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Centro Universitário Curitiba Ecologia Urbana e Sustentabilidade Sandra Rodrigues Montanari Resenha Documentário “Comprar, Jogar Fora, Comprar, História Secreta da Obsolescência Programada” O documentário retrata de que maneira chegamos a Obsolescência Programada e como a indústria se modificou com o tempo, sempre visando o lucro, ignorando os problemas ambientais causados pelo consumismo desenfreado. A história inicia com Marcos, quando sua impressora para de funcionar e não se sabe o motivo. Após visitas a assistências técnicas, onde todas disseram que o melhor a se fazer era comprar uma nova, Marcos decide consertar por conta própria. Após inúmeras pesquisas ele encontra um Software capaz de zerar a contagem de um chip, presente na impressora, que realiza contagens e a faz parar de funcionar após certa quantidade de cópias. O problema é solucionado, provando que o equipamento ainda estava em perfeito estado, mas os fabricantes limitaram seu uso, visando lucrar. Apesar do documentário ser de 2010, 11 anos depois ainda passamos pelo mesmo problema, muitas indústrias continuam diminuindo a vida útil de seus produtos propositalmente. Podemos dizer que o início da Obsolescência ocorreu em 1924, com o Cartel Phoebos, formado para diminuir a vida útil das lâmpadas para 1000 horas, que antes costumavam durar 2.500 horas. Na época, empresas que não aderissem as normas eram duramente multadas. Em 1940, com a invenção do Nylon, usado para fabricação de meias femininas duráveis, que não desfiavam ou rasgavam, os fabricantes também alteraram a qualidade do produto. Uma herança que permanece até hoje, pois as atuais meias possuem baixa qualidade, sendo sua troca necessária muitas vezes já no segundo uso. Em contrapartida, na Alemanha Oriental os produtos eram feitos para durar, geladeiras e máquinas de lavar roupa, por exemplo, eram projetados para possuir vida útil de 25 anos. Porém, com a queda do Muro de Berlim muitas fábricas não resistiram aos modelos impostos e tiveram que fechar. Contraste percebido até hoje, visto que o modelo socioeconômico Comunista não busca o consumismo excessivo e diferença de classes. Já o modelo socioeconômico Capitalista precisa do consumo desenfreado para crescer e sobreviver, além da diferença de classes sociais e renda. Durante a recessão econômica dos Estados Unidos, em 1929, Bernard London sugeriu que a Obsolescência deveria ser obrigatória, como uma forma de gerar empregos e movimentar a economia. O método não obteve sucesso, porém, alguns anos depois a Obsolescência Programada voltou de uma forma diferente, além de imposta, ela buscava “chamar” o consumidor, sempre renovando o design e tecnologia dos produtos, fazendo com que as pessoas nunca estivessem satisfeitas com o que tinham, despertando o desejo de compra em todos. Sendo assim, entramos em um nicho ainda mais difícil de ser revertido, pois agora os consumidores sentem à vontade e necessidade de comprar, não pensando o porquê ou se realmente precisam. Durante o documentário, a empresa Apple é denunciada pelo fato de a bateria do Ipod durar apenas 18 meses. Uma advogada processa a empresa e com isso representa todos os consumidores que passaram pelo mesmo problema. A investigação conclui que a bateria desde o início foi projetada para pouca durabilidade, atitude que demostra a hipocrisia da Apple, pois a organização é considerada: jovem, moderna e preocupada com o meio ambiente, porém suas ações e estratégias demostram o contrário. Todo o consumo sem consciência possui consequências, uma delas é o despejo de resíduos em Gana, na África. Navios de várias partes do mundo chegam ao país e descarregam toneladas eletrônicos estragados – incluindo produtos da Apple -, moradores da região tentam consertá-los, mas muitas vezes não obtém êxito e então queimam os materiais para vender os metais presentes, causando problemas respiratórios nas pessoas envolvidas com a atividade, além de poluição ambiental. Podemos dizer que o documentário além de informativo e crítico, é uma denúncia do sistema que vivemos. Estamos inseridos em uma realidade onde a compra e consumo são naturais, não questionamos para onde os resíduos vão após o descarte, ou os problemas ambientais causados ainda na confecção dos produtos. Se quisermos garantir os recursos naturais para as próximas gerações e um planeta minimamente habitável, devemos rever o sistema e a cultura da compra, incentivar empresas realmente preocupadas com o futuro, e cobrar mudanças daquelas que ainda insistem em persistir no erro.
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