vários fatores concorrem para que um texto tenha textualidade.
Principais Fatores da textualidade
Coesão – É a conexão interna entre os vários enunciados presentes em um texto. Diz-se, pois, que um texto tem coesão quando seus vários enunciados estão organicamente articulados entre si, quando há concatenação entre eles. 
Ex.: Não gosto de Vavá, pois ele é um homem maldoso. Minha irmã também não gosta dele. 
 Repare que o pronome ele é usado para fazer referência ao termo Vavá, que também está representado pelo pronome dele. Também a correta concordância verbal e nominal e a correta pontuação ajudam a boa concatenação das partes. 
Coerência – Um texto coerente é um conjunto harmônico, em que todas as partes se encaixam de maneira complementar, de modo que não haja nada destoante, nada ilógico, nada contraditório, nada desconexo. A coerência deve ser entendida como unidade do texto.
Ex.: Maria está na cozinha. A cozinha tem paredes com azulejos. Os azulejos são brancos. Também o leite é branco. Repare que há traços de coesão ( repetição de termos), mas o trecho não é coerente.
Situacionalidade – Diz respeito à relevância e pertinência de um texto a situação em que ele é empregado.
Intencionalidade – Diz respeito à possibilidade de um texto atender ao propósito para o qual o seu produtor o criou.
TIPOS DE TEXTO
Basicamente o texto pode ter os seguintes tipos predominantes:
narrativo – Caracteriza-se pelo seqüenciamento de fatos ao longo do tempo. Trata-se de contar uma história. Os elementos do texto narrativo tradicional são:
narrador – quem conta a história; pode dela participar (narrador em primeira pessoa) ou não (narrador em terceira pessoa);
personagem – quem participa da história;
lugar – onde se passa a história;
tempo – quando se passa a história;
enredo – a seqüência encadeada e articulada dos fatos;
descritivo – Caracteriza-se pela enumeração de características de um ser, de um ambiente; é estático;
dissertativo – Caracteriza-se pela discussão, reflexão, análise de quaisquer temas. Pode ser:
expositivo – quando não emite opinião própria fundamentada, podendo colocar em foco outras opiniões, sem tomar partido de nenhuma delas;
argumentativo – quando se propõe a defender uma tese, uma opinião, com bases sólidas para tal, os argumentos. 
Vejamos exemplos de trechos narrativo, descritivo e dissertativo:
Narrativo: Às quatro horas da tarde de 20 de maio de 1999, um Passat perdeu a direção numa das curvas da estrada Grajaú-Jacarepaguá; um ônibus da linha 268, que subia, na direção oposta, freou, mas não conseguiu evitar o choque lateral. Imediatamente os dois motoristas saíram de seus veículos e socorreram o passageiro do carro, que apresentava uma fratura no braço. Uma ambulância chegou vinte minutos depois, levando o ferido. Dois policiais já estavam no local e registraram a ocorrência. O trânsito ficou interrompido por trinta minutos.
Comentário: note que o texto se pauta pela seqüência de ações, pelo dinamismo: a perda de direção do carro, a batida do ônibus, o socorro ao passageiro, a chegada dos policiais e da ambulância; há um tempo determinado – a ação transcorre das 4 até aproximadamente 4 e meia da tarde de 20 de maio de 1999 –, bem como um local – a estrada Grajaú-Jacarepaguá, além dos personagens: motoristas, passageiros, policiais.
Descritivo: O Passat ocupava o meio da pista da estrada, colidido do lado do passageiro, com um ônibus da linha 268. O passageiro do carro, com um braço quebrado, aguardava socorro, sentado na pista, apoiando as costas no veículo. Dois policiais interrogavam os motoristas, lavrando um boletim de ocorrência.
Comentário: note que o texto se pauta pelo congelamento da cena, pela estática: há preocupação com a recolha de pormenores da colisão e o posicionamento das pessoas.
Dissertativo: Foi o excesso de velocidade, em uma pista molhada, que motivou o acidente. O Passat tinha os pneus carecas e foi o responsável pela colisão. Não se pode culpar o motorista do ônibus por imperícia, já que ele não tinha visão ampla da curva. As marcas de pneu no asfalto provam a tentativa de frenagem. Ao motorista do Passat, portanto, cabe a responsabilidade pelo ressarcimento dos danos materiais e dos custos do atendimento médico ao passageiro.
Comentário: note a preocupação em analisar o fato e refletir sobre ele. Nesse caso, há argumentos, ou seja, quem escreve diz O QUE entende sobre o assunto e POR QUE assim o faz, caracterizando, assim, o texto dissertativo-argumentativo.
