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CÂNCER DE COLO DE ÚTERO SANARFLIX + FEBRASGO LOUISE CANDIOTTO 1 INTRODUÇÃO É a 3° neoplasia maligna mais comum em mulheres no Brasil. (INCA 2020). É o 4° câncer mais comum em mulheres no mundo. É muito diagnosticado em países subdesenvolvidos (83/85%), sendo registrada alta mortalidade nesses países (cerca de 87%). A idade média do diagnóstico é de 40-59 anos Acomete mulheres jovens. Possui tempo de evolução lento e pode ser facilmente diagnosticado. FISIOPATOLOGIA O processo de desenvolvimento do câncer de colo de útero começa nas células da junção escamo-colunar. Podendo envolver células do epitélio escamoso, glandular ou ambos. COMO ISSO OCORRE? O epitélio vai ser infectado pelo vírus do HPV Surgem os coilócitos (as células brancas da imagem) Achado sugestivo de infecção HPV Após alguns meses pode-se evoluir para a NIC 1 (neoplasia intraepitelial cervical escamosa do tipo 1) Estágio bem inicial Indica infecção ativa pelo HPV Lesão precursora Não é câncer ainda Já fica atento Em geral, não precisa de tratamento É uma lesão de baixo grau com índice muito alto de regressão espontânea Com os passar dos anos/décadas essas lesões irão evoluir para o NIC 2 e NIC 3 que já são lesões de maior grau e precursoras de câncer Evolução lenta NIC 2 Lesão de alto grau Remissão espontânea em cerca de 40% dos casos NIC 3 Maiores probabilidades de evolução para câncer Lesões sempre tratadas Uma vez que essas células alteradas ultrapassam a camada basal têm-se o carcinoma Câncer de colo de útero A maioria leva décadas 20 anos ou mais Ao invadir o estroma, o carcinoma se manifesta como úlcera, lesão exofílica ou infiltração profunda em tecidos adjacentes LOUISE CANDIOTTO 2 INFECÇÃO PERSITENTE PELO HPV (PAPILOMAVÍRUS HUMANO) É o principal fator de risco para o carcinoma de colo de útero. A maior prevalência é observada em mulheres com idade inferior a 25 anos. A maioria das infecções por HPV (70-90%) não causará nenhum sintoma e regredirá espontaneamente em 18-24 meses. Porém, as infecções persistentes de HPV, poderão causar lesões precursoras de câncer, não só do colo de útero, mas também de vulva, vagina, pênis e ânus. O HPV é uma “causa necessária” 99% dos ca de colo de útero estarão associados a infecção persistente pelo HPV. 15 tipos de HPV Possuem maior risco de gerar o câncer: HPV 16 e 18 71% dos casos HPV 31, 33, 45, 52 e 58 19% dos casos 1/10 das infecções por HPV é persistente. Fatores de risco de contração do HPV: Associados à exposição sexual Não uso de preservativo Múltiplos parceiros PREVENÇÃO PREVENÇÃO PRIMÁRIA VACINA CONTRA HPV: Ideal vacinar antes do início da atividade sexual Previne contra o HPV 16 e 18 Também previne contra o 6 e 11 Responsáveis por 90% das verrugas genitais Aplicada em meninos e meninas 2 doses entre 9-15 anos 3 doses >15 anos 0-2-6 meses Ministério da saúde: Meninas de 9-14 Meninos de 11-14 2 doses com intervalo de 6 meses Nos portadores de HIV 9-26 anos Vacina também transplantados e oncológicos Imunossupressão OBS: É importante lembrar que a vacinação não substitui o rastreamento e a prevenção do câncer de colo de útero e ainda depende da cobertura dos programas de controle. OBS2: Cerca de 80% das mulheres em algum momento terá uma infecção por HPV de alto risco, na maioria das vezes o sistema imune combate o vírus. PREVENÇÃO SECUNDÁRIA DETECÇÃO PRECOCE E TRATAMENTO DAS LESÕES PRECURSORAS: Essas lesões precursoras geralmente assintomáticas, são detectadas por rastreamento por colpocitologia isolada