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* * Modelos tecnoassistenciais os desafios para o SUS de qualidade Carla Pontes de Albuquerque Professora Adjunta UNIRIO carlapalbuquerque@terra.com.br * * Construindo sentidos para nossa problematização sobre: Modelo Tecnicoassistencial As lutas pela transformação do sistema de saúde brasileiro nas décadas de 70 e 80 instituíram os princípios do SUS. Transcorridas 2 décadas da promulgação da constituição e das leis que regulamentaram o SUS, a reforma sanitária não foi plenamente constituída Os modelos tecnicoassistenciais operantes no Sistema de Saúde brasileiro são modelos que cuidam? * * Algumas questões para esta reflexão: a definição de Modelo Tecnicoassistencial Modelo de cuidado da saúde é do âmbito exclusivo do setor saúde? Se refere somente às ações de consulta individual e hospitalização? A forma de assistência é de fórum íntimo de cada profissional de saúde? Não cabe aos profissionais de saúde e muito menos aos usuários dos serviços de saúde esta preocupação já que para isto existem os gestores da saúde. * * Algumas definições na literatura Forma como os serviços públicos, ou privados, e o Estado se organizam para a produção e distribuição das ações de saúde, num determinado contexto social, no qual determinações de diferentes ordens - sociais, políticas, econômicas, técnicas, culturais - subjetivas - se fazem presentes, num jogo constante de forças e que encaminham à construção de determinada prática social, sendo, nesse caso a prática de saúde. (CAMPOS, 1994) * * Combinações tecnológicas estruturadas para o enfrentamento de problemas de saúde individuais e coletivos em determinados espaço-populações, incluindo ações sobre o meio ambiente, grupos populacionais, equipamentos comunitários e usuários de serviços de saúde (definição citada pelo Prof Azar) * * Algumas questões apontadas nestas definições Não é do âmbito exclusivo do setor saúde a organização da assistência à saúde da população. Não se refere apenas às práticas individualizadas e hospitalares Envelhecimento populacional e transiçao epidemiológica incompleta (apesar da mortalidade por tuberculose ainda ser alta no país, há uma prevalência alta de doenças cardiovasculares e pessoas com sequelas por agravos/ causas externas) => grande parte das afecções não têm cura e necessitam de cuidado constante A prática assistencial em saúde está relacionada aos contextos mais ampliados da vida (econômico, cultural, político, social, dentre outros) O gestor do processo assistencial não é só o diretor do serviço (hospital, unidade básica, policlínica, ...) ou da instância governamental (Ministro da Saúde, Secretários Estaduais e Municipais...). Inclui também os profissionais e os usuários. * * O Modelo Tecnicoassistencial Hegemônico: Pronto Atendimento Assistência à demanda espontânea Sem contextualização Pouco resolutivo, paliativo Não é longitudinal (não acompanha), sem vínculo Em geral centrado no procedimento médico Medicalizador Sem Planejamento e Avaliação Presente nas diversas práticas ambulatoriais tanto no público como no privado * * Ações Programáticas em Saúde Tem como referência indicadores epidemiológicos. Permite diagnosticar problemas, articular recursos para intervenção efetiva e avaliar a ação prestada visando qualificação. Superação da dicotomia Prevenção/Assistência: romper com práticas isoladas campanhistas e higienistas. Todo Programa de Saúde deve integrar prevenção primária, secundária e terciária: Assistência Integral (promoção da saúde, integralidade e intersetoralidade) Mais próximo do que é preconizado na legislação do SUS, mas deve-se ter atenção ao risco de definições centralizadoras e verticais * * Modelos Tecnoassistenciais nas perspectivas do cuidado e da integralidade Saúde como direito; políticas equânimes e inclusivas; diversidades culturais; participação e controle social, educação permanente Desmecanização do processo de trabalho na saúde. Todo o trabalhador de saúde é um gestor de seu processo de trabalho Defesa da Vida: clínica ampliada => para além da exclusividade da racionalidade biomédica Descentralização / responsabilidade sanitária: sistemas locais de saúde, distrito sanitários, áreas programáticas, territórios (não só da perspectiva espacial, mas histórica, cultural, ...) Superar o modelo médico assistencial privatista, que é hospitalocêntrico e objetificante. Vigilância à Saúde (ambiental, sanitária e epidemiológica) Linhas