É importante ressaltar que dificilmente encontraremos um texto puramente narrativo, descritivo ou dissertativo. Poderemos dizer que,predominantemente, um texto é de um determinado tipo.
ELEMENTOS DA ARGUMENTAÇÃO
TEMA - o assunto geral a ser tratado. Exemplo: Direito penal (uso de tóxicos).
Problema - o questionamento específico do tema. A maconha deve ser liberada para consumo?
HIPÓTESES - as possíveis soluções para o problema: 
a) A maconha deve ser descriminada.
b) A maconha deve ser usada somente para fins medicinais.
c) A maconha não deve ser descriminada.
tese - a escolha de uma hipótese para defesa.
ARGUMENTAÇÃO - exposição de motivos, fundamentação da tese
a) argumentos pró-tese;
b) argumentos em oposição à tese (concessões)
Exemplos:
Tese: descriminação da maconha;
Argumento pró-tese: seria um golpe de morte no tráfico organizado;
Argumento em oposição à tese (concessão): o uso da maconha não é bom para a saúde;.
Tese: uso medicinal da maconha;
Argumento pró-tese: é provado cientificamente que a maconha alivia dores no câncer;
Argumento em oposição à tese (concessão): há remédios mais eficazes do que a maconha, que, sendo liberada para fins medicinais, poderá gerar um passo para sua descriminação total;
Tese: não-descriminação da maconha;
Argumento pró-tese: a maconha é a porta de entrada para vícios ainda mais perigosos;
Argumento em oposição à tese (concessão): a não-proibição diminuiria a ansiedade de alguns jovens que buscam experiências perigosas. 
A argumentação deve apoiar-se em:
provas - devem ser buscados em fatos os indícios da admissibilidade de sua tese. Ex.: Ao se posicionar a favor da descriminação da maconha, pode-se lançar mão das informações que a indicam como droga tão ou menos perigosa que o álcool e o fumo comum;
autoridade - devem-se buscar citações de especialistas no assunto, que compartilhem a opinião defendida. Por exemplo, pode-se citar Fernando Gabeira como conhecedor do assunto, alguém que já viveu no exterior e sabe que a descriminação da maconha seria menos maléfica à sociedade.
Inocente ilegalidade
Nenhuma decisão a que se chegue sobre a descriminação da maconha contentará a todos os brasileiros, nem tampouco resolverá completamente os males causados por essa e outras substâncias entorpecentes. Não há ilusões quanto a isso. É preciso, portanto, simplesmente analisar se a legalização da cannabis minoraria ou não os prejuízos sociais que ora presenciamos, oriundos do consumo de drogas.
Pesquisas científicas recentes demonstram que o nível de THC, o princípio ativo da maconha, nos anos 60 perto de 1%, hoje chega aos 20%, devido a cruzamento de espécies. Com tudo isso, a droga ainda não é capaz de matar por overdose ou causar dependência, embora sua abstinência leve à depressão, ansiedade e outros sintomas clássicos de tal situação. Aparentemente inofensiva, a Cannabis sativa contém cerca de sessenta substâncias, além do THC, que atingem o cérebro em menos de dez segundos, o que pode gerar, no uso freqüente, prejuízos à memória, aos sentidos e aos movimentos. Há hipóteses sérias, ainda, relacionadas ao risco de câncer.
Como se vê, ao se postular a liberação da maconha não se podem deixar de considerar os males óbvios que qualquer entorpecente acarreta. No entanto, voltando nossos olhos não mais para os frios números e dados das ciências médicas, devemos avaliar a erva no contexto das outras drogas já liberadas e no impacto que acarretaria sua descriminação no tráfico organizado, hoje o mais poderoso agressor das autoridades constituídas.
Assim, se compararmos a maconha com o cigarro comum e o álcool, de larga utilização na sociedade, não teríamos argumentos para rebater as cansativas estatísticas que nos mostram o imenso prejuízo individual e social que essas “drogas sociais” causam, semelhantes ou piores que os relacionados à Cannabis. Embora ninguém em sã consciência defenda a utilização de algo prejudicial à integridade física e mental, a pergunta que avulta neste momento é a seguinte: por que o usuário de maconha é tratado como criminoso - e às vezes até como traficante - enquanto o fumante comum e o apreciador de álcool são tolerados? Essa hipocrisia social respalda apenas o tráfico de drogas, que manipula enormes quantidades de dinheiro com algo que poderia ter o controle de seu uso em melhores mãos. Qualquer sociedade séria conhece os limites do vício, sendo uma questão de saúde pública combater o uso de drogas e tratar o doente com humanidade. A simples proibição nada mais faz do que aguçar ‘a curiosidade dos jovens menos informados, que buscam sensações diferentes para se alienarem do mundo, não sabendo por que perigosos caminhos estão entrando.