ou em protocolos que associem detecção do HPV e colpocitologia Screening: Citologia oncótica (Papanicolau): O exame citopatológico é o mais utilizado Colhe as células do útero e analisa se não há nenhuma lesão que indique as precursoras: Lesão intraepitelial de alto grau (NIC II e NIC III) Vai vir sugestivo disso, mas a classificação em sí é da biópsia Adenocarcinoma in situ (AIS) Quando as alterações nesse exame forem sugestivas de HPV e lesões de baixo grau, a coleta pode ser repetida em alguns meses ou pode-se fazer a triagem de mulheres com maiores riscos Colposcopia: Indicada em lesões maiores Determinará o local e a extensão da biópsia Aí faz a avaliação histológica FATOR DE RISCO SÃO ELES: Exposição ao HPV Tabagismo Alta paridade Imunossupressão Idade precoce de início de atividade sexual OBS: A exposição intraútero de dietilestilbestrol (DES) é um fator de risco para adenocarcinoma de colo e vagina, não associado ao HPV. HISTOLOGIA PRINCIPAIS TIPOS: Carcinoma de células escamosas 80-90% Mais presente na ectocévice Adenocarcinoma 10-20% Está mais presente na endocévice Forma mais agressiva Diagnosticado mais tardiamente LOUISE CANDIOTTO 3 VARIANTES HISTOLÓGICAS DO CARCINOMA EPIDERMOIDE CERVICAL: Basaloide Verrucoso Papilífero Linfoepitelioma-símile QUADRO CLÍNICO E DIAGNÓSTICO O diagnóstico do câncer de colo de útero é realizado pela história e pelo exame físico. A mulher só irá apresentar sintomas nos estágios avançados da doença. SINAIS E SINTOMAS: Sangramento Devido a uma lesão do colo do útero Fora do período menstrual Sinurragia Pode ser pós relação sexual Atrito Secreção com odor fétido A tumoração já pode apresentar sinais de necrose ou infecção secundária Sinais de compressão Venosa Linfática Neural Ureteral Dor pélvica Dispareunia OS SEGUINTES TESTES PODEM SER UTILIZADOS: Exame pélvico e história clínica: Exame da vagina, colo do útero, útero, ovário e reto através de avaliação com espéculo, Papanicolau, toque vaginal e toque retal Toque vaginal Avalia o volume do colo uterino, fundos de saco e paredes vaginais Toque retal Avaliar as mucosas, o esfíncter anal e os paramétrios Exame Preventivo (Papanicolau) Colposcopia Exame que permite visualizar a vagina e o colo de útero com um aparelho chamado colposcópio, capaz de detectar lesões anormais nessas regiões Biópsia Se células anormais são detectadas no exame preventivo (Papanicolau), é necessário realizar uma biópsia, com a retirada de pequena amostra de tecido para análise no microscópio Colposcopia mostrando (A) lesão exofítica em colo do útero e (B) epitélio acetobranco grosseiro, com mosaico e lesão exofítica sugestiva de carcinoma invasor após uso de ácido acético a 5%. DISSEMINAÇÃO CONTIGUIDADE: Principal Por órgãos adjacentes Pode ir para: Parametrios Lateral Vagina Inferior Útero Superior Bexiga e reto Anterior e posterior LINFÁTICA: Acometendo linfonodos regionais Obturatórios Ilíacos HEMATOGÊNICA: Corrente sanguínea Metástases a distância Principais focos de metástases: Pulmões Fígado Ossos ESTADIAMENTO – FIGO 2018 O estadiamento clínico não é mais utilizado Há métodos melhores. Utiliza-se os exames de imagem e o exame anatomopatológico (biópsia). É o principal fator de prognóstico em mulheres com câncer de colo de útero. LOUISE CANDIOTTO 4 EXAMES POR IMAGEM: Ultrassonografia (US) Tomografia computadorizada (TC) Ressonância magnética (RM) Método de escolha Melhor resolução na avaliação de partes moles Positron emission tomography (PET) associada à TC (PET-CT) OBS: Como cerca de 80% dos carcinomas