de Cuidado e Projeto Terapêutico: decisões compartilhadas * * Tecnologia na Saúde O senso comum associa a noção de tecnologia apenas ao uso de maquinário e instrumentos. Tecnologia é todo o meio empregado que intervenha e transforme uma dada situação ou processo (no caso o processo saúde doença cuidado). Merhy (2000) desenha a imagem do profissional de saúde com suas 3 valises tecnológicas: a das tecnologias duras (como no caso de equipamentos do tipo máquinas, normas e estruturas organizacionais) a das leves-duras (como no caso de saberes bem estruturados que operam no processo de trabalho em saúde, como a clínica médica, a clínica psicanalista, a epidemiologia) a das leves (como no caso das tecnologias de relações do tipo produção de vínculo, autonomização, acolhimento, gestão como uma forma de governar o processo de trabalho) * * Organização da Rede de Cuidado A Atenção Primária (Básica) como estrutura organizativa da rede assistencial, sendo preferencialmente a porta de entrada para o SUS. A Atenção Básica deve desenvolver ações programáticas e também assistir intercorrências não programadas. Deve estar capacitada para assistir (e ter resolutividade) 80% dos problemas da população adscrita (residente ou que trabalha no local que atua). Para tal devem estar constituídos de fato os princípios de Hierarquização (referência e contra-referência, centrais de regulação de consulta especializada, leitos de internação), acolhimento, responsabilidade sanitária, regionalização, descentraliização/território. PACS / PSF que desenvolve também atenção comunitária e domiciliar (distintamente de prática simplificada e para pobre) realiza ações de alta Complexidade (ligada aos processos da vida das pessoas) e densidade tecnológica mais leve. Países que apresentam os melhores sistemas de saúde são universalizados e têm a rede de atenção básica bastante qualificada (Inglaterra, Canadá e Cuba) Os diversos cenários de atuação do profissional de saúde em contracorrente da medicalização a favor da Promoção da Saúde. * * Redes em Rede Desasilamento: CAPs; Hospiais Dias; cuidado domiciliar; dentre outros Intersetorialidade: demais setores das políticas públicas governamentais, não governamentais e do controle social Ensino/Serviço/Comunidades – Integração Docente Assistencial e Usuários: Rede Unida Processos de Mudança na Formação do Profissional de Saúde: Educação Permanente. * * Mudança na Formação Médica Fazendo parte da luta pela democratização do país, na década de 70, emergiu um movimento para reforma do ensino médico (as outras graduações de saúde também). Conferência de Alma-Ata (URSS, 1978): Promoção de Saúde, saúde ampliada. Escolas Médicas em outros países: EUA (Havard); Canadá (Macmaster); Holanda (Maastrich); dentre outras no mundo (pelo menos 60 instituições formadoras) => inserção na realidade de vida e de serviços locais de saúde; rompendo com o modelo Flexneriano (1910), que separava o ciclo básico do clínico, de perspectiva hospitalocêntrica e exclusivamente biologicista. * * No Brasil Anos 80: Integração Docente Assistencial (IDA) Anos 90: Uma Nova Iniciativa na Formação dos Profissionais de Saúde (Programa UNI) Experiências exitosas locais de aproximação das escolas médicas dos serviços de saúde e da vida da população => incremento no movimento sanitário pela mudança do sistema de saúde brasileiro (Londrina, Marília, Niterói, Montes Claros, dentre outros). Projeto CINAEM (Comissão Interinstitucional Nacional de Avaliação das Escolas Médicas) / ABEM, DENEM, Rede Unida. Em 2001 foram homologadas as diretrizes do curso médico pelo Conselho Nacional de Educação, vigentes até atualmente, porém ainda não implantadas em muitas escolas médicas. * * Algumas Diretrizes do Ensino Médico . Projeto pedagógico integrador do curso compromissado com a realidade brasileira (formação cocidadã). . Inserção desde o início da graduação nos cenários do SUS e da vida da população. . Ensino e Aprendizagem Ativa (recursos metodológicos PBL e problematização) . Competências, Habilidades e Atitudes / avaliação formativa . Tecnologia Dura; Leve Dura e Dura. . Atuação em Equipe Interdisciplinar / Integralidade e Intersetorialidade. Clínica Ampliada. . Desenvolver pesquisa (se apropriar de metodologias investigativas) e extensão (projetos comunitários) (http://www.abem-educmed.org.br/diretrizes.php) * * PRINCIPAIS DESAFIOS PARA A TRANSFORMAÇÃO DO MODELO TECNOASSISTENCIAL NO BRASIL Financiamento da