Somente tais argumentos, portanto, bastariam para que liberássemos e controlássemos o uso da maconha - há outros, como a utilização terapêutica da droga, por exemplo. Na atual situação, estaremos apenas condenando o viciado e beneficiando o criminoso, num ingênuo moralismo legal e numa não menos ingênua sensação de combate à droga por colocá-la na ilegalidade.
Comentários: No primeiro parágrafo, o autor se coloca na defensiva, pois sabe que vai tratar de um assunto polêmico, que jamais terá posição unânime da sociedade. Fingindo-se neutro, quer analisar “friamente” os dados sobre a maconha, a fim de tomar uma posição pró ou contra sua descriminação.
No segundo parágrafo, o autor não quer mostrar-se ignorante no assunto: sabendo que aqueles que propugnam pela proibição da droga, desfia uma série de efeitos prejudiciais da maconha. Trata-se de um processo inicial de contra-argumentação (uma concessão à sua tese de descriminação), que ficará explícita no terceiro parágrafo, quando afirma que é impossível creditá-la como algo benéfico à saúde.
Mas já no terceiro parágrafo, o autor sai da defesa contra-argumentativa e começa propriamente a sua argumentação pró-descriminação: para ele, não podemos ficar presos somente à idéia dos males físicos, mas, sim, lançar um olhar amplo para a sociedade de hoje e observar qual o papel da maconha na imensa rede social brasileira. Deixa clara aí também o que virá a ser sua argumentação principal: o impacto sobre o crime organizado, hoje o mais poderoso agressor das autoridades constituídas. Assim, o autor lança a idéia de que, em vez de o Estado coibir o uso da maconha, deveria controlá-lo em níveis aceitáveis.
No quarto parágrafo, há um alerta sobre os males das “drogas sociais”, não proibidas pelo Estado. O autor considera hipocrisia tratar o maconheiro como um agressor da lei e o bêbado como um doente. Para ele, ambos são doentes e não deveriam ser discriminados, mas tratados de igual forma, sempre tendo em vista o bem maior da sociedade. Essa hipocrisia é que “respalda o tráfico organizado”, inocentemente, querendo o bem para os jovens, que, no entanto, têm sua curiosidade aguçada pelo que é proibido.
No quinto e último parágrafo, a tese já está perfeitamente delineada e explícita: a maconha deve ser descriminada. São as frases mais contundentes do texto, pois a conclusão da argumentação tem que ser impactante. Por isso a linguagem mais pesada, por isso o apelo à palavra “ingenuidade”. Assim, sem se colocar a favor do uso da droga, o autor, “friamente”, posta-se a favor de sua liberação, já que considera a proibição um estímulo ao vício.
Vale lembrar que você pode começarum texto argumentativo de diversas maneiras. Importante é que esse início seja, além de coerente e coeso, seja o melhor caminho para defender a sua tese. Se você não entende nada das questões médicas que envolvem o uso de drogas, por que iniciar com esse enfoque? Mas, se na semana passada, você leu um artigo sobre a disseminação das drogas entre os adolescentes, esse pode ser um bom mote para a sua introdução. Enfim, use a sua experiência de vida, sua própria maneira de escrever, de abordar o fato, para melhor se expressar. Um dos modos abaixo pode facilitar o início de sua argumentação, o que não quer dizer que você deve usar sempre a mesma forma, ou que não possa inventar algo original:
Por declaração. A questão de se descriminar a maconha no país está sendo alvo de grandes discussões ,devidoà propaganda que alguns setores da sociedade fazem pela sua liberação.
Por alusão histórica: O uso de drogas como a maconha vem há muito sendo fonte de reflexão. Cabe agora à sociedade brasileira analisar o seu momento e decidir pela descriminação dessa droga.
Por interrogação: A maconha deve ser descriminada? Eis uma questão complexa, que merece a mais profunda reflexão para ser respondida com êxito para a sociedade.
Por omissão de dados identificadores. Muitos cidadãos, hoje, devido à liberalidade crescente dos costumes, sustentam que o homem deve ter livre-arbítrio para optar por usar ou não de drogas entorpecentes. O Direito precisaria atualizar-se, acompanhando os movimentos sociais, a fim de dar sustentação a essa escolha.
Por explicitação inicial da tese - A maconha não pode ser liberada. Os argumentos a seguir demonstrarão cabalmente essa tese. Senão vejamos.

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