de colo do útero ocorrem em países em desenvolvimento, que não têm TC, RM ou PET-CET disponíveis para a maioria das mulheres, a FIGO restringiu a propedêutica para exame clínico e radiografia contrastadoscomo urografia excretora e enema baritado. ESTÁGIO I: RESTRITO AO COLO DO ÚTERO Os achados podem ser complementados com imagem ou patologia. IA: Até 5 mm Estágio de microinvasaão Produto de CAF ou cone Extensão horizontal não é mais considerada Não é visível clinicamente Envolvimento vascular ou linfático não muda o estadiamento. Extensão lateral não é mais considerada. IB: Passa de 5 mm Margens do cone comprometida IB1 Se a lesão for visível clinicamente Automaticamente ela é IB Faz o punch Pequena biópsia CAF/ cone podem ser necessários Definir diagnóstico ESTÁGIO II : SAIU DO ÚTERO AS NÃO ALCANÇA 1/3 INFERIOR DA VAGINA E NEM A PAREDE PÉLVICA ESTÁGIO III : ATINGE 1/3 INFERIOR DA VAGINA OU PAREDE PÉLVICA/ HIDRONEFROSE/ LINFONODOS Colocar R (radiologia) ou P (patologia) para indicar os achados para classificar o IIIC. ESTÁGIO IV: BEXIGA OU RETO/ METÁSTASE FORA DA PELVE TRATAMENTO De acordo com o estadiamento. IA1 Prole constituída ou mulheres menopausadas Histerectomia simples (qualquer via). Desejo reprodutivo Conização a frio: Conização do colo de útero é um procedimento cirúrgico que tira um pedaço em forma de cone do tecido uterino As margens do cone devem estar livres de qualquer grau de neoplasia, invasiva ou intraepitelial LOUISE CANDIOTTO 5 OBS: Se houver invasão do espaço linfovascular Histerectomia radical modificada + linfadenectomia. IA2 Histerectomia radical modificada. Se menor que 2 cm: Traqueletomia radical Retirada do colo + paramétrios Avalia os linfonodos Faz uma congelação Se positivos Linfadenectomia Nas mulheres com carcinoma IA2, a ooforectomia é opcional e deve ser reservada para mulheres na menopausa. Em mulheres com prole não definida, a traquelectomia com remoção do tecido parametrial lateral, linfadenectomia pélvica e preservação do corpo uterino e anexos é um procedimento aceitável. IB1 Baixo risco se: Tamanho <2cm Invasão estromal <50% Ausência de linfonodos acometidos em exame de imagem Histerectomia radical tipo C. Histerectomia radical modificada pode ser considerada. Linfadenectomia. Se menor que 2 cm: Traqueletomia radical Retirada do colo + paramétrios Avalia os linfonodos Faz uma congelação Se positivos Linfadenectomia IB2 E I IA1 Cirurgia ou radioterapia Resultados semelhantes. CIRURGIA: Histerectomia radical tipo C Vantagens: Estadiamento preciso Avaliação histológica da peça Trata tumores resistentes a radioterapia Preserva a função ovariana IB3 E I IA2 Tumores maiores (> ou = 4 cm) Maior risco de recorrência. Evita a cirúrgica + RT/QT Alta morbidade. Escolha Quimioterapia concomitante Radioterapia externa + braquiterapia Lugares sem RT disponível QT neoadjuvante + cirurgia. I IB, I I I E IVA Quimiorradiação. QT: Combinada com cisplatina, carboplatina ou cisplatina mais fluorouracilo RT: Externa + braquiterapia IVA OU RECIDIVA IV4 sem doença fora da pelve ou recidiva Considerar exenteração pélvica. Prognóstico ruim. IVB Doença não é mais curável. Avaliar QT e/ou RT para atrasar crescimento do tumor/ aliviar sintomas. SEGUIMENTO Exame físico + Citologia + Colposcopia: 3/3 meses no primeiro ano 6/6 meses no segundo ano Semestral por mais 3 anos Anual após 5 anos SOBREVIDA Estágio da FIGO Sobrevida após 5° ano Estágio I 81-96% Estágio II 65-87% Estágio III 35-50% Estágio IVA 15-20%
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