Saúde: Centrado na produção quantitativa? Incorporação e Alocação Tecnológica em Saúde / MBE, panorama epidemiológico, controle social, bioética e avaliação Política de Trabalhadores em Saúde: formação e educação permanente, política salarial, saúde do trabalhador de saúde. Controle Social e Participação na Saúde / educação popular e saúde Planejamento e avaliação compartilhada de políticas públicas Sistemas de Informação: transparência dos indicadores para tomada de ação e agilização dos fluxos. Enfretamento da mercantilização da saúde e os entraves corporativos profissionais. * * Meta e Evolução do Número de Equipes de Saúde da Família Implantadas BRASIL - 1994 – SETEMBRO/2010 * * Evolução do Número de Municípios com Equipes de Saúde da Família Implantadas BRASIL - 1994 – SETEMBRO/2010 * * Situação de Implantação de Equipes de Saúde da Família, Saúde Bucal e Agentes Comunitários de Saúde BRASIL - SETEMBRO/2010 * * Evolução do Número de Núcleos de Apoio à Saúde da Família Implantados BRASIL - 2008 - SETEMBRO/2010 * * Evolução do Número de Municípios com Núcleos de Apoio à Saúde da Família Implantados BRASIL - 2008 - SETEMBRO/2010 * * Compartilhando responsabilidades: O Pacto pela Saúde (2006) O Pacto pela Saúde é um conjunto de reformas institucionais pactuado entre as três esferas de gestão (União, estados e municípios) do Sistema Único de Saúde, com o objetivo de promover inovações nos processos e instrumentos de gestão. Sua implementação se dá por meio da adesão de municípios, estados e União ao Termo de Compromisso de Gestão (TCG), que, renovado anualmente, substitui os anteriores processos de habilitação e estabelece metas e compromissos para cada ente da federação. As transferência dos recursos também foram modificadas, passando a ser divididas em seis grandes blocos de financiamento (Atenção, Básica, Média e Alta Complexidade da Assistência, Vigilância em Saúde, Assistência Farmacêutica, Gestão do SUS e Investimentos em Saúde. http://portal.saude.gov.br/portal/saude/profissional/area.cfm?id_area=1021. Acessado em 27/10/2010 * * Componentes do Pacto pela Saúde (que devem atuar de forma integrada) * * 1) Pacto pela Vida O Pacto pela Vida contém os seguintes objetivos e metas prioritárias (Portaria GM/MS nº 325, de 21 de fevereiro de 2008): I- Atenção à saúde do idoso; II- Controle do câncer de colo de útero e de mama; III- Redução da mortalidade infantil e materna; IV- Fortalecimento da capacidade de resposta às doenças emergentes e endemias, com ênfase na dengue, hanseníase, tuberculose, malária, influenza, hepatite, aids; V- Promoção da saúde; VI- Fortalecimento da atenção básica; VII- Saúde do trabalhador; VIII- Saúde mental; IX- Fortalecimento da capacidade de resposta do sistema de saúde às pessoas com deficiência; X- Atenção integral às pessoas em situação ou risco de violência; XI- Saúde do homem. Pacto de Gestão Pacto em Defesa do SUS * * 2) Pacto de Defesa do SUS Expressa os compromissos entre os gestores do SUS com a consolidação do processo da Reforma Sanitária Brasileira e articula as ações que visem qualificar e assegurar os SUS como política pública. Expressa movimento de repotilização da saúde, com uma clara estratégia de mobilização social e buscar um financiamento compatível com as necessidades de saúde por parte dos entes Federados e inclui regulamentação da emenda constitucional nº 29 pelo Congresso Nacional (correspondente ao percentual da receita que deveria ser aplicado à saúde) União: 10%, Estado: 12% e Município: 10%. * * 3) Pacto de Gestão do SUS O Pacto de Gestão do SUS valoriza a relação solidárias entre gestores, definindo-as diretrizes e responsabilidades, contribuindo para o fortalecimento da gestão, em cada eixo de ação: Descentralização Regionalização Financiamento do SUS Planejamento no SUS Programação Pactuada Integrada (PPI) Regulação da Atenção à Saúde e Regulação Assistencial Participação e Controle Social Gestão do Trabalho na Saúde Educação na Saúde TERMO DE COMPROMISSO DE GESTÃO * * Protagonismos em rede para a qualificação do SUS Rede Unida: http://www.redeunida.org.br Rede de Educação Popular e Saúde: http://www.edpopsaude.net/edpopsaude Humaniza SUS http://portal.saude.gov.br/portal/saude/area.cfm?id_area=396 LAPPIS(Laboratório de Pesquisas sobre Práticas de Integralidade em Saúde) http://www.lappis.org.br CEBES (Centro Brasileiro de Estudo em Saúde) http://www.cebes.org.br/
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